terça-feira, abril 12, 2011

RENATA LO PRETE - PAINEL


Em protesto
RENATA LO PRETE
FOLHA DE SÃO PAULO - 12/04/11

O governo brasileiro retirou a candidatura do ex-ministro Paulo Vannuchi para representar o Brasil na Comissão Interamericana de Direitos Humanos. A decisão foi tomada na esteira de medida cautelar desse órgão, vinculado à OEA, exigindo interrupção das obras da hidrelétrica de Belo Monte devido a queixas de organizações indígenas. O Palácio do Planalto recebeu mal a repreensão, que considerou infundada.
Vannuchi havia sido indicado pelo então presidente Lula para substituir Paulo Sérgio Pinheiro, cujo mandato expira no fim do ano. Os novos integrantes serão eleitos em junho pelos países-membros.

Reincidente 
Esta é a segunda reprimenda ao Brasil. Em 2010, o motivo foram os desaparecidos no Araguaia. Vannuchi, que concordou com essa censura, discorda quanto a Belo Monte.

Nos trilhos
Dilma espera retornar ao Brasil com a garantia de que os chineses participarão da concorrência do trem-bala, em julho. Em dezembro, a licitação foi suspensa porque apenas os coreanos se interessaram. Na semana passada, nem eles garantiram entrar no páreo.

Vapt-vupt 

Anunciada por Dilma em seu programa de rádio, a redução do INSS para pipoqueiros foi decidida em tempo recorde. Na quinta passada, em evento para microempreendedores, ela soube da taxa de 11% e telefonou para assessores, exigindo o corte para 5%. No mesmo dia, a MP foi editada.

Só pensa naquilo 
O presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), que aproveitará viagem oficial para levar o filho ver Barcelona x Real Madrid, correu a Porto Alegre para assistir, na quinta, a vitória do seu Grêmio sobre o Junior de Barranquilla.

Quem diria 
Roberto Freire, que lidera o PPS na ofensiva judicial para barrar a migração de deputados para o PSD, era, até fevereiro, conselheiro da CET por indicação de Gilberto Kassab.

Sem fundo 
Entre 2000 e 2010, o governo paulista gastou menos da metade dos recursos previstos no orçamento do Fumefi (Fundo Metropolitano de Financiamento), único instrumento de compensação financeira da Grande SP. Estudo do PT mostra que dos R$ 567 milhões estimados, apenas R$ 262 milhões foram gastos.

Agora vai? 
A Secretaria de Desenvolvimento Metropolitano sustenta que o fundo socorre cidades com IDH mais baixo. Com a reorganização da região metropolitana, será criado novo mecanismo para financiar projetos de alcance regional.

Tô fora 
José Henrique Reis Lobo, presidente do PSDB paulistano, descarta agir para demover os vereadores de pleitear a secretaria-geral, conforme desejam os aliados de Geraldo Alckmin. Lobo será substituído pelo secretário Júlio Semeghini (Gestão Pública). "A bancada precisa ter participação maior que a oferecida".

Visitas à Folha 
Ana de Hollanda, ministra da Cultura, visitou ontem a Folha, a convite do jornal, onde foi recebida em almoço. Estava acompanhada de Nei Bomfim, assessor de imprensa.

José Police Neto (PSDB), presidente da Câmara paulistana, visitou ontem a Folha. Estava com Carlos Marchi, diretor de Comunicação da Casa, Alexandra Penhalver, assessora de imprensa, e Silvio Bressan, consultor.

Adi dos Santos Lima, presidente da CUT-SP, visitou ontem a Folha. Estava com Vilma Amaro, secretária de Comunicação, e Alexandre Gamón, assessor de imprensa.
com FABIO ZAMBELI e ANA FLOR

tiroteio

"A política do ministro Mantega é insuficiente ou equivocada, a ponto de escancarar divisões no âmbito do próprio governo. E não se trata de fogo amigo."
DO LíDER DO PSDB NO SENADO, ÁLVARO DIAS (PR), sobre críticas à política cambial feitas a empresários pelo presidente do BNDES, Luciano Coutinho.

contraponto

Sofrimento em dobro

Em reunião com o presidente do Sindicato dos Aposentados, João Inocentini, Garibaldi Alves (Previdência) alertou que teria de interromper a conversa a qualquer momento, pois aguardava telefonema de Dilma Rousseff. Pouco depois, um assessor entrou no gabinete avisando que a presidente chamava o ministro ao Planalto. Garibaldi desabafou:
-Mais uma mulher pra mandar em mim...
Um outro sindicalista presente indagou:
-Em casa também é assim, ministro?
-É, mas a presidente manda mais...

JOSÉ SIMÃO - China! Dilma foi comprar lolex!


China! Dilma foi comprar lolex!
JOSÉ SIMÃO

FOLHA DE SÃO PAULO - 12/04/11

BUEMBA! BUEMBA! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República!
Dilma foi pro Promocenter. Ops, Dilma na China! E a foto da Dilma com o presidente da China. Quer dizer, a gente acha que é o presidente da China. Porque todo chinês é cópia pirata de outro chinês!
E ele se chama Hu Jintao. Mas o Lula chamava ele de Hu Jin Tônica! E a Dilma chama de Hu Jin Tá Atrasado! "O senhor Hu Jin Tá atrasado pra reunião!" "O senhor Hu Jin Tá demitido." Rarará!
E ela vai falar sobre direitos humanos? Não! Você acha que um vendedor de shopping vai deixar de vender porque o cliente bate na mãe?! "Ah, eu não vou vender essa televisão porque o senhor bate na mãe." Rarará!
E o que a Dilma foi fazer na China? Comprar muamba original. Comprar lolex. Mas "pulsela paga sepalado!". Sabe o que ela vai trazer pras colegas dela? Bolsa da Plada!
E a família Horroriz? Jaqueline Roriz internada com infecção no sangue, mas tem alta. Diagnóstico: ela não é sangue bom! Rarará!
E a estreia do Aécio no Senado? Ele devia estrear no Clube das Mulheres. Rarará! Fez o primeiro discurso de oposição! E a manchete do Diário de Barrelas: "Aécio sobe à tribuna e lança seu primeiro perfume". Aécio Pour Homme! Vai ser um marco da oposição. Rarará!
E avisa pra Dilma que o pior da China é o jet lag de volta! Porque eles estão em 2050, e a gente volta pra 2011. São 40 anos de jet lag!
E avisa pra Dilma que fazer negócio com chinês é fogo! Eu já contei mil vezes que um amigo foi pro Promocenter comprar um aparelho de som: "A caixinha surround vem junto?". "Caixinha sulound paga sepalado." "Então enfia na peleleca."
E um amigo meu foi comprar um iPod e na hora de pagar o vendedor disse: "O cheque é do Bladesco?". E o meu amigo: "Eu vou ter que ir ao caixa eletrônico pegar dinheiro!". E o chinês: "Entón minha mãe vai junto". Rarará! É verdade!
E o Brasileiro é Cordial! Olha a pichação: "Atenção, seu corno! Favor jogar o lixo na estrebaria da tua mãe, que é uma porca". Ele esqueceu de assinar "grato". E custava ele ser mais amável? Pedir "por obséquio"? Por obséquio, seu corno! Rarará! Nóis sofre, mas nóis goza. Hoje só amanhã!
Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!

