quinta-feira, fevereiro 16, 2012

Governo parece ter optado por uma nova prioridade - EDITORIAL O ESTADÃO


O Estado de S. Paulo - 16/02/12


Levando em conta as múltiplas declarações do ministro da Fazenda, Guido Mantega, a política econômica do governo sofrerá neste ano uma profunda modificação: o consumo doméstico como base do crescimento econômico dará lugar aos investimentos, que deveriam ser a fonte principal desse crescimento.

Parece evidente que um aumento do consumo - que depende de elevação dos salários, expansão do crédito, redução da tax\a de juros e dos gastos do governo com custeio - abre caminho para mais inflação e para o desequilíbrio nas contas externas.

O fato é que o governo, ao apoiar o crescimento econômico no aumento do consumo doméstico, parece ter esquecido de estimular a produção da indústria nacional, exceto, justamente, a dos bens cuja produção depende de componentes importados, como automóveis, aparelhos eletrodomésticos ou informáticos, por meio da redução do IPI, o que gerou grande aumento de gastos com compras no exterior, que foram ainda mais estimuladas por uma taxa de câmbio bastante valorizada durante um tempo.

Criou-se um clima de favorecimento à ascensão das classes menos favorecidas a esses bens, mas a um custo cada vez mais elevado.

Se for dada prioridade aos investimentos, desde que acompanhada de uma redução das despesas de custeio do governo e de firme determinação para que esses investimentos sejam bem planejados, evitando acumular obras realizadas pela metade, isso será certamente muito mais eficiente no atual contexto econômico.

É fato comprovado que qualquer investimento na infraestrutura do País eleva a produtividade da indústria nacional, que assim pode reduzir seus custos de produção e aumentar sua capacidade de exportação.

Sem dúvida, cumpre tomar consciência da natureza dos investimentos, pois eles trazem distribuição de renda antes de ser obtida melhoria das condições do setor produtivo. Desse modo, os investimentos contribuem para o aumento da demanda doméstica, mas, com certeza, mais adiante contribuirão para reduzir os custos de produção e elevar as receitas externas.

É mais fácil financiar investimentos do que despesas de consumo, que implicam um risco muito maior de inadimplência. Todavia, é preciso também tomar medidas para estimular a modernização da indústria nacional, para que ela se prepare para utilizar melhor os recursos postos à sua disposição e reduzir as importações. Mas a tarefa mais importante cabe ao governo, que teria de reduzir seus gastos de custeio.

A tesoura de Dilma - DENISE ROTHENBURG

CORREIO BRAZILIENSE - 16/02/12


Ao dizer que os valores do Orçamento para educação e saúde foram preservados, o governo deixa transparecer um desprezo pelo trabalho dos congressistas, que elevaram a previsão de gastos nessas duas áreas

Enquanto o mundo da política prestava atenção na votação da Lei da Ficha Limpa, ontem, no Supremo Tribunal Federal (STF), o tema da semana, o governo aproveitou para, em paralelo, anunciar os cortes de R$ 55 bilhões no Orçamento deste ano. Essa notícia, somada ao fato de o governo não participar das eleições municipais, deu aos aliados a ideia de que, até outubro, é cada um por si e Luiz Inácio Lula da Silva pelo PT.

Os deputados sabiam que o corte viria, mas sentiram os R$ 35 bilhões que sairão das chamadas despesas discricionárias — aquelas em que estão incluídas as famosas emendas ao Orçamento propostas pelos parlamentares. Para a classe política, está claro: quem prometeu a algum prefeito-candidato praça nova, asfalto ou aquela festa de arromba com a dupla sertaneja do momento, só poderá cumprir o acordo no fim do ano, quando o governo sempre dá um jeitinho de recompor parte das verbas, nem que seja para liberar no ano seguinte.

Não dá para esquecer, como já dissemos aqui, que o governo, no ano passado, cortou R$ 50 bilhões e, ao fim do exercício, a economia foi de R$ 21 bilhões. Ou seja, aos poucos, a equipe econômica, pressionada, foi abrindo as comportas para agradar a base política, especialmente, na virada do ano. Não por acaso, grande parte dos recursos liberados no apagar das luzes de 2011 serviram para compor os bilhões em restos a pagar que os políticos esperam ver aplicados este ano, de preferência antes da eleição. Sendo assim, alô prefeitos: não adianta pedir empenho pela liberação dos recursos das emendas de 2012. O jeito, agora, no período pré-eleitoral, avisam os experientes parlamentares, é centrar fogo nos restos a pagar. No total, são R$ 57,3 bilhões inscritos nessa rubrica, incluídos aí o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e as emendas parlamentares. É com parte desse dinheiro que o governo pretende atender os pedidos dos políticos para fazer graça no ano eleitoral.

Por falar em fazer graça…
Os políticos acharam conversa para boi dormir essa história de o governo dizer que manteve a previsão de gastos em saúde e educação. Ora, na Lei Orçamentária aprovada, a área de saúde tinha R$ 77 bilhões. Agora, ficou com R$ 72 bilhões — uma redução de R$ 5 bilhões. Mas, dizem os técnicos, que ao informar que a tesoura de Dilma estava “cega” nessas áreas, eles mencionaram que o valor final do Orçamento da saúde, R$ 72,1 bilhões, é maior do que os R$ 71,6 bilhões previstos no projeto de lei enviado ao Congresso em agosto do ano passado.

O mesmo ocorreu com a área de educação. Os valores propostos pelo governo em agosto eram de R$ 33,313 bilhões. O Congresso elevou para R$ 35,2 bilhões. Depois do corte, o limite de gastos com educação imposto pela área econômica voltou para os R$ 33,361 bilhões. Assim, o governo veio com a conversa de que não reduziu os valores do Orçamento de educação.

Por falar em Congresso…
Ao dizer que os valores do Orçamento para educação e saúde foram preservados, o governo deixa transparecer um desprezo pelo trabalho dos congressistas, que elevaram a previsão de gastos nessas duas áreas. Mais um sinal de que, se depender do Executivo, a Comissão de Mista de Orçamento pode fechar as portas. Seria mais fácil a presidente Dilma Rousseff ter vetado logo os valores aprovados pelo Congresso. Afinal, todos os anos é a mesma coisa: o governo apresenta uma proposta, os congressistas aumentam os valores, a Presidência da República sanciona, mas, às vésperas do carnaval, ou logo depois, corta quase tudo o que foi pedido pelos políticos. Ou se coloca logo o Orçamento impositivo com algumas brechas para remanejamentos, ou a novela vai se repetir indefinidamente. Podem apostar.

O velho ser ou não ser - JANIO DE FREITAS

FOLHA DE SP - 16/02/12

José Serra pode decidir-se pela candidatura a prefeito, mas, todos sabemos, ser prefeito não é o seu desejo. Se efetivada tal decisão, uma de duas: ou será por Serra adotar a ideia de que não restam perspectivas ao seu notório desejo, ou será para tornar-se, como já se deu uma vez e se repetiu quando governador, um prefeito com a cabeça e os atos voltados para o passo seguinte do seu projeto pessoal.

Nos dois casos, é Serra em ação contra Serra. Assim como foi quando prefeito só para ser governador e governador só para o que era sua convicção de ocupar a Presidência. E com este desvio, mais do que qualquer dos outros fatores preliminares, José Serra fez o alicerce básico de sua derrota para Lula.

Pelo que se convencionou considerar um bom prefeito, Serra não foi bom prefeito de São Paulo. Uma passagem veloz, bem ostensivos o desinteresse e o desajuste.

Pelos mesmos critérios, e para quem -ele diz- "preparou-se a vida toda" para exercer o poder, Serra não foi bom governador, não fez nem pensou para o Estado o mínimo necessário a deixar memória. Logo, nem o mínimo para projetar-se no país como o administrador competente, inovador e com visão clara dos problemas.

A imagem do grande governante é que seria a sua plataforma eficiente, capaz de contrapor-se ao esperado petismo de Lula e, quando o adversário surgiu com outra caracterização, à simpática enrolação do "Lulinha, paz e amor".

Bons governantes só se mostram no poder, não antes. Ser bom ou ruim de pesquisa nada assegura, por antecipação, sobre o futuro governante. Essa é uma das grandes falhas do sistema eleitoral das democracias à maneira ocidental: o poder não é entregue necessariamente ao mais apto para exercê-lo. No caso de Serra, as experiências anteriores de governança não justificariam, em princípio, que retirasse a oportunidade à renovação, para a qual o seu próprio partido oferece vários pretendentes.

Mas Serra, outra vez em princípio, tem potencial para ser o prefeito que foi esperado dele, sem correspondência. Com a condição, porém, de que queira ser prefeito para assumir, não uma escada, senão a mais rica cidade do país à espera ainda de que sua riqueza se transforme em bem-estar da população. A não ser assim, não valeria a pena Serra chegar à prefeitura. E nem mesmo sair do seu balancear hamletiano.

CUIDADOS

Se vai viajar, cuidado com os táxis que tome como turista. Já ao chegar aos aeroportos. Há casos até de estupro, de passageiras que pegaram táxis alheios aos serviços autorizados. De preferência, não ceda às abordagens de agentes e taxistas de aeroportos ou não. Isto vale para qualquer cidade maior, mas os casos a que me refiro são, lamento por minha cidade, do Rio.

Aeroportos - foi mesmo privatização e inevitável - ROBERTO MACEDO


O Estado de S. Paulo - 16/02/12


Ouvi muita gente dizer que a recente concessão à iniciativa privada da gestão dos aeroportos de Guarulhos, Viracopos e Brasília não foi privatização, mas, sim, concessão, ao contrário de minhas convicções. E também do próprio fato, pois concessão à iniciativa privada é, evidentemente, uma forma de privatização. Assim, como afirmar que concessão é uma coisa e privatização é outra? Quem sabe, não seria eu o errado?

