quinta-feira, fevereiro 17, 2011

CONTARDO CALLIGARIS

 "Bravura Indômita"
CONTARDO CALLIGARIS
FOLHA DE SÃO PAULO - 17/02/11

A liberdade do indivíduo solto no mundo não é abstração nem ficção; ela é nosso passado concreto


PASSEI JULHO e agosto de 1969 no sítio do meu então sogro, Bob Bond, , na periferia de Houston, Texas.
Bob, mestre de obras, estava entre dois empreendimentos, de férias. Eu, vindo da Europa e fascinado pela televisão que emitia a noite toda, não dormia nunca. Bob levantava antes do amanhecer e me puxava de diante da televisão para me enfiar na sua caminhonete e me levar a Galveston, de onde saíamos de lancha; pescávamos na primeira luz da manhã e arrastávamos uma rede pelo fundo arenoso do mar, para juntar camarões para o almoço.
De volta a Houston, cuidávamos de seus cavalos, que viviam soltos. Nos sítios da região, as cercas eram usadas sobretudo ao longo da estrada asfaltada: bichos e humanos circulavam, livres, numa vasta extensão aberta.
No meio de uma noite, Wolfgang, o pastor-alemão da casa, explodiu em latidos. Bob apareceu na sala, tranquilo, de pijama, botas, chapéu Stetson e dois revólveres na mão. Sem falar nada, desligou a televisão e me entregou uma das armas, na escuridão. Logo, ele pegou uma lanterna, que não ligou, e saiu de casa; eu fui atrás dele.
No breu, vinha na nossa direção, com uma lanterna acesa, um homem alto e magro, com um Stetson igual ao de Bob; ele puxava o baio que era o mais lindo dos cavalos de Bob. Wolfgang dava círculos ao redor do intruso, latindo, mas intimidado pela própria calma do homem. Era um vizinho: ele tinha encontrado o baio na estrada e o levava de volta para nós. Bob agradeceu e conversamos; as duas lanternas que, na noite, pareciam um fogo de acampamento, os chapéus, a presença das armas nas nossas mãos, tudo evocava um quadro noturno de Frederic Remington (sei lá,http://migre.me/3SqO6).
Numa tarde de agosto, Bob e eu assistimos a "Bravura Indômita", de H. Hathaway, com John Wayne. As primeiras palavras de Bob, saindo do cinema, foram: Você imagina Rooster Cogburn parando para abrir uma porteira no meio do caminho? Para Bob, o arame farpado era o símbolo de tudo o que impede de "move on", de ir em frente, não apenas geograficamente.
Bob teria amado o novo "Bravura Indômita", dos irmãos Coen, porque o filme (assim como o livro de Charles Portis, Alfaguara), sem perder o humor, é mais soturno que o de 69, mais atento à gravidade das questões que ele levanta.
Bob gostaria de ver levada a sério a ideia de que a vingança privada pode ser toda a justiça da qual precisamos. Ele também gostaria de uma visão do mundo em que os bandidos não sofrem de leis interiorizadas ou culpas e os delegados não são animados por vocações morais, ou seja, em que o conflito entre a lei e o crime é apenas mais um conflito armado.
Foi Bob, na saída daquele cinema de Houston, que me ensinou o ditado pelo qual "a Revolução de 1776 nos deu a liberdade; quem nos deu a igualdade foi Samuel Colt". Incidentemente, os revólveres de Bob eram Colts.
Alguns dirão que é por isso mesmo que, nos EUA, não faltam malucos para sair matando a esmo. Bob apenas notaria que tudo tem um custo. Você quer se vingar? Pode perder um braço. Quer ser livre? Vai encontrar loucos armados por aí.
Talvez os mesmos digam que a liberdade do indivíduo serve só para filmes e romances. No caso, a galopada de Rooster Cogburn seria um mito, que narra (agradavelmente) a transformação da sociedade norte-americana no fim do século 19. Certo; é isso mesmo. Mas a liberdade dos protagonistas de "Bravura Indômita" não é uma abstração nem uma invenção estética, é um passado concreto, que permanece no âmago de nossa ideia de liberdade.
Esse passado começou na Europa da "sociedade cavaleiresca" (livro essencial de Georges Duby, Martins Fontes), quando os poderes instituídos eram sempre distantes, enquanto o bem e o mal estavam nas mãos de homens armados errando e lutando pelas florestas que cobriam o continente.
A invenção dos EUA apenas aprimorou: no meio de um território tão selvagem quanto o da Europa do ano 1000, em vez de cavalheiros e bandidos católicos, foram soltos protestantes insubmissos a qualquer autoridade que lhes dissesse o que pensar.
Pois bem, como Bob, tenho saudade do Velho Oeste.
Uma sugestão. Se você tem uma filha entre dez e 16 anos, assista ao filme com ela e constate: é extraordinário como infantilizamos nossas crianças (e como elas se aproveitam disso para se infantilizar).

LUIZA NAGIB ELUF

Real Parque 
LUIZA NAGIB ELUF
FOLHA DE SÃO PAULO - 17/02/11

O crescimento desordenado da cidade de São Paulo gera o maior tributo que os seus moradores têm que pagar: a má qualidade de vida


O Real Parque é um bairro da zona oeste de São Paulo, habitado por pessoas de classe alta. É um local privilegiado, mas sofre com a ocupação irregular do solo e a existência de favelas que só fazem crescer.
Fruto da omissão do poder público por anos, da indiferença da sociedade e das desigualdades regionais do país, o crescimento desordenado de São Paulo gera o maior tributo que seus moradores têm que pagar: má qualidade de vida.
As lacunas no planejamento urbano e a situação caótica dos bairros são as causas geradoras de trânsito insuportável, sujeira, poluição e insegurança. A criminalidade prolifera onde não há organização.
Por isso, as favelas se prestam de maneira ideal ao tráfico de drogas, aos sequestros e cárceres privados, à receptação, ao estupro, ao homicídio. A boa notícia é que a Prefeitura de São Paulo está iniciando obras de urbanização na região da favela Real Parque.
A ideia é verticalizar as moradias, otimizar o aproveitamento dos terrenos e destinar habitações decentes aos moradores que lá se encontram há anos. A providência trará benefícios a todos os habitantes do distrito e também à cidade de maneira geral.
No entanto, notícias de imprensa dão conta de que moradores de nove condomínios de alto padrão posicionaram-se contrariamente ao projeto apresentado pela prefeitura e buscaram as autoridades pleiteando a paralisação das obras.
Alegam que o número de habitações populares que será construído no local é maior do que o tamanho da favela e que o projeto elaborado não prevê estacionamentos.
A prefeitura, como sempre faz, ouviu os moradores e espera-se que sejam atendidas as reivindicações justas. No mais, é muito importante unir esforços para solucionar os problemas de São Paulo.
Estatísticas apontam que 25% da população da cidade encontra-se favelizada. As novas habitações, ainda que populares, terão um padrão de qualidade evidentemente maior do que as atuais moradias oferecem. Em consequência, a criminalidade local tenderá a cair, o lixo terá destinação mais adequada, e os moradores do bairro poderão usufruir de maior bem-estar.
A situação da população carente é uma responsabilidade de todos nós. Precisamos arregaçar as mangas e ajudar a recuperar a dignidade das áreas degradadas que nos rodeiam. O Plano Diretor recomenda, justamente, que os distritos da cidade, na medida do possível, procurem oferecer moradia e trabalho para a população de todos os níveis de renda, inclusive estabelecendo algumas zonas especiais de interesse social (Zeis).
E os moradores do Real Parque estão vivenciando uma oportunidade interessante de colaborar com seu próprio bairro e com toda a cidade de São Paulo.

