quarta-feira, abril 29, 2009

AUGUSTO NUNES

veja on-line

O homem do top-top-top está muito animado com mais uma má notícia

29 de abril de 2009

Só a descoberta do defeito mecânico no avião da TAM que explodiu no fim da pista de Congonhas deixou Marco Aurélio Garcia tão animado quanto a descoberta da doença da ministra Dilma Rousseff. Em julho de 2007, o assessor especial do presidente Lula saudou com o mais ultrajante top-top-top a notícia, divulgada pelo Jornal Nacional, de que a negligência do governo federal não fora a causa principal do acidente que matou 154 brasileiros. Flagrado por um cinegrafista, tentou reduzir a celebração obscena a um desabafo gestual endereçado aos eternos inimigos do povo, interessados em desmoralizar um sistema de transporte aéreo impecável. Se o culpado fora o piloto, a TAM que se explicasse. Quanto aos parentes das vítimas, que se queixassem à empresa. Ou a Fernando Henrique Cardoso.  Ou ao bispo.

Agora longe de câmeras que ignoram o direito à privacidade, vem aí mais um top-top-top do especialista em complicações cucarachas que só por falta de tempo não virou garoto propaganda do programa Saúde Bucal. A julgar pelas primeiras declarações sobre o câncar de Dilma, Garcia só espera que a escolhida por Lula apareça um pouco melhor no retrato extraído da próxima pesquisa de opinião para comemorar a (para os adversários) péssima notícia: o linfoma da candidata livrou o PT de agonizar abraçado a candidatos acometidos de anemia aguda.”Eu ouvi um parecer do meu filho que é médico que me deu duas opiniões e me parece que a segunda é mais importante”, começou o diagnóstico. “Do ponto de vista médico ele me disse que ela tira isso de letra, mas do ponto de vista político ele disse que isso vai reforçar a candidatura dela”. Do ponto de vista do Brasil que pensa, Garcia conseguiu, com 53 palavras, agredir o idioma, atropelar a sensatez e esfaquear a misericórdia.

Ele também ouviu o filho mora em Londres antes de afrontar milhões de brasileiros feridos pelas dimensões apavorantes do desastre no aeroporto em São Paulo. “Tivemos uma conversa por telefone”, informou. Não foi uma conversa, soube-se agora. Foi uma consulta com o jovem inventor da medicina política. Há dois anos, deve ter ouvido do garotão que mais importante que confortar os parentes das vítimas era isentar o governo de culpas. Nesta semana, ouviu o parecer que apresentou ao Brasil a versão londrina do médico modelo de Lula.

Como ensinou o presidente, o filho de Garcia não diz  “sifu” nem ao moribundo na hora da extrema-unção. Mas vai além: depois de dizer ao paciente que existem chances de escapar da morte, também oferece uma taça de champagne. O conselheiro de Lula prefere festejar más notícias com o top-top-top popularizado nos melhores tempos do Pasquim por uma das grandes criações do cartunista Henfil: Baixim, um dois fradinhos, que vivia batendo uma mão aberta na outra fechada para provocar Cumprido, o parceiro bem-comportado. Garcia usa o gesto para provocar o país.  O filho de Henfil era divertidamente perverso. O pai do gênio de jaleco é apenas cruel.

Em “Bonitinha, mas ordinária”,  um personagem de Nelson Rodrigues repete obsessivamente que “o mineiro só é solidário no câncer”. A mineira Dilma acaba de descobrir que o gaúcho Garcia não é. Nem num linfoma.

GRIPE SUÍNA

Perguntas & Respostas


Gripe suína: entenda como a epidemia começou


Depois de amedrontar os mexicanos e americanos, a gripe suína ameaça se alastrar pelo mundo, num devastador efeito dominó, e já deixa em alerta autoridades sanitárias de vários outros países. A Organização Mundial de Saúde (OMS) afirmou que existe risco de uma nova pandemia mundial. Entenda o que é a doença e como ela surgiu.

1. O que é a gripe suína?
Uma doença respiratória que começa em criadores de porcos, um vírus gripal do tipo A que pode se propagar rapidamente. A transmissão começa, em geral, por meio de pessoas que estejam em contato com esses animais. A epidemia teve início no México, o país mais atingido.

2. Quais os sintomas?
Os sintomas da gripe suína são similares ao da gripe comum, porém mais agudos. Segundo o Ministério da Saúde, é comum o paciente apresentar febre acima de 39 graus, acompanhada de problemas como tosse e dores de cabeça, nos músculos e nas articulações.

3. Qual é o agente causador da doença?
O vírus influenza. Assim como no ser humano, os vírus da gripe sofrem mutação contínua no porco, um animal que possui, nas vias respiratórias, receptores sensíveis aos vírus da influenza suínos, humanos e aviários. Os porcos tornam-se, então, como que tubos de ensaio, que combinam e favorecem o aparecimento de novos tipos de vírus. Esses vírus híbridos podem provocar o aparecimento de um novo tipo de gripe, tão agressivo como o da gripe aviária e tão transmissível como o da gripe humana. Ainda desconhecido do sistema imunológico humano, esse vírus poderia desencadear uma pandemia de gripe.

4. Quais são as formas de contágio?
A gripe de origem suína não é contraída pela ingestão de carne de porco, mas por via aérea, de pessoa para pessoa, como recordou neste sábado em Paris o Ministério da Agricultura. Isso porque, de acordo com os Centros de Controle de Enfermidades dos Estados Unidos (CDC, na sigla em inglês), a temperatura de cozimento (71º Celsius) destrói os vírus e as bactérias presentes na carne de gado suíno. Preocupados com a transmissão pelo ar, alguns mexicanos estão usando máscaras cirúrgicas e evitando o contato muito próximo com outras pessoas.

