sexta-feira, junho 08, 2012

UM PONTO A MAIS - MÔNICA BERGAMO


FOLHA DE SP - 08/06

O governador Geraldo Alckmin (PSDB-SP) estuda adotar sistema de inclusão para o funcionalismo público -mas não necessariamente baseado em cotas. Encomendou à Secretaria da Justiça de SP trabalho que já foi concluído e enviado a seu gabinete. Ele sugere que seja adotado nos concursos públicos um bônus na nota de candidatos que se declarem negros, pardos e indígenas.

ESPELHO

O sistema sugerido ao governador pela secretária Eloisa de Sousa Arruda é o mesmo que foi adotado pela Unicamp (Universidade de Campinas). A escola dá até 7% de bônus nas notas para negros, pardos e indígenas. Mas não reserva vagas exclusivas para esses alunos.

ASSINO EMBAIXO

A senadora Marta Suplicy (PT-SP) disparou para milhares de pessoas e-mail com artigos em que é elogiada por não "obedecer" ao ex-presidente Lula, resistindo a se engajar na campanha de Fernando Haddad (PT) à Prefeitura de SP. Entre eles está texto de Eliane Cantanhêde, da Folha: "Marta sempre gostou de Lula e foi fiel a ele, não se pode dizer que a recíproca seja totalmente verdadeira", escreveu a colunista.

TÔ AQUI

A pesquisa da OAB divulgada recentemente pelo instituto Ipespe foi encomendada pelo advogado Henrique Alvarez, de Bauru. Ele não assumiu a contratação do levantamento. Mas, depois de liminar obtida na Justiça pela OAB do Rio de Janeiro, seu nome foi enfim divulgado.

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A pesquisa causou reação em candidatos à presidência de OABs seccionais que não foram incluídos nela. Em SP, protestaram Ricardo Sayeg e Rosana Chiavassa. No levantamento, 73% dos entrevistados em SP disseram que ainda não sabem em quem vão votar. Alberto Toron apareceu com 10%, seguido de Marcos da Costa, com 6%, e Raimundo Hermes, com 5%.

SEM FUMAÇA

O saxofonista Charles Lloyd, que se apresenta no BMW Jazz no domingo, no Via Funchal, pediu para a produção solicitar a quem trabalha na organização do festival para que ninguém fume perto dele.

O músico já passou por duas cirurgias de garganta e não pode ter nenhum contato com fumaça.

QUEM DÁ MAIS?

A renda familiar gira em torno de R$ 3.619 para o setor público contra R$ 2.051 da população brasileira em geral. Já a média salarial é de R$ 1.657 e 1.064, respectivamente. Juntos, Aeronáutica, Exército, Marinha, Polícia Militar, bombeiros, policiais civis e professores têm 3,3 milhões de integrantes, ou 32% do total de funcionários públicos do país. O levantamento foi feito pela consultoria Tendências.

E SHAKIRA NÃO APARECEU
O assunto da noite no casamento de Tammy Kattan e David Safra, filho de Joseph e Vicky Safra, anteontem, em SP, era o megashow que Shakira daria na festa. "Eu não estava 'overexcited' [muito empolgado], porque já vi apresentações dela fora do Brasil. Não é lá essas coisas. Mas só se falava nisso, 'o show da Shakira', o 'show da Shakira'", diz um empresário que estava na celebração.

Convidados já exaustos ocupavam a pista de dança, às 2h, para esperar a aparição da estrela. O cenário montado por arquitetos franceses em um terreno em Cidade Jardim para abrigar os 1.700 amigos da família Safra estava apinhado de gente.

Mas, decepção: até aquela hora, Shakira não deu as caras. O grupo holandês Hermes House Band embalou o baile. "Tocavam música de casamento, essas coisas", diz o mesmo empresário convidado. "Mas não dá para reclamar. O casamento foi maravilhoso, a decoração inacreditável, uma exuberância e uma fartura à la Safra."

Em compensação, foi um desfile de estrelas brasileiras: Roberto Justus e Faustão, Fernando Haddad e Marta Suplicy, Fernando Henrique Cardoso e José Sarney, o banqueiro Andre Esteves e o empresário Michael Klein, Luiza Brunet, os médicos Roberto Kalil Filho e Claudio Lottenberg confraternizavam-se em torno do casal.

Os longos e as joias das mulheres foram uma atração à parte. O ponto curioso da noite ficou por conta do prefeito Gilberto Kassab e do ex-governador José Serra: a festa era 'black tie'. Mas os dois foram de terno.

CURTO-CIRCUITO

O músico Edgard Scandurra e a cantora Lia Paris se apresentam no Baretto, na terça, 12. 18 anos.

A peça "The Pillowman - O Homem Travesseiro" estreia hoje no teatro Viga Espaço Cênico, às 21h. Classificação: 14 anos.

Cauby Peixoto faz show do álbum "A Voz do Violão", hoje, às 21h, no Auditório Ibirapuera. Livre.

O fotógrafo Roberto Villa participa hoje de conferência na "Mostra Pasolini", no MIS, a partir das 18h30.

O espetáculo "As Suplicantes" estreia hoje, às 21h, no Club Noir, na rua Augusta. 16 anos.

com ANNA VIRGINIA BALLOUSSIER, LÍGIA MESQUITA e OLÍVIA FLORÊNCIA

Baixo crescimento - MERVAL PEREIRA


O GLOBO - 08/06
O corte da taxa básica de juros anunciado de surpresa pelo Banco Central da China, para estimular o crescimento econômico através do consumo interno, é movimento similar ao que vem sendo feito no Brasil a partir do governo Dilma para enfrentar a crise econômica internacional.
Anteriormente, a partir do início da crise, em 2008, a China havia investido pesadamente em obras públicas, coisa que o Brasil ainda está para fazer.

A China começou este ano uma política de "pouso suave" num mundo em crise, preparando-se para um crescimento médio de 7% do PIB nacional, bem abaixo dos dois dígitos das últimas décadas, mas com metas que incluem promoção do consumo, redução das diferenças sociais pela melhoria do salário mínimo e eficiência energética.

Mais urbana que rural, a China, com seu 12 Plano Quinquenal, em vigor desde março do ano passado, tem o objetivo de fazer migrar seu padrão de desenvolvimento para indústrias avançadas e desenvolvimento tecnológico, em busca do que classifica de "harmonização da sociedade".

O economista Carlos Geraldo Langoni, ex-presidente do Banco Central do Brasil e atual diretor do Centro de Economia Mundial da FGV, analisa em recente trabalho que o Brasil, em contraste com a China, não tem capacidade de utilizar o investimento público como eficiente instrumento anticíclico.

Além das limitações orçamentárias, existem inúmeras restrições burocráticas "envolvendo regras rígidas de licitações e licenciamentos ambientais que retardam sobremaneira a execução de projetos essenciais para a modernização da infraestrutura".

Os investimentos públicos caíram cerca de 2,7% em termos reais neste 1º quadrimestre. Langoni destaca que, em alguns setores-chave, como energia e telecomunicações, novas exigências de conteúdo nacional elevam o custo e podem limitar a participação do setor privado.

Para o economista da Fundação Getulio Vargas, a alternativa seria flexibilizar essas regras, reduzir impostos e anunciar uma onda de concessões a fim de assegurar a retomada de um padrão de desenvolvimento liderado pelo investimento.

Embora a presidente Dilma, repetindo o que fizera seu inspirador político, o ex-presidente Lula, tenha afirmado em discurso recente que "quem aposta na crise, como há quatro anos, vai perder de novo", Langoni diz que os resultados são decepcionantes, mas não se constituem em grande surpresa nem em fato isolado.

A desaceleração dos países que ele classifica de superemergentes - China, Índia e Brasil - vem sendo observada a partir de março de 2010, sendo que a única exceção é a Rússia, devido ao comportamento, até há pouco tempo favorável, do preço do petróleo.

O baixo crescimento da economia brasileira, o menor entre os Brics e inferior à média mundial, alimenta o debate sobre a sustentabilidade do desenvolvimento.

O curioso, lembra Langoni, é que, na saída da recessão de 2008/2009, a preocupação era com a ameaça de superaquecimento e as pressões inflacionárias.

Políticas restritivas foram, então, implementadas, e, em alguns casos, como na China e no Brasil, houve êxito na reversão desses desequilíbrios.

O efeito colateral, entretanto, foi o esfriamento da demanda doméstica, e o aprofundamento da crise europeia em 2011 amplificou a desaceleração da atividade econômica, fazendo com que o foco da política macro mudasse novamente para ação preventiva, na tentativa de minimizar o impacto deflacionário da economia mundial.

Para Carlos Langoni, esse stop and go das políticas macro dificultou o gerenciamento de expectativas.

"A redução dos juros pelo BC brasileiro a partir do 2º semestre de 2011 foi encarada com desconfiança, e hoje parece ter sido medida adequadamente", registra Langoni, mas se revelou insuficiente, porém, para impedir a "débâcle no crescimento", ainda que reforçada com estímulos fiscais seletivos.