SARNEY: VAGABUNDO E LADRÃO

CARLOS HEITOR CONY - O tempo do tempo


O tempo do tempo
CARLOS HEITOR CONY
FOLHA DE SÃO PAULO  12/04/11

RIO DE JANEIRO - O herói da batalha de Maratona precisou correr 42 quilômetros para transmitir a notícia da vitória numa guerra. Morreu logo após ter cumprido a tarefa. A descoberta (ou o achamento) do Brasil levou mais de dois meses para chegar ao conhecimento do rei Manuel, dito o Venturoso. Hoje, com a internet em funcionamento, Manuel seria venturoso antes do tempo, ficaria sabendo da façanha de Cabral na hora.
A instantaneidade da notícia é uma das conquistas mais fantásticas da humanidade. Cem anos após a Proclamação da nossa República, em 1889, havia brasileiro lá pelo setentrião acreditando que o Brasil ainda era governado por um d. Pedro qualquer, provavelmente d. Pedro 3º ou 4º.
Consta que no Japão, 30 anos depois de Hiroshima, apesar de seu avançado estágio tecnológico, havia soldado do Mikado escondido nas matas pensando que a Segunda Guerra Mundial ainda não acabara. Há poetas que ainda fazem sonetos na ilusão de que serão recitados na Confeitaria Colombo.
Outro dia, a bordo de um avião doméstico, o piloto informou, com voz aveludada e calma, que o tempo estava ótimo em toda a rota. Nem havia comunicado integralmente a boa notícia, o aparelho começou a sacudir como se estivesse com mal de Parkinson.
Quando passou a turbulência, uma das maiores que já atravessei, o piloto explicou que os computadores estavam certos nas duas ocasiões, a do tempo bom e a do tempo ruim. Apenas -disse ele- o tempo fora mais rápido, não dando tempo para que a rede eletrônica de bordo e das estações meteorológicas no caminho pudessem fazer a correção do tempo.
Repeti a palavra "tempo" várias vezes porque acredito que seja o único fato e fator inamovíveis da nossa vida. Não precisa de notícia para existir. O tempo não precisa de tempo para ser tempo.

BENJAMIN STEINBRUCH - Uma grata novidade


Uma grata novidade 
BENJAMIN STEINBRUCH

FOLHA DE SÃO PAULO - 12/04/11

OUVI DE um amigo uma piada muito engraçada. Um cidadão americano entrou em uma agência bancária de Nova York e pediu um empréstimo de US$ 6.000 para fazer uma viagem de negócios à Índia.
O gerente o recebeu gentilmente, mas argumentou que, não sendo cliente do banco, embora a quantia não fosse elevada, teria de apresentar garantias reais para receber o pronto financiamento. O homem então apontou para a rua e mostrou uma Ferrari vermelha estacionada em frente ao banco: "A garantia poderia ser meu carro?".
O funcionário pediu que a Ferrari fosse levada até a garagem do banco, conferiu a documentação do veículo e emprestou o dinheiro.
Quinze dias se passaram até que o cidadão voltasse à agência para quitar o financiamento. Ele cumprimentou o gerente, pagou os US$ 6.000 e mais US$ 16,31 de juros e já estava ao volante da Ferrari quando o funcionário resolveu perguntar:
"Desculpe a curiosidade, mas checamos seus dados cadastrais e descobrimos que o senhor é uma pessoa rica. Poderia explicar por que precisou pedir US$ 6.000 emprestados para viajar à Índia?".
A resposta veio com uma pergunta: "Onde eu poderia estacionar minha Ferrari em Nova York, com toda a segurança, durante duas semanas, por apenas US$ 16,31?".
Peço desculpas se, para você, essa é uma "piada velha", mas a conto porque ela tem a ver com o atual momento da economia global. Passados mais de dois anos desde o início da mais grave crise econômica desde 1929, os juros básicos continuam incrivelmente baixos em todo o mundo. Nos EUA, estão entre zero e 0,25% ao ano, a ponto de, relevadas as imprecisões técnicas da piada, parecer mais barato tomar um empréstimo de US$ 6.000 do que estacionar um carro por 15 dias.
Na semana passada, a OCDE informou que os países do G7, grupo das sete economias mais desenvolvidas mundo, com exceção do Japão, cresceram a uma taxa anual de 3,2% no primeiro trimestre. Apesar dessa recuperação e da previsão de uma taxa de 2,9% no segundo trimestre, as autoridades ainda não estão seguras para abrir mão do estímulo monetário que impulsiona a recuperação da economia no mundo rico e no emergente.
Os primeiros movimentos de elevação dos juros estão começando agora, com muita cautela. O BC Europeu fez o primeiro aumento na quinta-feira, mas a taxa ficou em módico 1,25% ao ano. A China também elevou sua taxa na semana passada para 6,3% para empréstimos, índice aparentemente alto, mas que, na realidade, está apenas um pouco acima da inflação prevista para 2011, de 5%.
Deu e ainda dá resultado a política adotada no Primeiro Mundo para sustentar a volta do crescimento econômico. Só Grécia, Irlanda, Portugal e Japão, entre ricos e emergentes, estão com previsão de recessão.
Soam desafinadas, portanto, as vozes do mercado financeiro brasileiro que pressionam o ministro Guido Mantega e o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, a seguir no arrocho monetário. Só porque ficaram um tiquinho menos ortodoxos e adotaram as ditas medidas macroprudenciais, como as restrições ao crédito, e ameaçam estacionar a taxa de juros nos atuais 11,75% ao ano a Fazenda e o BC vêm sendo muito criticados.
O mercado quer mais juros, ainda que a combinação da taxa atual elevada com o bom momento vivido pela economia brasileira já represente um grande atrativo para poupanças externas, com desastrosos efeitos cambiais. No primeiro trimestre, houve o ingresso líquido de US$ 35 bilhões no país. Com isso, não há como segurar a valorização do real, esta, sim, uma enorme dificuldade da economia no momento.
O governo tomou na quarta-feira novas medidas para tentar controlar a entrada de capital, procedimento que já conta até com aval do FMI. Na quinta, anunciou o aumento do IOF sobre o crédito interno.
O encarecimento do crédito tem impacto direto na atividade econômica, mas as medidas estão na direção correta, para segurar o avanço da inflação. Espera-se que elas deem o resultado esperado. Deve-se louvar o fato de o Banco Central ser agora um pouco menos ortodoxo e mais consciente de suas responsabilidades de controlar a inflação sem comprometer o crescimento econômico. Eis, portanto, uma grata novidade do governo Dilma.