5. A doença gripe suína tem cura?
Drogas antivirais podem ser usadas no tratamento e na prevenção do mal. Sua atuação consiste em impedir que o vírus da gripe suína se reproduza dentro do corpo humano. A eficácia do tratamento será maior se ele for iniciado até dois dias após os primeiros sintomas.

6. Existe vacina contra o mal?
Só para porcos. Não para o ser humano. Segundo as autoridades mexicanas, que citam a Organização Mundial de Saúde (OMS), a vacina existente para humanos é para um tipo anterior do vírus, contra o qual não é tão eficaz. Mas "a produção de vacina pode tornar-se possível na medida em que o vírus tenha sido identificado". O Tamiflu, o medicamento que contéme oseltamivir, utilizado contra a gripe aviária, é eficaz, diz a OMS. A vacina contra a gripe estacionária humana não protege contra a gripe suína.

7. O que a OMS diz a respeito? 
A OMS está em estado de alerta, "porque há casos humanos associados a um vírus de gripe animal, mas também pela extensão geográfica dos diferentes focos, assim como pela idade não habitual dos grupos afetados", segundo a entidade afirma em comunicado oficial. A OMS elevou o atual nível de alerta de pandemia de 3 para 4 (o que ainda não caracteriza a existência de pandemia). A escala vai de 1 (baixo risco de casos humanos) a 6 (transmissão sustentável e eficiente entre humanos).

8. A internet oferece fontes seguras de informação sobre o assunto?
Sim. Os sites da OMS (em inglês, com opções de espanhol e francês), da Organização Panamericana de Saúde (Opas, em inglês e espanhol) e dos Centros de Controle de Enfermidadesdos Estados Unidos (CDC, na sigla em inglês, idioma do site)

GOSTOSA


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BRASIL S.A

Perversão política


Correio Braziliense - 29/04/2009
 

Explorar a doença da ministra para alçar a sua candidatura é cruel e desrespeitoso


A perversão na política nacional não tem limites, e não se resume à manipulação do mandato parlamentar para fins particulares, como se descobre pela revelação dos podres do Congresso. A exposição da doença da ministra Dilma Rousseff — um tumor no sistema linfático, felizmente diagnosticado em estágio inicial — foi um exemplo de desprendimento pessoal. Mas deturpado por oportunismo dos outros. 

O consultor de política externa do presidente Lula, Marco Aurélio Garcia, declarou que “isso”, referindo-se ao tumor, “vai reforçar a candidatura dela”. Não se diz “isso”. É câncer. Outros aliados disseram coisas assemelhadas. Fica implícita a visão utilitarista. 

Não se diz coisas assim sobre mal tão agressivo, que abate, reduz a imunidade, provoca reações desagradáveis, dando teor oportunista às manifestações espontâneas e sinceras de solidariedade de todos. 

A corrida eleitoral é um detalhe, além de distante, para daqui a 18 meses. Nem deveria já estar lançada pelo presidente Lula à sua sucessão, embora informalmente. Ela pode ser a candidata, mas por ora tem obrigação maior com sua própria saúde — e é só o que lhe deve importar, sem constrangimentos. Soa muito mal dizer que “isso deve ter impactado muito bem na opinião pública do país”, como se drama pessoal fosse atributo para eleger seja lá quem. 

Foi desrespeitoso, mas também cruel. Em Manaus, o presidente, ao lado da ministra, disse ter “a convicção de que ela não vai parar um dia sequer”, ainda que antes tenha afirmado que “a prioridade zero é cuidar da saúde dela, até porque com essas coisas a gente não brinca”. Dilma é candidata, ministra de coordenação gerencial do governo, na prática, e gestora do programa de obras do PAC. 

A ordem de importância das responsabilidades merece ser revista. Sem pressão, que é o que a submete tais manifestações — mesmo que ela as receba como normais. A tendência em situações-limite como esta é a vontade de superação. Mas depende do que. Da doença, a força interior é decisiva. Para mostrar-se supermulher, é exigir demais de um momento de submissão total às ordens médicas. 

Não será preciso muito mais para se diferenciar na cena nacional. O festival de horrores exibido pelos parlamentares já destaca quem tenha um mínimo a apresentar, e a ministra tem bem mais que isso. 

A Câmara se convence 
A Câmara na derradeira hora voltou atrás e fez aprovar por ato de sua direção as medidas moralizadoras propostas pelo presidente da Casa, deputado Michel Temer. Se fosse a voto no plenário, como uma grande parcela dos deputados pretendia, não era pequeno o risco de derrota de Temer, lançando a Câmara num buraco pior do que está. 

O que se aprovou foi a limitação da cota de passagens aéreas só ao parlamentar. Viagens ao exterior e de assessores a serviço vão ter de passar pela Mesa da Câmara. O Senado já havia feito igual. 

Se houver transparência, talvez não se ouçam mais histórias de deputados doando passagens a time de futebol do Ceará ou levando a namorada famosa e a sogra para passear em Miami. Ou do senador que as sorteou em festa de fim de ano entre jornalistas de seu estado. 

Mas há mais absurdos 
Outro pagou advogado contratado para defendê-lo junto à Comissão de Ética com verba de gabinete. Só pode ser sarcasmo tanto quanto a do casal de parlamentares que embolsa ajuda-moradia residindo em Brasília. Os acintes não param. Descobriu-se, melhor, atentou-se — pois tudo é do arco da velha — para outra aberração no limite da decência: senadores e familiares dispõem de plano de saúde para a vida toda, vitalício, com reembolso até de consultas médicas. 