A resposta da economia ao que Langoni chama de "ação anticíclica gradualista" tem sido lenta, em parte pela natureza das medidas, mas também pela onda pessimista vinda do exterior. Para ele, a demonstração da vulnerabilidade do sistema financeiro europeu levou os bancos privados brasileiros a adotar postura conservadora na concessão de empréstimos, especialmente para a pessoa física.

Langoni lembra a recente falência do Banco Cruzeiro do Sul, especializado em empréstimos consignados, teoricamente de risco mais baixo, como um "sinal objetivo" de que essa maior cautela fazia sentido.

No entanto, independentemente desses riscos, o governo acionou os bancos estatais, cuja oferta de crédito avançou 25% em abril: o dobro da média observada nas instituições privadas.

Carlos Langoni ressalta que essa postura ousada conta, implicitamente, com a proteção de mecanismos de recapitalização pelo Tesouro, que têm, entretanto, desdobramentos fiscais negativos.

Ao mesmo tempo, o consumo das famílias, "ainda que sustentado por ganhos reais de salário e beneficiado pela queda de juros reais", não tem força suficiente para elevar o crescimento potencial. Além disso, a alavancagem exagerada do crédito pode ser interrompida pelo recrudescimento das pressões inflacionárias.

No plano externo, a contribuição da balança comercial continuará a ser negativa. "O novo patamar da taxa de câmbio não foi suficiente para compensar a fraqueza da demanda externa e a queda no preço das commodities", analisa Langoni.

Com a aversão global ao risco, os fluxos de capitais vão se tornar cada vez mais seletivos e devem reagir negativamente à maior dosagem de intervencionismo estatal que vem sendo observada.

"A mudança do modelo não é tarefa simples, exigindo vontade e mobilização política para atacar questões estruturais que passam necessariamente pelo fragmentado Congresso Nacional", adverte Langoni, que prevê que o esgotamento da dinâmica do mercado interno precisará ser testado objetivamente no próximo ano: os cortes seletivos de impostos e a expansão forçada do crédito podem esbarrar nos limites impostos pela austeridade fiscal, pela inadimplência e pelas pressões inflacionárias.

"O sinal amarelo seria dado pela necessidade de o Banco Central voltar a elevar os juros a fim de evitar novo e elevado patamar dos preços."

Carlos Langoni lembra que a História brasileira ilustra que reformas só acontecem em momentos de crise aguda. "Ainda não chegamos a esse estágio", diz ele, sugerindo que o cenário de baixo crescimento poderá se estender por mais alguns anos.

Encontro marcado - DORA KRAMER


O Estado de S.Paulo - 08/06


Cumprido o prometido, o Supremo Tribunal Federal marcou para breve (1.º de agosto próximo) o início do julgamento do processo do mensalão.

O decano Celso de Mello, encarregado de levar a proposta do cronograma ao colegiado, pondera que o cumprimento do prazo depende de o ministro revisor entregar seu voto ainda neste mês.

A julgar por suas palavras - "Vou fazer o voto revisor mais rápido da história e entregar antes do fim do semestre" - Ricardo Lewandowski não será empecilho.

Cessam, portanto, as pressões e as desconfianças sobre um atraso proposital para deixar o exame do caso para depois das eleições, a fim de que não se "misturassem" assuntos de política eleitoral com questões judiciais.

Fechado um ciclo, abre-se outro decorrente da inevitável discussão sobre os efeitos das sentenças finais sobre o desempenho do PT nas urnas municipais e o destino do partido.

São 38 acusados de participar de um esquema em que foram tipificados vários crimes na denúncia do Ministério Público, mas que pode ser resumido no uso de dinheiro de origem suspeita (pública ou privada) para o pagamento de parlamentares a serem cooptados ou já integrantes da base do governo Lula.

Em 2005 o escândalo abalou as estruturas do PT, derrubou a então direção e só não levou o presidente a desistir de disputar a reeleição por obra de uma negociação com a oposição que achou arriscado criar uma crise.

Avaliou que Lula não se recuperaria politicamente e perdeu autoridade moral quando manteve Eduardo Azeredo na presidência do PSDB após a descoberta de que o operador do esquema, Marcos Valério de Souza, já atuara na eleição dele para o governo de Minas Gerais.

Não obstante o brutal desgaste, Lula conseguiu se reeleger. Assim, assim, em segundo turno, concorrendo com um Geraldo Alckmin quase desconhecido no plano nacional e de atributos pessoais, digamos, mornos.

Reeleito, construiu a mais espetacular recuperação já vista, passando a ocupar posto de ponta no panteão dos intocáveis. Mas o fez ao custo de muita mistificação sustentada em situação de céu de brigadeiro na economia.

Agora se aproxima a data do encontro marcado com a verdade. O Supremo estabelecerá culpas e inocências - não obstante possa também indicar apenas culpados ou só inocentes - e a partir das sentenças é que o País verá se Lula o enganou ou se tinha razão ao considerar-se e ao partido vítimas de uma "farsa".

Em caso de vitória da acusação, estarão ambos em maus lençóis, embora talvez não em enrascada sem saída, dada a capacidade de articulação do PT, a consolidação de uma hegemonia que o partido soube construir em todos os setores e principalmente em face da ausência de contraditório de identificação popular equivalente.



Se, contudo, prevalecer a tese da defesa ou se o Tribunal julgar insuficientes as provas materiais, circunstanciais e testemunhais existentes nos autos, o PT se fortalece e o País terá pela frente sabe-se lá mais quantos anos sem alternância no poder.

Rindo à toa. Há duas hipóteses para as exibições de entusiasmo dos tucanos paulistas à resistência da senadora Marta Suplicy em ceder aos apelos para mergulhar na campanha de Fernando Haddad: podem ser manifestações isoladas ou fruto de "bolação estratégica" com vistas a usá-la como quinta-coluna.

Em ambas materializa-se um surto de tolice aguda. Mas a segunda é bem pior para a qualificação, ou desqualificação, dos estrategistas do PSDB.

Corpo mole. Sindicatos reagem contra e Poderes retardam a divulgação dos salários dos servidores, com base na Lei de Acesso à Informação.

Não faz sentido. Se o funcionário é público e o dinheiro que recebe idem, a publicidade é decorrência óbvia. Além de determinação expressa no artigo 37 da Constituição sobre os princípios que regem a administração pública.

É agora, mas logo agora? - ELIANE CANTANHÊDE

FOLHA DE SP - 08/06


BRASÍLIA - Se Lula pretendia mesmo adiar o julgamento do mensalão, pode ter conseguido exatamente o oposto depois do vazamento de seu, digamos, curioso encontro com o ministro Gilmar Mendes.

Tomado em brios, o Supremo decidiu por unanimidade iniciar o julgamento em 1º de agosto e, assim, dar uma prensa no revisor Ricardo Lewandowski, que está sentado em cima do processo há meses. Queira ou não, vai ter de apresentar seu parecer até o fim deste mês.

Derrota de Lula e do PT, pois confirmou-se a pior previsão para o partido: a coincidência do julgamento do maior escândalo do governo Lula com a campanha eleitoral.

Será um longo processo, com 38 réus, voto do relator, voto do revisor e 11 juízes -se Dias Toffoli não se considerar impedido. E tem data para começar, não para terminar. Esse não é um detalhe e tem imensas implicações práticas e políticas.

Uma delas é que dois ministros, o atual e o ex-presidente, Carlos Ayres Britto e Cezar Peluso, têm tempo de validade. Um completa a idade-limite de permanência no tribunal, 70 anos, em novembro. O outro, já no início de setembro. Ninguém acha que seria conveniente julgar um caso dessa magnitude, num complexo ambiente político, com dois novatos na corte.

A outra é o possível impacto das acusações e dos votos do STF nos resultados das eleições. Imagine a situação: as mesmas TVs que vão mostrar Lula fazendo campanha e os candidatos do PT vendendo seu peixe no horário eleitoral vão, simultaneamente, transmitir as longas acusações no STF contra a cúpula histórica do partido, José Dirceu, José Genoino, Delúbio Soares...

Sem contar que eles correm o sério risco de serem traumaticamente condenados às vésperas da eleição.

Ou seja: o julgamento tem de ser agora, mas parece injusto com um dos mais importantes partidos do país que seja justamente agora.

Abertura da informação: ainda falta a Constituição - WASHINGTON NOVAES


O Estado de S.Paulo - 08/06


O caldeirão está fervendo com notícias sobre abertura ou publicação de informações em várias áreas, como decorrência, desejada ou não, da Lei de Acesso à Informação, já avalizada pela presidente da República, mas ainda dependendo de regulação pelo Ministério do Planejamento. É polêmica já antiga - embora não resolvida - no Brasil. E que, na verdade, prospera por falta de certas definições constitucionais.

A Câmara dos Deputados e o Senado já decidiram que passarão a divulgar os vencimentos de seus servidores. A presidente da República mandou, por decreto, divulgar os do Executivo. O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) e a Procuradoria-Geral da República manifestam disposição de acompanhar esse procedimento. A ministra Cármen Lúcia Rocha, do STF e do Tribunal Superior Eleitoral, divulgou no site oficial o valor de seus contracheques. O governo de São Paulo anunciou que só dará informações dessa área na internet.