LUIZA NAGIB ELUF é procuradora de Justiça do Ministério Público de São Paulo. Foi secretária nacional dos Direitos da Cidadania no governo FHC e subprefeita da Lapa na gestão Serra/Kassab. É autora de "A Paixão no Banco dos Réus" e de "Matar ou Morrer - O Caso Euclides da Cunha", entre outros.

JANIO DE FREITAS

O feito das polícias
JANIO DE FREITAS
FOLHA DE SÃO PAULO - 17/02/11

A percepção da insegurança só pode ser muito localizada; a noção de que crimes violentos e corrupção avançam pelo país fica nebulosa


ENQUANTO A TOMADA do Complexo do Alemão empolgava o país com as glorificações disseminadas pela TV e pela imprensa, muitos dos louvados ocupantes policiais e militares do Exército, sabe-se ou confirma-se agora, tratavam de saquear e assaltar casas e moradores invadidos.
A constatação foi poupada das repercussões merecidas, mas tal fraqueza jornalística teve efeito positivo, ainda que não previsto: evitou que perdessem a confiança da opinião pública as operações de bastante êxito técnico e social, como as realizadas em várias favelas e no Alemão mesmo.
Para complementar o efeito positivo, um adendo contraditório pôs as coisas nos termos devidos: àquela informação negativa, segue-se uma semana que vale como exposição da criminalidade policial, situando o drama da insegurança pública onde de fato está.
No Rio, 30 policiais civis e PMs são presos em uma operação, ainda inconcluída, que precisou da Polícia Federal para efetivar-se; pegou policiais ocupantes de altos cargos na administração pública e, apesar disso, simultaneamente chefões de bandos criminosos; derrubou o próprio chefe de Polícia Civil, e deixou um ambiente muito instável.
Em São Paulo, a par dos assaltos que inquietam, por sua persistente e fácil repetição em centros de comércio e moradias de padrão alto, verifica-se o êxito com que a polícia aderiu ao empreendedorismo que é moda paulista: os melhores preços de máquinas de caça-níqueis e outros jogos, dessas proibidas que a polícia apreende, são oferecidos em uma delegacia de Osasco.
Máquinas usadas, sim, porque apreendidas, mas em ótimo estado, depois de revisadas e reparadas bem junto da delegacia. E vendidas ao preço médio e módico de R$ 400, em lotes, se assim quiser o contraventor. Máquinas expostas para os interessados na própria delegacia.
Em Goiás, a Polícia Federal prendeu o próprio subcomandante da PM, um tenente-coronel e 18 policiais, acusados de integrar um dos mais ferozes grupos de matadores na região de Brasília, inclusive de mulheres sem envolvimento criminal e de crianças.
Visados pela mesma investigação estão ainda dois ex-secretários de Segurança, um deles, Ernesto Roller, ex-candidato a vice-governador e atual procurador-geral de Goiás.
Em Minas, foi identificado um esquadrão da morte composto por policiais. Na Bahia, bem, no Brasil todo, pronto, o dia a dia é o mesmo. Todos os dias. Mas ninguém no Brasil tem ideia do que é esse Brasil, por falta de notícia. Só os casos com alguma peculiaridade, como aqueles acima, tornam-se notícias, e nem sempre. Sem aquela ideia básica, porém, a percepção da insegurança só pode ser muito localizada. A noção de que os crimes violentos e a corrupção avançam pelo país todo fica nebulosa.
E, com isso, tanto as reivindicações como as providências contra a criminalidade violenta e contra a corrupção limitam-se ao circunstancial, episódios localizados respondendo a episódios que, de fato, não são episódicos: são a parte momentaneamente exibida de um todo nacional.
E a verdade é que ninguém sabe o que fazer contra essa realidade vulcânica, por falta até de conhecê-la.

GOSTOSA

DEMÉTRIO MAGNOLI

Culturas e ditaduras

 DEMÉTRIO MAGNOLI

O Estado de S.Paulo - 17/02/11

"Mudamos nosso destino. Foi uma conquista da nossa geração." Em meio ao júbilo que tomou as ruas do Egito, um manifestante explicou que eles se sentiam "acima da Lua". As imagens da explosão de euforia tiveram impacto no Brasil. Naquele dia, por aqui, as pessoas comuns declaravam-se mais felizes. Por meio desse pequeno milagre que é a empatia humana, elas viram a si mesmas nos rostos e nos olhos dos egípcios. Quase todos com idade para isso enxergaram mais longe: viram, na Praça Tahrir, os contornos das multidões de alemães que, mais de duas décadas atrás, derrubaram a golpes de picareta o Muro de Berlim.

Quase todos, mas não todos, pois a ideologia é um ácido capaz de corroer a empatia. "O Egito não está preparado para a democracia", ouviu-se aqui e ali, na transposição do senso comum de um conceito corrente, difundido por respeitáveis analistas, que assevera a incompatibilidade entre a "cultura árabe" e o império da liberdade política. Cultura é uma palavrinha de mil e uma utilidades. A "cultura alemã" ("ocidental"?) seria um fundamento para a revolução democrática de 1989 ou para a revolução nazista de 1933?

A invocação incessante da cultura reflete uma forma singular de cegueira. Alguns viram, na revolução egípcia, não uma expressão amplificada das manifestações democráticas no Irã de 2009, mas a reprodução da trajetória da Revolução Iraniana de 1979. No Egito, não se verificaram cenas comparáveis às das massas que, em Teerã, seguiam estandartes com a imagem do aiatolá Khomeini. Mas eles enxergam apenas aquilo que mostram seus óculos ideológicos - isto é, a "insurreição dos muçulmanos". Árabes aqui; persas acolá - não são todos, no fim das contas, fiéis do Islã? A sentença irrevogável desses analistas expressa a tese dos arautos da "guerra de civilizações": Islã e liberdade política são termos imiscíveis.

"Olhe a cultura!", advertem nossos antiamericanos viscerais, sempre propensos a incensar a ditadura iraniana: "aquilo que é bom para nós não se adapta à sociedade deles." Lula, afinal, não mencionou as diferenças de "costumes" para flertar com o apedrejamento? A "cultura islâmica" figura como argumento oficial da teocracia iraniana na legitimação de seu regime. No mesmo Irã, mas antes de 1979, apelava-se à "cultura persa", pré-islâmica, para justificar a ditadura pró-ocidental do xá Reza Pahlevi. Culturas, tantas culturas...

"Hosni Mubarak ou o caos." O teorema, reiterado pelo ditador do Egito durante 30 anos, repousa sobre a chave mágica da cultura. "Caos", no caso, é o espectro do fundamentalismo islâmico, corporificado na Irmandade Muçulmana. Na incubadora proporcionada pelas ditaduras pró-ocidentais no mundo muçulmano, sob a luz fria do teorema culturalista, nasceram as árvores do jihadismo contemporâneo. Ayman al-Zawahiri, o egípcio que escreve os manifestos da Al-Qaeda, também manipula a chave da cultura - girando-a, porém, no sentido inverso.