Suplentes também, mas precisam exercer o mandato por seis meses. Ah, bom! Até 1995, bastava um dia de mandato para o senador ter o seguro-saúde vitalício. Os que os faz melhores que os brasileiros em geral, sem acesso a privilégios, e que lhes pagam os salários? 

Expedientes amorais 
A perplexidade está em toda parte. Só parece não ser maior que a dos parlamentares, surpresos com a divulgação de seus expedientes amorais e a reação do que chamam de “pulsar das ruas”. Moralizar o acesso às passagens foi um começo. Restam as demais mordomias, da época da mudança para Brasília, que se perpetuaram e cresceram. O subsídio existe para permitir a quem tenha poucos recursos exercer o mandato parlamentar. Este é o limite ético do incentivo. O resto não pode diferir do que é possível às pessoas em geral. Quem não gostar que não se candidate. Política é missão, não meio de vida. 

Nem tudo está perdido 
A sacudida entre os parlamentares já provoca indícios de que nem tudo está perdido. O líder do PT na Câmara, Cândido Vaccarezza, por exemplo, defende uma “reforma administrativa profunda, porque há problemas não só no Legislativo, mas em todos os poderes”. Ele propõe desvincular os salários de deputados federais e senadores dos de deputados estaduais e vereadores, assim como de promotores e procuradores dos vencimentos da magistratura. A idéia é acabar com o efeito cascata, que amarra uma categoria à outra, mesmo que a similitude seja apenas aparente. Vaccarezza retoma antiga visão do PT sobre a vida pública. É um avanço. Voltaremos ao tema.

MÓNICA BÉRGAMO

É para já


Folha de S. Paulo - 29/04/2009
 

O ministro Carlos Ayres Britto, presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), deve apresentar em 30 dias o resultado do estudo feito por técnicos da corte para que os eleitores possam fazer contribuições via internet para as campanhas eleitorais -a exemplo do que ocorreu na eleição de Barack Obama nos EUA. Ele diz que, caso a legislação existente permita, vai baixar medida autorizando as doações já a partir de 2010.

PRA FRENTE
Depois de vencer várias disputas seguidas, como a da abertura do aeroporto Santos Dumont e a liberação das tarifas aéreas internacionais, a Anac vai dar um tempo na que promete ser a mais, digamos, sangrenta das batalhas: a redistribuição dos slots (autorizações de pouso e decolagem) de Congonhas. A ideia é tirar alguns deles dos "ricos", ou seja, da TAM e da Gol, para dar a empresas menores, como Azul e WebJet, aumentando a concorrência. O assunto foi retirado de pauta e só voltará a ser discutido no fim do ano.

PRA FRENTE 2
A Anac diz que a discussão foi adiada porque, terminada a consulta pública para tratar do tema, deve refazer a proposta incorporando sugestões apresentadas. As principais dizem respeito à forma de calcular o índice de atraso, de cancelamento e de segurança que vão medir o desempenho das companhias e definir a redistribuição dos slots.

ARI CUNHA

Perigo genético


Correio Braziliense - 29/04/2009
 

Difícil o mundo passar sem peste. Quando uma desaparece, vem outra mais forte. Primeiro foi a vaca louca, que espantou os países desenvolvidos. Outras pestes vieram. Gripe aviária. Agora é a vez da gripe suína. Países atacados, como o México e parte dos Estados Unidos, estão vivendo sufoco. Não há vacina. A peste está apenas sendo conhecida. Os casos mortais estão se avolumando e a medicina procura anticorpos. Pesquisadores já chegaram à conclusão: confirmam que são resquícios de modificações genéticas. Alguns corpos são mutilados para que nasça outro tipo genético de melhor aspecto ou de aceitação popular. Essas transformações fazem nascer alguns anticorpos, que se desenvolveram sem controle. O mapa genético de várias pessoas ou arquivos estão sendo vasculhados. Cientistas afirmam que as informações são condizentes com as pesquisas realizadas. Alguns países, como a Rússia, puseram em observação as importações de carne do México. A capital sofre tremenda poluição. Acima da Cidade do México forma-se nuvem escura. O vento não pode dissipar-se, porque há montanhas na vizinhança. A altitude é alta e doentia. É hora de entender o que acontece nesse país da América do Norte. Situação de cautela para evitar maior número de mortes.


A frase que não foi pronunciada

“Todo cidadão tem liberdade de expressão. Os advogados agradecem.”
Anotação a lápis na Constituição americana.


Satiagraha 
A cada dia que passa, o assunto do mensalão avança na Justiça. Os desvios são muitos — para lá de empurrar declarações que não foram feitas. O banqueiro Daniel Dantas foi chamado novamente à Polícia Federal de São Paulo. Compareceu e, por mais de uma hora, não respondeu a uma pergunta. Era orientação dos assessores jurídicos. Deixou a polícia. Foi denunciado em cinco crimes. Esperar está na paciência do Brasil. 

Oncologia 
Ministra Dilma Rousseff, fazendo exames médicos, foi informada de que está com câncer à altura do ombro. Informam os cientistas que a cura é possível. A descoberta foi no começo da manifestação do mal. Espírito altaneiro, força de vontade, leva no seu passado registro de lutas. Essa poderá ser mais uma a ser vencida pela ministra. 