Entidades de classe de servidores públicos e de magistrados protestaram contra a divulgação, sob a alegação de que esse caminho "expõe a intimidade do servidor", pode torná-lo vítima de extorsões e sequestros relâmpagos. E que "a corrupção não está nos contracheques". Retrucou a Controladoria-Geral da União (Estado, 18/5) que a informação sobre salário não é de caráter estritamente pessoal, já que ele é pago com recursos públicos - por isso o cidadão que paga impostos tem "legítimo direito" de saber a que se destinam os recursos decorrentes desse pagamento.

Já o presidente do Tribunal Regional Federal da 3.ª Região chega a defender a criação do "habeas mídia", segundo ele (Estado, 15/4), necessário para "impor limites ao poder de certa imprensa" e que "servirá ao povo brasileiro que se encontra à mercê de alguns bandoleiros de plantão, alojados sorrateiramente nos meandros de certos poderes midiáticos no Brasil e organizados por retórica hegemônica, de caráter indisfarçavelmente nazi-fascista". Para completar, o ex-ministro general Leônidas Pires Gonçalves ataca a Lei de Acesso à Informação, com o temor de que se chegue à revogação da Lei da Anistia e à punição de militares acusados de tortura (Estado, 18/5). Em Minas Gerais, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) pretende levar à Comissão da Verdade pedido de reabertura de investigações sobre as circunstâncias da morte do falecido presidente Juscelino Kubitschek (Estado, 20/5).

É tema cercado por controvérsias, como lembrou a este jornal (18/5) o assessor de Informação da Unesco para o Mercosul e Chile, Guilherme Canela, observando que "muitas democracias" já optaram pela publicação, "sem grandes repercussões negativas para os funcionários individualmente e com repercussões positivas para a sociedade". Mas a Argentina, por exemplo, chegou a aprovar no Legislativo, com quatro anos de prisão para o autor, medida contra a divulgação de qualquer tipo de informação "que não esteja destinada à publicação". O Parlamento britânico criou regras severas para conflitos entre meios de comunicação e pessoas por eles focalizadas - incluindo direito à privacidade em assuntos particulares, direito a resposta, obrigação de o jornalista se identificar como tal ao buscar informações, etc. Os Estados Unidos criaram (e têm reduzido) limitações à propriedade simultânea de mais de um meio de comunicação.

Na verdade, é tema antigo e apenas parte de uma questão maior, raramente tratada por aqui, que é o direito da sociedade à informação - que não se confunde com liberdade de pensamento nem com ausência de censura, é mais amplo. Porque a igualdade entre todos os cidadãos na possibilidade de acesso à informação é - ou deveria ser - um dos pressupostos básicos de uma sociedade verdadeiramente democrática. E se é assim, se informação é poder, como se costuma dizer, então é preciso dar consequência e perguntar: a quem pertence, na prática, a informação? Se se estiver de acordo que ela pertence à sociedade e a cada indivíduo, chega-se à necessidade de inscrever esse direito dos cidadãos, entre os direitos da cidadania, na Constituição. Para que, em seguida, esse direito venha a ser protegido por leis que o regulamentem, estabeleçam seus limites, possam compatibilizá-lo com a propriedade privada dos meios de comunicação, etc. Em última análise, trata-se de definir e de limitar os formatos sociais de controle da informação (que, é preciso insistir, não se confundem com censura).

Já não há até países e órgãos de comunicação que criaram a figura do ombudsman, encarregado de fazer a crítica dos próprios jornais, ouvir as queixas dos leitores? A Alemanha não chegou a criar nas televisões públicas, para dirigi-las e orientá-las, conselhos com representação de partidos políticos, da chamada sociedade civil (sindicatos patronais e de empregados, igrejas, etc.) e de outras instituições?

Por aqui, pouco se tem avançado nessa direção. Há órgãos de comunicação que não respeitam direitos dos cidadãos, invadem sua vida privada, provocam danos ao patrimônio ou à honra. Como há órgãos - este jornal é um exemplo - vítimas durante mais de ano de censura imposta pelo Judiciário por transmitirem informações que podem e devem ser do domínio público, por serem um direito da sociedade.

É preciso avançar e chegar à Constituição. Para que não haja dúvidas quanto ao direito da sociedade à informação em questões que a afetam por vários caminhos. As polêmicas atuais, mencionadas no início deste artigo, não teriam lugar se um dispositivo constitucional as regulamentasse. É evidente que a sociedade tem o direito de saber da remuneração dos agentes públicos - como o poder tem a obrigação de protegê-los para que essa informação não os transforme em vítimas de crimes.

A democracia só terá a ganhar - e não a perder - com a abertura da informação, em termos definidos constitucionalmente. E com a proteção dos cidadãos contra qualquer abuso nessa área, público ou privado.

Em tom de filme bíblico - RUY CASTRO


FOLHA DE SP - 08/06

RIO DE JANEIRO - Atenção para o que vem por aí. Chuvas tremendas nos grandes centros, daquelas de desbarrancar encostas e arrastar todo mundo que viva pendurado nelas, matando por atacado e criando graves problemas de desabrigados, de trânsito e de fornecimento de água e energia. Tudo isso e ventos tipo tufão também castigarão as baixadas, as pequenas cidades e a zona rural, provocando enchentes avassaladoras e destruição de estradas, também com milhares de mortos e desabrigados. Escoada a água, a lama levará meses até ser retirada.

Já o aquecimento do planeta, além da degradação do solo provocada pela agropecuária, fará com que outras regiões conheçam as piores secas da história, com a morte de rios e lagoas, desertificação de terras e o fim de rebanhos inteiros por sede. Isso resultará em gigantescos deficit de abastecimento das cidades. Os eventos climáticos extremos, como dias de temperatura insuportavelmente alta, acontecerão com frequência cada vez maior.

Essa visão meio apocalíptica, em tom de filme bíblico americano dos anos 50, tem grandes chances de se tornar realidade. Contra todas as advertências, o homem está fazendo o possível para arruinar de vez o burgo que teve a infelicidade de abrigá-lo. É só atentar para certos números revelados há pouco pela ONU.

Em 2050, a população mundial (que hoje é de 7 bilhões) chegará a 9 bilhões, dos quais 6,3 bilhões viverão em cidades (quase o dobro dos 3,5 bilhões atuais). Significa que áreas do tamanho de vários países europeus somados serão desmatadas, urbanizadas e tomadas por automóveis, tendo a bordo uma nova e monumental classe média faminta de consumo, produtora de lixo e cega para as consequências de sua fúria predatória.

As alternativas para que isso não aconteça serão ouvidas na Rio+20, brevemente em cartaz.

Discussão encerrada no Código - ANTÔNIO ALVARENGA


O GLOBO - 08/06

A presidente Dilma Rousseff não cedeu à irresponsável campanha do "Veta Dilma" e sancionou o texto do novo Código Florestal, com alguns vetos e a edição de uma medida provisória. Os vetos já eram previstos. A MP veio ocupar os vácuos deixados pelos trechos suprimidos na sanção e, ao mesmo tempo, aperfeiçoar alguns dispositivos.

A decisão governamental foi técnica, quando muitos dos partidários da campanha "Veta Dilma" sequer haviam lido quaisquer dos projetos a respeito do novo Código.

Alguns são conhecidos alarmistas, que fazem previsões catastróficas sem base científica. Outros são ingênuos, que divulgam inverdades, motivados por um romântico ideal conservacionista.

A posição do governo ficou no meio do caminho entre os interesses dos produtores e a pressão dos grupos denominados de "ambientalistas". Ou seja, ninguém ficará totalmente satisfeito.

De qualquer forma, em um ambiente democrático, todas as discussões são válidas e, mesmo que não proporcionem consenso, trazem um resultado final mais equilibrado.

Um dos pontos mais polêmicos do Código, que trata da recuperação das APPs às margens dos rios, determina uma preservação entre cinco e cem metros, conforme a largura do curso d"água e a dimensão da propriedade.

Neste caso, o governo optou por conceder um evidente privilégio aos pequenos produtores. O limite arbitrado, de cem metros, talvez seja tecnicamente adequado, embora pareça exagerado se comparado com as regras existentes em outros países.

O Cadastro Ambiental Rural é um dos aspectos positivos do novo Código Florestal. Associado à moderna tecnologia de monitoramento via satélite, ele possibilitará o acompanhamento de toda a situação fundiária e ambiental do país.

Outra inovação, muito bem-vinda, é a previsão de um programa de incentivo à conservação do meio ambiente, com a possibilidade de remunerar a prestação de serviços ambientais das atividades de conservação e melhoria dos ecossistemas do país.

Em resumo, o bom-senso prevaleceu. Manteve-se um saudável equilíbrio entre a preservação ambiental e a produção rural. O novo Código Florestal proporcionará a recuperação de áreas degradadas e sem prejuízos à produção.

Infelizmente, o veto do Artigo 1 e o restabelecimento da redação que havia sido aprovada no Senado poderão criar alguma insegurança jurídica, tendo em vista eventuais interpretações divergentes em futuras questões judiciais.

No dia seguinte à publicação da MP o governo já fez uma alteração em seu texto, reduzindo as possibilidades de recomposição das APPs no caso especifico das propriedades acima de quatro módulos fiscais. Mais um privilégio para os pequenos produtores.