"Depois de Mubarak, a Irmandade Muçulmana", alertam os neoconservadores nos Estados Unidos. Islã, fundamentalismo e jihadismo são termos interligados, mas não idênticos. Há quatro décadas, uma cisão separou os seguidores de Sayyd Qutb da corrente principal da Irmandade Muçulmana. Os primeiros fermentaram o caldo do jihadismo, produzindo a Jihad Islâmica, no Egito, e o embrião da Al-Qaeda, na Arábia Saudita. Enquanto isso, proscrita e perseguida, a Irmandade iniciava uma longa jornada de reflexão doutrinária. Uma encruzilhada crucial foi ultrapassada pela condenação inequívoca, sistemática, do terror "islâmico". Hoje, os Irmãos encontram-se no limiar de uma segunda escolha, entre fundamentalismo e democracia.

"O Egito cairá no colo da Irmandade Muçulmana", adverte o Estado de Israel. O Egito é uma sociedade mais complexa do que sugere o quadro bicolor do culturalismo. Durante todo o século 20, correntes liberais e socialistas moldaram uma paisagem política diferenciada, plena de matizes. A Irmandade obteve 20% das cadeiras no Parlamento em 2005, na única oportunidade em que a ditadura lhe permitiu concorrer apresentando candidatos independentes. Ela não representa a maioria dos egípcios, mas expressa a vontade de uma minoria relevante. Obviamente, não haverá no Egito uma democracia digna desse título sem a admissão legal do partido dos Irmãos.

Israel usa o argumento da cultura com a finalidade de prolongar a vigência de uma política insustentável de ocupação da totalidade da Palestina histórica. Para consumo público, seus dirigentes acenam com a ameaça improvável de um Egito aliado ao Hamas, o partido palestino fundamentalista oriundo de uma costela da Irmandade Muçulmana. Entre quatro paredes, contudo, eles temem o desdobramento da revolução árabe na Cisjordânia e na Faixa de Gaza. Como reagirá Israel se os palestinos, que são árabes, desistirem do sonho nacionalista de um Estado soberano e, como os egípcios, tomarem as ruas para reivindicar direitos políticos iguais no conjunto Israel/Palestina?

Turquia, não Irã - eis a pista apropriada para a especulação sobre o futuro do Egito. A Turquia é governada pelo Partido da Justiça e Desenvolvimento (AKP), que emanou de sucessivas cisões e revisões do fundamentalismo islâmico turco. Numa via de dupla mão, o AKP nutriu-se da democratização da Turquia e contribuiu para a dissolução do autoritarismo militar que lastreava a república laica fundada por Kemal Ataturk. A facção majoritária da Irmandade Muçulmana interpreta a experiência turca como uma saída possível para o seu dilema. O jihadismo, ao contrário, enxerga na Turquia uma ameaça existencial: a síntese entre a cultura muçulmana e a democracia.

A história multissecular da reforma do Islã conhece uma aceleração no Egito. Os arautos ocidentais da "guerra de civilizações", presos à armadilha culturalista, nada têm de útil a nos dizer sobre isso.

SOCIÓLOGO E DOUTOR EM GEOGRAFIA HUMANA PELA USP.

ROBERTO MACEDO

Trem-bala, trem doido

 ROBERTO MACEDO

O Estado de S.Paulo -17/02/11

Pode parecer estranho que este mineiro seja contrário ao projeto do Trem de Alta Velocidade (TAV) que ligaria Campinas ao Rio de Janeiro via São Paulo, porque sabidamente gostamos de trens. Contudo, esse TAV merece a execração de todos os que se empenham no uso de recursos públicos em projetos que econômica e socialmente se justifiquem. E que também não se conformam em ver um projeto deste alcance - e de nome também apropriado à ligeireza de seu preparo - que se quer empurrar goela abaixo da sociedade sem uma ampla e profunda discussão, provavelmente temida pelo governo pelo que traria de contraditório.

Como economista, sou também alérgico a uma proposta que não passaria pelo exame de um curso de análise econômica e social de projetos, tamanhos os despautérios que apresenta. Em Portugal, 28 economistas de prestígio assinaram em 2009 manifesto contrário a projetos locais desse tipo. Na linguagem típica de seu país, e com fundamentos nessa análise, há um diagnóstico que vejo também aplicável ao Brasil. Assim, afirmam que "...estudos parcelares disponibilizados sobre a sua rentabilidade econômica e social (mesmo se baseados em pressupostos optimistas), mostram que sua contribuição previsível para a essência econômica do País é muito diminuta, e pode ser até amplamente negativa em termos de Rendimento Nacional. E tem elevados custos de oportunidade no que toca aos fundos públicos, aos apoios da União Europeia e aos financiamentos (dívida externa) da Banca Nacional e do Banco Europeu de Investimentos. ...Tais estudos também evidenciam que, pelo menos na primeira década de exploração, não haverá procura suficiente para a rentabilização econômica e social de tão pesados investimentos. Irão originar, por conseguinte, prejuízos de exploração significativos, a serem suportados pelo contribuinte." (www.static.publico.clix.pt/docs/economia/apelo_economistas.pdf).

Transpondo essa avaliação para o projeto do TAV brasileiro, quanto aos fundos públicos eles serão imensos. Estima-se que o valor presente do custo para o erário seria, na hipótese mais otimista, de R$ 14 bilhões e, na mais pessimista, de R$ 36,4 bilhões. Ora, a própria discrepância desses números revela os enormes graus de incerteza e de risco que marcam o projeto, além de a experiência nacional mostrar que hipóteses pessimistas de custo são as mais atingidas, e frequentemente ultrapassadas.

Quanto ao "custo de oportunidade", ou seja, relativamente a projetos alternativos, não é preciso muita ciência para perceber que nessa área de transportes os recursos previstos para o TAV poderiam encontrar retorno econômico e social muito maior. Em particular, se aplicados nas grandes cidades ao transporte de passageiros que nelas gastam várias horas se locomovendo no vaivém de casa para o trabalho, entre outros movimentos.

Não há como resolver esse problema, que exige redes metroviárias entre outros vultosos investimentos, apenas com recursos estaduais e municipais. Supondo que o custo do TAV alcançasse perto de R$ 40 bilhões, isso daria para fazer 100 km de metrôs nessas cidades, a um custo estimado para São Paulo. Contudo, o governo federal, com os muito maiores recursos de que dispõe relativamente a esses outros entes federativos, deixa-os à míngua nessa área, e quer porque quer levar adiante esse TAV baseado em benefícios no plano das miragens.

Quanto à Banca Nacional, no caso o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), prevê-se que este abriria suas torneiras de recursos e subsídios para o financiamento do TAV, a um custo de R$ 4,8 bilhões só no segundo item. E há mais subsídios, pois, para garantir a realização do leilão do TAV, o governo vem estimulando interessados, que não são bobos, por meio de garantia da demanda de passageiros, a um custo que poderá alcançar R$ 5 bilhões.

Em contraponto ao projeto, no Brasil o economista que mais se tem destacado é Marcos Mendes, doutor em Economia pela USP e consultor legislativo do Senado. A última versão de sua importantíssima contribuição, da qual retiramos alguns dos números acima, pode ser consultada em www.senado.gov.br/senado/conleg/textos_discussao/NOVOS%20TEXTOS/Texto82-Marcos%20Mendes.pdf.

Na mais recente cartada para atrair interessados na empreitada, o governo federal novamente forçou a barra e na aventura envolveu tanto os Correios como a Eletrobrás como participantes. O grande mistério do projeto é que forças o levam adiante em Brasília. Transparecem governantes megalomaníacos, políticos inescrupulosos, construtoras e investidores em alvoroço e traços de uma futura grande festa regada a doações para campanhas eleitorais.