MÔNICA BERGAMO - EMOÇÕES HOLLYWOODIANAS


EMOÇÕES HOLLYWOODIANAS
MÔNICA BERGAMO

FOLHA DE SÃO PAULO - 12/08/11

Faltam minutos para começar o show do U2 no sábado e a atriz Luana Piovani é a primeira no camarote da Time For Fun a se mandar para a pista. Ela chegou com "palpitações" para ver a banda, que "ama de paixão". "Nós, cucarachas, também merecemos U2, Madonna." Apresentada ao ministro da Justiça, ela comenta com a coluna: "O que eu posso falar para o ministro da Justiça deste país, que é uma b...? Falei "prazer, muito prazer'".

O senador Aécio Neves (PSDB-MG) chega escoltado por "amigos de Minas" que barram fotografias indesejadas e buscam refis de bebidas. O show começa e o senador gesticula, mostrando espanto com o palco. "Tô tentando me lembrar onde fiquei no outro show deles [em 2006]. Tava longe, longe..."

No domingo, Taís Araújo foi ao camarote da TAM. A três meses de virar mamãe, ia ao banheiro várias vezes. "É o lugar predileto de uma grávida". A atriz reclamou que seu cabelo estava "com um cheiro de cinzeiro", por causa dos fumantes no Morumbi. Fábio Assunção filmou com o celular a primeira música do U2, mas partiu antes do fim do show.

Bruno Barreto também foi ao Morumbi. Acha Bono "um craque". Mas disse a Aécio que não gostou do letreiro com os nomes das crianças mortas no atentado no Rio. "Foi manipulador, meio hollywoodiano." Já o ministro José Eduardo Cardozo, da Justiça, achou a iniciativa "emocionante".

NASCE UMA ESTRELA
Dilma Rousseff (PT) reservou boa parte de sua agenda extraoficial na semana passada para uma missão partidária: gravar anúncios que o PT nacional levará ao ar até o fim do mês. A presidente também será a estrela dos programas e de centenas de spots regionais da legenda. As gravações foram feitas no Palácio da Alvorada. Dilma foi dirigida pelo marqueteiro João Santana.

NOVO AMOR

Os petistas pretendem usar a boa imagem de Dilma na classe média para tentar seduzir esse segmento, tradicionalmente mais refratário ao partido. A investida visa as eleições de 2012. Nos anúncios, a presidente fala do programa de combate à miséria e realça também o diálogo com as mulheres.

BEM-VINDA
E, depois de receber cineastas no Alvorada, a presidente quer agora convidar atores, diretores e produtores de teatro para um encontro em sua casa, em Brasília. Desta vez homens também serão chamados. A lista deve ser encabeçada por convidados do porte de Fernanda Montenegro, primeira-dama dos palcos brasileiros.

BALANÇA
Apontado por analistas como o "ministro forte" dos primeiros cem dias do governo Dilma, Guido Mantega, da Fazenda, disse à coluna que não se impressiona: "Há uma semana, diziam que eu ia cair. Agora, que estou muito forte. Vamos ver o que falam na próxima semana".

MUITA CALMA

A relutância da equipe econômica do governo em baixar medidas mais drásticas para conter a queda do dólar tem, entre outros motivos, o receio de que uma eventual alta dos juros nos Estados Unidos façam a moeda americana voltar a subir. Neste caso, o remédio aplicado no Brasil poderia ser excessivo, acreditam.

PARA VALER
O instituto Inovare, que promove debates e premia novas iniciativas na área jurídica, vai fazer um encontro com juízes, advogados, delegados e promotores sobre "O Estado Brasileiro e o Crime Organizado". No centro das discussões estarão operações como a "Castelo de Areia", que teve boa parte das provas colhidas declaradas ilegais pelo STJ (Superior Tribunal de Justiça). A ideia é debater condutas de investigação que têm levado a repetidas declarações de nulidade pela Justiça.

MEGAPRODUÇÃO
O espetáculo "5 X Comédia", estrelado nos anos 90 por Claudia Raia, Fernanda Torres, Debora Bloch, Luiz Fernando Guimarães e Diogo Vilela, entre outros, ganhará uma releitura pelas mãos de Monique Gardenberg. Chamada inicialmente de "Comédia Futebol Clube", a peça terá 11 atores dando vida a torcedores fanáticos.

FANÁTICOS

Já foram convidados para o elenco Marcelo Médici (SP), Luis Miranda (Salvador) e Ilana Kaplan (Porto Alegre). E as produtoras Dueto e XYZ conseguiram autorização para captar R$ 3,4 milhões via Lei Rouanet.

VIVA ELIS

E a exposição multimídia que homenageará a cantora Elis Regina, cuja morte completa 30 anos em 2012, poderá captar R$ 3,1 milhão. A mostra, que deverá passar por São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Recife e Porto Alegre, faz parte do projeto "Redescobrindo Elis", que contará também com shows de Maria Rita, filha de Elis. A produção é de outro filho da cantora, João Marcelo Bôscoli.

CURTO-CIRCUITO


O musical "New York, New York", com Juan Alba e Alessandra Maestrini, tem pré-estreia para convidados hoje, às 21h, no Teatro Bradesco.

O desfile Brasil Fashion Designers, apresenta novos estilistas da região sudeste no Expo Center Norte. A partir das 20h30, para convidados.

A TV Cultura lança a programação 2011, a partir das 10h de hoje, no Unibanco Arteplex do shopping Bourbon.

O Museu da Casa Brasileira lança, às 19h30, o livro "O Brasil Através das Três Américas".

A Acaju faz pré-venda de coleção da Weill, nos Jardins. com DIÓGENES CAMPANHA, LÍGIA MESQUITA, THAIS BILENKY e CHICO FELITTI