Diante de casos como esse, costumo procurar o dicionário, hábito adquirido desde criança, quando uma das primeiras e boas lições que tive de Português - ou de Língua Pátria, como era chamada a disciplina na escola - foi a de fazer isso para esclarecer o significado de palavras. Quando escrevo, procuro ter um ao alcance da mão. Ou melhor, das duas, pois são pesados, e de tanto usá-los sua capa costuma se largar da grossa lombada.

Uso o Houaiss, que assim define privatização: "1. ato ou efeito de privatizar; 2. transferência do que é estatal para o domínio da iniciativa privada". E privatizar: "1. realizar a aquisição ou incorporação de (empresa do setor público) por empresa privada; 2. colocar sob controle de empresa particular a gestão de (bem público). Os parênteses são do texto original e as ênfases em itálico são minhas. Confirmam que as definições alcançam a concessão. Portanto, a dos aeroportos é privatização mesmo.

E por que inevitável? Por muito tempo o governo federal procrastinou uma solução para sua dificuldade de pôr em funcionamento satisfatório e de expandir o sistema aeroportuário do País. As privatizações acabariam por alcançá-lo se os sucessores de Collor e FHC tivessem convicções similares às desses dois ex-presidentes. Mas entraram os petistas e seu drama de tons shakespearianos: privatizar ou não? Na dúvida, enrolaram por muito tempo.

Essa atitude, porém, costuma ter seu próprio mecanismo de correção. Os problemas agravam-se e a perspectiva de situação futura ainda mais crítica pode precipitar decisões. Assim, pesou na privatização a forte expansão da demanda e o assustador fantasma de vexames de alcance internacional durante a Copa e os Jogos Olímpicos. Isso juntamente com a incapacidade do governo de gerir o ramo na escala que alcançou. E, também, pelas equipes gestoras que arregimenta com o tal presidencialismo de coalizão e suas práticas, digamos, heterodoxas. Há ainda outro forte ingrediente que vem da sua maneira de governar, a carência de recursos para mais investimentos, ditada por outras prioridades. Ademais, Dilma Rousseff não dança a enrolation tanto bem quanto Lula.

Quanto a essa carência, Mansueto Almeida, pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e especialista em finanças públicas, em artigo recente no jornal Valor (6/2), ressaltou que no governo federal o investimento funciona residualmente como uma conta de ajuste para alcançar sua meta de resultado primário (receitas menos despesas exceto juros). As prioridades são gastos do INSS turbinados por aumentos do salário mínimo e outros tipicamente sociais (benefícios para idosos e inválidos, seguro-desemprego e Bolsa-Família), um conjunto que chamo de socioeleitoral, com seu quê de social e muito de eleitoral.

Essa prioridade federal é conhecida, mas Mansueto Almeida foi aos números. Num balanço do período 1999-2011, concluiu que 87% (!) dos gastos primários foram absorvidos por essas despesas e apenas 20%(!) com ampliação dos investimentos. E mais: estes últimos aumentaram apenas 0,6% do produto interno bruto (PIB), trazendo o seu já irrisório total de 0,5% (!) em 1999 para o igualmente irrisório valor de 1,1% (!) do PIB em 2011. Já os gastos socioeleitorais subiram 2,6% (!) do PIB, de 6,1% para 8,7%, absorvendo, assim, a maior parte de mais um aumento da carga tributária, perto de 4% do PIB no período.

Portanto, com esse modelo de gestão socioeleitoralmente orientado não sobram recursos para aliviar substancialmente a enorme carência de investimentos de uso público, como nesses aeroportos.

Falta explicar como petistas mandantes resolveram seu drama ideológico, dado o conflito entre convicções que dizem ter e o comportamento privatizante a que foram levados. Para isso voltei novamente a lições passadas, desta vez de um grande professor de Economia, Albert Hirschman, que com sua visão ampla me levou a um "Freud explica" para dilemas como esse. O Freud, no caso, é Leon Festinger, um psicólogo americano já falecido, não tão famoso, mas um dos mais importantes.

A Festinger é atribuída a Teoria da Dissonância Cognitiva. Esta argumenta que as pessoas procuram manter a coerência entre suas crenças, opiniões e atitudes, bem como entre elas e seu comportamento. Neste último caso estão petistas ainda com alguma convicção ideológica estatizante, diante do seu comportamento privatizador de serviços aeroportuários.

A teoria diz que nesse caso o mais provável é que as pessoas mudem suas convicções para acomodar seu novo e dissonante comportamento. Acrescento que pelas razões citadas não vejo comportamento alternativo. Ademais, quando no governo, a mudança de convicções é muito comum, seja por força das responsabilidades ou das benesses do poder, estas gerando comportamentos dissonantes também de outras modalidades, como no plano ético. Também neste se percebe que convicções anteriores costumam ceder espaço a eles.

Portanto, Festinger oferece uma resposta para uso de petistas privatizadores colocados diante da incômoda pergunta: o que é isso, companheiro? Talvez seja mais complicado recorrer a ela, mas, no mínimo, poderá servir para confundir interlocutores mais teimosos. Em qualquer caso, tem maior potencial de eficácia que o jogo semântico voltado para dizer que as concessões aeroportuárias não são privatizações. Decidido pelo simples recurso ao dicionário, é um jogo perdido.

Ciranda - ILIMAR FRANCO


O GLOBO - 16/09/12

COM FERNANDA KRAKOVICS 

O PSB ofereceu o nome de Luiza Erundina para vice de Fernando Haddad na disputa pela prefeitura de São Paulo, no caso de o consórcio PT-PSD-PSB vingar. O preferido do ex-presidente Lula é o ex-presidente do BC Henrique Meirelles. Essa composição não agrada ao prefeito Gilberto Kassab, que prefere alguém mais ligado a ele, no caso, o secretário municipal de Educação, Alexandre Schneider. Por ora, as conversas estão em suspenso, esperando a decisão de José Serra.

PP x PPO grupo do deputado Mário Negromonte (PP-BA) quer a diretoria do Denatran como compensação pela perda do Ministério das Cidades. O atual diretor, Júlio Arcoverde, foi indicado pelo Senador Ciro Nogueira (PP-PI).

Ser ou não serA aposta da cúpula do PSDB é que José Serra não tem alternativa, e os fatos o levarão a ser candidato a prefeito de São Paulo. Líderes tucanos dizem que as prévias, marcadas para o mês que vem, são o de menos. Que a única resistência entre os pré-candidatos é José Aníbal, mas que ele ficará isolado. O governador Geraldo Alckmin foi escalado para conversar com ele. O que mais pesou na decisão de Serra de reconsiderar a candidatura foi a aproximação do prefeito Gilberto Kassab (PSD) com o PT. Serra está sob forte pressão do PSDB, explicitada em artigos recentes do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

Já estou vendo as matérias amanhã: "Ministro da Fazenda cai"" - Guido Mantega, fazendo piada com sua situação, ao derrubar placa com seu nome em coletiva

BIÔNICO. O ex-Senador Wilson Santiago (PMDB-PB), na foto, tomou posse no Parlamento do Mercosul depois de ter perdido o mandato no Senado para Cássio Cunha Lima (PSDB-PB). Santiago foi indicado na cota do PMDB, que pretende mantê-lo no Parlasul, alegando que ele aguarda julgamento de recurso contra a posse de Cunha Lima. "Só pode ser indicado para o Parlasul quem for parlamentar em exercício. Quem vai pagar a passagem dele, a diária?", diz o deputado Dr. Rosinha (PT-PR).

Pegando fogoO Diretório do PT de Niterói impugnou os delegados eleitos pela chapa de Romério Duarte depois que ele mudou de lado e passou a apoiar a pré-candidatura de Chico D"Ângelo. Este recorreu às executivas estadual e nacional.

As prioridades de DilmaA presidente Dilma pediu, na reunião do Conselho Político, a aprovação pelo Congresso do projeto que uniformiza em 4% a alíquota de ICMS nas operações interestaduais com produtos importados. A medida acabaria com a guerra fiscal. O temor do governo federal é um processo de desindustrialização do país. "Isso é pior do que a contaminação com a crise (internacional)", disse a presidente aos líderes partidários.

OtimistaEx-ministro da Saúde, o Senador Humberto Costa (PT-PE) minimizou o impacto do bloqueio de recursos do orçamento do setor, anunciado ontem, afirmando que o governo tem que cumprir o mínimo exigido pela emenda 29.

Alto-comandoOs escolhidos para a promoção ao posto mais alto da Aeronáutica, o de tenente-brigadeiro, foram Franciscangelis Neto, chefe de gabinete do comandante Juniti Saito; e Luiz Carlos Terciotti, do Terceiro Comando Aéreo Regional.

ALVO do terceiro maior bloqueio de recursos do Orçamento, de R$3,3 bi, o Ministério da Defesa conta com a promessa do governo de liberar R$1,6 bi em setembro.

RODÍZIO. Sem acordo, a bancada do PSB na Câmara terá três líderes este ano: Sandra Rosado (RN), Givaldo Carimbão (AL) e Ribamar Alves (MA).

OUTRO LADO. O governador Jaques Wagner (BA) nega que tenha participado da conversa em que foi pedido ao presidente da Câmara, deputado Marco Maia (PT-RS), para votar projeto que reduz o índice de reajuste do piso nacional dos professores.

Duplipensar - DEMÉTRIO MAGNOLI


O Estado de S.Paulo - 16/02/12


A blogueira Yoani Sánchez, os aeroportos privatizados, os policiais amotinados - por três vezes, sucessivamente, o PT exercitou a arte da duplicidade, desfazendo com uma mão o que a outra acabara de fazer. Há mais que oportunismo na dissociação rotinizada entre o princípio da realidade e o imperativo da ideologia. A lacuna abissal entre um e outro sugere que, aos 32 anos, o maior partido do País alcançou um estado de equilíbrio sustentado sobre o rochedo da mentira.

