
Agora é Jair Bolsonaro quem acusa a imprensa de perseguição. Para o capitão, os repórteres "morrem de saudades do Lula". Por isso, "distorcem" suas declarações, tratando-o com evidente "má-fé". As palavras do presidente alimentam os escorpiões interiores dos seus seguidores.

Sempre imaginei que eu fosse apenas um jornalista. Mas dizem que sou outras coisas. O sufixo é o mesmo: "ista". O que muda é a serventia. Nos últimos anos, o petismo chamava-me de "golpista". Agora, o bolsonarismo tacha-me de "comunista". Daí a dúvida existencial.
Petistas e bolsonaristas brigam também entre si. A disputa ganha um quê de briga de pátio de colégio. A tribo do capitão diz que o PT roubou no mensalão e no petrolão. A turma do "Lula Livre" aponta para Flávio Bolsonaro. E pergunta: "Cadê o Queiroz?" Guardadas as proporções, é como se os fatos dessem razão aos dois lados.

A desintoxicação do recesso branco servirá para potencializar a conexão do repórter com o interesse público. Quanto aos adoradores dos defeitos alheios, espera-se que abram os olhos. Sob pena de acabarem arrancando as próprias carótidas, chupando o próprio sangue, como vampiros de si mesmos.
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