O agronegócio brasileiro, como um todo, é um setor moderno, eficiente e competitivo. A esmagadora maioria dos 5 milhões de produtores rurais brasileiros tem consciência da necessidade de preservação ambiental. Ninguém preza mais os recursos naturais do que eles. A deterioração de suas terras significa perda da capacidade produtiva e, consequentemente, de seu patrimônio.

Os resultados de nossa balança comercial são inequívocos. Em 2011, o agronegócio exportou mais de 94 bilhões de dólares, gerando um superávit superior a 77 bilhões de dólares. É difícil imaginar o que seria de nossa economia se não fosse esse vigoroso desempenho.

Superadas as discussões sobre o Código Florestal, é preciso desmistificar essa imagem ainda distorcida dos agricultores brasileiros, grandes responsáveis pelo desempenho de nossa economia. Produção e preservação caminham de braços dados, gerando riqueza dentro dos mais atuais conceitos de sustentabilidade.


França e Alemanha: divergências - GILLES LAPOUGE


O Estado de S.Paulo - 08/06



A chanceler alemã Angela Merkel deu uma lição de "boa gestão financeira" para a França do presidente François Hollande.

O presidente francês, desde sua eleição, repete que a Europa não conseguirá evitar o desastre financeiro recorrendo apenas à austeridade. Ao rigor deve ser acrescentado um outro elemento, "o crescimento".

A palavra de Hollande encontrou muito eco na zona do euro. Todos os países que obtiveram ajuda da União Europeia ou do Fundo Monetário Internacional (FMI) foram obrigados a adotar planos econômicos drásticos e quase suicidas: Grécia, Portugal, Espanha e Itália cortaram gastos, aumentaram impostos, reduziram salários, acabaram com os desperdícios, e o efeito foi automático, mecânico: a redução do crescimento. E, principalmente, a revolta dos pobres.

Esses países, portanto, adoraram Hollande, esse socialista que deseja que a Europa elabore planos não só para reduzir despesas, mas também para intensificar sua produção. A Alemanha, até agora, evitou assumir uma posição nesse debate. Mas esta semana ela o fez, por meio de um relatório do ministério alemão da Economia intitulado "Mais crescimento na Europa: empregos, investimentos, inovação".

O título do estudo parece, em princípio, aprovar as teses de Hollande, pois refere-se a "mais crescimento na Europa". Contudo, lendo suas páginas, observamos que, na realidade, Berlim rejeita, completa e cruelmente, a posição francesa e permanece aferrada à doutrina de Merkel: economia, austeridade, equilíbrio orçamentário, vigorosa redução das despesas, etc. Quanto ao crescimento, veremos mais tarde, quando as finanças públicas da Europa estiverem totalmente reabilitadas.

Bons alunos. O estudo alemão examina as medidas que, face à crise, os "bons alunos" do mundo ocidental aplicaram: Canadá, Finlândia, Alemanha, países bálticos. E explica o ponto comum a todos esses países: "por meio de uma consolidação favorável ao crescimento, os déficits foram reduzidos. Um crescimento vigoroso foi possível por causa das reformas do mercado de trabalho e resultou num aumento sustentável do número de empregos".

Em resumo, à receita de Hollande, de "atenuar a austeridade com estímulos ao crescimento", Merkel responde com sua receita mágica: "Austeridade! E mais austeridade. E o crescimento virá". O aviso de Merkel é dirigido não só para a França, mas para todos os países que, como a Grécia, não suportam mais a camisa de força, as algemas, as pulseiras eletrônicas, as câmeras de vigilância, a que a Europa foi submetida sob o reinado Merkel-Sarkozy.

Para deixar claro e afirmar que, apesar da chegada de um socialista na França, a salvação só pode vir do liberalismo, Merkel insiste: "É preciso tornar as empresas europeias mais eficientes, através das privatizações. É preciso liberar as forças do crescimento, especialmente liberalizando em todos os Estados o tráfego ferroviário."

Essa lição é um vexame para a França. E tanto mais porque, até agora, durante suas três semanas de governo, Hollande tem se contentado em fazer gentilezas para as classes desfavorecidas: aumento do salário mínimo, aumento da subvenção escolar, retorno da aposentadoria à idade de 60 anos no caso daqueles que começaram a trabalhar muito jovens. Por outro lado, para fazer economia, até aqui ele não forneceu nenhuma pista.

Uma única ideia foi apresentada para financiar esses "presentes" para as classes desfavorecidas. Foi sugerida, ingenuamente, pela secretária do Partido Socialista, Martine Aubry: "Existem enormes margens de manobra", ela afirmou, "como impostos complementares". Talvez fosse melhor ela ficar calada. / TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINO

Bola de cristal - RODOLFO LANDIM


FOLHA DE SP - 08/06

O preço é influenciado pelas expectativas em relação ao equilíbrio entre oferta e demanda

O petróleo tem sido por várias décadas uma fonte de energia vital para o mundo e, ao que tudo indica, continuará sendo por outras tantas, mesmo nas previsões mais otimistas sobre o crescimento do uso de fontes alternativas.

Assim sendo, muitos países, sejam importadores ou exportadores, sofrem grandes impactos com as variações de preço desse produto.

Nas últimas semanas, vimos o preço do petróleo cair significativamente, fazendo com que o barril do tipo Brent, que alcançou US$ 123 em março, atingisse o patamar de US$ 100.

A princípio, isso seria algo de estranhar, uma vez que a própria Petrobras externava sua preocupação de que o preço da gasolina poderia ter de ser elevado com a permanência dos altos preços do petróleo no mercado internacional.

Aliás, essa era a aposta da maioria dos analistas do setor. Mas por que então ocorreu essa mudança tão repentina? Não seria possível prever o comportamento dos preços com maior acuidade?

Como acontece com qualquer commodity, o preço do petróleo é influenciado pelas expectativas dos mercados em relação ao equilíbrio entre oferta e demanda do produto.

A princípio, o seu preço deveria estar diretamente associado ao nível de atividade econômica mundial, mas o processo é mais complexo, notadamente quando analisamos um curto espaço de tempo, devido aos inúmeros fatores que influenciam seu comportamento, alguns deles impossíveis de prever.

Os eventos climáticos são um bom exemplo. É comum ver longos períodos de inverno rigoroso no hemisfério Norte intensificando o consumo para aquecimento ou mesmo a ocorrência de furacões obrigando a paralisação da produção no golfo do México por um longo período, afetando a oferta e fazendo os preços subirem.

Outros tipos de problema nem sempre previsíveis também podem trazer grande impacto aos preços.

Dentre eles estão guerras em países produtores e acidentes em plataformas ou em oleodutos. Ainda no lado da restrição da oferta estão os embargos comerciais à compra de produtos de países, inclusive como está previsto na União Europeia, a partir de 1º de julho, com o petróleo produzido pelo Irã.

Também são variáveis importantes as decisões de corte na produção estabelecidas pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), responsável por mais de 40% da produção mundial, e os níveis de capacidade de produção ociosa dos países-membros, que dão ao mercado a dimensão do quanto uma eventual restrição de oferta pode ter seu efeito reduzido.

Some-se o fato de que o petróleo é precificado em dólares americanos e, quando este se valoriza em relação a outras moedas, o preço do petróleo tende a cair -e vice-versa.

Tudo ainda agravado pelo fato de que o mercado financeiro comercializa cerca de seis a sete vezes o volume de petróleo produzido no mundo em operações de proteção de preços, de refúgio em crises financeiras ou simplesmente especulativas.

Se, em curto prazo, a volatilidade tende a ser grande pelos fatores mencionados, entre outros, a longo prazo as tendências poderiam pelo menos ser mais claras. Mas, se por um lado as novas tecnologias abrem as portas para a exploração de novas jazidas ou até mesmo a maior recuperação de petróleo das antigas e existem ganhos de eficiência energética que levam a menores demandas do produto, por outro existe o declínio natural dos campos, que tornam a tarefa de elevação da produção mundial bastante difícil.

E, mesmo com o declínio do consumo observado nos países desenvolvidos nos últimos anos, o aumento nos demais tem levado ao crescimento da demanda mundial.

Assim, existem dois grandes grupos de cenaristas com visões opostas. Aqueles que acreditam que os preços do petróleo podem cair ao longo dos anos e outros que têm a convicção de que os preços subirão.

Dada a minha incapacidade de prever o comportamento de todos esses fatores, minha bola de cristal preferiu ficar com aqueles que acreditam em preços médios levemente crescentes no longo prazo, porém sempre sujeitos a grande volatilidade no curto.