Fantasia, nada! 
O desacerto dos legisladores tisna a população de Brasília. Lá fora, todos acham que somos vilões do poder. A vida fácil está presente para todos os moradores. Engano crasso dos outros estados. Aqui, o povo dos poderes é que vive vida alegre e desprezível. O povão leva a culpa, sabe de tudo e engole seco. 

Desabrigo 
Pelo menos 55 mil maranhenses vivem em estado de debilidade e doenças. As chuvas não param. Inundações por todos os lados. Nas favelas, o povão vive o ciclo do caranguejo. Mora em palafitas, satisfaz necessidades na água. O caranguejo vem. Alimenta-se. É dessa forma que vive a pobreza no mais culto dos estados. 

Números 
Estatística apresentada pelo senador Gilberto Goellner informa que, segundo a CNT, seriam necessários R$ 280 bilhões para que o governo atenda à demanda logística do transporte no país. O PAC prevê R$ 58 bilhões. Faltam as hidrovias e ferrovias, investimento mais barato e com menos abertura para corrupção. 

Mistério 
Ninguém consegue esclarecer por que o Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro desconta dos seus soldados porcentagem para pagamento do sistema de saúde. O estatuto da classe, assinado por Marcelo Alencar, prevê o direito da assistência extensiva à família, ou seja, a obrigação é do Estado. 

Reforma 
Uma das emergências da reforma tributária é um estudo minucioso que estimule os produtores rurais. Estímulo ao plantio ecologicamente sustentável seria um bom início para diminuir a alíquota da carga tributária. Atualmente chega a 16%.

História de Brasília

Com o fracasso do censo no Brasil, realizado pelo IBGE, o carioca, que não fica de lado, está chamando, agora, aquela repartição de IBG...Foi. (Publicado em 28/1/1961)

NAS ENTRELINHAS

A “transa” dos políticos


Correio Braziliense - 29/04/2009
 

A velha tensão entre o bem comum e os negócios divide os políticos, assim como entre a “ética das convicções” e a “ética da responsabilidade”

A Mesa da Câmara dos Deputados decidiu pôr um ponto final na chamada farra das passagens aéreas, com regras rígidas para seu uso por parlamentares e assessores, inclusive os líderes de bancada. Espera, com isso, reencontrar seu rumo. Não será fácil. Os desgastes do Congresso — o que inclui o Senado —, catalisados por denúncias de corrupção na máquina administrativa, de abusos de mordomias e outras mazelas, não serão revertidos nesta legislatura. Somente a eleição de 2010 purgará esses males, renovando as duas Casas, mesmo que antes algumas cabeças sejam cortadas por seus pares, como é de praxe. 

Política miúda 
A correlação entre a atividade legislativa e a eleição dos parlamentares se tornou um grande mistério. Hoje, se depender de um projeto de lei de sua autoria aprovado no Congresso, um parlamentar em primeiro mandato jamais será reeleito. Às vezes, uma boa lei leva décadas para ser votada em plenário, com seu autor já fora da Casa. A reeleição depende de “estruturas” de campanha e da “transa” política. 

O governo é o primeiro a usurpar, com suas medidas provisórias, o poder de legislar dos parlamentares e afastá-los da grande política. O padrão estabelecido pelo falecido senador Nelson Carneiro (PMDB-RJ), que aprovou a lei do divórcio e tinha um portfólio de dezenas de leis trabalhistas aprovadas, é coisa do passado no Senado. O mesmo vale para os colegas do falecido deputado Dante de Oliveira (PMDB-SP), autor da emenda que motivou a campanha das Diretas Já. Honrosas exceções, como a deputada federal Rita Camata (PMDB-ES), autora do Estatuto da Criança e do Adolescente e de outras leis correlatas, correm o risco de serem tragadas pela crise ética que atravessa o Congresso. Rita é uma dos parlamentares criticados por utilizar o auxílio-moradia da Câmara. Como outros deputados da chamada “banda ética” da Casa, teve a imagem arranhada por causa das “mordomias” existentes no Congresso. O mesmo vale até para quem prefere o papel fiscalizador ao de legislador. O deputado Fernando Gabeira (PV-RJ), por exemplo, falhou. Mas denunciou o próprio erro: beneficiar a filha com uma passagem para o exterior. 

A crise ética é um produto da política miúda que predomina no Congresso. A grande política, quando reaparece, assume formas estranhas, como a tese do terceiro mandato para o presidente Lula do deputado Devanir Ribeiro (PT-SP) ou o desabafo do senador Cristovam Buarque (PDT-DF), que sugeriu um plebiscito para o povo decidir se deve fechar ou não o Congresso por uns tempos. Com a atividade legislativa amesquinhada, o que predomina no Congresso é a “transa”. Ou seja, os pequenos acordos, arranjos, favores, apadrinhamentos, privilégios, lobbies escusos e tudo o mais que a opinião pública condena. Funcionam como mecanismos de reprodução dos mandatos. 

Grandes negócios 
Quando um novato assume o mandato, é orientado pelos colegas a usufruir de tradicionais prerrogativas: o broche de parlamentar, o apartamento funcional ou auxílio-moradia, a cota de passagens aérea, a verba indenizatória, os cargos que deve preencher por livre nomeação, a verba de gabinete para contratar funcionários. Tudo isso, até agora, fazia parte do mandato, como um salário indireto, meio na moita. Com os abusos flagrados, receberam um xeque-mate da opinião pública. 