GOSTOSA

MIRIAM LEITÃO - Mistério peruano


Mistério peruano 
MIRIAM LEITÃO

O GLOBO - 12/04/11

Ao final da eleição do primeiro turno, os peruanos escolheram dois populistas, um de esquerda, uma de direita, para a disputa no segundo turno. Ollanta Humala, de esquerda, assessorado por especialistas do PT, moderou o discurso, fez uma carta aos peruanos, e foi o maior vitorioso por ter atraído o eleitorado de centro que sempre foi arredio. Usou, sem disfarces, o mesmo método do Brasil. Já Keiko Fujimori requentou o discurso de direita populista do pai, que preso por crime de lesa-pátria, não pôde votar, e tem agora uma segunda chance na disputa presidencial.
Os maiores derrotados foram os dois últimos presidentes. Alan García, apesar de entregar um país com um crescimento de 8,3% no ano passado, não teve a menor chance de fazer o sucessor e termina o mandato com 27% de popularidade, segundo o Instituto de Opinião Pública da Pontifícia Universidade Católica do Peru. Alejandro Toledo, que governou antes um período também de crescimento e que chegou até a 7,7%, terminou o governo com uma marca que deveria constar no livro Guinness: só 10% aprovavam seu governo. Durante a campanha eleitoral, ele cresceu nas pesquisas e há um mês parecia ter chances de ir para o segundo turno. Terminou em quarto lugar.
O gráfico abaixo feito pela consultoria Tendências mostra como a economia peruana tem tido forte crescimento, exceto só nos difíceis anos de 2001 e de 2009. Mas os presidentes terminam o mandato impopulares. O professor Marcelo Coutinho, da UFRJ e do Iuperj, explica que uma das causas da insatisfação é o crescimento vigoroso, mas sem distribuição de renda. Em 2004, 48% da população peruana viviam abaixo da linha de pobreza. Com todo o crescimento econômico, em 2009, ainda eram 35%. Há desigualdade também entre a capital e o interior, que permanece muito pobre.
- A maioria da população pobre não tem visto esse crescimento. O progresso não está chegando às suas casas. No Peru, não há programa de transferência de renda como há no Brasil - disse.
O cientista político lembra também que, ao contrário do Brasil, o Peru não tem passado por um processo de institucionalização da democracia:
- O padrão político é de confrontação e não de cooperação. As instituições estão enfraquecidas. Isso aumenta a dificuldade de formar maioria e governar. O problema vem desde a década de 90 e não foi resolvido pelos dois últimos presidentes.
Isso explica também como a filha de Fujimori, que deixou péssimas lembranças de um período corrupto e autoritário, pode estar tão bem neste processo eleitoral, formando até agora a segunda maior bancada no Congresso. Nenhum partido terá maioria. Na última eleição - que ele perdeu para Alan García -, Ollanta Humala foi aconselhado por Hugo Chávez, que chegou até a subir no palanque com ele. Desta vez, teve assessoria dos petistas, que mudaram completamente o discurso e as atitudes do candidato. A técnica "Humalinha paz e amor" funcionou e o candidato agregou eleitores da classe média à sua base tradicional.
A história econômica recente peruana é muito parecida com a do Brasil: hiperinflação nos anos 80, moratória, socorro do FMI. Os anos 90 foram de arrumação da casa, diminuição da dívida pública e do déficit, abertura econômica, privatizações, redução do Estado. O resultado foi um forte impulso para o crescimento dos anos 2000, puxado pelo aumento dos preços das commodities. O investimento privado hoje corresponde a 90% do total realizado no país. Segundo o economista Tomás Málaga, do Itaú Unibanco, a crise de 2008 não levou o país à recessão, justamente pelos bons indicadores do governo.
- Enquanto a dívida pública bruta brasileira está em torno de 65% do PIB, a do Peru está em 25%. Além disso, o governo consegue ter superávit nominal. Em 2008, a inflação estava baixa e o governo pôde com folga fazer as políticas anticíclicas - disse.
O crescimento peruano é sustentado pelas exportações de matérias-primas, como cobre e minério de ferro. O país também é produtor de metais preciosos, que se valorizaram. Isso ajudou a passar pela turbulência. O grande desafio do próximo presidente é justamente conciliar os bons indicadores econômicos com melhorias no campo social. Na opinião de Coutinho, as duas candidaturas ainda representam uma grande interrogação.
Há um mistério na relação entre política e economia no Peru. Em qualquer país, quando a economia está crescendo muito há grande chance de o governante fazer o sucessor e há um grau de satisfação da população que se transforma em popularidade presidencial. No Peru, Alejandro Toledo e Alan García governaram nos dois últimos mandatos com crescimento do PIB em alta e popularidade em queda.

ALEXANDRE BARROS - Brasileiros preferem o livre mercado



Brasileiros preferem o livre mercado
ALEXANDRE BARROS

O Estado de S.Paulo 12/04/11

O portal da revista britânica The Economist (7/4) publicou os resultados surpreendentes de pesquisa a respeito do apoio dos brasileiros ao livre mercado: 67% o apoiam. O País está em segundo lugar, abaixo apenas da Alemanha e razoavelmente acima dos EUA, a pátria mãe do capitalismo do século 20. O resultado contradiz boa parte do que anda pela mídia e a maioria ainda das declarações de autoridades governamentais.

Viva!

Visto tradicionalmente como o patinho feio do apoio ao livre mercado e cercado de declarações oficiais intervencionistas e a favor do Estado "indutor do desenvolvimento" e coisas que tais, 43% dos brasileiros surpreenderam ao concordar fortemente com a afirmação de que a economia de livre mercado é o melhor sistema econômico. Somados aos 24% que concordam em parte com a afirmação, o Brasil ficou bem acima de outros países considerados pelo senso comum (que é o menos comum de todos os sensos) fortes bastiões do livre mercado.

Qualquer pesquisa é um retrato que se tira de uma realidade. Bem feita, reflete a realidade. Prefiro acreditar que tenha sido o caso desta. Outra pesquisa, daqui a algum tempo, pode mostrar uma foto diferente. Mas vamo-nos ater um pouco à análise da realidade desta pesquisa.

A primeira coisa que chama a atenção é uma aparente dissonância cognitiva entre o que acham os brasileiros entrevistados pela pesquisa e boa parte das elites políticas e burocráticas brasileiras. Na sua maioria, elas descreem do apoio que o livre mercado tem por parte dos brasileiros. Muitos serão apanhados de surpresa. Fiquemos alerta, porque choverão contestações à pesquisa. Isso porque as crenças do Estado brasileiro e da maior parte dos governos (mesmo os mais liberais) sempre mantiveram a cantilena da conveniência e do desejo da população brasileira de que o intervencionismo estatal seria a melhor opção.

Mas a realidade mostrou-lhes que a parte mais sensível do corpo humano é mesmo o bolso. Em geral utilizado para justificar penas monetárias e multas para transgressões, o ditado agora parece aplicar-se muito fortemente às benesses monetárias.

Trocado em miúdos, o povo está com mais dinheiro e aprendeu que pode ganhar mais ainda e viver melhor, em que pese a pressão do Estado para que as pessoas adotem atitudes menos liberais.

Mais irônico ainda é que isso tenha ocorrido depois de oito anos de governo Lula, considerado por muitos um governo claramente "de esquerda", e da eleição de Dilma Rousseff, que confirmou a predileção do povo brasileiro por um governo de continuação, mas que permitiu que os pobres melhorassem de vida (ver meus artigos O dia em que os pobres enriqueceram, Banco Central, o amigo do pobres e Uma perspectiva liberal do Bolsa-Família, publicados neste espaço).

O Banco Central era uma caixa-preta demoníaca para o governo Itamar Franco. O Bolsa-Família era a grande indignação para as elites, porque, alegadamente, iria dar dinheiro aos pobres sem que eles precisassem trabalhar. O fim da inflação matou a noção predominante entre os economistas inflacionistas (que adoram se chamar de "desenvolvimentistas") de que ela era boa e acelerava o desenvolvimento.

A percepção equivocada da oposição sobre o Bolsa-Família ignorou um dos aspectos básicos de economia: a vida fica mais fácil para todos, simplesmente, se existir dinheiro. O leitor perguntará: mas como existir dinheiro? Ele sempre existiu. Isso não era verdade. Em boa parte do Norte e do Nordeste não havia dinheiro como os urbanos modernos o entendem, isto é, como um meio de troca que facilita o comércio e a indústria (aqui considerada como qualquer tipo de produção). Isso porque, com a existência de dinheiro, as pessoas podem trocar habilidades e competências com muito mais eficácia, produzindo aquilo em que são mais competentes (por exemplo, buchada de bode), e consumir serviços como os de cabeleireiros, manicures, ou vendedores de produção agrícola.