PROGRAMAÇÃO ESPORTIVA NA TV


7h30 - Jordânia x Japão, Elim. Asiáticas para a Copa-2014, Sportv

8h - Roland Garros, tênis, ESPN e ESPN HD

10h - Brasil x Finlândia, Liga Mundial de vôlei, Globo

11h - Treino do GP do Canadá, F-1, Sportv 2 e Sportv HD

12h30 - Brasil x Itália, Grand Prix de vôlei, Sportv 2

13h - Polônia x Grécia, Eurocopa, Band, Sportv e Sportv HD

15h - Treino do GP do Canadá, F-1, Sportv 2

15h45 - Rússia x Rep. Tcheca, Eurocopa, Band e Sportv

15h45 - Barcelona x Real Madrid, Liga Espanhola de basquete (final), Bandsports

19h - Botafogo x Corinthians, Liga Futsal, Sportv

20h - Boston Red Sox x Washington Nationals, hóquei, ESPN HD

21h - Boa x Vitória, Série B, Sportv (menos MG)

21h - México x Guiana, Elimin. da Concacaf para a Copa-2014, Bandsports e ESPN Brasil

23h - Kelly Pavlik x Scott Sigmon, desafio de supermédios, ESPN e ESPN HD

CLAUDIO HUMBERTO

“Eu duvido que alguém tenha saudade dos tempos do FHC”
Candidato do PT à prefeitura de São Paulo, Fernando Haddad, sobre gestão anterior a Lula

MÉDIUM QUE ‘OPEROU’ LULA USOU JATO DE CACHOEIRA

O PSDB ameaça levar à CPI do Cachoeira um caso que em tese pode constranger o ex-presidente Lula. Tucanos dizem que o médium João de Deus, de Abadiânia (GO), teria ido a São Paulo em um jatinho obtido graças à interferência do bicheiro, para a “operação espiritual” em Lula no hospital Sírio-Libanês, durante tratamento contra o câncer. Mas não há indícios de que Lula tenha tomado conhecimento do voo.

INTERMEDIAÇÃO

O pedido do jato para a viagem de João de Deus teria sido articulado pelo ex-vereador tucano Wladimir Garcez (GO), ligado a Cachoeira.

TUCANO SOLIDÁRIO

Deputados tucanos afirmam que foi um correligionário, o suplente de senador Ataídes Oliveira (PSDB-TO) quem cedeu o jato.

NÃO VEM AO CASO

Na primeira entrevista, ao final do tratamento, Lula desconversou sobre a visita do médium: “Não o procurei porque não conhecia as pessoas”.

SAUDADES

Sexta-feira é o Dia Mundial dos Oceanos, celebrado há 20 anos desde a conferência Rio 92. Também é o Dia Mundial da Saudade.

AGNELO EM BAIXA

Muito mal nas pesquisas de avaliação de desempenho, o governador do DF, Agnelo Queiroz (PT), também está em baixa no Palácio do Planalto, onde até petistas se referem a ele como “Agnulo”. Estes dias, um ilustre membro do conselho político do governo perguntou baixinho à presidente Dilma o que ela achava da convocação dele para depor na CPI do Cachoeira. “Estou c(*) e andando para o Agnelo”, respondeu.

MAL NA FITA

Pesquisas de diferentes institutos indicam que se a eleição fosse hoje Agnelo perderia para qualquer adversário, até José Roberto Arruda.

MÁ IMPRESSÃO

Oito meses após a posse, Dilma interpelou, intrigada, um senador amigo do governador do DF: “Por que Agnelo não está dando certo?”.

MÁ VONTADE

Em fevereiro, durante evento público, Dilma chamou o governador de “Agnelo Rossi”. Assessores acham que foi proposital.

VAI-E-VOLTA

José Sarney colocou em pauta o projeto que acaba com o voto secreto. Na Câmara, projeto idêntico, do ex-deputado Luiz Antonio Fleury, foi aprovado em primeiro turno em 2006, mas continua na gaveta.

MULTITAREFA

Dono da Faculdade Padrão, o empresário Walter Santiago, que depôs terça-feira na CPMI do Cachoeira, se enrolou na Justiça com uma sociedade de empresa de segurança e vigilância, também em Goiás.

SOB ANÁLISE

O senador Pedro Taques (PDT-MT) não aceitou o pedido de desculpas do deputado Silvio Costa (PTB-PE), que o xingou. Mas após a retirada do pedido, Taques resolveu analisar melhor a eventual representação.

APOSTA NA QUEBRADEIRA

A aposta no Congresso é de que a empreiteira Delta vai quebrar. Já que todos os credores estão cobrando dívidas e a empresa está saindo de grandes obras como a do Maracanã, a falência é questão de tempo.

SOB NOVA DIREÇÃO

Titular da 10ª Vara Federal Criminal de São Paulo e muito admirado pelos colegas, Nino Toldo assume dia 12 a presidência da Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe). A recuperação da autoestima dos magistrados e a luta por remuneração digna são seus compromissos.

TIRO NO PÉ

Políticos da oposição e do governo concordam que deu zebra a MP 568, que Dilma editou, mês passado, reduzindo em até 70% os salários de servidores. Daí as greves em cascata. A solução será nova MP.

MEMÓRIA DE JK

Ex-deputado e primo do ex-presidente, Carlos Murilo Felício dos Santos lançará em Brasília, quarta (13), o livro Momentos Decisivos JK – Contra o Golpismo no Brasil. Será no Memorial JK, claro, às 19h30.

ESSES ALEMÃES...

Na Alemanha, quem diria, fabricantes e concessionárias de veículos estariam inflando as vendas de carros novos em maio. Diz a Reuters que caíram 4,8% – a maior queda, até agora – e não subiram 15%.

HOMENS TRABALHANDO

O Brasil é hoje um grande canteiro de obras: Lula fincando seus “postes” eleitorais e Dilma procurando luz no fim do túnel da economia. 


PODER SEM PUDOR

MINISTRO CONTRA O GOVERNO

Durante a votação da medida provisória que criava a Secretaria de Ações de Longo Prazo, a Sealopra, o senador e então ministro Hélio Costa (Comunicações) telefonou ao senador Wellington Salgado (PMDB-MG), seu suplente, para pedir voto a favor do governo. Era tarde, mas o ministro não sabia e ponderou, em tom grave:

– Lembre-se! Seu voto é como se eu estivesse votando.

– Pois então saiba que você acabou de votar contra o governo... – respondeu Salgado, para informar que a MP acabara de ser rejeitada.

SEXTA NOS JORNAIS


Globo: TCU investiga convênios da UNE com o governo federal
Folha: Subsídio via BNDES foi de R$ 28 bilhões em três anos
Estadão: Missão da ONU é alvo de tiros na Síria e crise se agrava
Correio: Cresce adesão contra mordomia de salários
Valor: Crise assusta e empresas adiam ofertas de ações
Estado de Minas: Erros fatais
Zero Hora: Estado investiu só 13,5% do necessário para prevenir a seca

quinta-feira, junho 07, 2012

Mama África - ANCELMO GOIS

O GLOBO - 07/06

Lula, durante a Rio+20, vai oferecer um jantar no Palácio da Cidade aos presidentes africanos.

Aliás...

Dilma decidiu ceder avião para trazer à Rio+20 presidentes de países pobres de marré-deci.

Rota...

A pedido do Ministério da Defesa, dois Legacy da FAB partirão de Brasília para São Tomé e Príncipe, Malauí e Serra Leoa. Já um Legacy e um Embraer 190 seguirão para Barbados, Granada, Antígua e Barbuda, São Cristóvão e Neves, Dominica, Libéria e Cabo Verde.

À la Cachoeira

O Tribunal do Júri de Brasília condenou a oito anos de prisão um homem acusado de esfaquear a companheira após uma discussão em que ela o acusava de ter feito sexo com... outro rapaz. Diante do juiz, o réu repetiu Cachoeira e Demóstenes na CPI e apelou para o “direito constitucional de ficar calado” quando perguntaram se ele... é gay.

A fé plural

Ivanir dos Santos, que organiza a passeata do dia 17, em Ipanema, em plena Rio+20, contra a intolerância religiosa, diz que o movimento não mira em ninguém, individualmente, nem mesmo em Ahmadinejad: — A ideia é unir budistas, bahá’ís, judeus, muçulmanos, católicos, umbandistas, adeptos do candomblé e outros contra qualquer ódio religioso no mundo.

Hilda na Argentina

A Globo Livros vendeu para a editora argentina El Cuenco de Plata os direitos das obras da brasileira Hilda Hilst na Argentina, na Colômbia e no México. Os primeiros lançamentos lá serão “A obscena senhora D” e “Cartas de um sedutor”.

SEXTA PASSADA foi inaugurado em Silva Jardim, RJ, este belo teatro, batizado com o nome de Zezé Macedo em homenagem à querida comediante nascida na cidade. Está em cartaz até domingo a peça "A vingança do espelho: a história de Zezé Macedo”, dirigida por Amir Haddad e estrelada por Betty Gofman. Zezé (1916-1999), que ganhou do amigo Grande Otelo o apelido de “Carlitos de saia”, participou de 108 filmes. Saudade

Volta do sabor artificial
As indústrias de refrigerantes não estão mais obrigadas a acrescentar suco natural em produtos batizados com o nome da fruta. A medida constava da antiga Lei dos Sucos, de 1974, revogada por Dilma a pedido da Receita Federal. É que, em troca da adição de frutas, as empresas tinham abatimento de 50% no IPI.

Segue...

A mudança afeta os produtores de laranja, limão, uva etc.

TV Rio+20

A transmissão de TV da Rio+20 para todo o mundo, exigência da ONU, será feita por um pool das principais emissoras do país. A ministra Helena Chagas fechou acordo com Globo, TV Brasil, Record, SBT, Band e Rede TV.