Porém, há muito mais a fragilizar o Congresso e desmoralizar deputados e senadores. O lobby empresarial, por exemplo, descobriu o caminho das pedras e se soma ao Executivo para esvaziar a atividade legislativa e o debate da grande política. Por baixo dos panos, junto a assessorias dos ministérios ou relatores das medidas provisórias, faz contrabando de privilégios e maracutaias em matérias aprovadas de cambulhada. Ou, então, em projetos de lei que tramitam em caráter terminativo nas comissões do Senado e da Câmara. As mordomias dos parlamentares são um café pequeno diante dos “gatos” incluídos na legislação, concedendo isenções ou privilégios tributários, normas onerosas para o poder público ou os cidadãos, em favor de empreiteiras, bancos, seguradoras, empresas de comércio exterior, grandes sonegadores, o agronegócio e por aí vai. Quem paga a conta é povão. 

Sem projetos de Nação, longe da grande política, das soluções para a crise econômica e das candidaturas à sucessão presidencial de 2010, mas de olho na renovação de seus mandatos , os políticos agora descobrem os riscos das miudezas da política da “transa”. Pequenas vantagens patrimonialistas e fisiológicas viram grandes infortúnios eleitorais. É a velha tensão entre o bem comum e os negócios, que sempre separa os políticos. A dualidade da “ética das convicções” e da “ética da responsabilidade”, de que nos falava Max Weber em A política como vocação, pauta a mídia e a sociedade.

O IDIOTA E A POUPANÇA


PARA...HIHIHI

O COELHINHO E O URSO

O coelhinho felpudo estava fazendo suas necessidades  matinais e, quando olha para o lado, vê um enorme urso fazendo o mesmo. O urso se vira para ele e diz :

- Ei, coelhinho,  você solta pelos??
O coelhinho, vaidoso e indignado, respondeu:

- De jeito nenhum; venho de linhagem muito boa....
 Então o urso pegou o coelhinho e limpou a bunda com ele.

 MORAL DA HISTÓRIA:
 'Cuidado com as respostas precipitadas... Pense bem nas possíveis conseqüências antes de
 responder!'

 NO DIA SEGUINTE, o leão, ao passar pelo urso e na frente de vários outros animais,  diz:
 - Aí, hein, seu urso! Com toda essa pinta de bravo, fortão, bombado, te vi dando a bunda pro coelhinho ontem!!!!

MORAL DA MORAL:
 'Você pode até  sacanear alguém, mas lembre-se que  sempre existe alguém mais filho da puta
 que você!'.

ENVIADO POR APOLO

BANCO DO BRASIL

Mantega obtém maior controle sobre o BB

SHEILA D"AMORIM
Folha de S. Paulo - 29/04/2009
 

Ministro passa a exercer maior influência nas decisões do banco após mudança em sua direção, mais alinhada ao PT 

Presidente anterior do banco estatal conduzia instituição de forma mais independente das políticas do Ministério da Fazenda 


Com a troca da cúpula do Banco do Brasil, o ministro Guido Mantega (Fazenda) passará a ter, pela primeira vez desde que assumiu o cargo, em 2006, maior controle sobre a instituição. Apesar de o governo federal ser o acionista majoritário e o BB estar subordinado à Fazenda, o que prevaleceu desde o início do governo Lula foi a disputa dentro do PT, partido do presidente Lula, para lotear o banco.
No entanto, os petistas nunca conseguiram a presidência do banco, que ficou sempre na mão de um técnico. Em parte, isso aconteceu por causa dos sucessivos escândalos que envolveram o BB. Foi o caso do dossiê montado contra tucanos durante a eleição de 2006. Na época, o ex-diretor de risco da instituição Expedito Veloso foi acusado de ajudar na montagem do documento.
Foi nesse contexto que Antônio Francisco de Lima Neto, que deixou a presidência do BB na semana passada, assumiu o comando do banco. Em vez de uma escolha pessoal de Mantega, que meses antes havia substituído Antonio Palocci Filho -envolvido no episódio de quebra do sigilo bancário do caseiro Francenildo Costa-, Lima Neto foi a solução doméstica para tentar passar ao mercado a imagem de independência do BB e de gestão profissional.
A estratégia não era vista como um problema até a eclosão da crise financeira, no final do ano passado, quando Lima Neto ficou no centro da polêmica sobre a queda dos juros e dos "spreads" bancários (valor cobrado a mais pelos bancos para repassar aos clientes o dinheiro captado no mercado), fragilizando Mantega no eterno embate dentro do governo com o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles.
Até então prevalecia a visão de que o BB, por ter ações em Bolsa -e, portanto, obrigação de prestar contas aos acionistas minoritários-, precisava de uma gestão diferenciada dos outros bancos federais, como a Caixa Econômica Federal.
A ideia, agora, ante a onda mundial de estatização de bancos, é contar com o BB como instrumento de desenvolvimento, fazendo o que o governo decidir. Ao mesmo tempo, Mantega resolveu um problema que foi empurrado para ele por Meirelles. Na tentativa de retirar do BC a pressão para redução dos juros, Meirelles culpou os bancos e disse que, com os altos "spreads", de nada adiantava a queda da taxa Selic.
Ao citar dados de instituições oficiais e privadas, o presidente do BC teve bate-boca com Lima Neto. Desde então, o ex-presidente do BB passou a ser um incômodo para Mantega, cobrado por não enquadrar o BB.
Com a saída dele e a escolha de Aldemir Bendine para a presidência do BB, Mantega inaugura uma nova fase. Mesmo sem ser filiado ao PT, o novo presidente tem afinidade e bom trânsito com os petistas. Os novos vice-presidentes seguem a mesma linha.
Por isso, na equipe econômica, fala-se que acabou a fase em que a Fazenda mal sabia o que ocorria no BB. Ao contrário, segundo a Folha apurou, a avaliação é que o BB estará completamente integrado à política econômica de Mantega.