Não sei se o Bolsa-Família e seus predecessores atiraram no que viram e acertaram no que não viram, mas, claramente, foi bom para o capitalismo brasileiro.

Em reunião recente com banqueiros, quase todos do Sul e do Sudeste (só um do Nordeste), notei um desconhecimento total dos sulistas da capilaridade exercida pela distribuição de um pouco de dinheiro (o Bolsa-Família custa o equivalente a mais ou menos sete Senados Federais, barato, portanto).

O banqueiro do Nordeste ficou pasmo com o desconhecimento de seus colegas. Suas palavras: "Minha família tem banco há três gerações e nosso negócio sempre foi muito limitado. A partir da existência de dinheiro no Nordeste, os negócios do banco cresceram e até precisamos criar uma empresa para transportar dinheiro, antes praticamente inexistente" na região.

Esperemos que esses resultados reduzam a dissonância cognitiva das elites que vestem togas esquerdistas e as ajudem a buscar uma consonância, ajustando suas percepções ao que os brasileiros querem, por razões simples: sem inflação o País cresce mais sustentavelmente e com dinheiro no bolso as pessoas progridem mais, fazem mais negócios e todas melhoram de vida.

É irrelevante a retórica que o governo utilizará se o resultado for bom. Como dizia Deng Xiaoping, não importa a cor do gato, desde que ele mate o rato.

Falta aceitar que mais dinheiro circulando produz mais progresso para todos e para cada um, e as pessoas serão mais felizes.

O próximo passo é liberar dinheiro que o governo expropria dos cidadãos por meio de impostos altíssimos e o deixe nas mãos de quem produz e ganha, para gastar como quiser.

O somatório das felicidades pessoais é fator fundamental da felicidade coletiva.

EU TAMBÉM

MERVAL PEREIRA - Livre iniciativa


Livre iniciativa 
MERVAL PEREIRA

O GLOBO - 12/04/11

Vejam o que uma boa crise financeira internacional pode fazer. Na terra do comunismo, o livre mercado tem mais apoio do que no berço do capitalismo. A visita da presidente Dilma Rousseff à China se realiza em um momento em que o apoio ao capitalismo nos dois países atinge um patamar mais elevado do que nos Estados Unidos, por incrível que possa parecer.
A GlobeScan, consultoria internacional de pesquisas de opinião, perguntou a 12 mil pessoas de 25 países, no ano passado, se concordavam que o livre mercado é o melhor sistema econômico para o futuro.
Nada menos que 67% dos brasileiros e dos chineses responderam que concordam muito ou em parte, sendo que no Brasil 43% "concordam fortemente".
Nos Estados Unidos, 59% têm opinião favorável ao capitalismo, mas esse índice já foi de 80% em 2002.
A pesquisa revela que um número maior de economias emergentes hoje supera ou empata com os Estados Unidos no apoio ao livre mercado.
Quando a GlobeScan começou a fazer essas pesquisas, em 2002, quatro em cada cinco americanos eram favoráveis ao livre mercado, o que significava o maior índice de apoio entre todos os países pesquisados, o que era coerente com o que os Estados Unidos representam para o capitalismo.
Segundo a consultoria, o apoio começou a cair a partir daí, até chegar a uma queda brusca de 15 pontos em um ano em 2009.
A ponto de o presidente da GlobeScan, Doug Miller, comentar que os Estados Unidos seriam o último lugar em que poderíamos esperar uma queda tão acentuada na confiança na livre-iniciativa. "Isso não é uma boa notícia para os negócios", lamentou-se.
Entre os 20 países pesquisados, a média de apoio ao livre mercado ficou em 54% em 2009 e 2010.
O que demonstra claramente que a questão está ligada à performance econômica e não a ideologia é que os americanos que ganham menos de US$20 mil são os que mais perderam a fé no livre mercado nos últimos tempos, com sua taxa de apoio caindo de 76% para 44% entre 2009 e 2010.
O pragmatismo que está marcando essa visita da presidente brasileira, com diversos negócios sendo anunciados, de aviões da Embraer a carne suína, é uma pista para a explicação do resultado dessa pesquisa, que nada tem a ver com ideologia, mas com crescimento econômico.
Mas pode também sinalizar que os chineses, à medida que avançam economicamente, já não se contentam com as restrições que o "capitalismo de Estado" impõe aos cidadãos, que os dirigentes comunistas tentam manter sob controle.
Mais de 500 milhões de chineses saíram da linha de pobreza nos últimos 20 anos, mas outros tantos milhões continuam na miséria.
Não foi à toa que os dirigentes chineses, diante da onda de revolta nos países árabes, reforçaram a segurança pública e controlaram mais ainda a internet, para evitar a contaminação que vem através dos modernos meios tecnológicos de interação social.
Mas até quando será possível conciliar o controle totalitário do Estados chinês com a ânsia de mais liberdade que o crescimento econômico provoca, e o contato cada vez maior com o exterior, através do simples turismo ou dos convênios universitários, e também da tecnologia que leva para dentro de casa hábitos e costumes ocidentais?
Também para o governo brasileiro, o resultado da pesquisa tem recados fortes. A oposição entre privatização e estatismo, por exemplo, não parece ser muito favorável aos estatistas, embora a oposição tema esse confronto e somente agora pareça disposta a assumir suas convicções privatistas, mais sintonizadas com o sentimento popular, como mostra a pesquisa da Globescan.
O governo Dilma, por sinal, parece ter essa informação, pois está disposto a autorizar o financiamento e a administração de aeroportos pela iniciativa privada, sem o que parece impossível resolver os gargalos até a realização da Copa de 2014.
Também o controle da inflação parece vital para a manutenção desse sentimento de satisfação pessoal que garante a popularidade da presidente Dilma.
Se o descontrole do Estado nos gastos públicos e sua intromissão nos negócios privados, tentando direcioná-los de acordo com seus projetos estatais, começarem a dar sinais de que estão prejudicando o crescimento econômico, esse sentimento de satisfação pode ser afetado, gerando consequências políticas negativas.
O sentimento favorável à livre-iniciativa parece ser uma aspiração nacional ligada à vontade de progredir.
A intervenção estatal, apesar de ter ajudado a superar a crise financeira de 2008, provoca efeitos colaterais que a médio prazo prejudicam a economia e emperram o crescimento econômico. 

RUBENS BARBOSA - Mercosul 20 anos depois



Mercosul 20 anos depois
RUBENS BARBOSA

O Estado de S.Paulo 12/04/11

Quando da criação do Mercosul pelo Tratado de Assunção, de 26 de março de 1991, as circunstâncias políticas e comerciais eram muito diferentes das existentes hoje. A prevalência das visões nacionais, as diferenças surgidas na América do Sul e a emergência da China como primeiro parceiro comercial de muitos países da região, inclusive o Brasil, tornaram a negociação no âmbito do Mercosul mais difícil.