Com que roupa?
A 2+ Câmara Cível do Rio negou recurso a Irami Medeiros Rosa de Melo e Maria Alice Joseph, sobrinhas de Noel Rosa (1910-1937), contra a Editora Mangione. As duas, herdeiras da obra do compositor, pediam rescisão e anulação de contratos de venda e cessão de direitos autorais firmados pelo Poeta da Vila e a mulher, Lindaura Medeiros Rosa.

Volta, Antônio!

A Corte da Califórnia deve decidir amanhã o destino do brasileirinho Antônio, 3 anos, levado aos EUA pelo pai, Márcio Sicoli. A advogada de Sicoli quis adiar a audiência, mas o juiz negou.

Menos mal

Embora tenha perdido seu festival, o mais badalado do país por sua premiação de até R$ 250 mil, a cidade de Paulínia, SP, sediará de 19 a 1, de julho mostra com 16 longas produzidos em seu Polo Cinematográfico.

Caixa de correio

A caixa postal da coluna ficou cheia de e-mails de médicos chateados com o comentário do querido frei David aqui sobre um concurso público para contratar 1.232 doutores em Nova Iguaçu que só teve 658 inscritos. Alegaram que o salário é indigno: R$ 1.630 por 24 horas semanais de trabalho. Têm razão.

MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO


FOLHA DE SP - 07/05

Importação de asfalto volta a crescer no país neste ano, estima a Petrobras

A importação de asfalto para obras de estradas no Brasil volta a subir neste ano, segundo previsão da Petrobras.

O volume de toneladas importadas do material, que foi de 98 mil no ano passado, pode chegar a 140 mil neste ano, de acordo com as estimativas da companhia.

O total de importação de 2011 representou cerca de 4% dos 2,5 milhões de toneladas produzidos no ano.

A relação pode subir em 2012. A Petrobras não informa estimativas de produção para este ano, mas, de janeiro a abril, as vendas do produto no país ficaram em 774,95 mil toneladas, segundo dados do Sinicesp (Sindicato da Indústria da Construção Pesada de São Paulo).

Em 2010, as compras externas atingiram patamares recordes, impulsionadas, principalmente, pela demanda nas regiões Norte e Nordeste e por projetos para a malha rodoviária do país.

Sem ter como atender a necessidade, a Petrobras teve de recorrer a um forte aumento das importações.

"Para o setor, o essencial é que o mercado possa atender a demanda, seja por meio de importação ou com a produção da Petrobras", afirma Helcio Farias, responsável pelo departamento técnico do Sinicesp.

Os dados do sindicato mostram, como termômetro da alta na demanda, que o nível de emprego cresceu, em abril, pelo quinto mês consecutivo no setor.

Nos últimos 12 meses, o aumento foi de 12,27%.

ALONGAMENTO NOS EUA

A rede de restaurantes brasileira Giraffas, que já tem duas unidades na Flórida (EUA), planeja expansão para outros Estados americanos.

Até o fim de 2012, serão abertas outras três casas em Miami, segundo João Barbosa, presidente da operação da empresa nos EUA.

Para o ano que vem, Orlando e outros destinos na costa leste estão previstos.

"Pretendemos abrir 34 restaurantes na Flórida até 2016, com investimentos de R$ 35 milhões realizados pela master franqueada, companhia em que a franqueadora tem participação."

A meta é chegar ao Texas e à Califórnia e elevar a parcela de americanos e latinos entre os clientes.

Quando a primeira unidade foi aberta no país, no ano passado, 80% dos consumidores eram brasileiros.

"Hoje já é o inverso. Com uma expansão dessas, não queremos depender só dos brasileiros", diz.

34 unidades devem ser abertas na Flórida até 2016

R$ 35 milhões serão investidos no projeto

IMPOSTO DA ESTAÇÃO

A carga tributária de produtos tradicionalmente consumidos durante o inverno varia de 27% a 87% sobre o valor de mercado, de acordo com levantamento da consultoria BDO Brazil.

O casaco de pele de vison lidera o ranking das mercadorias mais tributadas, com alíquota de 87,25%, segundo a pesquisa.

No segundo e no terceiro lugar, aparecem o vinho e a calça de couro, com 54,25% e 37,25%, respectivamente.

Inglaterra A confiança do consumidor inglês subiu dois pontos em abril e ficou em -29 (em escala de -100 a 100), segundo índice da empresa de pesquisas GfK.

Surfista A marca de roupas Cobra d' água abrirá 70 lojas no Brasil nos próximos três anos, sendo 15 até dezembro de 2012. As novas unidades terão no máximo 90 m2.

INDUSTRIAL DE LUXO

São Paulo registrou o maior volume de condomínios industriais de luxo entregues no primeiro trimestre deste ano, segundo estudo da Colliers International Brasil.

Nos três primeiros meses de 2012, 34% do novo estoque estava localizado no Estado de São Paulo.

Entre as cidades paulistas que receberam novas unidades no período estão Guarulhos, Indaiatuba e São Bernardo do Campo.

Mesmo com as inaugurações, São Paulo é o segundo Estado com metro quadrado mais caro do país, em relação a condomínios industriais de luxo. O valor médio cobrado foi de R$ 20,25.

O Rio de Janeiro apresentou o preço mais elevado, de R$ 24,55 por metro quadrado.

No Brasil, o valor médio de locação é de R$ 19,30 por mês, alta de 2,3% ante o último trimestre de 2011.

Até dezembro, 2,3 milhões de metros quadrados serão entregues, sendo 72% na região Sudeste. Sul e Nordeste receberão, cada uma das regiões, 12% das unidades.

O volume lançado em 2012 será 38% menor do que o previsto pela consultoria ao final do ano passado, devido à "postergação de diversos empreendimentos". O principal motivo foi o alto índice de chuvas no início do ano.

Os condomínios industriais de luxo têm pé direito superior a 11 metros, gerador de energia e piso nivelado a laser, entre outros itens.

JULGAMENTO DO MENSALÃO DEPENDE DA VAGABUNDA MARISA LETÍCIA


MINISTRO LEVANDO-UISQUE  AGUARDA AUTORIZAÇÃO DA MULHER DE LULA PARA LIBERAR O PROCESSO PARA VOTAÇÃO

GOSTOSA


O conto do voto - DENISE ROTHENBURG


CORREIO BRAZILIENSE - 07/06

Em política, assim como na vida, vale o ditado: quando a esmola é demais, pobre desconfia. E, se observarmos o histórico de alguns temas polêmicas que parecem encantados na pauta do Poder Legislativo, essa sabedoria popular se encaixa perfeitamente na forma como a Casa pretende avaliar o fim do voto secreto. Esse tema volta e meia volta à baila, especialmente, quando há um processo de cassação pairando sobre a cabeça de algum senador. O difícil é o voto aberto virar lei. E, da mesma forma que se conhece o visitante pelo arriar da mala, o jeitão do desembarque da proposta no plenário merece uma lupa.

Vejamos o cenário. O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), abriu a possibilidade a todas as propostas de emendas à Constituição que tratam desse assunto entrarem em debate. São três. Em comum, a referência ao fim do voto secreto para casos de quebra de decoro parlamentar. Há variações quando se trata de vetos presidenciais e aprovação de autoridades.

Por mais que os autores das propostas tenham a melhor das intenções ao apresentarem seus projetos, o fato de haver três propostas tratando do assunto em diferentes níveis abre trilhas para não haver uma decisão na semana que vem. E nem precisa ser um grande especialista em regimento para saber que vem por aí uma grande gincana regimental. A percepção nesse caso é a mesma de um leigo em metereologia que, de tanto observar o clima, é capaz de calcular a extensão de um temporal só de ver o tamanho das nuvens carregadas. Às vezes, esse cidadão se engana, mas invariavelmente acerta.

Por falar em enganos…
Não podemos esquecer que, embora o Senado tenha obtido uma renovação expressiva na última eleição, é preciso avaliar como funciona a cabeça das excelências. Em 2007, o líder do maior partido no Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), sobreviveu a um massacre perante a opinião pública graças ao voto secreto. Foram 40 votos pela absolvição, 35 contra e seis abstenções. Nenhum senador deixou de votar, fato raro na história.

Ali, há um número significativo de senadores que olham para Renan com aquela sensação de “eu posso ser você amanhã”. Em suma, precisar de um voto secreto para escapar de algum malfeito de grande repercussão, capaz de provocar uma carga pesada dos meios de comunicação ou de parte dos senadores — o próprio Demóstenes já foi um desses algozes no passado e hoje está numa situação difícil. Daí, a necessidade de verificar os meandros das sessões dedicadas à análise da PEC do voto aberto.

Por falar em meandros…
Não é de hoje que os senadores conseguem escapar dessa apreciação. Foi assim em 2000, quando da votação — e violação do sigilo dos votos — que selou a cassação de Luiz Estevão, acusado de envolvimento no caso da construção da sede do TRT de São Paulo. Houve outro movimento pró-voto aberto quando da absolvição de Renan. De lá para cá, muita coisa mudou. O Congresso se viu empurrado a aprovar a Lei da Ficha Limpa. Essa semana, para dar uma resposta à sociedade, fechou um pouco mais o cerco à lavagem de dinheiro. Há um portal capaz de proporcionar o fim do voto secreto.