Peça número 1: O governo brasileiro concedeu visto de entrada a Yoani Sánchez, enviando um nítido sinal diplomático, mas Dilma Rousseff se negou a pronunciar em Havana umas poucas palavras cruciais sobre o direito de ir e vir, enquanto seus auxiliares reverenciavam o "direito" da ditadura castrista de controlar os movimentos dos cidadãos cubanos. A voz do PT emanou de fontes complementares, que pautaram as declarações presidenciais na ilha. Circundando a Declaração Universal dos Direitos Humanos, diversos tratados internacionais e a Constituição brasileira, o assessor de política externa Marco Aurélio Garcia qualificou como um "problema de Yoani" a obtenção da autorização de viagem. Ecoando o pretexto oficial castrista, a ministra Maria do Rosário (dos Direitos Humanos!) declarou que Cuba não viola os direitos humanos, mas é vítima de uma violação histórica, representada pelo embargo norte-americano.

O alinhamento automático do PT à ditadura cubana revela extraordinária incapacidade de atualização doutrinária. A social-democracia europeia definiu sua relação com o princípio da liberdade política por meio de duas experiências históricas decisivas: a ruptura com os bolcheviques russos em 1917 e o confronto com a URSS de Stalin na hora do Pacto Germano-Soviético de 1939. O PT, contudo, não é um partido social-democrata. A sua inspiração tem raízes em outra experiência histórica, instilada no seu interior pelas correntes castristas que formam um dos três componentes originais do partido. Tal experiência é o "anti-imperialismo" da esquerda latino-americana, uma narrativa avessa ao princípio da liberdade política.

Peça número 2: Contrariando o renitente alarido petista de condenação da "privataria tucana", o governo leiloou três aeroportos para a iniciativa privada, mas, ato contínuo, o PT regurgitou as sentenças ortodoxas que compõem um estribilho estatista reproduzido à exaustão. Uma nota partidária anunciou a continuidade da "disputa ideológica sobre as privatizações", enquanto o deputado Lindbergh Farias (PT-RJ) se enredava na gramática da hipocrisia para formular distinções arcanas entre "concessões" e "privatizações".

A explicação corrente sobre essa dissonância radical entre palavras e atos aponta as motivações eleitorais de um partido que descobriu as vantagens utilitárias de demonizar adversários indisponíveis para defender a própria herança. Há, contudo, algo além disso, como insinua uma declaração do presidente petista Rui Falcão, que classificou os "adversários" do PSDB como "privatistas por convicção". O diagnóstico não faz justiça ao governo FHC, mas oferece pistas valiosas sobre a natureza de seu próprio partido.

O PT confusamente socialista das origens pouco se importava com o destino das empresas estatais, engrenagens do capitalismo nacional tardio erguido por Getúlio Vargas e aperfeiçoado por Ernesto Geisel. O partido só aderiu à ideia substituta do capitalismo de Estado após a queda do Muro de Berlim. No governo, aprendeu toda a lição: a rede de estatais configura um sistema de vasos comunicantes entre a elite política e a elite econômica, servindo ao interesse maior de perpetuação no poder e a uma miríade de interesses políticos e pecuniários menores. Os aeroportos foram privatizados para conjurar o espectro do fracasso da operação Copa do Mundo. Ao largo do território das convicções, sempre podem ser deflagradas novas privatizações: afinal, o partido antiprivatista tem como ícone José Dirceu, uma figura que prospera exercendo a função de intermediário entre o poder público e grandes grupos empresariais privados.

Peça número 3: O governo reprimiu o movimento dos PMs da Bahia e o PT condenou os atos criminosos de suas lideranças, mas não caracterizou a greve de militares como motim, deixando entreaberta a vereda para voltar a surfar na onda de episódios similares em Estados governados pela oposição. Os precedentes são conhecidos. Em 1992, quando o pefelista ACM governava a Bahia, o atual governador petista, Jacques Wagner, solidarizou-se com os PMs grevistas. Nove anos depois, quando a Bahia era governada pelo também pefelista César Borges, foi a vez do deputado Nelson Pelegrino, hoje candidato do PT à prefeitura de Salvador, proclamar seu apoio à greve dos PMs baianos. Durante a greve parcial de PMs paulistas, em 2008, no governo "inimigo" de José Serra, o PT formou uma comissão parlamentar de defesa do movimento.

A clamorosa duplicidade tem sua raiz profunda no papel desempenhado pelos sindicalistas do PT. A partidarização petista do movimento sindical moldou um corporativismo sui generis, que substitui os interesses da base sindical pelos do partido. No sindicalismo tradicional, tudo se deve subordinar às reivindicações de uma categoria. No sindicalismo petista, as reivindicações da base sindical devem funcionar como alavancas do projeto de poder do PT. Hoje, os PMs da Bahia são classificados como criminosos; amanhã, nas circunstâncias certas, PMs amotinados serão declarados trabalhadores comuns em busca de direitos legítimos.

O pensamento duplo não é um acidente no percurso do PT, mas, desde que o partido alcançou os palácios, sua alma política genuína. A tensão entre princípios opostos é real, mas não explosiva. Num país em que a oposição renunciou ao dever de discutir ideias, o partido governista tem assegurado o privilégio de rotinizar a mentira.

Investimentos empacados - EDITORIAL O ESTADÃO


O Estado de S.Paulo - 16/02/12


A presidente Dilma Rousseff continua atrasada na execução de seus planos de investimento - cruciais, segundo o próprio governo, para impulsionar a economia no curto prazo, num quadro internacional desfavorável, e indispensáveis para o crescimento de longo prazo. Boa parte do primeiro ano de mandato foi consumida no pagamento de contas deixadas pelo governo anterior e na continuação de obras em atraso. Na prática, o PAC2, segunda etapa do Programa de Aceleração do Crescimento, mal começou. O atraso, a julgar pelos resultados obtidos até agora, muito dificilmente será compensado até o fim do mandato. Uma parcela importante dos investimentos deve ser destinada às obras necessárias à realização da Copa do Mundo em 2014. Não está descartado o risco de um vexame. De toda forma, a corrida para compensar o tempo perdido deverá resultar em custos mais altos e em desperdício de recursos importantes.

O governo começa o seu segundo ano com R$ 57,2 bilhões de restos a pagar. A maior parte desse total, R$ 39,6 bilhões, corresponde a compromissos do PAC, de acordo com dados oficiais coletados e analisados pela organização Contas Abertas. Mais impressionante que esses valores absolutos é a proporção entre os compromissos empurrados de um ano para outro e o total investido em cada exercício. Em 2011, apenas R$ 16,6 bilhões foram aplicados em projetos autorizados para o ano. A maior parte dos desembolsos foi destinada ao pagamento de contas acumuladas em exercícios anteriores. Dos R$ 80,3 bilhões orçados para investimentos em 2012, só R$ 23,1 bilhões serão destinados a projetos novos, porque um volume muito maior está amarrado, em princípio, a compromissos de anos anteriores.

No caso do PAC, os restos a pagar correspondem a 93% dos R$ 42,6 bilhões autorizados no orçamento para este exercício. O governo continua, claramente, escorregando na execução do programa. Esses valores só correspondem a uma parcela do PAC, aquela financiada pelo Tesouro e conduzida sob a responsabilidade da administração direta. A gestão de outros projetos cabe ao setor empresarial, mas também as estatais têm sido, na maior parte, ineficientes no cumprimento de suas tarefas. A exceção continua sendo a Petrobrás.

Dois dos Ministérios responsáveis pelas maiores parcelas de restos a pagar - o das Cidades e o dos Transportes - estiveram envolvidos em escândalos e seus principais dirigentes foram demitidos no ano passado. Nenhum desses Ministérios se notabilizou, durante muitos anos, pela excelência administrativa ou pela estrita lisura no cumprimento de suas missões.

O Ministério das Cidades é responsável pela maior fatia dos restos a pagar - R$ 19,7 bilhões. Esse total inclui R$ 7,6 bilhões do Minha Casa, Minha Vida, um dos principais componentes dos chamados programas sociais. Bem conduzida, a construção habitacional pode ser também um poderoso estimulante do crescimento econômico, pela geração de empregos e pela demanda de enorme número de insumos - cimento, vidro, aço, alumínio, cobre, cerâmica, plástico, tintas, produtos químicos e equipamentos. Mas a gestão do programa tem sido ostensivamente deficiente.

O Ministério dos Transportes carrega para este ano restos a pagar no valor de R$ 10,4 bilhões. Também a sua atuação poderia ser muito relevante para o crescimento econômico a curto prazo e, é claro, para os ganhos de eficiência da economia nacional nos próximos anos. Mas não há sinais de ganhos de eficiência desde a troca de ministro e a substituição de chefias importantes no ano passado.

A gestão das obras do PAC e de outros investimentos federais continua deficiente. Problemas na contratação de pessoal para projetos sob responsabilidade da Secretaria de Portos e do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), registrados em reportagem publicada no Estado na segunda-feira, mostram novamente o baixo grau de controle interno da administração federal. O problema tem aspectos técnicos, mas suas raízes são principalmente políticas. A execução ineficiente, a acumulação de restos a pagar e o desvio de dinheiro são algumas das consequências.

A carta na manga - ELIANE CANTANÊDE


FOLHA DE SP - 16/02/12

A candidatura José Serra, se confirmada, embaralha as cartas nas eleições para a Prefeitura de São Paulo. Todas as mãos precisarão ser revistas, quase como se o jogo estivesse recomeçando do zero.

Até aqui, a eleição apontava para um segundo turno entre Fernando Haddad (PT) e Gabriel Chalita (PMDB). Com Serra, não há mais certezas, talvez nem mesmo apostas.