De estranhar também a atitude do tradicional lobby ecológico, estimulado também de fora para dentro do País, que se manifesta tão agressivamente contra novas hidrelétricas na Amazônia, mas tem praticamente ignorado o TAV, apesar dos enormes danos ambientais que traria à região de seu trânsito. Ele não admite passagens de nível, exige cercas fortificadas, muitas linhas retas e curvas de grande arco, atropelando assim o que viesse pela frente, como nascentes, córregos, rios, várzeas, mata nativa e tudo o mais. Tampouco as comunidades em torno do trajeto projetado acordaram para esses e outros danos, inclusive a possibilidade de sua divisão em partes.

E mais: com o projeto e seu leilão para abril retomando velocidade, o TAV já segue na contramão fiscal mesmo antes de ser construído. A atitude do governo, que hoje se diz seriamente empenhado em ajustar suas contas a uma grave realidade, inclusive no plano da inflação, não condiz com seu renovado empenho no projeto. Sua tarefa hoje é recuperar a confiança da sociedade na sua política econômica, o que é indispensável à eficácia dela e que um trem doido como esse só pode atrapalhar.

ECONOMISTA (UFMG, USP E HARVARD), PROFESSOR ASSOCIADO À FAAP E VICE-PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO COMERCIAL DE SÃO PAULO.

BRASIL S/A

CELSO MING

Comida ou biocombustível
CELSO MING 

O Estado de S.Paulo - 17/02/2011

Na sua edição de ontem, o New York Times publicou matéria com este título: "Precisamos de proteína, não de biocombustíveis" (We Need Protein, Not Biofuels).

A escalada dos preços da comida está aumentando a fervura política. O Banco Mundial já avisou que a escassez de alimentos empurrou 44 milhões de pessoas para abaixo da linha de pobreza. O presidente da França, Nicolas Sarkozy, na condição de presidente rotativo do Grupo dos 20 (G-20) países mais ricos do mundo, quer intervenção para garantir a segurança alimentar.

Por enquanto, Sarkozy e os críticos ainda vêm pondo força no diagnóstico errado, o de que a disparada dos preços está sendo provocada preponderantemente pela ação dos especuladores financeiros. Mas à medida que esse argumento vai sendo rebatido - até mesmo pelo governo brasileiro - duas consequências parecem inevitáveis. A primeira delas é a maior flexibilização para desenvolvimento e produção de culturas geneticamente modificadas (transgênicas), que ainda hoje encontram fortes resistências na Europa e também aqui no Brasil. A outra é o crescimento das pressões para proibir o desvio de grãos e de outros alimentos para a produção de biocombustíveis.

Os Estados Unidos, por exemplo, canalizam mais de 100 milhões de toneladas de milho para a produção de etanol, o suficiente para alimentar 240 milhões de pessoas, nos cálculos do professor Kenneth Cassmann, da Universidade de Nebraska, citado em outra matéria do New York Times. A própria União Europeia usa óleos vegetais (especialmente de canola e girassol) para a produção de biodiesel.

E o Brasil também tem lá seus fortes programas de etanol e biodiesel. No ano passado cerca de 335 milhões de toneladas de cana-de-açúcar foram usadas para a produção de etanol e mais não foram porque os próprios usineiros puxaram mais matéria-prima para suas fábricas de açúcar, cujos preços saltaram 72% no mercado internacional. Também por aqui 1,9 milhão de toneladas de óleo de soja deixaram de ser utilizadas na alimentação e foram empregadas na produção de 2,5 bilhões de litros de biodiesel.

Por enquanto, o Brasil vem defendendo a produção de biocombustíveis a partir de matéria-prima alimentar com o argumento de que há espaço para os dois segmentos. Mas à medida que crescer a escassez de alimentos, maiores serão as pressões e mais vulnerável ficará o governo brasileiro.

O crescimento da procura de proteína tanto vegetal como animal parece inexorável à medida que cresce a população dos países emergentes que ascendem à condição de consumidores. Desapareceram as montanhas de trigo e de manteiga nos países ricos que caracterizaram os anos de pós-guerra. Esta é uma extraordinária oportunidade para o Brasil. No entanto, um após o outro, os governos brasileiros renunciaram a ter uma política agrícola. A produção vai crescendo, sim, mas na base da inércia, estimulada apenas pelo que Deus manda, enfrentando custos predatórios e uma infraestrutura precária e desestimuladora.

CONFIRA

Foi demais
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, tem surpreendido. Já vinha puxando seu quase inédito lado fiscalista ao defender a contenção de despesas. Ontem, reconheceu que o avanço do consumo de 10% em 2010 "talvez tenha sido excessivo".

Mais equilíbrio
Até recentemente, Mantega não admitia que o consumo avançava à frente da oferta e, nessas condições, produzia inflação de demanda. Agora, não só vem defendendo o vigor das importações (que ajudam a garantir a oferta) como a necessidade de contenção do consumo e da produção para que a economia volte a se reequilibrar.

Mais previsível
Ao afirmar que "a inflação no Brasil é menos volátil do que em outros emergentes", o ministro Mantega está reconhecendo implicitamente outra verdade: a de que a maior previsibilidade da economia brasileira foi obtida graças a uma política fiscal mais consistente e a uma política monetária mais firme.

MERVAL PEREIRA

Mudar para permanecer
MERVAL PEREIRA
O GLOBO - 17/02/11

Quem assiste à discussão sobre o valor do salário mínimo pode ficar convencido de que a responsabilidade fiscal entrou definitivamente na agenda política da administração petista. O governo acusa de irresponsáveis os oposicionistas que defendem o valor de R$600, e ameaça os dissidentes de sua base parlamentar com retaliações.

O ministro da Fazenda Guido Mantega desenhou uma catástrofe se a posição do governo de manter o mínimo em R$545 não prevalecesse na Câmara, levando a aumentos mais fortes dos juros para controlar a inflação, que já surge no horizonte acima do teto oficial.

Mantega fez as contas: cada real a mais no piso salarial leva o governo a gastar R$300 milhões a mais por ano, por causa da Previdência e demais benefícios de assistência social que são regulados pelo mínimo.

Fundado em 1980, o PT tem mais tempo de oposição no plano federal do que de governo, aonde chegou apenas em 2003, depois de ter sido derrotado em três eleições seguidas - 1989, 1994 e 1998.

Durante esse período, estabeleceu um padrão de oposição que distorceu a política brasileira de tal maneira que a irresponsabilidade passou a ser uma arma perfeitamente legítima do jogo político.
Nos oito anos e 47 dias de governo, buscou o equilíbrio fiscal durante a maior parte do tempo, embora objetivos políticos de tomar conta da máquina estatal não tivessem barreiras, e o aparelhamento e o inchaço do setor público já prenunciassem um desequilíbrio nas contas governamentais muito antes que ele se materializasse.

E o PT não hesitou em rasgar o compromisso com o equilíbrio fiscal quando a prioridade passou a ser a eleição da sucessora de Lula.

Atingido o objetivo pessoal de Lula, e corporativo do PT, o novo governo está tendo que lidar agora com a dura realidade que ele mesmo criou, e subitamente torna a ser responsável e fiscalista, acusando a oposição de irresponsável.

É verdade que o salário mínimo foi fixado inicialmente em R$540 - e mais tarde passou para R$545 com uma pequena revisão nos cálculos - de acordo com uma política acertada com os sindicatos em 2007, com validade até 2023, baseada em critério que combina a reposição da inflação com o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) nos dois anos anteriores.