O receio é essa proposta terminar na canaleta como ocorre com as tentativas de votar a reforma política e a tributária algo que todos dizem querer, mas não há consenso. O mesmo pode ocorrer com o fim do voto secreto. Na Câmara, o primeiro turno foi votado em 2006 e nunca mais. Agora, no Senado, certamente, virão muitas emoções.

Por falar em emoções…
Agosto, mês escolhido para o julgamento do mensalão, é o mesmo do início do horário gratuito de rádio e TV. Não dá para esquecer que esse mês sempre mexeu com os supersticiosos. A erupção do Vesúvio que destruiu Pompéia em 79 d.C.; o suicídio de Getúlio Vargas, em 1954; a população de preto nas ruas pelo impeachment de Fernando Collor, em 1992. Vem aí mais um agosto para ficar na história.

Mão pesada - ELIANE CANTANHÊDE


FOLHA DE SP - 07/06

BRASÍLIA - Todos os prefeitos, governadores e presidentes em primeiro mandato têm, com raras exceções, o direito, ou o privilégio, de concorrer à reeleição. Menos o prefeito de Recife, João da Costa, do PT.

Parte do PT, parte da Frente Popular e a cúpula nacional petista alegam que sua gestão é mal avaliada e que ele, apesar do cargo, está praticamente empatado com o ex-governador Mendonça Filho, do DEM.
Esquecem-se de que João da Costa lidera, na prática, as pesquisas e que, nas últimas eleições, Mendonça sempre largou bem, mas não levou.

Criado o impasse, o PT usa sua mão pesada para intervir no diretório, na eleição e no destino de João da Costa, que ganhou a consulta interna petista, entrou na Justiça para tentar garantir o processo e esperneia o quanto pode para simplesmente manter o que chama de "direito natural" de disputar a reeleição.

Maurício Rands, derrotado na consulta, saiu do páreo e abriu a porta para que a Executiva Nacional fizesse o que queria fazer desde o início: lançar o senador e ex-ministro Humberto Costa, relator do caso Demóstenes Torres no Conselho de Ética.

Costa tem excelentes chances de vitória, como teria qualquer candidato do PT com apoio do governador Eduardo Campos (PSB), do ex-prefeito João Paulo (PT), de Dilma e, "last but not least", de Lula. Mas deixando um rastro de descontentes no PT.

João da Costa está sendo jogado da janela como já foram Marta Suplicy em São Paulo, Vladimir Palmeira no Rio, Raul Pont em Porto Alegre, Olívio Dutra no Rio Grande do Sul e Domingos Dutra no Maranhão -humilhado para que o PT jogasse fora as bandeiras vermelhas que brandiu por décadas contra os Sarney para cumprir um capricho de Lula e apoiar Roseana.

Se é que Costa não vá se guiar pela brava Luizianne Lins, que peitou o PT nacional, disputou e venceu as eleições em Fortaleza. Difícil. Não há muitas Luiziannes por aí.

Café para Haddad - ROGÉRIO GENTILE

FOLHA DE SP - 07/06

SÃO PAULO - Lula e o PT têm tratado Marta Suplicy como se a ex-prefeita de São Paulo fosse uma dona de casa dos anos 30. Marta, faça um café para o senhor Haddad. Marta, guarde o paletó do senhor Haddad. Marta, distribua uns panfletos para a campanha do senhor Haddad.

Marta tinha 29% das intenções de voto (Datafolha) quando Lula decidiu substituí-la por Haddad, com 2%. O ex-presidente avaliou que ela não teria chances no segundo turno em razão da rejeição que desperta em grande parte do eleitorado -30% diziam à época que não votariam em seu nome em hipótese alguma.

O problema não está no fato de Marta ter sido preterida, embora possa reclamar que a decisão deveria ter sido do partido, e não de uma única pessoa, ainda que esta pessoa seja Lula. Considerando as últimas eleições, quando ela foi sempre derrotada no final, o raciocínio do ex-presidente faz muito sentido.

O desrespeito à história da petista começa quando Lula e o partido tentam obrigá-la a participar de atos e a percorrer a cidade para apresentar Haddad aos eleitores. Não se obriga ninguém, muito menos uma mulher como Marta, a fazer o que não quer.

Educada para casar, ter filhos e tocar piano, ela estudou psicologia, apresentou, em plena ditadura militar, um programa na TV sobre sexo, foi deputada, prefeita, ministra e é senadora. Nunca teve papas na língua, tampouco se intimidou com o preconceito quando decidiu trocar de marido. Goste-se ou não dela, é uma mulher de brio.

No sábado passado, mesmo dia em que faltou ao lançamento da campanha de Haddad, e foi criticada pelos colegas, a ex-prefeita escreveu um artigo enigmático na Folha.

Fazendo uma citação, disse que "há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas (...) é o tempo da travessia". No texto, ela afirma que as travessias são sempre difíceis, mas que não se chega à outra margem do rio sem respingos. Estaria ela dando algum recado ao PT?

As coisas, os outros e os escombros - CONTARDO CALLIGARIS

FOLHA DE SP - 07/06


Nos entulhos, as vítimas procuram sua identidade, que ficou nas coisas e nos outros perdidos

1) Os amigos que encontro, nesta volta de viagem, querem saber do terremoto na Itália. Como foi? O que pensei e senti? Pois é, o terremoto não me inspirou pensamentos sobre a fragilidade da existência e a força da natureza -ou outro lugar-comum que valha.

Na hora, só tive iniciativas práticas. Como já contei, logo no primeiro tremor, juntei numa pasta passaportes, bilhetes de avião e carteiras. Nos dias seguintes, me deslocava sempre com esses apetrechos e, de noite, deixava ao lado da cama uma bolsa que continha a tal pasta mais o necessário para que a gente, pulando da cama para a rua, aguentasse o frio e a chuva.

Será que eu me preocupava com nossa mobilidade, ou seja, com a possibilidade de irmos embora sem burocracia, em caso de catástrofe? Ou será que me preocupava em termos constantemente conosco uma prova de nossa identidade?

2) Na madrugada do primeiro tremor, no dia 20, fiquei acordado até a luz do dia, para não ser surpreendido por eventuais tremores de assentamento. Passei o tempo olhando para as coisas ao meu redor.

Nos 60 anos em que meus pais mantiveram um apartamento em Veneza, eles abarrotaram seu espaço: nada de grande valor (afinal, o lugar fica desocupado durante boa parte do ano), mas muitos objetos carregados de história familiar, marcados pelas mãos e pelos olhares dos meus pais, avós ou bisavós. De cada objeto que considerei, tentei me contar a história: de onde vinha? De quem fora? Como chegara até lá?
Talvez o livro mais bonito e tocante que li nos últimos meses tenha sido "A Lebre com Olhos de Âmbar", de Edmund de Waal (Intrínseca).

É a história de uma família, narrada, por assim dizer, por uma coleção de miniaturas japonesas que passa, ao longo de quase dois séculos (cheios de fúria e guerras), de mão em mão, de país em país e de um continente a outro.

Sem dúvida, há objetos que são melhores sedimentos da história do que outros. Uma miniatura japonesa, por exemplo, já nasce como vestígio da história de quem a entalhou -às vezes, meses ou anos a fio.
Mas, no fundo, qualquer objeto, até um artefato industrial, tenta contar sua história. Qualquer mercadoria pode nos falar do trabalho de quem a produziu e dos desejos dos que a compraram, perderam ou trocaram. O que acontece, em geral, é que a gente não se dá o tempo de escutar.

Logo na região devastada pelo terremoto, nos claustros de San Pietro, em Reggio Emilia, está aberta até outubro (tremores permitindo) a exposição "Gli Oggetti ci Parlano" (os objetos falam conosco). Uma busca on-line explica a iniciativa e permite ver, em vídeo, partes da mostra: os cidadãos de Reggio foram convidados a emprestar objetos pessoais que tivessem, para eles, uma história significativa -a qual eles contam em depoimentos filmados.

3) Parêntese: já na primeira noite, lembrei-me de uma recomendação de meu pai, com sua sabedoria de clandestino procurado por fascistas e nazistas: "Se você fugir, não volte atrás". E ele agregava exemplos de resistentes que fugiram a tempo, mas quiseram voltar, rapidamente, para pegar algo que tinham esquecido ou mesmo só para olhar sua casa pela última vez -e foram presos.

Confirmando o conselho de meu pai, no segundo terremoto, o do dia 29, morreu o padre Martini, em Rovereto; ele voltou para a igreja de Santa Caterina, já periclitante desde o dia 20 -só um instante, para recuperar uma imagem santa. Entrou exatamente na hora do tremor das nove da manhã.

4) Passei minha infância brincando e fuçando nos escombros (de bombardeios aéreos, não de terremotos, claro). Imagino que, se minha casa fosse demolida, mesmo se não houvesse vítimas, eu ficaria, mexendo no entulho -mas à procura do quê? De uma jarra de prata que não se amassou além da conta, de uma cerâmica que não quebrou, de um livro que sobreviveu?