No PT, dá força aos aliados de Marta Suplicy, que são radicalmente contra a aliança com o PSD do prefeito Gilberto Kassab, e reabre toda a discussão sobre alianças e sobre a origem -mais do que o nome- do vice.

No PSD, estanca um movimento claro em direção a Lula, a Dilma e à consolidação de um partido de direita independente e alternativo. Kassab sempre deixou claro que a aliança com o PT e Haddad era seu plano B, pois não poderia se opor a Serra. Está sendo pego pela palavra.

No PMDB, esfarela a expectativa de que o governador Geraldo Alckmin possa alavancar, mais ou menos à luz do dia, a candidatura Chalita. Se o PSDB tem candidato viável, simplesmente não faz sentido fortalecer o PMDB, por mais que Alckmin seja muito mais ligado a Chalita do que ao correligionário Serra.

E, no PSDB, muda exatamente tudo. Os quatro não candidatos tucanos voltam ao poleiro e o partido passa a ter um nome com chances reais de vitória -que não tinha até aqui ou, se tinha, não convencia.

Há quem analise que, para Serra, concorrer é uma típica fria: "Ele perde, mesmo ganhando", ouvi por aí. Mas o que é melhor para quem não desistiu do sonho de chegar à Presidência: curtir o Twitter ou governar, de novo, o terceiro maior PIB do Brasil (depois do país e do Estado de São Paulo)?

A eleição paulistana estava desequilibrada, com o PT muito forte e o PSDB muito enfraquecido. A entrada de Serra reequilibra todo esse jogo. Se é que vai fazer o que sempre faz: na última hora, dizer "sim".

Balas de prata - DORA KRAMER

 O Estado de S.Paulo - 16/02/12

A sinuosidade de ação e pensamento que tanto fragiliza o PSDB no exercício da oposição é também o veneno que, aplicado em doses constantes e cada vez mais letais, corrói as entranhas do partido.

A última aniquilou a chance de os tucanos virem a construir uma candidatura viável à Prefeitura de São Paulo a partir da realização das prévias já marcadas para 4 de março próximo.

Às vésperas da escolha entre os pretendentes Andrea Matarazzo, Bruno Covas, Ricardo Tripoli e José Aníbal, o PSDB recrudesce a pressão para José Serra ser candidato. Com isso, desmoraliza seus postulantes, informa ao eleitorado que nenhum deles vale quanto pesa e confere a todos a condição de meros esquentadores de cadeira.

Vamos que Serra mantenha a decisão de não se candidatar e a escolha se dê entre os quatro: que moral política ou eleitoral terá o vencedor se o próprio partido pelo qual concorre trombeteara previamente sua carência de condições competitivas?

E se José Serra ceder às pressões e for ele o candidato? Em termos imediatos, pode até ser uma solução, o PSDB pode ganhar a eleição. Mas terá de se ver diante da contradição de ter tratado como herói da resistência alguém que havia sido posto fora do tabuleiro.

O partido, aqui entendido como a direção e as principais lideranças, não perde oportunidade de acentuar o quanto José Serra está isolado. Tucanos só faltam dizer em público que o tempo dele passou. Privadamente dizem exatamente isso.

Mas, na hora de resolver um problema na eleição que será a mãe de todas as batalhas municipais, definidora da sobrevivência do partido e da consolidação da hegemonia total do PT no cenário nacional, enfileiram-se em romaria pedindo que se candidate a prefeito de São Paulo.

Ressuscitam aquele que haviam dado como "morto" para, de um lado, salvar a lavoura partidária e, de outro, mantê-lo longe do jogo de 2014.

Diga-se em favor do PSDB que incoerente o partido não é. Trabalha contra os seus com competência e persistência.

Deixou-se aprisionar na armadilha da "herança maldita" urdida pelo PT. E não depois da vitória de Lula, em 2002. Mas já durante aquela campanha quando se recusou a pôr o então presidente Fernando Henrique Cardoso no palanque.

Recusa, aliás, é um termo brando. Repúdio traduz melhor a situação. As pesquisas indicavam acentuado desgaste de FH no segundo mandato, os marqueteiros aconselharam ao partido que mantivesse dele distância regulamentar e assim foi feito.

Dessa forma continuou sendo feito quando Lula surrava diariamente o governo do antecessor e o PSDB apanhava calado. Parafraseando Nelson Rodrigues, o PT sabia por que batia e os tucanos pareciam concordar com as pancadas.

Só recentemente o PSDB reabilitou Fernando Henrique e, assim mesmo, a reboque da iniciativa de Dilma Rousseff em reconhecer-lhe publicamente o valor.

Antes disso, o ex-presidente foi voz isolada em todas as críticas, análises de conjuntura e "pensatas" sobre a condução do partido.

Guardadas as proporções e os objetivos, no caso específico da Prefeitura de São Paulo, Serra agora é objeto desse tipo de reabilitação a posteriori.

Pelo simples fato de que o PSDB não conseguiu mais uma vez construir um caminho para si. Se queria Serra, não deveria ter-se deixado levar pela proposta de prévias; se queria aliança com Kassab, não deveria tê-lo deixado correr para o PT; se queria um candidato novo, deveria ter tido unidade e firmeza para construí-lo como Lula fez com Fernando Haddad.

O problema é que o maior entre os poucos partidos de oposição não sabe o que quer. Agora não há tempo para mais nada, resta apenas o espaço ao improviso de sempre.

E se o leitor mais atento sentiu falta da responsabilização nominal desse ou daquele tucano pelos passos em falso saiba que foi proposital.

Não é uma obra de autor. É resultado de um trabalho coletivo de destruição do qual nenhum dirigente, líder, governante, parlamentar, vítima ocasional ou algoz circunstancial está isento.

Mais um revés para os mensaleiros - EDITORIAL O GLOBO


O Globo - 16/02/12


Por uma dessas coincidências, na reta final de um dos mais importantes julgamentos da história do Supremo, o do mensalão do PT, um dos protagonistas do processo, Marcos Valério, é condenado na Justiça Federal de Minas por crimes relacionados justo àquela "organização criminosa" montada pela cúpula do partido, no início do primeiro governo Lula. Tudo com a ajuda do lobista, para bombear dinheiro, inclusive público, a um caixa dois montado com a finalidade de literalmente comprar apoio político-parlamentar ao Planalto. É forçar a mão considerar a condenação uma prévia do que acontecerá na alta Corte, mas não se trata de uma coincidência feliz para os mensaleiros no banco dos réus do STF, entre eles estrelas petistas de primeira grandeza (José Dirceu, José Genoíno, João Paulo Cunha e o tesoureiro Delúbio Soares).

Marcos Valério, usando como biombo empresas de publicidade, montou uma lavanderia de dinheiro sujo para "legalizar" recursos desviados para o submundo da política. Agora, ele foi condenado, com ex-sócios da SMP&B, Cristiano Paz e Ramon Hollerbach, por sonegação de impostos em 2003 e 2004, declarações falsas à Receita e outros golpes de um criminoso típico de colarinho branco. O processo julgado em Minas trata de operações feitas dentro do golpe do mensalão do PT, em que supostos empréstimos junto ao Banco Rural, por empresas de Marcos Valério, faziam surgir um dinheiro que, na ponta final, iria ser entregue por conta do esquema, numa agência do Rural em Brasília. Valério detinha ainda contratos como publicitário com estatais e repartições públicas. Há provas de que pagamentos feitos nesse circuito foram parar em bolsos de mensaleiros. É o caso da Visanet, subsidiária do Banco do Brasil usada neste desfalque de cunho político.

Não faz muito tempo, Valério também foi pilhado na função de grileiro de terras no interior da Bahia, na criação de propriedades imaginárias, um fazendeiro do ar. O lobista é detentor de ampla tecnologia para fazer brotar dinheiro aparentemente do nada. O esquema do mensalão foi, antes do PT nacional, usado pelo PSDB de Minas, na campanha de Eduardo Azeredo à reeleição ao governo do estado, em 1998. Não deu certo. Azeredo perdeu para Itamar Franco (PMDB) e, como no caso do mensalão petista, Ministério Público e Justiça entraram em ação. No do PT, ainda houve uma CPI nas investigações. O Supremo também aceitou a denúncia contra Azeredo. O processo tramita. Outro corre em Minas, e, nele, Valério e sócios também já foram condenados, sob a acusação de terem simulado a obtenção de crédito no Banco Rural, como cortina de fumaça para esconder o mensalão tucano. Se Delúbio, Genoíno, Dirceu e outros tivessem se informado em Minas sobre Marcos Valério, talvez não fossem hoje réus no Supremo. A nova condenação do operador do esquema referenda a existência da "organização criminosa", termo do relatório do MP federal. Passou de vez o tempo de petistas tentarem desmentir o indesmentível. O presidente Lula, em 2005, emparedado pela revelação do esquema, reconheceu a existência dele ao pedir desculpas à nação e se declarar enganado. Depois, sentido-se forte novamente, garantiu que, depois descer a rampa, se dedicaria a provar a fantasiosa tese petista. Perda de tempo.

GOSTOSA


A fonte do envelhecimento - FERNANDO REINACH


O Estado de S.Paulo - 16/02/12


Juventude eterna. Quem não quer? Truques para retardar o envelhecimento habitam diferentes mitologias e se espalham por jornais e revistas. Charlatães vendem todo tipo de milagre. Agora, por meio de um experimento engenhoso, cientistas resolveram investigar se existia algo no sangue de animais jovens capaz de retardar o envelhecimento de animais idosos. O resultado surpreendeu: descobriram que nos sangue de idosos existem moléculas capazes de acelerar o envelhecimento dos jovens.