FERNANDO RODRIGUES

Quando um recuo é só um recuo


Folha de S. Paulo - 29/04/2009
 

O Congresso decidiu acabar com as passagens aéreas para parentes e amigos de deputados e senadores e proibiu viagens ao exterior a passeio. Também prometeu divulgar o uso de bilhetes de todos de forma aberta, na internet. 
Ao mesmo tempo, os presidentes da Câmara, Michel Temer, e do Senado, José Sarney, estão perdoando a farra de passagens aéreas e outros desvios cometidos até o momento. 
Temer disse: "Nunca houve farra, o sistema anterior autorizava o crédito". Não é bem assim. A regra era omissa. O que nunca houve -como manda o direito público- era uma autorização explícita para congressistas passearem em Miami. 
A rigor, a decisão sobre passagens aéreas afeta pouco os membros do Congresso. Primeiro, porque havia um excedente de bilhetes nunca usados -e até vendidos por alguns no mercado. Segundo, porque eles continuarão a acumular milhagem ao voar com o dinheiro público. Terão créditos suficientes nas companhias para poderem ir ao exterior de graça com as famílias no período de férias. 
A decisão está sendo vendida como um "pacote moralizador". Na realidade, moralização não houve. Encontrou-se apenas uma maneira engenhosa para todos continuarem a viajar como sempre. 
O único aspecto positivo é a promessa de transparência com as passagens. Mas já foi feito um anúncio semelhante em fevereiro sobre verbas indenizatórias. Até agora, pouco apareceu. Uma regra obscura permite a deputados prestarem contas de uma vez só em dezembro de 2010. 
Ontem, Michel Temer comentou o vaivém do atual processo: "Muitas vezes, você recua para avançar". Pode ser. Lênin teorizou a respeito. Mas perdoar delitos do passado e cortar quase nada dos benefícios futuros é só isso mesmo. Um recuo.

PANORAMA POLÍTICO

Lula e o PMDB

Ilimar Franco
O Globo - 29/04/2009
 

O presidente Lula está alertando a direção do PT que o apoio do PMDB em 2010 não é líquido e certo. Para Lula, o PMDB integra o ministério porque tem compromisso com o seu governo. E avalia que os petistas precisam construir um novo pacto, sob pena de o aliado se sentir liberado. Ele tem recomendado que a construção dessa aliança comece pelos estados, pois teme que os apetites regionais petistas façam desandar um acordo nacional. 

Enquanto isso no Rio de Janeiro 
O PT do Rio vai destinar dez das 40 inserções de 30 segundos, que vão ao ar em maio na TV, para fortalecer a candidatura do prefeito de Nova Iguaçu, Lindberg Farias, ao governo. O presidente do diretório regional, Alberto Cantalice, tentou derrubar ontem estas inserções. Perdeu por 26 a 18. A tendência Construindo um Novo Brasil quer o PT apoiando a reeleição do governador Sérgio Cabral (PMDB), de olho em um palanque para a candidatura de Dilma Rousseff.


"Serra e Aécio estarão juntos em 2010. Daquela forma que for mais adequada para vencermos as eleições" - Aécio Neves, governador de Minas Gerais

 

REPRESADO. Apesar da incerteza provocada pelo tratamento médico a que a ministra Dilma Rousseff será submetida, o presidente Lula faz questão de reafirmar sua candidatura. Quer impedir que se reabra o debate sucessório no partido. Alguns dos que sonhavam com a candidatura ficaram animados, mas vão se movimentar com extrema discrição. Não querem saber de desafiar o eleitor número um do partido: o presidente Lula. 

Estresse 
O ministro Nelson Jobim (Defesa) andou com um pé fora do governo. O presidente Lula teve que ter uma longa conversa com seu ministro. Jobim não se conforma com os cortes no orçamento de sua pasta e a forma como eles foram feitos. 

Plantação 
Os petistas iniciaram nova campanha contra o ministro José Múcio (Relações Institucionais). O grupo que comanda o partido na Câmara está tentando cavar um lugar ao sol para o ex-presidente da Casa Arlindo Chinaglia (PT-SP). 

A onda do terceiro mandato 
O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, tem sido demonizado por pretender se eleger para um terceiro mandato. Já o presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, não desperta a mesma paixão, embora pretenda exatamente a mesma coisa. Ontem, em Madri, num almoço com empresários espanhóis, falando sobre o terceiro mandato, Uribe afirmou: "Não tenho apego ao poder. Tenho apego às mudanças sociais na Colômbia". 

A marcha da OAB 
A proposta de emenda constitucional dos precatórios, que tem o apoio dos governadores, está sendo combatida pela OAB. A entidade organiza uma marcha em Defesa da Cidadania, no dia 6 de maio, contra a sua aprovação. O presidente da Ordem, Cezar Britto, quer sensibilizar os deputados levando um memorial com o exemplo do estádio Serra Dourada, em Goiânia. Ele foi inaugurado em março de 1975 e os antigos proprietários da área onde o estádio foi construído, 34 anos depois, ainda não receberam nada. Os precatórios, engavetados no Tribunal de Justiça de Goiás, viraram moeda podre. 

O GOVERNADOR Jaques Wagner recebeu telefonema do presidente da CBF, Ricardo Teixeira, anunciando que o jogo Brasil e Chile será realizado no estádio Pituaçu, em Salvador. 

O GOVERNO de São Paulo diz que a campanha de vacinação contra o vírus influenza não se refere à gripe suína. 

A TENDÊNCIA Movimento PT está lançando no Rio a pré-candidatura do ex-prefeito de Niterói Godofredo Pinto ao Senado.