Em seu início, o Mercosul estava voltado para a integração econômica e comercial. As negociações para a abertura dos mercados dos países-membros foram importantes para as empresas brasileiras, servindo como um exercício útil para o acompanhamento e a negociação de acordos regionais e multilaterais. A motivação para promover a liberalização comercial e a coordenação macroeconômica com vista a chegar a um mercado comum foi sendo aos poucos perdida.

Os descumprimentos do Tratado de Assunção começaram em 1995, quando a Tarifa Externa Comum (TEC) entrou em vigência e o grupo passou para a fase de união aduaneira. Todos os países estavam imersos em graves crises econômicas.

Ao longo dos anos, em especial nos últimos quatro ou cinco, com as crescentes dificuldades institucionais para fazer avançar o projeto de integração, como inicialmente concebido, os países, liderados pelo Brasil, passaram a dar ênfase aos aspectos políticos e sociais das relações. Embora essas novas ênfases representem uma distorção do Tratado de Assunção, muitos veem tais medidas como igualmente importantes para a integração regional. Esse processo, no entanto, vive hoje um momento de crise institucional, que, caso fosse superada, poderia fazer crescer ainda mais o relacionamento comercial entre os países-membros.

Os atuais órgãos do Mercosul funcionam de maneira precária, o que não permitiu maiores avanços nas negociações. O Tratado de Assunção continuou sendo seguidamente desrespeitado por todos os países-membros, com crescentes exceções quanto à TEC, aplicada apenas a cerca de 35% dos produtos, e restrições às exportações, como licenças prévias e restrições voluntárias, contrárias à letra e ao espírito do tratado. A frequente mudança de regras gera insegurança jurídica e incerteza para os investidores e para as empresas industriais e exportadoras. Esses fatos não impedem que empresas individuais aproveitem as oportunidades de comércio e de investimento existentes nos países do Mercosul, como ocorre com as brasileiras.

A necessidade de avanços institucionais, para corrigir os rumos do Mercosul, deverá exigir esforços adicionais para fortalecer a TEC, o mecanismo de solução de controvérsias, o sistema normativo, o Parlamento e a transformação do sistema de votação de consensual para ponderado.

Os números do intercâmbio comercial intrabloco são bastante positivos e alcançaram níveis recordes (US$ 45 bilhões) em 2010. Não são as virtudes do Tratado de Assunção, contudo, que despertam o ativismo do setor privado nos países-membros. A realidade é que o Mercosul comercial perdeu importância relativa. No caso do Brasil, as trocas dentro do bloco representavam, em 1998, cerca de 17% do comércio exterior brasileiro. Em 2010, caíram para cerca de 9% do total.

Mesmo reconhecendo o reduzido impacto para a estrutura produtiva nacional e a quase marginalidade para as necessidades brasileiras de modernização produtiva, o processo de integração sub-regional é um ganho político e econômico para os países-membros, pela relevância no plano estratégico-diplomático.

Para ser objetivo, e não parecer apenas negativo, não se devem esquecer os avanços que ocorreram recentemente no processo de negociação. Depois de seis longos anos de discussão e impasses, foram aprovados o Código Aduaneiro, com algumas concessões contra o livre-comércio, para entrar em vigor até 2019, a gradual eliminação da dupla cobrança da TEC, em etapas sucessivas que terminarão em 2017, e a distribuição da renda aduaneira. Foram feitos avanços também no Fundo para a Convergência Estrutural (Focem), que hoje sobe a US$ 470 milhões. Com recursos do Focem, em larga medida integralizados pelo Brasil, estão sendo financiados nove projetos, no valor de US$ 800 milhões, para a construção de estrada no Paraguai e a instalação de linhas de transmissão elétrica na Argentina, no Paraguai e no Uruguai.

No tocante à agenda externa, a prioridade atribuída, nos últimos oito anos, às negociações multilaterais da Rodada Doha explica, em parte, a parcial paralisia dos entendimentos mantidos pelo Mercosul. O reduzido número de acordos comerciais assinados (Israel e Egito) e em negociação é resultado tanto dos interesses conflitantes como da dificuldade de entendimento entre os quatro países-membros. Impõe-se a flexibilização das regras para permitir que cada país possa negociar individualmente. O fracasso da rodada e as dificuldades para avançar nos entendimentos com a União Europeia, sobretudo agora, com as hesitações da Argentina, deixaram o Mercosul em situação de isolamento. O ingresso da Venezuela poderá tornar esse quadro ainda mais complicado.

A fidelidade do Brasil ao Mercosul durante o governo anterior, apesar da perda de espaço para outras instituições recém-criadas, como a Unasul, pela superposição de competências, foi uma garantia da não desintegração do subgrupo regional.

É em meio a uma crise institucional que o Tratado de Assunção completa 20 anos e o Mercosul se torna cada vez menos relevante no contexto do comércio exterior brasileiro.

É o momento de termos uma ideia clara do que se quer para o Mercosul. E o Brasil deveria liderar, com vigor, os esforços para retomar o projeto inicial de liberalização comercial.

EX-COORDENADOR DA SEÇÃO NA-CIONAL DO MERCOSUL (1991-1993), É PRESIDENTE DO CONSELHO DE COMÉRCIO EXTERIOR DA FIESP

FERNANDO DE BARROS E SILVA - Justiça em Sucupira


Justiça em Sucupira
FERNANDO DE BARROS E SILVA

FOLHA DE SÃO PAULO - 12/04/11

SÃO PAULO - "Enquanto os tribunais superiores ordenam o fim das algemas e a ilegalidade de provas legais obtidas a partir de denúncias anônimas, vejo a polícia do Rio apresentar algemados os dois vendedores de uma das armas do atirador de Realengo. E a prisão ocorreu após uma denúncia anônima."
A carta acima foi publicada ontem no "Painel do Leitor". Liliam Rosalves Ferreira, a autora, faz menção velada à decisão do STJ (Superior Tribunal de Justiça) que anulou a validade das provas reunidas pela PF na Operação Castelo de Areia. Trata-se da maior investigação já realizada no país envolvendo fraudes em obras públicas. Atinge a cúpula da Camargo Corrêa e algumas dezenas de políticos.
Quando a PF começou a prender figurões com mais frequência, alguns anos atrás, houve uma grita de advogados de uma certa elite contra os abusos espetaculosos das operações. Na onda contra o "Estado policialesco", o STF disciplinou o uso de algemas, restringindo-o a "casos excepcionais". Na prática, acontece o seguinte: quando o suspeito é pobre, algema nele! Ninguém reclama. Estamos no Brasil.
O que está em jogo aqui não é a defesa desses dois pobres-diabos acusados de vender o calibre 32 ao assassino. Eles certamente pagarão pela enormidade do que aconteceu. O que está em jogo é o que o desembargador Fausto De Sanctis, em entrevista recente à Folha, chamou de "Justiça dual, que trata diferentemente pobres e ricos".
Não há, de fato, nada em comum entre a Castelo de Areia e o massacre de Realengo. Inclusive porque a primeira não emociona ninguém. A leitora que escreveu ao jornal teria, então, apenas juntado "alhos e bugalhos"? Ou explicitou a desfaçatez de uma Justiça que atua com "dois pesos e duas medidas"?
Como diz De Sanctis: "O grande desafio do nosso Judiciário é reafirmar o princípio da igualdade, e não fazer reafirmações que passam de forma concreta a ideia de que o crime compensa para alguns".