O nome é difícil, parabiose heterocrônica, mas o experimento é simples. Você já deve ter ouvido falar de gêmeos xifópagos, que nascem ligados - por um pedaço de pele (o que é fácil de resolver) ou podem compartilhar um ou mais órgãos (o que dificulta ou impede a separação). Em alguns casos, cada um possui todos os órgãos, mas seu sistema sanguíneo é interligado. Os órgãos de cada um deles são irrigados por uma mistura do sangue dos dois.

Os cientistas ligaram pares de camundongos, produzindo xifópagos artificiais. A operação foi feita de modo que somente o sistema sanguíneo deles fosse interligado. Construíram três tipos de pares, um com animais jovens, outro com velhos e um terceiro com um jovem e um velho. Os pares de mesma idade (homocrônicos) serviram como controle. O interessante foi investigar o que ocorria com o par de idades diferentes (heterocrônicos). O fato de o animal mais velho ter seus órgãos irrigados com o sangue do mais novo retardaria seu envelhecimento? Ou o animal mais novo envelheceria mais rapidamente?

Os cientistas investigaram o que acontecia no cérebro deles. Durante o envelhecimento cerebral, tanto em camundongos quanto em humanos, a formação e a regeneração de neurônios ocorrem mais lentamente. Essa mudança no cérebro está correlacionada à perda da memória, maior dificuldade de se localizar, e de aprendizado.

Examinando os camundongos que passaram parte de sua vida compartilhando o sangue de camundongos de outra idade e comparando seus cérebros com camundongos dos grupos controle, os cientistas puderam analisar o processo de envelhecimento cerebral.

Camundongos velhos cujos cérebros haviam sido irrigados por sangue de jovens envelheciam na mesma velocidade que os velhos irrigados com sangue de velhos. O mais espantoso ocorreu com o cérebro de jovens irrigados com sangue de velhos. Esses camundongos envelheceram mais rapidamente, perdendo a capacidade de regenerar neurônios e aprender novos truques com velocidade maior que jovens ligados a um outro jovem. O processo de envelhecimento havia sido acelerado.

Esse resultado demonstra que há no sangue de camundongos idosos moléculas capazes de acelerar o envelhecimento. Em uma série de experimentos sofisticados, os cientistas isolaram a molécula presente no sangue dos camundongos velhos que induzia o envelhecimento. Ela já era conhecida, chamada chemocina CCL11 (também chamada de eotaxin). Em um experimento definitivo, os cientistas conseguiram aumentar a quantidade de CCL11 sintetizada em animais jovens, que rapidamente perderam a capacidade de regenerar seus neurônios e mostraram todos os sintomas de envelhecimento precoce.

Essa descoberta mostra que pelo menos parte do envelhecimento cerebral se deve a fatores no sangue (semelhantes a hormônios) capazes de controlar o que ocorre com as células do cérebro. Não foi dessa vez que a humanidade descobriu a fonte da juventude, mas temos algo que se parece com a fonte do envelhecimento.

"A Separação" - CONTARDO CALLIGARIS


FOLHA DE SP - 16/02/12

A gente "se sacrifica" por obrigações sagradas, mas esses "deveres" servem para renegar nossos desejos


NAS ÚLTIMAS semanas, perdi a conta dos leitores que me encorajaram a comentar "A Separação", de Asghar Farhadi. Para não estragar o prazer de quem ainda não assistiu ao filme, só algumas anotações.

1) Em Teerã, num tribunal, um homem e uma mulher discutem, cada um tentando ganhar a guarda da filha. Eles tinham o sonho comum de ir embora do país (oferecendo à menina, como se diz, um futuro melhor) e já estavam com visto e autorização para viajar, mas eis que o marido desistiu do projeto porque ele deve se ocupar do velho pai, doente e demente. Adiar a viagem é impossível: a autorização que eles conseguiram logo vencerá.

A mulher quer se separar do marido, para viajar e levar a filha para o exterior, como planejado. O marido se opõe.

Provavelmente, no lugar do juiz, eu apoiaria o dever para com o velho genitor contra o sonho (quem sabe, frívolo) de um futuro diferente. Esta mulher quer o quê? Enfiar o sogro num asilo só para respirar o ar de Paris ou Nova York?

Agora, se, em vez de juiz, eu fosse terapeuta do casal, talvez não me deixasse enternecer pela "nobre" decisão do marido. Afinal, qual melhor desculpa do que um pai doente para justificar nossas desistências? É frequente: a gente "se sacrifica" em nome de obrigações sagradas e tradicionais, e, de fato, esses compromissos nos servem para renegar nossos desejos.

Você também conheceu uma tia que nunca se casou porque "teve que" criar o sobrinho cuja mãe morreu cedo? Ótimo, sobretudo para o sobrinho; mas há uma chance de que esse nobre sacrifício tenha sido o jeito que a tia encontrou para fugir de uma vida amorosa e sexual que ela desejava, mas que ela também sobretudo temia.

2) Aparentemente, é a mulher que, insensível à devoção filial do marido, pede a separação. Alguém poderia suspeitar, aliás, que ela esteja apenas se aproveitando da ocasião para decretar o fim de uma relação que talvez já tenha acabado há tempos.

Mas é possível que o verdadeiro responsável pela separação seja o marido: será que a opção de cuidar do velho pai não é o jeito que ele encontrou para forçar a mulher a querer se separar dele? Eu não fiz nada, só "tenho que" honrar meu pai, é você que não me aguenta e é você que quer se separar. É o estilo passivo-agressivo: a iniciativa sempre parece ser do outro.

3) Mesmo se eu não professasse nenhuma ideia oposta às do regime, mesmo se meu desejo sexual fosse integralmente permitido pela polícia dos costumes, eu fugiria de Teerã -apenas por saber que há direções nas quais meus sonhos seriam punidos, caso se aventurassem por lá. Também fugiria de qualquer Irã ou Cuba do mundo porque não tolero ficar num lugar de onde é difícil, se não proibido, sair.

4) O marido não é um santo, mas parece fazer uma escolha generosa: renuncia ao projeto de emigrar por fidelidade ao pai.

Mas nunca é fácil saber no que consiste a verdadeira fidelidade. No caso, ela consiste em cuidar do pai demente ou em correr atrás do que ele talvez quisesse para nós?

Ou seja, imaginemos que (banalmente) meu pai sonhasse com a minha liberdade: será que eu lhe seria mesmo fiel no dia em que, para assisti-lo, eu renunciasse a meu próprio desejo?

5) O diretor do Ministério da Cultura do Irã declarou à Folha que "A Separação" é "contrário ao sistema político iraniano", o que, segundo ele, seria demonstrado pelo sucesso do filme no Ocidente.

Bizarro, entre outras coisas, porque o filme contém uma defesa do islã popular como grande e necessária garantia moral.

Seja como for, as ditas plateias ocidentais talvez estejam um pouco cansadas de assistir a visões caricaturais de mundos exóticos, nos quais, graças a alguma tradição, sempre se sabe qual é a coisa certa.

Talvez nós, plateias ocidentais, notoriamente narcisistas, estejamos mais interessadas no cotidiano de nossa própria experiência, ou seja, no conflito nunca resolvido entre as dívidas com nosso passado e as dívidas com nosso futuro.

A dívida com o passado pode ser exigente e incômoda (como ocupar-se de um pai demente), mas ela é, por assim dizer, pacífica: estabelecida e tranquila. Enquanto a dívida com o futuro é sempre inquietante, sem resposta: qual será a viagem que devo a mim mesmo?

Caro diretor do Ministério da Cultura do Irã, não gostamos de "A Separação" porque seria anti-iraniano (que não é), mas porque conta uma história próxima das histórias da gente.

Tudo é relativo, mas . . . - CARLOS ALBERTO SARDENBERG


O Globo - 16/02/12


A sorte é que tem sempre alguém em situação pior que a gente. Como tudo na vida é comparação, fica fácil melhorar o desempenho, qualquer tipo de desempenho. Está se achando meio burro por não entender a dívida grega? Tranquilo. Tem gente que se espanta antes. "Aquele grego não te pagou? Manda pro pau."

Aliás, é mais ou menos o que o governo alemão quer fazer, mas não vem ao caso aqui. O fato é que até a Grécia encontra países e povos em situação pior. E nem precisa uma nação africana desgraçada pelos conflitos internos.

Por exemplo: o FMI e a União Europeia acham que o salário mínimo grego é muito elevado (retirando competitividade da economia) e querem reduzi-lo para cerca de 570 euros ao mês. Isso dá R$ 1.300, o dobro do brasileiro e certamente maior que em todo mundo emergente. "Acha ruim? Pois vai trabalhar pelo mínimo lá no Rio" - pode dizer uma autoridade aos manifestantes em Atenas.

E se lá eles conseguem, imaginem o que se pode fazer com os números brasileiros, muito superiores. Acrescentem aí a especial habilidade do ministro Guido Mantega em escolher as comparações, digamos, mais positivas - e, pronto, o Brasil não perde de ninguém. O Brasil, em geral, não. O Brasil dele, da presidente Dilma e de Lula. Antes, perdia tudo.

Por exemplo: o mundo está desacelerando neste ano, enquanto o Brasil, na "contracorrente", segundo nota no site do Ministério da Fazenda, enfia o pé na tábua.

Verdade. Segundo o FMI, o mundo crescerá 3,3% em 2012, contra os 3,8% do ano passado. E peguem logo a China. Pois é, também desacelerou em 2011 e agora está crescendo em ritmo menor ainda.

Só que o andar para trás da China significa crescer 8,2% (contra 9,2% do ano passado). E a Índia cai de 7,4% para apenas 7%. Já o "pra frente Brasil", no caso, significa avançar dos 2,9% estimados para 2011 para... quanto mesmo?