É fácil dizer que tanto faz, "deixa para lá: o passado está na gente, na nossa lembrança". Fácil e um pouco falso: nossa identidade é sempre dispersa aos quatro ventos. Ela está nas pedras, nas coisas e nos outros.
A clínica constata que as vítimas das grandes catástrofes, quando erram pelos entulhos, entre corpos e restos, não sabem mais direito quem elas são. O que elas procuram é sua própria identidade, que estava nas coisas, nas pedras e nos outros que se perderam.

Fala o ministro Fux - ILIMAR FRANCO

O GLOBO - 07/06

Sereno diante da fala do ministro Gilmar Mendes (STF) sobre o julgamento do mensalão, o ministro Luiz Fux (STF) diz: “Eu nunca fui extorquido (sic) por ninguém do PT. Eu nunca fui procurado por ninguém do PT para tratar de mensalão”. Sobre o relatório dos petistas, que cita grampo em que o senador Demóstenes Torres faz comentário, para o contraventor Carlos Cachoeira, sobre a nomeação de Fux para o STF, o ministro afirma: “Ele é insignificante, o senador não tem credibilidade”.

A Petrobras e a crise internacional
O Conselho de Administração da Petrobras deve se reunir na quarta-feira no Rio. Em debate, a reformulação do Plano de Negócios 2011-2015 da empresa. Em julho do ano passado, a estatal anunciou investimentos de R$ 389 bilhões em 688 projetos. Mas com o agravamento da crise internacional, que leva à redução dos créditos disponíveis e dos mercados mundiais, a Petrobras estuda fazer um corte no seu plano de investimentos em torno de R$ 50 bilhões. Segundo autoridades petistas, essa mudança é natural na cultura da empresa, que costuma se planejar de acordo com a realidade, que aponta para um novo cenário.

Ninguém tem direito adquirido sobre processo de votação. Não se trata de pena, mas de rito” — Pedro Taques, senador (PDT-MT), dizendo que aprovada a PEC do Voto Aberto vale para o processo de Demóstenes Torres.

Resistência
O prefeito de Recife, João da Costa, não vai deixar o PT, a despeito da direção nacional ter cassado seu direito à reeleição. A expectativa de seus aliados é a de que ele dispute a convenção municipal, foro legal que decide candidaturas.

Bate pronto
Em debate sobre cotas ontem, o senador Lobão Filho (PMDB-MA) lembrou que estudou em escola pública e passou na UnB. A senadora Marta Suplicy (PT-SP) reagiu: “Não dá para comparar. O senhor era filho de governador”.

Marconi desautoriza senador tucano
O senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) foi procurado ontem pelo senador Cyro Miranda (PSDB-GO). O tucano disse a Randolfe que o governador Marconi Perillo (GO) queria conversar com ele antes de seu depoimento na CPI. Randolfe concordou, mas desde que outros integrantes da comissão também fossem convidados. Miranda disse que assim não tinha conversa. Perillo desautorizou a gestão do tucano, dizendo: “Não pedi conversa reservada com ninguém.”

Na torcida

O ambiente no PMDB é de euforia com o julgamento do mensalão em agosto. Avaliam que isso pode impedir que a candidatura de Fernando Haddad (PT) decole em São Paulo. E que Gabriel Chalita (PMDB) está em posição estratégica.

Tenho a força
Os ruralistas consideram pueril o protesto do PV sobre quem é maioria dos integrantes na Comissão da MP do Código Florestal. Ironizam, dizendo que o PV tem apenas 14 deputados e que os ruralistas são dezenas no Congresso.

A PRESIDENTE Dilma avalia anunciar novos leilões de aeroportos no dia 12, quando assina contratos com os três aeroportos concedidos à iniciativa privada.

VIDA DURA
. Os petistas chegaram à conclusão de que não têm maioria na CPI do Cachoeira. Para aprovar qualquer requerimento precisam negociar o apoio com outros partidos da base governista.

O STF
 oficializou que o julgamento do mensalão terá início em primeiro de agosto. Esta coluna, após consulta aos ministros do STF, informou em 18 de maio que esse era o cronograma. Na época, o PT pressionava para antecipar.

O jeitinho brasileiro - CARLOS ALBERTO SARDENBERG


O GLOBO - 07/06


Jeito sempre tem, inclusive para o Euro, a Espanha e mesmo para a Grécia.
 

Querem uma prova? O Brasil. Isso mesmo, o governo FHC implementou várias políticas que hoje são sugeridas como solução na Europa.
A negociação da dívida dos Estados brasileiros é um exemplo citado na imprensa internacional. Resumindo: os governos estaduais brasileiros estavam tão quebrados quanto a Grécia, Irlanda e Portugal. Emitiam seus próprios títulos de dívida (as carioquinhas, as paulistinhas) que o mercado só aceitava cobrando juros altíssimos. Assim, os governos ou se endividavam ainda mais, pelo efeito dos juros, ou empurravam seus títulos para os bancos estaduais (Banerj, Banespa etc). Resultado, quebraram os governos e os bancos.
Solução: o governo federal "comprou" os títulos estaduais e refinanciou outras dívidas, pagando com títulos do Tesouro nacional, de credibilidade maior e, pois, juros menores.
Como seria na Zona do Euro? A criação dos tais "eurobônus", ou títulos da dívida européia, garantidos pela União Européia e negociados no Banco Central Europeu. Assim, em vez de vender títulos gregos, espanhóis, italianos, etc, pagando taxas proibitivas, os respectivos governos seriam financiados com os papéis "federais", que, sendo da UE, teriam, no fundo, a garantia alemã.
Mas a solução brasileira incluiu poderosas contrapartidas. Os governos estaduais, desde então, são obrigados a pagar uma prestação mensal a Brasília (se falharem, não recebem participação nos impostos federais), não podem mais emitir títulos, têm despesas limitadas e controladas e outros endividamentos são restritos a uma porcentagem das receitas. E o governo federal não pode mais financiar os Estados, tudo previsto na Lei de Responsabilidade Fiscal.
Por isso, a solução dos eurobônus ainda não foi aceita pela Alemanha. Angela Merckel exige, antes, regras parecidas à brasileira, que restrinjam a capacidade dos Estados na administração de suas contas e suas dívidas. Mais difícil lá, pois não são governos regionais e sim Estados nacionais que deveriam abrir mão de parte da soberania. É o que François Hollande não aceita, por exemplo. Ele quer bônus com a garantia européia/alemã, mas sem as restrições de soberania fiscal.
Não esquecer: outra parte importante da solução brasileira foi a intervenção, fechamento e/ou oprivatização dos bancos estaduais. Tem banco estatal na Europa que pode ser fechado.
Mas a dificuldade maior está em bancos privados, atolados com créditos podres.
Sem problemas: estudem o Proer brasileiro, do final dos anos 90, quando vários bancos locais quebraram com o fim da inflação. Ainda na semana passada, em editorial sobre a Espanha, a revista Economist sugeriu: o governo intervém nos bancos quebrados, separa os ativos podres, colocando-os no "banco ruim", que é simplesmente liquidado. O que sobra, se sobra, o banco bom, é vendido. Ora, foi exatamente o que se fez aqui com Nacional, o Bamerindus e o Econômico - para citar apenas os maiores.
Calcula-se que o custo disso na Espanha chegue a 10% do Produto Interno Bruto (PIB). No Brasil, ficou mais barato. Na época, houve muita oposição, inclusive e especialmente do PT. Hoje, todos, inclusive Lula e Dilma são os primeiros a falar da solidez do sistema bancário brasileiro.
Outro ponto importante: Banco do Brasil e Caixa estavam literalmente quebrados, por causa de empréstimos fartamente concedidos com critérios políticos e má administração. O governo federal colocou uns R$ 15 bilhões para reaprumar esses dois bancos e estabeleceu novas regras de gestão, mas propriamente "bancárias".
Por isso, aliás, é preciso ficar de olho nessas manobras do governo Dilma para forçar os bancos a reduzirem juros e ampliarem o crédito. Existe, sim, o risco de que estejam abrindo novos buracos.
Mas, voltando à Europa, o problema para um Proer deles está, de novo, na falta de uma verdadeira federação européia, que submeta os Estados nacionais a uma disciplina comum.
Ou seja, jeito sempre tem, mas nunca é fácil. Precisa combinar com muita gente, a começar pelos eleitores. No Brasil, FHC tinha um sólido mandato nacional para tocar essas e outras reformas. Na Zona do Euro, é obviamente mais difícil obter esse mandato.
Os eleitores franceses, por exemplo, votaram contra a austeridade. Os irlandeses, a favor. Os gregos votam agora de novo. Os alemães, de seu lado, não manifestam entusiasmo pelos "eurobônus". Temem que os gastadores torrem ainda mais com a garantia alemã.
A única coisa que ajuda, digamos assim, é a emergência, a situação de vai ou racha. E o que pode rachar é simplesmente a mais bela construção política e econômica do século passado.
Não nos esqueçamos: a Europa unida gerou crescimento, ganho de renda elevado (especialmente para os que eram mais pobres, como Espanha, Portugal e Grécia) e regimes democráticos. Eles vão lutar para salvar isso.