Como o crescimento do PIB em 2009 foi negativo por causa da crise econômica mundial, o reajuste do mínimo será menor este ano.

Mas com a economia tendo se recuperado em 2010, com crescimento próximo a 8%, em 2012 o mínimo terá um reajuste maior. Não há, portanto, razão para mudanças de critérios.

Mas o parâmetro estabelecido pelo PT nos seus muitos anos de oposição é justamente esse, o de exigir do governo, qualquer governo, todas as concessões, fazendo sempre o papel de bom-moço e capitalizando simpatia por suas irresponsabilidades.

Em 2004, quando José Dirceu ainda era o primeiro-ministro, ele propôs a desvinculação da Previdência do salário mínimo, para permitir que a política de aumentos reais não colaborasse com o aumento do déficit.

A reação das centrais sindicais e dos aposentados foi tão forte que nunca mais o assunto voltou à discussão, a não ser que algum economista independente o ressuscite.

Dois em cada três aposentados ganham o salário mínimo, e os aumentos reais impactam diretamente os custos da Previdência.

Pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que mede a inflação até seis salários, o aumento real do salário mínimo foi de mais de 120% desde 1994, tendo sido de 44% no governo Fernando Henrique e de 54% no governo Lula.

Pela reação das centrais sindicais, que se mobilizaram contra o salário mínimo de R$545 que elas mesmas haviam aprovado em acordo com o governo na gestão de Lula, já se vê como é praticamente impossível se pensar em uma reforma da Previdência que realmente prepare o país para o futuro que terá mais velhos do que jovens, ao contrário de hoje.

A cada ano o número de pessoas acima de 60 anos nos próximos 25 anos vai aumentar em torno de 4%, e a atual situação não é sustentável.

Mas nada indica que existirá no horizonte um cenário político equilibrado para uma discussão de temas como esse.

Mais que técnica, a questão é política. O governo tem o direito de ser irresponsável quando bem entende, e exigir que a oposição seja responsável quando já não é mais possível conviver com o desequilíbrio fiscal que provocou?

A responsabilidade fiscal pode ser um instrumento transitório a ser ignorado quando os interesses políticos do partido no governo assim determinarem?

O ministro da Fazenda que comandou a gastança do dinheiro público pode ser o mesmo que agora exige austeridade?

A presidente que se elegeu à custa da irresponsabilidade fiscal, garantindo que não faria um reajuste fiscal, tem credibilidade para comandar os esforços de corte de R$50 bilhões?

São essas questões políticas que estão no ar pesado de Brasília nestes últimos dias, a denunciar certa farsa que tenta transformar um governo de continuidade num de ruptura para que tudo continue na mesma.

GOSTOSA

DORA KRAMER

Sob nova (?) direção 
 DORA KRAMER

O Estado de S.Paulo - 17/02/2011 

A presidente Dilma Rousseff tem sido muito elogiada por seu estilo, na forma e no conteúdo. Faz por merecer no gestual firme, porém contido, no tocante aos apetites fisiológicos (só do PMDB, note-se), nas ações racionais em relação aos gastos públicos, na inflexão democrática no que tange à política externa e principalmente na conduta cotidiana comedida.

Dilma não desfruta abusivamente do poder para destratar críticos nem se exibe desfrutável para cima e para baixo a tagarelar despropósitos ao molde do antecessor. Aos olhos e ouvidos fartos de espetáculos diários de vaudeville presidencial, a presidente assume feição de maravilha curativa.

Mas Dilma, como governante algum, não é um bálsamo. Trata-se apenas de uma pessoa, digamos, normal, que identifica os problemas e se dispõe a atacá-los. Por exemplo, dá à aproximação da volta da inflação acima do razoável sua real dimensão de desastre a ser evitado.

Nada disso, contudo, dá à presidente da República um salvo-conduto para se eximir da responsabilidade que tem sobre o atual cenário resultante da inconsequência do governo Luiz Inácio da Silva em relação à realidade da Nação. Notadamente em relação às irracionalidades cometidas durante o ano eleitoral de 2010.

Entre outros motivos porque decorrentes do afã de Lula em elegê-la como sucessora. De repente, parece que Dilma Rousseff é fruto de outra árvore, que chegou à Presidência depois de uma longa vida de serviços prestados à política e à construção de uma candidatura por esforço próprio.

Até poucos meses atrás ela dizia amém a tudo o que seu mestre mandasse. Estava ao lado dele para, como gerente administrativa do governo, corroborar a justeza de toda e qualquer decisão tomada. Inclusive aquelas que rendem agora um montante de R$ 11,5 bilhões de contas atrasadas, mais de R$ 4 bilhões em relação às pendências de 2009 para 2010.

Louve-se a mudança, mas que não se perca o discernimento. Não se pode imaginar que Dilma, candidata de Lula, o desmentisse a cada bravata nem que brigasse internamente para que o governo não entrasse na rota da gastança.

Tampouco ser aceitas de forma acrítica as providências de contenção tomadas agora, como se na campanha que a elegeu não houvesse sido vendido ao público um horizonte de esplendores num País arrumadíssimo sob todos os aspectos da economia.

Nada ia mal e iria muito melhor, dizia Lula com a anuência de Dilma.

Não cabe, evidentemente, à presidente nem aos governistas imprimir uma boa dose de relatividade aos fatos. Eles estão no papel deles: representam e, onde essa representação significar ganhos coletivos, ótimo.

Mas a sociedade não pode perder de vista o passado a fim de que no futuro não venhamos a dizer que a cigana nos enganou. Nem deixar essa tarefa ao encargo da oposição para depois reclamar que o Brasil não dispõe de oposicionistas à altura.

E que futuro é esse? Está muito próximo: mais exatamente em 2012, quando, então, haverá de novo eleições, poder em disputa e oportunidade para conferir se o País está mesmo ou não sob uma nova, racional, civilizada e legalista direção.

Lição do abismo. Eis o PSDB: o partido decide apoiar a proposta de um salário mínimo de R$ 600, baseado em promessa de campanha, sustentando que há condições objetivas para tal. Certa ou errada, foi uma decisão.

Mas uma ala, liderada pelo senador Aécio Neves, na última hora abraça a tese de R$ 560 no intuito de se "aproximar das centrais sindicais", posando ao lado de um dos maiores detratores da candidatura presidencial tucana, Paulo Pereira da Silva.

Considerando que o governo tem os instrumentos que as centrais gostam e está apenas começando, com no mínimo mais quatro anos pela frente e uma identidade indissociável, o PSDB não consegue uma coisa nem outra: não quebra a aliança com os sindicalistas incrustados e dependentes da máquina e perde a chance de unir o partido numa discussão de repercussão nacional.

É assim, privilegiando disputas internas, que se constroem as grandes derrotas.

MÍRIAM LEITÃO

Visão da Petrobras 
Miriam Leitão 

O Globo - 17/02/2011 

De 15 acordos estratégicos firmados entre Brasil e Venezuela, em 2005, apenas ficou de pé a refinaria Abreu e Lima. Mas não muito de pé. Com 30% das obras em andamento, a Petrobras terá que tocar sozinha o projeto caso a PDVSA não dê as garantias de financiamento. A alta de 9,9% do consumo de derivados em 2010 é uma das razões dadas pela empresa para a construção de refinarias no país.

A Petrobras importou diesel da Índia. Esse foi um dos motivos do quase déficit comercial do Brasil com a Ásia. A balança comercial da empresa ficou negativa no ano passado. As ações fecharam o ano com que da forte, de 24,3%. Uma das razões é a percepção do mercado de que há uso político da empresa. Na companhia, os diretores têm explicações para as decisões.