O ministro Mantega diz que vamos para 4,5% - um "belo crescimento" - se a Europa não atrapalhar. E, se atrapalhar, 4%, o que estaria bom. Já no Banco Central, que também é governo, o pessoal acha que o país deve conseguir fazer uns 3,5%. Fora do governo, a previsão é ainda um pouco menor. Para o FMI, o Brasil cresce neste ano ao ritmo de 3%.

Mas, se a gente deixar de lado esses detalhes dos números, a comparação continua de pé. O mundo vai para trás, a gente para a frente, ainda que seja de pouquinho para pouco. Não se pode querer tudo, certo?

Bom, mais ou menos. Ocorre que há países importantes também acelerando. Estados Unidos, por exemplo, cresceram 1,7% no ano passado e devem subir para 2%, com viés de alta. O Japão, recuperando-se do tsunami, também vem em ritmo mais forte.

Assim, a frase mais correta seria: todo o mundo desacelera, menos alguns países como os EUA e Japão, além do Brasil, é claro. É o nosso novo G-3.

Verdade também que estamos comparando o que aconteceu com o que acreditamos (ou dizemos) que vai acontecer. É outro método de melhorar o desempenho, comparar a dura realidade com um futuro espetacular, como os 4,5% do ministro.

Em 2011, aí sim, é universal, todo o mundo desacelerou, inclusive, acreditem, o Brasil. Só que nosso tombo foi maior. O PIB, que se expandira a 7,5% em 2010, deve ter crescido menos de 3% no ano passado. Este número também nos coloca na rabeira dos emergentes.

Águas passadas, diz o ministro, esperem por 2012.

Dizem que, em economia, tanto no pessoal quanto no macro, deve-se adotar o pessimismo ou, relaxando, pelo menos algum ceticismo. Esperando o pior ou temendo o perigo, as pessoas e governos preparam-se melhor.

O otimista, acreditando que vai dar tudo certo, arrisca-se além da conta e, assim, contrata prejuízos.

Por outro lado, como mostram ainda mais pesquisas recentes, economia é psicologia. O baixo astral derruba, sim, a atividade econômica. E, se for assim, as autoridades econômicas têm o papel adicional de animar o país. "Vamos lá pessoal, aos shoppings, às fábricas, que a coisa vai bombar" - parece nos dizer o animado Mantega.

O problema é ele acreditar mesmo na animação e não se concentrar nos importantes problemas o país deveria enfrentar.

Porque, vamos falar francamente, o Brasil não é um caso excepcional. Vai bem naquilo que vão bem muitos emergentes que fixaram bases estáveis na macroeconomia e vendem muito para a China. E vai mal, como os outros, na baixa competitividade de suas indústrias.

Também aqui se pode dizer que tem gente pior. Mas chega uma hora em que a pessoa, a sós, precisa se comparar com... ela mesma.

Carnaval 2012! Pulando e Copulando! - JOSÉ SIMÃO

FOLHA DE SP - 16/02/12

Só pode silicone de fora! O Sambódromo é o Vale do Silicone! O que Deus criou só o silicone segura! Rarará!

BUEMBA! BUEMBA! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! E a manchete do Sensacionalista: "Brasileiro que entende os discursos de Pedro Bial é indicado ao Nobel de Filosofia".
Mas um amigo me disse: "Quem entender o que o Bial fala merece ser internado". Rarará! Tipo: "Meus heróis, ignorar o incompreensível é tão somente uma percepção às avessas de tudo que é ignorado". Tradução: o pinto do meu pai fugiu com a galinha da vizinha!
E adorei que aquele BBB, Rafa, que disse que o Chávez é presidente do Equador! E ninguém discordou! Rarará! E, quando citaram o Milton Neves, cortaram! O Milton Neves, vulgo Boneco de Olinda, é pior que palavrão na Globo. Quando é palavrão eles botam: piiiii!
E em São Paulo chove tanto que não tem mais malabarista de farol, tem aqualouco. Aqualouco de farol!
E esta manchete do "Correio Braziliense": "Fundo do servidor na geladeira". Rarará! E como eu vou passar o Carnaval? Pulando! Pulando e Copulando! Rarará!
E uma amiga minha vai pular em cima do primeiro homem. "Tendo mais de 45 quilos e um coração batendo, eu pulo!". E eu queria saber como a Angela Bismarchi, a Geisy Arruda e a Lucianta Gimenez conseguem decorar o samba-enredo da escola? Faz como jogador de futebol: finge que tá cantando o hino nacional! Só na mímica!
E duas palavras que só aparecem no Carnaval; comunidade e genitália! A comunidade de Viradouro agradece a comunidade de Vila Isabel pela solidariedade à comunidade de Nilópolis!
E perereca no Carnaval vira genitália! Não pode genitália desnuda! Perereca e pingolim de fora não pode. Só pode silicone de fora! O Sambódromo é o Vale do Silicone! E o que Deus criou só o silicone segura! E, se você for pra praia, vira banhista. Já reparou em legenda de foto durante o Carnaval? "Banhistas lotam Copacabana". É mole? É mole, mas sobe!
Blocos 2012! Direto do Rio, o bloco: "O Negócio Tá Feio e o Teu Nome Tá no Meio". E direto de Vigário Geral: "Me Atirei no Pau do Gato". Diz que a escola é meio gay, mas tem uns machos que se atiram! E direto de Olinda: "Quer Mamar Vai Pra Debaixo do Burro". Rarará!
Que esculhambação! É Carnaval! Vai mamar no burro! Rarará! Nóis sofre, mas nóis goza!
Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!

Soberania popular - MERVAL PEREIRA

O GLOBO - 16/02/12

O julgamento da Lei da Ficha Limpa parece se encaminhar para uma definição do Supremo Tribunal Federal (STF) a favor de sua aplicação já na próxima eleição. O fundamental da sessão de ontem na Corte foi o voto da nova ministra, Rosa Weber.

Ela tinha o papel teórico de desempatar a decisão, já que, ou pelos votos ou pelas posições assumidas, considerava-se que mais uma vez o STF chegaria indefinido ao final de um julgamento. E, se a nova ministra pedisse vista do processo, colocaria uma insegurança jurídica formidável para as eleições municipais deste ano

O Supremo Tribunal Federal retomou o julgamento da constitucionalidade da Lei da Ficha Limpa com dois ministros já tendo votado a favor de sua aplicação imediata, os ministros Luiz Fux, relator, e Joaquim Barbosa.

Ontem mais dois votos a favor foram registrados:os das duas ministras do Supremo, Rosa Weber e Cármem Lúcia.

Pelas declarações anteriores, e mesmo pelas observações que fizeram no julgamento de ontem, votarão contra a Lei da Ficha Limpa os ministros Gilmar Mendes, Celso de Mello e Cezar Peluso.

O quinto voto contra seria o do ministro Marco Aurélio Mello, mas ontem havia a informação de que aderiria à maioria, que, como disse a ministra Rosa Weber, "é sábia".

A ministra não só votou a favor da Ficha Limpa, como pela sua aplicação imediata, e com palavras fortes que saíam de maneira suave na sua fala sulista. "A iniciativa popular resta como forma de soberania", afirmou em seu voto Rosa Weber.

Ela desenvolveu sua posição com base na tese de que, para garantir a lisura das eleições, a Constituição colocou como pressupostos para a elegibilidade a probidade e a moralidade.

A ministra retirou da inelegibilidade o caráter de sanção," especialmente sanção penal", reafirmando que a exigência de trânsito em julgado para tornar inelegível um candidato - com base em que os juízes que são contra a Lei da Ficha Limpa a julgam inconstitucional - não cabe no Direito Eleitoral, e sim no Penal.

"Um homem público não pode esperar o mesmo privilégio do cidadão comum", ressalvou a ministra em seu voto.

Para Rosa Weber, "o foco da inelegibilidade não é o indivíduo, mas a sociedade e a consolidação do estado de direito".

A ministra provocou uma boa discussão ao afirmar que a democracia "se concretiza em movimento ascendente, da base social às cúpulas que devem prestar ressonância às expectativas da população".

Ela lembrou que a Ficha Limpa é a quarta iniciativa popular a se tornar lei, "o que mostra o esforço hercúleo e a repulsa da população à imoralidade na política".

O ministro Dias Toffoli, o único a votar contra o projeto até o momento, havia dito em seu voto que "o discurso ético tem forte apelo nas instâncias extrajudiciais, e nós, magistrados da Suprema Corte, não ficamos alheios a esses processos. Falo da necessidade de o STF proteger a maioria dela mesma, o desagradável papel de restringir a vontade popular".

Quando deu o seu voto, Rosa Weber respondeu a essa tese dizendo que "a Lei da Ficha Limpa foi gestada no ventre moralizante da sociedade brasileira".

A discussão passou a ser, então, não pontual, mas conceitual. Houve quem dissesse que o Supremo Tribunal Federal tinha que ser "contramajoritário", seguindo a linha do ministro Dias Toffoli de "proteger a maioria de si mesma".

Ao que a ministra Rosa Weber contra-argumentou: "Sendo esta casa, como já foi dito hoje, contramajoritária, não deve ser pautada pelas demandas da sociedade, mas não deve ser insensível a elas. A Constituição é viva e há de se adequar e dizer ao que veio a seu tempo." O ministro Luiz Fux também tomou posição: "O tribunal ser contramajoritário para bater no peito não tem cabimento. Ele deve ser contramajoritário para conter o abuso do Legislativo contra o direito das minorias, não para ignorar os anseios da população." Na mesma linha, o ministro Ricardo Lewandowski argumentou: "Em caso de administração pública, em dúvida, pró-sociedade, não pró-réu".

O ministro Gilmar Mendes discordou com veemência: "E nosso dever, sim, é contrariar anseios da população, do contrário teremos plebiscitos a todo momento, pena de morte. Nosso papel também é proteger a maioria dela mesma, proteger preceitos civilizatórios." Outro ponto que provocou debate ontem foi a data a partir da qual as exigências deveriam valer.