BRIGA DE FOICE


EMBATE DO ANO: MOSQUITO  X PORCO

ANCELMO GOIS

Gripe suína



O Globo - 29/04/2009
 

O Itamaraty e a embaixada do Brasil no México orientaram o governo a suspender o envio de servidores àquele país.

O Brasil já cancelou participação num encontro sobre segurança, lá, de 9 e 13 de maio.

E vamos à luta

A música de uma campanha que a Petrobras põe no ar hoje para festejar a primeira extração de petróleo do pré-sal, no Campo de Tupi, é aquela de Gonzaguinha, “E vamos à luta”, que diz: “Eu acredito é na rapaziada”...

Como se sabe, dia 1ode maio, Lula e uma caravana rolidei vão de navio até Tupi bater bumbo pelo início das operações.

No mais

Usar doença em palanque não é bom. Nem para o país, nem para o doente.

TV digital na favela

Depois da internet gratuita, que outro dia foi notícia no jornalão francês “Le Monde”, Sérgio Cabral pretende agora distribuir aos moradores do Morro Dona Marta caixinhas conversoras de TV digital.

Coisa chique.

Conselho de bambas

O bancão que nasceu da fusão entre o Itaú e o Unibanco terá um conselho consultivo internacional.

À frente dele, estará o exministro Pedro Malan.

Quintella na Petrobras

O empresário Sérgio Quintella, vice-presidente da FGV, passou a integrar o Conselho de Administração da Petrobras.

Quintella, por pouco, não assumiu a presidência da estatal em 2003, indicado por Garotinho, que apoiou Lula no segundo turno depois de ter sido candidato a presidente.

Monsieur Fortes

O ministro Márcio Fortes, das Cidades, vai fazer hoje uma exposição das intervenções federais no Rio ao pessoal do COI.

Em francês.

MERVAL PEREIRA

Doença e política


O Globo - 29/04/2009
 
A revelação de que a ministra Dilma Rousseff tentou esconder até o ultimo momento sua doença, pretendendo se tratar em segredo, derruba a teoria engendrada pelos marqueteiros oficiais de que tudo foi feito com a máxima transparência, por orientação do presidente Lula e desejo da ministra. Já se tratando há um mês do câncer linfático, Dilma foi alertada de que jornalistas já tinham a informação da doença, e tentou negar sua existência, até que a notícia da "Folha" a obrigou a admitir em público o que queria esconder. Sua postura "corajosa" na entrevista coletiva, portanto, já fazia parte de um esquema midiático montado pelos marqueteiros oficiais para "fazer do limão uma limonada", conforme definição de um palaciano. 


Ninguém tem dúvida na oposição de que o governo vai tentar capitalizar ao máximo a luta da ministra Dilma Rousseff contra o câncer nesses quatro meses de tratamento, e a postura de Lula, que diz uma coisa - "não sei como alguém pode explorar politicamente um problema de saúde" - e faz outra nos palanques - "rezem por ela" - seria a senha para que a campanha política de apoio à candidatura dela à sua sucessão ganhe novos tons, mais emotivos. 

O que se especula é se a estratégia publicitária dará certo a ponto de viabilizar uma candidatura que há mais de um ano está sendo incensada pelo presidente Lula e até agora não se firmou na preferência do eleitorado. 

O cientista político Antonio Lavareda, ligado aos DEM e ao PSDB, especialista em pesquisas de opinião, acha que os aliados, tanto ou mais quanto os oposicionistas, deveriam se manter discretos no trato do assunto, pois não há indicação de que o eleitorado brasileiro se leve por manipulações de doenças, ainda mais depois do trauma provocado pela morte de Tancredo Neves. 

A doença da ministra Dilma trouxe outros tipos de preocupação à base aliada, que começam pela renovada importância que ganhou a escolha do candidato a vice-presidência na chapa oficial. Quem antes desdenhava do cargo agora já se coloca à disposição do partido, e uma escolha que parecia fácil tornou-se delicada. 

Por enquanto, o assunto é tratado com sutilezas, mas, à medida que a doença ganhe o centro da campanha eleitoral, vão-se também os pudores dos que, já antes dela, não se contentavam com a indicação, diante dos números magros que ela apresentava até o momento. 

Paradoxalmente, uma eventual subida nos índices de aprovação da ministra Dilma Rousseff nas próximas pesquisas eleitorais pode representar uma armadilha para o campo governista. 

Qualquer subida da candidata oficial será atribuída à exploração da doença, e não a uma consolidação de seu nome junto ao eleitorado, o que obrigará a que esse tema permaneça no centro da campanha governista até o ano que vem. 

Esse inchaço artificial pode, assim, prejudicar o projeto sucessório governista, esvaziando a candidatura oficial de qualquer conteúdo político, pendurando nela um aspecto humano e emocional decisivo. 

Não foi à toa que o cientista político Candido Mendes defendeu a tese, no programa "Roda Viva", da TV Cultura, de que a candidatura da ministra Dilma Rousseff representaria a continuidade de um projeto de governo de cunho progressista, unindo a competência de gestão a uma visão social. 

Em vez de um simples "poste", escolhido por Lula entre as hostes petistas, a candidatura de Dilma teria uma representatividade política mais densa. 

Essa seria uma maneira, para uma corrente governista, de superar o impasse em que se encontram, pois não têm alternativas dentro do PT, e temem que apenas a popularidade de Lula não seja suficiente para eleger qualquer um. 

A exploração da doença, dando a Dilma um toque de sensibilidade que não é seu principal traço de personalidade, pode, portanto, tornar mais artificial ainda sua candidatura. 