A comitiva brasileira que foi à Venezuela em 2005, com a presidente Dilma Rousseff à frente da pasta de Minas e Energia, assinou 15 acordos; 14 deles com a Petrobras. Treze já foram descartados. O que começou, a Refinaria Abreu e Lima, pode ser feito só pela estatal brasileira. Seu preço já subiu várias vezes e está em US$ 13,36 bilhões, bem acima do custo de uma refinaria normal. A explicação da empresa é que ela terá que processar dois tipos de óleo: o brasileiro, mais pesado, e o venezuelano, mais leve.

O diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, argumenta que o projeto foi iniciado antes das descobertas do pré-sal, quando o Brasil era mais dependente das reservas de petróleo de outros países, e antes também da crise financeira de 2008, que atingiu em cheio a economia venezuelana. Na visão dele, a parceria estratégica com a PDVSA, em 2005, fazia mais sentido:

— Na época, não havia pré-sal, então a PDVSA era uma parceira estratégica, pelas reservas que tinha. Ela era inclusive muito maior que a Petrobras. Uma obra como a refinaria Abreu e Lima é para sete anos, não dava para saber em 2005 que haveria o pré-sal. Não sei se eles vão entrar, isso não está nas nossas mãos. Depende do que for acertado entre BNDES e PDVSA. Eles têm que conseguir financiar 40% de US$ 9,5 bilhões desta etapa do projeto, até agosto. Se a PDVSA sair, faremos a obra sozinhos e teremos uma economia de US$ 300 milhões. Já temos 30% da obra em andamento, não dá mais para mudar o projeto — explicou o diretor.

Paulo Roberto Costa justifica a construção de mais cinco refinarias no país. Segundo o diretor, elas são necessárias pelo crescimento do PIB e do consumo interno de derivados, que em 2010 foi de 9,9%. Além disso, diz que desde 1980 não há construção de novas refinarias e que o Nível de Utilização da Capacidade Instalada (Nuci) das que existem está em 92%.

— Desde 1980 não fazemos investimento em novas refinarias. O que poderia ser feito para modernização e ampliação das existentes já aconteceu. Em 1980, tínhamos capacidade de refino de 1,3 milhão de barris. Hoje, temos 1,9 milhão. Elas já estão operando com capacidade muito acima do limite. Temos 12 refinarias e outras 5 em construção. Já não temos mais a capacidade de atender ao mercado interno — disse.

No mercado, o principal questionamento é o número de novas refinarias e suas localizações. Técnicos afirmam que apenas um novo projeto seria suficiente para atender ao aumento da demanda no país. Acham que as unidades deveriam ser construídas perto dos centros consumidores. Três delas serão no Nordeste, onde estão apenas 30% do consumo nacional. Paulo Roberto Costa discorda e diz que o ritmo de crescimento do consumo no Nordeste é maior que no Sudeste. Além disso, explica que a região facilita a exportação de derivados para a Europa e também a logística interna:

— A refinaria no Maranhão vai atender ao Centro Oeste. Hoje, temos que levar óleo diesel de oleoduto, de Campinas a Brasília, e depois de caminhão até as cidades do Centro Oeste. Isso não é um bom negócio. Está crescendo muito a produção de grãos e os tratores consomem muito diesel na região. A refinaria do Maranhão vai atender a esse mercado pela ferrovia Norte-Sul, que leva minério de ferro aos portos e volta praticamente vazia. Voltará com diesel. A refinaria do Ceará é o lugar mais próximo para exportar para a Europa. Deve ficar pronta em 2018, mas do jeito que o consumo interno está crescendo, pode ser que os derivados sejam consumidos no próprio Brasil.

O aumento da importação de derivados contribuiu para o déficit comercial da Petrobras em 2010, que, de acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento, ficou em US$ 1,4 bilhão, com US$ 19,6 bilhões de importações, recorde do país no ano, e US$ 18,2 bilhões de exportações. O que mais pesou foi a importação de gás natural, que, segundo a diretora de Gás e Energia da Petrobras, Graça Foster, saiu de 23 milhões de m3 por dia, em 2009, para 34 milhões, em 2010, 46% a mais. A empresa espera importar 26% menos gás este ano com o início da operação do pólo Caraguatatuba, que até o final do ano deve produzir 13 milhões de m3 de gás.

— O mercado ficou muito aquecido com a economia em 2010. Importamos US$ 3,4 bilhões de gás no ano passado, sendo US$ 2,4 bilhões da Bolívia. Com a entrada do pólo Caraguatatuba, vamos importar menos gás. Mas depende muito de como será o consumo de energia no país e também da quantidade de água nos reservatórios, que se estiverem baixos podem obrigar o acionamento das termelétricas, aumentando o consumo de gás natural — afirmou Graça Foster.

BRAZIU: O PUTEIRO

ANCELMO GÓIS

As voltas que...
ANCELMO GÓIS
O GLOBO - 17/02/11

O PSDB vai espalhar, estes dias, outdoors nas grandes cidades com os nomes dos deputados do PT que votaram contra o aumento do salário mínimo. Igual ao que o PT fazia nos tempos de oposição.

Idade ativa
Veja como Lula não pensa em pendurar as chuteiras. Ontem, no Rio, o economista Marcelo Neri, da FGV, fazia uma exposição sobre trabalhadores em idade ativa (de 15 a 65 anos) no Hotel Sofitel, em Copacabana, quando o ex-presidente, que tem 65, interrompeu e protestou: “Poxa, então, quem tem mais de 65 não está em idade ativa?!”

Papel principal
O sonho de Eduardo Paes é que Dilma aposente a ideia da Autoridade Pública Olímpica e crie uma secretaria nacional voltada para os Jogos de 2016. O prefeito do Rio, como se sabe, teme que a APO o transforme num mero coadjuvante e não no protagonista do evento.

A ver navios
Pela quarta vez, desde setembro, foi adiada a reunião do Conselho do Fundo de Marinha Mercante, que seria dia 24. Ficam em espera investimentos de R$8 bi da estatal Transpetro e da OSX, de Eike Batista.

Canela cabeluda
Acredite. Ontem, o deputado-delegado Protógenes Queiroz (PCdoB-SP) já ia gravar uma entrevista na TV Câmara quando a produção reparou que ele estava... sem meias — e suas canelas cabeludas vazavam no vídeo. O jeito foi um assessor fofo tirar as dele e ceder ao chefe.

Disque-pipoca
O pipoqueiro da esquina de Rua Santa Luzia com Av. Rio Branco, no Rio, na briga com a concorrência, virou... “delivery”. O serviço se chama “Disk Pipoka do Nelsinho”. Há até entregadores que usam coletes verde limão com a marca. 

Casal gay
Em decisão inédita, a 2ª Vara Federal de Juiz de Fora, MG, determinou, em tutela antecipada, o pagamento de pensão a José Américo Grippi, companheiro do primeiro-tenente do Exército Darci Teixeira Dutra, já falecido. Grippi, que entrou esta semana na folha de pagamentos do Exército, vai dividir a pensão com duas irmãs do militar. 

Segue
Grippi e o primeiro-tenente viveram juntos 16 anos. 

Ataque do bacalhau
Uma delegação de 130 empresários da Noruega está no Brasil para examinar investimentos nos setores de energia, serviços marítimos, engenharia e obras civis. É chefiada pelo ministro da Indústria do país do bacalhau, Trond Giske.