Os ministros que são contra a Lei da Ficha Limpa consideraram que, somente a partir de sua aprovação pelo Superior Tribunal Federal, as novas regras deverão valer, mas esse não deve ser o pensamento majoritário.

A ministra Rosa Weber entrou nesse assunto de maneira indireta, afirmando que o principio da presunção da inocência é princípio cardeal do estado de direito. Mas ressaltou que ele tem formulação moderna "além do "em dúvida, pró-réu"".

Ela disse entender o princípio anglo-saxão de que a culpa deve ser provada acima de qualquer dúvida, "o que implica uma pressão maior sobre a acusação": "Essa exigência de prova é o núcleo duro da presunção de inocência." A ministra Cármem Lúcia foi mais explícita, afirmando que a vida pregressa "compõe a persona que se oferece ao eleitor", e que "não dá para apagar, a vida não se passa a limpo".

No que foi apoiada pelo ministro Ayres Britto, que aduziu: "Vida pregressa é história de vida."

GOSTOSA


DANO MORAL - MÔNICA BERGAMO

FOLHA DE SP - 16/02/12
Os pais do jovem que foi atacado com um taco de beisebol na Livraria Cultura, em SP, em 2009, estão pedindo na Justiça indenização de R$ 2 milhões por dano moral e material. Henrique de Carvalho, 22, foi golpeado na cabeça e morreu dez meses depois de ficar em coma em um hospital.

VÍTIMA

"Tivemos uma despesa grande no período em que o Henrique ficou em coma. E acreditamos que houve falha na segurança da livraria. O agressor [Alessandre Aleixo] já havia quebrado a vitrine da loja um ano antes de agredir meu filho", diz Elifas Pereira, pai de Henrique. Pedro Herz, dono da Cultura, diz que seus advogados cuidarão do caso. E afirma: "Nós somos tão vítimas quanto eles".

BOLA

Ricardo Teixeira teria escolhido a dedo a data para anunciar sua intenção de deixar a CBF: bem pertinho do Carnaval, para que a folia encobrisse o impacto de sua saída da entidade.

BOLA 2
O desprezo de Dilma Rousseff por Teixeira foi decisivo para esvaziar seu poder, dizem amigos próximos dele. Há alguns dias, em viagem a Brasília, o cartola "nem sequer pediu audiência" a ela, segundo interlocutor. Por um motivo: sabia que bateria com a cara na porta.

BOLA 3

Desde dezembro, quando a coluna noticiou que ele se licenciaria da entidade e surgiram os primeiros rumores de que sairia da CBF, Teixeira amarrou acordos com José Maria Marin, vice-presidente e seu eventual substituto. Um deles: manter Ronaldo e Andres Sanchez, ex-presidente do Corinthians, ligados à confederação.

BOLA 4

No São Paulo, a retirada de Ricardo Teixeira de cena traz alívio óbvio. Ainda mais que Marin até já jogou futebol pelo clube.

TODO CUIDADO

A ex-primeira-dama Marisa Letícia está barrando quase todos os amigos que querem visitar Lula no hospital. Pede que poupem o marido para que ele descanse a voz. Lula atravessa a fase mais penosa de seu tratamento contra o câncer.

TODOS POR UM

Dilma Rousseff enviou a ministra Gleisi Hoffmann para o IML de Brasília assim que foi informada da morte do filho de 13 anos do presidente da Embratur, Flávio Dino. O ministro Gastão Vieira, do Turismo, também o acompanhou. O menino, com grave crise de asma, foi atendido na UTI do Hospital Santa Lúcia e morreu.

DESPEDIDA

Inconformado, Dino, que só chamava o filho de "Peixinho", recordava a todo o momento que, no domingo, passara o dia com ele andando de bicicleta por Brasília.

NA PAZ DE CRISTO

Os padres Marcelo Rossi (à esq.) e Fábio de Melo podem gravar músicas juntos. Depois de trocas de farpas pela imprensa, eles se encontraram na sexta passada, em Natal, num evento da Jornada Mundial da Juventude.

"Eu me aproximei e disse que tudo que ele leu é mentira", diz o padre Marcelo. "Somos amigos, somos Igreja Católica. Tenho respeito por ele e um amigo em comum, o [deputado] Gabriel Chalita."

Eles podem cantar juntos para "dar prova da amizade". "Nossa diferença é que eu uso roupa clerical e ele, não. Mas o que importa é o conteúdo e isso ele tem." Trocaram telefones. "O celular dele mudou e eu não tinha", diz Rossi.

ROUPA NOVA

A socialite Beth Szafir, a designer Maria Sole e a arquiteta Simone Abdelnur, entre outros convidados, foram ao lançamento da coleção outono/inverno da grife M & Guia, de Erika dos Mares Guia, anteontem, em sua loja, nos Jardins.

TODOS OS SENTIDOS

Os artistas Richard Calhabéu e Renato Dib fazem a mostra de inauguração do Hotel Galeria, novo espaço de exposição nos Jardins. O dia de abertura recebeu o projeto Art Gourmet, com jantar preparado pelo chef Fred Barroso. O fotógrafo Thomas Baccaro e a designer Elisa Stecca compareceram.

CURTO-CIRCUITO

O espetáculo "Cabaretfagia", com o ator Gero Camilo, tem apresentação hoje, às 21h, no Sesc Vila Mariana. Classificação etária: 12 anos.

A exposição fotográfica "Escala Humana em Elipse" será inaugurada hoje, às 19h, no Espaço Cultural Porto Seguro, no centro de São Paulo.

com DIÓGENES CAMPANHA, LÍGIA MESQUITA e THAIS BILENKY

Não magoem a China - ALBERTO TAMER


O Estado de S.Paulo - 16/02/12


O Brasil está pedindo que a China contenha suas exportações de manufaturados que estão deslocando a indústria nacional. Que não se limite apenas a importar commodities, soja, minério, petróleo, de pouco valor agregado. Foi isso o que o vice-presidente Michel Temer disse ao vice-primeiro-ministro chinês, Wang Qishang, que esteve em Brasília nesta semana para iniciar uma reunião técnica entre os dois países. Ele prepara também a vinda do primeiro-ministro Hi Jintao, em julho. Temer não falou expressamente em "contenção", mas em "restrição voluntária" e que "o aumento maciço e indiscriminado de produtos chineses no mercado brasileiro" desloca a produção nacional.

O vice-ministro chinês ouviu, não disse nada de mais claro, mas deve ter mandado seus assessores, que se reuniram com representantes do governo e empresários brasileiros, lembrarem que "não é a China que vende, são as empresas brasileiras que compram". Não é ela que exporta, é o Brasil que importa. Devem ter citado o grande aumento na criação de empresas comerciais brasileiras com o objetivo principal de importar produtos industrializados chineses.

Vejam esses números! E há números oficiais que comprovam o crescente interesse de importar produtos chineses. Segundo o Ministério do Desenvolvimento, em janeiro do ano passado, havia 2.446 empresas importando da China e 20.841 exportando. Pois bem. Em janeiro de 2012 eram 2.641 empresas importando e 24.841 exportando. E essa tendência vem se acentuando cada vez mais.

Mas não é só isso. Ao contrario do Brasil, a China subsidia intensamente não só a sua produção, mas a exportação também. Não é apenas o yuan desvalorizado, é o juro negativo, o financiamento amplo e generoso, e as imensas vantagens oferecidas para toda a cadeia produtiva. O erro é nosso. Nesse cenário negativo, ele exportam - melhor nós importamos industrializados e vendemos alimentos e minérios.

A coluna ouviu ontem vários especialistas voltados para o comércio bilateral perguntando: se não podemos contar com a boa vontade da China, o que fazer? Onde estamos errando?

Eis algumas das conclusões.

Um dos grandes erros é o que eles chamam de "excessivo pragmatismo". Estamos buscando ganhos de curto prazo com mais exportações, mesmo que quase unicamente de commodities. Segundo, importando bens chineses a preços baixos, o que, inclusive ajuda a conter a inflação, pretendemos com isso, mesmo de forma indireta, atrair financiamentos e investimentos aparentemente vantajosos. Isso seria em parte justificável, pois as relações comerciais e financeiras entre países não se encerram na parte econômica, mas sem dúvida alguma criam um distorção nas transações bilaterais. Não dá para continuar "trocando" soja por produtos industrializados por mais vantajoso que seja a curto prazo. Esse é um fato que o governo ainda se recusa a admitir.

Afinal, o que queremos? Na verdade, dizem eles, o Brasil não sabe o que quer na relação com a China. Falta um "projeto", uma "estratégia" de curto e longo prazo.

O Brasil está preferindo se acomodar no que se poderia chamar de "o caminho mais fácil, o dos ganhos e soluções rápidas", que, no fundo, são apenas contemporizações altamente prejudiciais a importantes setores da indústria nacional".

Para esses analistas, não há nada a esperar do governo chinês na área comercial. Quanto aos investimentos, estão sendo em alguns setores industriais sim, mas a maior parte se destina a produzir o que a China mais precisa, alimentos. Já que não podem comprar terras, estão comprando antecipadamente a produção de soja, investindo em minérios, em petróleo.

De acordo com levantamento feito pelo Radbank, banco holandês que lidera os financiamentos mundiais em agronegócios, a China deve investir US$ 7,5 bilhões na Bahia e US$ 7,5 bilhões em Goiás para garantir o fornecimento de soja. O mesmo está fazendo na Argentina e em toda a América Latina.

Ela vai mudar, perguntou a coluna para os especialistas consultados? Não há por que, respondem. A crise econômica está levando a China buscar novos mercados, já que os principais mercados chineses estão deprimidos. Estados Unidos e a União Europeia também se fecham porque estão deprimidos. Só o Brasil continua aberto.