ELIANE CANTANHÊDE - Voos da alegria


Voos da alegria
ELIANE CANTANHÊDE

FOLHA DE SÃO PAULO - 12/04/11

BRASÍLIA - Além de "trens da alegria", o Brasil também é chegado em "voos da alegria", sempre em momentos muito especiais.
O mais famoso, inspiração para piadas, charges, versos e músicas, é o do deputado Paes de Andrade, que presidia a Câmara em 1989 e na sua primeira interinidade no lugar do presidente da República, José Sarney, meteu a parentada, compadres e amigos no Boeing presidencial para comemorar o feito em casa, na pequena cidade de Mombaça, no Ceará. Instalou-se assim a "República de Mombaça".
Mais recentemente, outro voo que também fez a festa da imprensa e da opinião pública foi o do governador do Ceará, Cid Gomes, que usou dinheiro público para alugar um jatinho e pagar hotel de luxo em Paris, alegando "reuniões de trabalho" em pleno Carnaval.
Para elas, levou a mulher, a sogra e, de quebra, assessores amigos e suas mulheres. Virou o "voo da sogra", com direito à solidariedade pública do popular Lula -que, aliás, também se comoveu com as artes de Renan, Collor, Arruda, mensaleiros, cuequeiros e aloprados, e igualmente os defendeu.
Agora, o deputado e ex-sindicalista Marco Maia, do PT gaúcho, recém-eleito presidente da Câmara, arrumou uma forma infalível de sair do anonimato para a fama: um voo vapt-vupt para a Espanha.
Ele sacou um tema bacana -energia eólica- e um providencial encontro com o presidente do Parlamento espanhol, José Bono, em pleno domingo. Puxa, que sorte! É justamente no dia seguinte ao clássico Barcelona-Real Madrid. Deve ter sido pura coincidência...
Para ambos -jogo e encontro dominical- Maia está levando o filho de 13 anos, o primeiro secretário da Câmara, Eduardo Gomes (PSDB-TO), e... Sua Excelência Romário, o craque eleito pelo povo carioca para jogar futevôlei na praia.
A Câmara vai bancar todas as despesas, menos as do filho. Como Câmara, leia-se: você, seu trouxa.

CLAUDIO HUMBERTO

AGU derruba acordo milionário de Hélio Costa

A Advocacia Geral da União conseguiu bloquear, na Justiça, o pagamento de R$ 158,4 milhões à empresa VT Um Produções e Empreendimentos Ltda., em decorrência de acordo extrajudicial que a AGU considerou lesivo ao patrimônio da estatal Telebrás. O acordo foi firmado com autorização do ex-ministro das Comunicações Hélio Costa, durante o governo Lula, para pagamento de R$ 254 milhões, sendo R$ 60 milhões à vista e 40 parcelas mensais de R$ 900 mil.

Prejuízo gigante

Segundo a AGU, o acordo saiu R$ 20 milhões mais caro que o valor devido. E o prejuízo à Telebrás pode chegar a R$ 210 milhões.

Acordo amigo

O acordo autorizado por Hélio Costa com a VT Um, empresa de seu amigo Uadji Moreira, foi firmado sem conhecimento da AGU.

Precipitação

A Telebrás firmou o acordo de pagamento de R$ 254 milhões à VT Um Produções antes de esgotar todos os recursos judiciais possíveis.

Ressarcimento

A ação da AGU na Justiça pede a condenação dos responsáveis, incluindo o ex-ministro, para garantir ressarcimento dos cofres públicos.

Nova frota

O Senado agora desconversa sobre a renovação da frota dos carros oficiais dos senadores. Os atuais Fiat Marea seriam substituídos por Toytoa Corola, em contratos de locação, segundo contou a jornalistas o primeiro-secretário, senador Cícero Lucena (PMDB-PB). Agora, até ele tenta negar o que afirmou: "Estamos analisando alternativas". Ele não sabia, mas a Lei das Licitações proíbe a fixação de marca.

Disfarça

Oficialmente, o Senado informa por sua assessoria que "ainda não foram finalizados" os estudos para a renovação da frota de veículos.

Desordem

Ainda não foi aprovada a lista dos medalhados na solenidade da Ordem do Rio Branco, com a presença de Dilma, na quarta.

Cuidado

Olho vivo: senhas retiradas às 14h10 em algumas agências do Itaú e Santander, no Rio, vêm com horário de 15 horas para confundir o otário.

Vassalagem

Mesmo na oposição, político brasileiro presta vassalagem ao governo. O tucano José Serra certa vez revelou que Lula foi o primeiro a saber, numa conversa pessoal, que ele seria candidato a presidente. Agora, Aécio Neves (PSDB-MG) anuncia que fará uma "oposição generosa".

Gambiarra

Com a decisão dos novos caças adiada, a FAB quebra o galho com o upgrade de 11 F-5: por US$ 85 milhões a AEL, do grupo israelense Elbit Systems, vai instalar radares, supercomputadores e simuladores.

Vade retro

O aspone Marco Aurélio Garcia está à margem, no Palácio do Planalto. Vitória do chanceler Antônio Patriota: chefiando no Itamaraty um dos mais qualificados corpos de diplomatas do mundo, para quê Top-Top?

Puxadinho

A Infraero continua fazendo puxadinhos, em lugar de obras definitivas. A vigarice no aeroporto de Imperatriz (MA) custará R$ 1,5 milhão em "infraestrutura" e R$ 3,9 milhões pelo barracão. Total: R$ 5,4 milhões.

Vale dos faraós

O presidente deposto do Egito, Hosni Mubarak, negou ser corrupto e quer cooperar com as investigações. Certa múmia brasileira disse anos atrás, em Paris, que o mensalão era "prática normal na vida brasileira".

O cuco espião

Rebuliço na Suíça, com vazamento no WikiLeaks de que, em 2006, o governo local vigiou 30 embaixadores com um cuco. O "presente" revelou que o embaixador do Brasil (Eduardo dos Santos, um dos mais brilhantes do Itamaraty) roncava ou "tinha burro asmático no quarto".

No buraco

A Petrobras se encrencou na Nova Zelândia com o Grenpeace e os indígenas Maori, que impedem desde domingo explosões sísmicas para encontrar petróleo ou gás, por "agredirem o meio ambiente" na costa. O governo chamou a polícia e garantiu que cumprirá o contrato.

Memória

O ex-ministro da Fazenda Mailson da Nóbrega autografa hoje, em Brasília, seu livro "Alem do feijão com arroz" (Ed. Civilização Brasileira), de memórias. Livraria Cultura do shopping Iguatemi, às 19 horas.

Bolsa-bandido

Com o aumento do salário mínimo para R$ 545, o auxílio reclusão agora é de R$ 810. Vira pensão por morte para a família do presidiário.