José Sarney enviou a Dilma o livro do poeta e acadêmico Carlos Nejar “História da literatura brasileira”. Nejar, como Dilma, é gaúcho. Os dois se conhecem de velhos tempos.

William da Rocinha convida para o lançamento da Câmara Comunitária de Desenvolvimento (Rocinha, Gávea e São Conrado), sexta, na PUC.

A banda Anjos da Noite faz shows às quintas no Asa Branca.

O desembargador Siro Darlan dá palestra em aula inaugural na Universidade Candido Mendes.

Luiz Henrique faz show no Amareli-nho sobre o compositor Sinhô, sábado.

A NEP patrocina a Grande Rio.

BeerJack HideOut promove jantar com cervejas estrangeiras, sábado.

Masé Sant’Anna faz show domingo, às 20h, na Sala Baden Powell.

Jair Bolsonaro fez projeto para elevar de 20 pra 40 o limite de pontos na carteira, contra a indústria da multa.

Novo Canecão
Seguem pingando na caixa postal da coluna sugestões para batizar o novo Canecão, a casa de espetáculos do Rio que será reaberta com outro nome pela UFRJ, dona do imóvel.

Beth Carvalho, a grande sambista, sugere... Aplauso.

Já...
Mestre Hermínio Bello de Carvalho prefere Chão de Estrelas, alusão à linda canção de Sílvio Caldas e Orestes Barbosa. 

Beth na avenida...

Aliás, Beth Carvalho vai voltar a desfilar na Mangueira quatro anos após o embate de 2007, quando foi retirada do carro dos baluartes da escola. A cantora, ali, já sentia o desconforto do grave problema na coluna que a obrigaria a andar em cadeira de rodas. Mas perdoou:

— Tudo aquilo passou. Foi fato isolado, provocado por pessoas da antiga diretoria.

Templo é dinheiro
Hoje, na 3ª Vara Federal Criminal do Rio, em sessão presidida pelo juiz Roberto Schuman, será julgado o monsenhor Abílio Ferreira da Nova, ecônomo da Arquidiocese do Rio, preso no Galeão ao tentar embarcar para Portugal com 53 mil euros não declarados à Receita Federal.

Letra de médico

Aqueles garranchos dos médicos nas receitas e laudos estão com os dias contados no grupo carioca Perinatal. Agora, ali, prontuários e prescrições serão eletrônicos, e os laudos, digitalizados. É que os pacientes e farmacêuticos, às vezes, não entendiam a receita e trocavam fórmulas e dosagens.

JOSÉ SIMÃO

Ueba! Berlusconi é o Maluf pornô!
JOSÉ SIMÃO
FOLHA DE SÃO PAULO - 17/02/11

BUEMBA! BUEMBA! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República!
E olha o anúncio: "Bárbara Travesti, não sou o que você pensa, mas tenho o que você gosta".
E o Berlusconi? O BERLUSCOME TODAS! O cara enrascado com um monte de quenga e a manchete: "Berlusconi em maus lençóis". Rarará!
E diz que o Berlusconi vai ganhar até medalha. Medalha de honra ao meretrício. Por ter transformado a Itália numa zona! Rarará!
Num quengaral. Quenga marroquina, quenga di menor e quenga brasileira, claro. Sempre que tem putaria, tem brasileiro no meio.
Cada país exporta o que tem de melhor: soja e quenga. Rarará!
E o Berlusconi vai ser julgado por três mulheres. Três Dilmas! Rarará! E já imaginou se ele comete um ato falho e chama da juíza de Meretríssima? Rarará! É o que ele deve achar! Grosso e fascista!
E o Oriente Médio? Rebelião em Bahrein! Bahrein?! Mas não era Argélia e Iêmen antes? Bahrein furou a fila!
E Al Jazeera já tá procurando voluntários pra cobrir a rebelião na Argélia. Procura-se argelino com celular 3G! Rarará!
E tô adorando os blocos de Carnaval! Direto do Rio: Perereca sem Freio. Imagine esse bloco na marginal engarrafada. Lá vem a Perereca sem Freio! Perereca sem Freio provoca engavetamento.
E como disse aquele outro: "Eu quero ser atropelado por essa perereca sem freio!".
E eu tenho uma amiga que botou tanto botox que, toda vez que pisava no freio, dava uma gargalhada.
E direto do Rio: É MOLE, MAS É MEU! Isso! O bloco da autoestima! E tem outro ainda: O Negócio Tá Feio e o Seu Nome Tá no Meio. E o mais animado é o bloco dos corretores: Os Imóveis. Rarará!
O Brasileiro é Cordial! Mais uma do Gervásio. Placa na empresa em São Bernardo: "Se eu ouvir alguém aqui falando com cliente no gerúndio, eu vou estar enfiando goela abaixo desse asno metido a Paulo Coelho um fone de telemarketing e um livro de gramática. Conto com todos. Assinado: Gervásio".
E tô adorando também sabe quem? A nova chefe de polícia do Rio: Marta Rocha. Nome de miss. A miss mais famosa do Brasil. Tinha até musica de Carnaval: "Marta Rocha/ Quando Aperta/ Afrouxa!". Rarará!
A situação está ficando egípcia, argelina, iemenita, iraniana e bahreniana. Nóis sofre, mas nóis goza! Hoje só amanhã!
Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!!

GOSTOSA

MÔNICA BERGAMO

TORPEDO DO TIMÃO
MÔNICA BERGAMO
FOLHA DE SÃO PAULO - 17/02/11

Kaká foi procurado nos últimos dias por um mensageiro para saber se concordaria em ouvir uma proposta do Corinthians. O jogador recebeu bem a sondagem -mas deixou claro que dificilmente sairia agora do Real Madrid, onde voltou a jogar recentemente, depois de se tratar de uma lesão no joelho.

TABUADA

O Corinthians procura um ídolo para substituir Ronaldo -mas tem limite de caixa. Mesmo com o craque aposentado, o Timão gastará R$ 20 milhões com ele até o fim de 2011, conforme contrato. É o mesmo que precisaria para bancar Kaká, que recebe mais ou menos a mesma coisa no Real Madrid.

SERÁ MESMO?

A Record não bota fé nas ameaças da TV Globo de se retirar da disputa pelo Brasileirão caso o Clube dos 13, que negocia os direitos de transmissão das partidas, insista no valor mínimo de R$ 500 milhões para fechar o negócio. A licitação que decidirá a emissora vencedora ocorrerá em março. "A Globo pode dizer que está fora e no dia apresentar proposta", diz um executivo da Record.

LUVAS

O Clube dos 13 estava decidido, até ontem, a apresentar no edital da licitação para a transmissão do Brasileirão, além do valor mínimo de R$ 500 milhões/ano, também a exigência de depósito de 20% do preço à vista. Seria uma forma de desafogar os clubes, atolados em dívidas.

TORCIDA ORGANIZADA
Os produtores dos shows do U2 negociam, sim, uma data para o quarto show do grupo no Morumbi, em abril.

BOLA CHEIA
O estádio, por sinal, recebe R$ 1,2 milhão de aluguel em cada uma das noites de shows como o da banda irlandesa. Com todas as atividades do Morumbi (além de shows, lojas, academia, bufê, camarotes) o São Paulo tem renda de cerca de R$ 60 milhões por ano.

JATINHO DE LUXO
A Embraer emprestou um jato Legacy 600 para transportar a top inglesa Kate Moss do Rio para SP, ontem à noite. O avião custa US$ 27,4 milhões e tem 16 lugares.