Intrincado juro imaginário - MARIA CLARA R. M. DO PRADO

VALOR ECONÔMICO - 16/02/12

A administração do presidente Alexandre Tombini tem tudo para entrar na história como aquela que ousou desafiar o pensamento monolítico sobre as supostas ações do Banco Central (BC) que até então predominavam no mercado financeiro brasileiro.

Como parte do arsenal de "surpresas" que vez por outra são introduzidas nas atas e relatórios do BC, Tombini lançou ao mercado - alguns, diriam, às feras - a árdua tarefa de definir a taxa de juro real neutra da economia. Árdua e impossível, o que leva a imaginar que a atual administração do BC vale-se cada vez mais da sua prerrogativa de autoridade monetária para guiar as expectativas relativas aos juros básicos em direção a patamares mais baixos. Pela primeira vez em muitos anos, o BC não se deixa guiar pelo mercado. Tem trabalhado para impor uma mudança no paradigma que, apesar dos resultados do Plano Real, caracteriza-se por imputar a taxas de juros absurdamente elevadas, a função divina de manter a estabilidade de preços no país.

A dificuldade na definição da taxa neutra de juros - ou taxa natural ou taxa de equilíbrio - é facilmente observável pela gritante divergência de opiniões que tem sido captada pela mídia junto aos analistas de bancos e outras instituições. E o Banco Central? Será que sabe em que ponto encontra-se a taxa de juro real neutra?

Atual administração do Banco Central ousou desafiar o pensamento monolítico sobre as ações do banco

O tema sempre levanta controvérsias, menos pela fundamentação da sua importância e mais pelas complicações em definir uma taxa imaginária, não observável nem a curto e nem a médio prazo. A ideia do juro neutro, que ganhou terreno nos anos 90, é tão antiga quanto a era em que o padrão-ouro ainda primava como a principal referência de intercâmbio entre as diferentes moedas. Foi motivada pelos escritos de Knut Wicksell, um economista sueco (1851-1926) que já em 1898 chamava a atenção para o papel fundamental da taxa de juros como instrumento de controle monetário. Mas não apenas isso: sua grande contribuição está na elaboração do conceito da taxa de juros neutra.

"Existe uma certa taxa de juros dos empréstimos bancários que é neutra com relação aos preços das commodities e tende a não aumentá-los e nem a baixá-los. Necessariamente, é a mesma taxa de juros que seria determinada pela oferta e pela demanda se nenhum uso foi feito do dinheiro e se todos os empréstimos fossem efetuados sob a forma de bens de capital. Isso é o mesmo que descrevê-la como valor corrente da taxa de juros natural do capital", escreveu Wicksell, no fim do século XIX.

Significa supor o funcionamento de uma economia em plena capacidade e que, a esse nível de atividade, a demanda estaria plenamente satisfeita, sem pressões para mais ou para menos no nível dos preços. Como se pode facilmente perceber, a hipótese não pode ser comprovada, apenas inferida. O próprio Wicksell em "paper" que apresentou em 1907, sob o título "The Influence of the Rate of Interest on Prices" (A Influência da Taxa de Juros nos Preços), destaca o caráter abstrato da sua tese - ver www.econlib.org/library/Essays/wcksInt1.html

Na década de 90, com o abandono definitivo do regime das metas monetárias e sua substituição pela meta de inflação, a taxa de juros ganhou extrema relevância como o principal instrumento de controle do comportamento dos preços. A tese de Wicksell foi revisitada e muito tem sido escrito desde então sobre taxa de juros neutra.

Em 1998, Alan Blinder, ex-vice-presidente do Fed (o banco central dos Estados Unidos), lançou um pequeno livro sobre questões monetárias, publicado no Brasil pela Editora 34 sob o título "Bancos Centrais: Teoria e Prática". Nele, Blinder (pág. 53) tenta definir o conceito de taxa de juros real neutra. "Em qualquer momento, dados os determinantes da demanda agregada - incluindo a política fiscal, a taxa de juros e as propensões de consumo dos consumidores e investidores - a economia tem uma curva IS (I de investimento e S de poupança - saving em inglês) de estado estacionário. Com isso quero dizer a curva IS que irá prevalecer quando as defasagens tiverem sido superadas e contanto que todos os choques aleatórios sejam zero", escreve ele, destacando que a taxa de juro real neutra não é um número fixo, é difícil de estimar e impossível de saber com precisão. Trata-se de um conceito operacional, melhor apurado ex-post, como média de um longo período histórico. Diante das dificuldades, Blinder sugere que os bancos centrais estimem a taxa de juros real neutra regularmente em termos de uma faixa de taxas (e não de pontos específicos) e usem esta estimativa como o ponto zero da política monetária.

Mas, atenção, para lá das limitações de mensuração das diferentes variáveis econômicas que influenciam a neutralidade e que podem induzir a erros, é importante reter que o juro neutro, mesmo que hipotético, tem a função de orientar os bancos centrais nos ajustes da taxa nominal de juros. Portanto, equívocos na definição da taxa neutra podem redundar tanto em altas desnecessárias quanto em baixas perigosamente inflacionárias da taxa nominal de juros.

MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO

FOLHA DE SP - 16/02/12
Suíça coloca R$ 340 mi em planta no Paraná

A suíça SIG Combibloc vai investir R$ 340 milhões em sua fábrica em Campo Largo (PR) para triplicar a produção de embalagens, que passará de um bilhão de unidades por ano para três bilhões.

Além da expansão da capacidade da planta, a complexidade de fabricação também aumentará. Parte da matéria-prima que hoje é importada, como laminados, passará a ser produzida no local.

Quando a fábrica brasileira da companhia entrou em operação, há oito meses, o projeto da empresa era investir € 90 milhões (cerca de R$ 200 milhões) na unidade até 2016.

"O grande motivador desse aporte não é só o fato de o mercado brasileiro ser grande, mas o rápido crescimento dele", diz o diretor-presidente da empresa na América do Sul, Ricardo Rodriguez.

Dados da consultoria Datamark mostram que, em valores, o setor teve alta de 19% em 2011. Para este ano, porém, a expectativa é de 5,3%. Apesar dos números do segmento, a SIG Combibloc espera crescer no Brasil acima dos 30% por ano até 2016.

A companhia detém hoje apenas 10% do mercado interno de embalagens assépticas (para leite longa vida, por exemplo), segundo a Datamark. Todo o restante fica com a Tetra Pak, que em janeiro também anunciou aporte de R$ 200 milhões para sua fábrica paranaense.

A expansão da planta da SIG deve ficar pronta em três anos. A primeira fase, que havia sido anunciada em dezembro e que consumirá R$ 70 milhões, será concluída no segundo semestre deste ano.

A partir de então, a empresa passará a produzir embalagens em formatos diferentes.

RAIO-X DA EMPRESA

€ 1,4 BILHÃO foi o faturamento global da empresa no ano passado (cerca de R$ 3,2 bilhões); a companhia não divulga números regionais

1 BILHÃO de embalagens por ano são produzidas na fábrica brasileira; o volume será triplicado em três anos

GRUPO RANKS é o controlador da SIG Combibloc; ele tem sede na Nova Zelândia e atua também no setor de produtos automotivos

TETRA PAK é a principal concorrente da empresa, com 90% do mercado de embalagens assépticas

GESTÃO EM DOBRO
A Escola São Paulo inaugura em maio sua segunda unidade, de 450 metros quarados, na rua Augusta, ao lado da sede atual.

A decisão de abrir um novo espaço foi tomada devido ao alto índice de ocupação das salas de aula, de 92%, segundo a fundadora e diretora, Isabella Prata.

"Teremos novos cursos, mas com o mesmo foco: gestão e empreendedorismo, principalmente para alunos que já são graduados", diz.

A instituição, que oferece 294 cursos, teve 5.000 inscrições em 2011, quando o faturamento cresceu 75% ante 2010. "Nossa intenção é dobrar o número de alunos."

FOLIA DE IMPOSTOS

A carga tributária no preço de alguns dos produtos mais comprados durante o Carnaval supera 50%, de acordo com levantamento da consultoria BDO RDS.

No caso da cerveja, tanto a que é vendida em latas como a de garrafas, esse índice fica em 78,1%.

Em confetes e serpentinas, o peso tributário é de 54,2%, de acordo com a pesquisa.

A compra de ingressos para os desfiles das escolas de samba ou de um colar havaiano ficam 14,2% e 39,2% mais caros, respectivamente.

O levantamento também incluiu itens como diárias de hotéis, que têm uma carga tributária de 8,6%.

Avião... Frederico Curado, presidente da Embraer, foi convidado a ser um dos principais participantes da edição em Istambul, na Turquia, do Fórum Econômico Mundial, o mesmo que se realiza todos os anos, em janeiro, na Suíça.

...na Turquia O Fórum em junho tem foco em Europa, Oriente Médio e Ásia Central. Curado foi o único brasileiro convidado para o grupo de 'co-chairs'. "Isso mostra o destaque que tem a Embraer no exterior", diz ele.

COMPANHIAS PROTESTADAS

O número de protestos de pessoas jurídicas aumentou em todas as regiões do Brasil no mês passado, ante janeiro de 2011, de acordo com a SCPC (Boa Vista Serviços).

A média de crescimento no país foi de 26%.

"Mesmo com esse resultado, a expectativa é que este ano tenha menos protestos do que 2011, pela maior estabilidade macroeconômica", afirma Flávio Calife, economista da SCPC.

Entre as cinco regiões brasileiras, o Sudeste apresentou a alta mais expressiva, de 38,6%. O menor aumento, por sua vez, ocorreu no Sul, 9,5%.

Na cidade de São Paulo, o aumento de títulos protestados em janeiro foi ainda maior, de 74,4% ante o mesmo mês de 2011, segundo o Instituto de Estudos de Protesto de Títulos da Seção SP.