FRASE DO DIA

"Esse tipo de procedimento é uma distorção do sistema"
Senador Pedro Taques (PDT-MT), que propõe proibir parlamentares no Executivo

PODER SEM PUDOR

Presidência como meta
Em 1950, um grupo conversava na casa da escritora Maria de Lourdes Lebert, em São Paulo, quando entrou uma linda jovem, olhos de gata, sem cumprimentar ninguém. Foi interceptada por um galanteador:
- Você chega e não fala com ninguém. É só porque é bonita?
- Não o conheço - respondeu ela - Quem é você?
- Sou o futuro presidente da República...
- ...e eu sou Joana D'Arc - devolveu a moça - Já ouviu falar nela?
A jovem era a modelo Nair, que depois se casaria com o tapeceiro Genaro de Carvalho. O rapaz era o deputado estadual gaúcho João Goulart.

MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO


Apreensão de software falsificado alcança 760 mil no primeiro trimestre
MARIA CRISTINA FRIAS
FOLHA DE SÃO PAULO - 12/04/11

Quase 760 mil CDs de softwares piratas foram apreendidos no Brasil no primeiro trimestre deste ano.
Grande preocupação dos fabricantes, o número representa elevação de mais de 80% na comparação com o mesmo período do ano passado, segundo a Abes (Associação Brasileira das Empresas de Software), que fornece apoio logístico à atuação das polícias.
"Não é possível identificar com exatidão o motivo do aumento, se foi por maior produção ou maior entrada destes produtos ou se por esforço da fiscalização", afirma Anselmo Gentile, diretor-executivo da Abes.
Nos três primeiros meses deste ano, foram efetuadas 181 operações nos principais centros de comércio popular do país, como Santa Ifigênia, em São Paulo, e Uruguaiana, no Rio de Janeiro.
As regiões que registraram os maiores volumes de apreensões foram Rio, Paraná e Minas Gerais, com cerca de 462 mil, 139 mil e 119 mil, respectivamente, de acordo com dados da entidade.
Durante o período também foram retirados do ar 86 sites e cerca de 4.700 anúncios destinados à venda de softwares piratas, números 9% e 17% maiores que os alcançados no primeiro trimestre do ano passado.
No futuro, a evolução dos aparelhos aponta para uma queda do volume de apreensões físicas, segundo Gentile.
"Os próximos aparelhos não terão leitor de CD. O setor trabalha com o governo para acompanhar o bloqueio aos modelos de falsificação virtual", afirma.

PORÇÃO MULHER EM EXPANSÃO
A Dudalina inaugura amanhã as primeiras duas lojas da marca Dudalina Feminina, em São Paulo.
A empresa catarinense, que se lançou no universo feminino em 2010, depois de mais de cinco décadas de produção de camisas masculinas, abre uma loja no aeroporto de Congonhas, onde já tem um ponto de venda da grife para homens, e outra no Morumbi Shopping, também na capital.
Para setembro deste ano, Sônia Hess de Souza, presidente da empresa, já acertou a estreia de um ponto de venda das camisas femininas na grife italiana A&B, em Milão, na Itália.
"Até o final deste ano, deveremos ter mais cinco lojas da grife para mulheres [no Brasil]", diz Sônia, um dos 16 filhos de Adelina, fundadora da Dudalina.
Os planos de exportar para uma marca feminina dos Estados Unidos foram adiados para o segundo semestre. Hess afirma não estar ainda preparada para entregar e repor com agilidade as 30 mil camisas pedidas.
As camisas, que são de algodão egípcio "mesmo", salienta a empresária, custam em média R$ 250.

Aula 
A Escola de Direito de São Paulo da FGV colocará uma disciplina sobre "compliance" na sua grade a partir de 2012. A intenção é ensinar os alunos a proteger investidores de crimes financeiros.

Parceria 
Brasil Brokers, da área imobiliária, contratou a Netcenter para gerenciar TI.

Futuro 
Os gargalos de infraestrutura da aviação brasileira serão discutidos a partir de quinta-feira, no Rio de Janeiro. O evento contará com representantes da Infraero, da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), da Embraer, do Decea (Departamento de Controle do Espaço Aéreo) e de companhias aéreas.

Protecionismo argentino é o mais prejudicial ao BrasilA Argentina é o país que adota mais medidas restritivas a produtos brasileiros, mesmo sendo parte do Mercosul, segundo dados do GTA (Global Trade Alert).
Há em vigor 30 decisões do governo argentino contra o livre comércio com o Brasil, como aumento de tarifas e cotas máximas para importação, segundo a entidade.
Entre os produtos afetados mais recentemente estão aço, frutas, motocicletas, peixes e pneus.
O Brasil, que adotou oito medidas contra o vizinho, segundo o GTA, deveria ter outra postura, diz o embaixador Rubens Barbosa, presidente do Conselho Superior de Comércio Exterior da Fiesp.
"O governo tem razões para reclamar da Argentina na Organização Mundial do Comércio ou no mecanismo de controvérsia do Mercosul. Há um desvio de comércio, pois eles querem proteger a sua indústria, mas acabam trocando produtos brasileiros por asiáticos ", diz Barbosa.
As medidas restritivas também são resultado da crise econômica mundial deflagrada em 2008, segundo o consultor em relações internacionais Kjeld Jakobsen.

CASA LITUANA
A Câmara de Comércio Brasil-Lituânia será inaugurada hoje em São Paulo.
A expectativa dos dirigentes da câmara é aumentar em 20% o comércio entre os dois países neste ano.
Em 2010, o Brasil e a Lituânia comercializaram US$ 140 milhões.
O presidente da câmara, Danilo Talanskas, acredita que os negócios podem alcançar US$ 2 bilhões por ano.
"Antes não havia fomento para o comércio entre os países. Agora, há um centro para auxiliar os negócios, e podemos atingir esse número [US$ 2 bilhões] em quatro ou cinco anos", afirma.
Entre os produtos exportados pelo Brasil estão a cana-de-açúcar, o óleo de soja, a carne e o couro.
A principal mercadoria importada pelos brasileiros é o cloreto de potássio, utilizado na produção de fertilizantes.
Francisco Blagevitch, cônsul lituano, acredita que o Brasil poderá ser também um mercado para a cerveja e para o peixe daquele país.
"A Vici, responsável por 25% da produção de derivados de peixes na Lituânia, pretende exportar para o Brasil e, quem sabe, abrir uma unidade aqui", diz.

Populoso 
O escritório Barbosa, Müssnich & Aragão recebe sete novos sócios: Bruno Lewicki, especialista em direito civil e autoral, Xavier Vouga, na área de contencioso e resolução de conflitos, Daniela Soares, Henrique Beloch, Rafael Calábria e Roberto Dias Carneiro, com atuação em direito societário, e José Otávio Faloppa, tributarista.

Vendas 
A rede de lanchonetes Bobs espera fechar negócios da ordem de R$ 25 milhões durante a sua convenção, que começa hoje e vai até a próxima sexta-feira, em São Paulo. O evento contará com a presença de franqueados e fornecedores.

com JOANA CUNHA, ALESSANDRA KIANEK, VITOR SION e LUCIANA DYNIEWICZ