VERNISSAGE
O artista plástico Vik Muniz marcou para o dia 1º de março a abertura de sua exposição "Relicário", no Instituto Tomie Ohtake.

SUPER DJS
O DJ francês Bob Sinclar se apresentará na segunda-feira de Carnaval no Camarote Brahma, na Sapucaí, no Rio. Ele toca depois da performance de Will.i.am, do Black Eyed Peas.

PRÉ-ESTREIA
A banda Radiohead pediu para assistir em Londres a uma cópia do filme "Bruna Surfistinha", que será lançado na próxima semana no Brasil. Só assim autorizou a gravadora EMI a incluir a canção "Fake Plastic Trees" na trilha do longa que fala sobre a ex-garota de programa Raquel Pacheco, interpretada por Deborah Secco.

PALHAÇADA

O palhaço americano Avner The Eccentric, que ganhou fama ao participar do filme "A Joia do Nilo" (1985), será a principal atração internacional do festival Risadaria, no fim de março.

NÃO SOU O SARNEY

A americana Sarah Law Wu, que usa o apelido Sarney no Twitter e viu sua página invadida por brasileiros que a confundiram com o senador, se diverte com o engano. Posta links para matérias sobre o episódio e conversa com os "amigos". Quando começou a confusão, na semana passada, ela escreveu: "Povo do Brasil, pelo amor do querido menino Jesus, eu não sou José Sarney". Sarah ganhou o apelido da tia que lia para ela histórias sobre o general David Sarnoff.

ONÇAS E PANTERAS
A Daslu apresentou sua coleção de inverno 2011, anteontem, na Villa Daslu, e não faltaram estampas de onça com peças em vermelho na passarela. As modelos Priscila Uchôa, Roberta Martins, Patricia Silveira e Bruna Traesel desfilaram.

SEM PARAR
As chefs Carla Pernambuco e Carol Brandão inauguraram anteontem o restaurante Las Chicas, em Pinheiros. Filha de Carla, a artista Floriana Breyer provou o cardápio, que oferece de pão de queijo e bolo no café da manhã a saladas requintadas no almoço. O restaurante funciona das 9h às 23h .

CURTO-CIRCUITO

O curso de pós-graduação "Especialização em Ginecologia Minimamente Invasiva e Reprodução Humana", ministrado no hospital Sírio-Libanês, recebeu selo de endosso da American Association of Ginecology Laparoscopy.

Alexandre Accioly inaugura, hoje, na Granja Viana, a primeira unidade da academia Bodytech em São Paulo.

Esperança e Paulo Dabbur apresentam a nova campanha da Fillity em um almoço, hoje, no Fasano.

Luiza Setubal lança coleção de inverno da LOOL, hoje, no shopping Iguatemi.

O filme "Santos Dumont Pré-Cineasta?", de Carlos Adriano, participará da mostra competitiva do Festival de Cartagena, de 24 de fevereiro a 3 de março.

com DIÓGENES CAMPANHA, LÍGIA MESQUITA e THAIS BILENKY

RENATA LO PRETE - PAINEL DA FOLHA

Próxima parada
RENATA LO PRETE
FOLHA DE SÃO PAULO - 17/02/11

A "ordem unida" que deveria garantir, ontem à noite, vitória folgada do governo na votação do salário mínimo de R$ 545 na Câmara tem tudo para se repetir na próxima quarta-feira no Senado, onde as defecções na base aliada tendem a ser ainda mais escassas.
Na conta do Planalto, baterão o pé por valor maior, além da oposição "formal", Ana Amélia Lemos (PP-RS), Pedro Simon (PMDB-RS), Roberto Requião (PMDB-PR), Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) e talvez Luiz Henrique (PMDB-SC). Há dúvida quanto aos votos de Pedro Taques (PDT-MT) e Waldemir Moka (PMDB-MS). E também alguma esperança de convencer Paulo Paim (PT-RS) a votar pelos R$ 545.

Wally Paim pouco foi visto na Câmara durante as negociações do mínimo. Em anos anteriores, o senador era presença garantida nas discussões da Casa sobre o tema. Ele alega que a tramitação foi rápida demais, impedindo articulação maior.

Que tal? 
O líder do PMDB, Renan Calheiros (AL), defende que o Senado introduza no projeto do mínimo uma regra de reajuste específica para quando não houver crescimento do PIB.

Fatura Antonio Palocci (Casa Civil) se reúne hoje com o PSB. O PMDB deverá ser o próximo da fila.

Figurino 
Provocação do líder do PT, Paulo Teixeira (SP), ao colega do DEM, ACM Neto (BA), defensor dos R$ 560: "Estou adorando esta sua camiseta de sindicalista. Só falta o capacete".

Jogos 1 
O PMDB defende deixar caducar a medida provisória que cria a Autoridade Pública Olímpica. Isso acontecerá se ela não for votada até 1º de março. O escolhido de Dilma Rousseff para ocupar a APO é Henrique Meirelles, filiado ao partido.

Jogos 2 
O Planalto tem objeções à MP, relatada por Daniel Almeida (PC do B-BA). Se ela cair, será possível não só mudar o texto como designar novo relator.

Parou... 
Promessa de campanha de Geraldo Alckmin, a expansão dos AMEs, ambulatórios de especialidades médicas que foram vitrine da gestão Serra, está "congelada". O secretário Giovanni Cerri (Saúde) avisou prefeitos e deputados que a prioridade é equipar as 37 unidades em operação e reduzir o gargalo no encaminhamento de pacientes aos hospitais.

...por quê? Taubaté, no reduto eleitoral do governador, é a primeira baixa. Mesmo após termo de compromisso assinado com a prefeitura, a obra foi postergada. O Estado diz que a região tem três postos e um está ocioso.

Em queda 
O governo paulista anuncia hoje que o índice de mortalidade perinatal no Estado, estabilizado em 14 por 1.000 nascimentos entre 2007 e 2008, voltou a cair em 2009, atingindo a menor taxa desde 2000, início da série histórica.

Campo minado 
A primeira filiação no PMDB-SP pós-Orestes Quércia, abonada anteontem com a presença de Michel Temer, foi de Nilson Bonome, secretário de Saúde de Santo André, provável adversário do PT na disputa pela prefeitura que o partido considera "ponto de honra" recuperar em 2012.

Lá e cá 
Enquanto a recriação da CPMF adormece na pauta do governo Dilma, o deputado Fausto Figueira (PT) foi o único voto contrário à moção aprovada anteontem na Assembleia paulista para barrar a ressurreição do imposto do cheque.

Afinidades
 
José Sarney (PMDB-AP) quer o aliado João Alberto (PMDB-MA) como corregedor do Senado.
com LETÍCIA SANDER e FABIO ZAMBELI

Tiroteio
"Se o governo não consegue bancar R$ 0,50 a mais por dia agora, quem garante que vai pagar R$ 616 em janeiro de 2012?"
DO DEPUTADO MIRO TEIXEIRA (PDT-RJ), questionando argumento do Planalto contrário a uma antecipação, agora, do reajuste previsto para o ano que vem.

contraponto

Só love


Desgastado por uma série de atritos com o Planalto, o líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves, foi abordado por um repórter que brincou com a atitude mais amena exibida pela bancada do partido:
-Eu ouvi dizer que o senhor agora está apaixonado pela Dilma, é isso mesmo?
O deputado potiguar complementou:
-Eu sempre fui! A diferença é que agora ela também está apaixonada por mim!