Há mais do que nunca reações diversas dentro da base governista, especialmente dentro do PMDB, o maior partido da aliança. 

O projeto de hegemonia política que estava em curso dentro do partido foi abalado pelas crises sucessivas da Câmara e do Senado, e a preocupação com a "voz rouca das ruas", como dizia o ex-presidente do partido Ulysses Guimarães, se traduziu na aprovação da nova regra restritiva sobre o uso de passagens aéreas sem colocar em votação no plenário, como exigiam os componentes do "baixo clero". 

Mas a parcela do partido que não embarcou na canoa governista ganhou argumentos com a doença da ministra, e a decisão de aderir à candidatura oficial já começa a ser questionada. 


Crescem a cada dia as pressões da comunidade judaica contra a visita do presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, ao Brasil no início de maio. O ex-chanceler Celso Lafer dá as bases legais para que a visita seja cancelada, depois que Ahmadinejad reafirmou, da tribuna da ONU, seu ódio a Israel, que quer ver varrido do mapa mundial. 

Começa lembrando que a Constituição brasileira fala na prevalência dos direitos humanos nas relações internacionais. Por conta disto, no correr dos tempos, o governo brasileiro tem assinado diversos tratados sobre o assunto. 

A Declaração Universal dos Direitos Humanos foi concebida como um caminho para se atingir uma relação amistosa entre os povos, e favorecer a paz, lembra Lafer, e em decorrência dela nasceu o Pacto de Direitos Civis e Políticos, que o Brasil assinou, além de um tratado regional, o Pacto de São José. 

Os dois documentos afirmam basicamente a mesma coisa: caberá aos países signatários proibir a propaganda em favor da guerra e toda a apologia ao ódio nacional, racial ou religioso e o incitamento à violência e ao crime.

INFORME JB

"SP antecede a estratégia do PT"

Leandro Mazzini

JORNAL DO BRASIL - 29/04/09

Conforme o ano passa, e as revelações surgem, aparecem especulações no PT sobre possíveis candidatos à Presidência ou ao governo de São Paulo – tão cobiçado pelos petistas. Um deles é o do ministro Fernando Haddad (foto), da Educação, que soltou a boa ideia de unificar o vestibular. Mesmo sem mote eleitoral, isso o coloca sob os holofotes e como quadro propenso a disputar o Palácio dos Bandeirantes. Ou até o Planalto. Embora nada definido, o presidente do PT, Ricardo Berzoini (foto), não descartou Haddad. "São Paulo antecede a discussão de estratégia de governo para 2010. É uma questão precedente. É obvio que o Haddad é ministro de grande competência. Ele não tem experiência eleitoral ou partidária, mas não há restrição por conta disso, porque Dilma também não tem", disse Berzoini.

Calçada, esteira... ... e arte

A ministra Dilma Rousseff continuará a caminhar pelas manhãs na Península dos Ministros, onde mora. E, se chover, vai fazer exercícios na esteira, em casa.

Outro passatempo da ministra, longe dos hospitais e da quimioterapia, será a leitura de livros com fotos de obras de arte, sua paixão.

Mineirinho

Bem discreto, o ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel entrou em pré-campanha para o governo de Minas. Reuniu há poucos dias 20 prefeitos, em Manhuaçu, para fortalecer seu nome na sucessão estadual.

Mineirinho 2

Patrus Ananias acompanha de longe, mas já havia cumprido agenda forte no interior de Minas ano passado, inaugurando restaurantes populares.

Gauchinho

O ministro Tarso Genro, da Justiça, disse que é candidato ao governo do Rio Grande do Sul.

Pacto

Tarso reúne-se hoje com o presidente do Congresso, José Sarney, para pedir atenção a 10 pontos do Pacto Republicano recém-assinado entre os três poderes.

Serra.com

O governador de São Paulo e presidenciável José Serra encontrou um meio para cobrar andamentos de projetos de seus gestores. Agora só passa e-mail. "É só apertar o botão e escrever: e aí?".

Cabral.com

O precursor entre governadores dessa moda foi Sérgio Cabral. Ele não larga, no gabinete, o laptop modelo Vaio.

Armistício

Na agenda do dia 1º de maio, rumo ao campo de Tupi, o presidente Lula e o governador do Rio, Sérgio Cabral, querem encontrar a prefeita de Campos, Rosinha Matheus. Mas, crítica dos dois, ela ainda vai confirmar .

Aulão

Na maratona de viagens da comitiva presidencial pelo PAC, os ministros estão levando as equipes técnicas para encontros paralelos com os prefeitos e secretários, que em muitos casos carecem de orientações sobre os contratos.

Novo Arroio

O Ministério das Cidades adotou a revitalização e saneamento do canal do Arroio Fundo, na Vila do Pan, no Rio. As obras eram do Ministério do Esporte.

Xô, mosquito

As obras, com custo de R$ 14 milhões, são essenciais para aniquilar os pernilongos que infestam os apartamentos da área.

Turma do algodão

A Associação Brasileira dos Produtores de Algodão levará para Brasília pesos pesados do mercado mundial de algodão dia 6. O presidente da Abrapa, Haroldo Cunha, convidou o advogado americano Scott Andersen, que ganhou para o Brasil o contencioso do algodão na OMC

Turma do algodão 2

Quem vai aparecer para o seminário é o presidente do Internacional Cotton Advisory Committe, Terry Towsend. Fará companhia ao ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes.

Subindo

Só para constar, o Brasil subiu para o 4º lugar no ranking de exportação do algodão.