terça-feira, dezembro 17, 2013

Imagina na Copa? - TAÍS BRAGA

CORREIO BRAZILIENSE - 17/12
Confesso que já me fiz a pergunta. Em vários tons. Desde o irônico ao lamentoso. Mas ao mesmo tempo em que existe uma preocupação real com a imagem que faremos diante do planeta na Copa do Mundo, temos que perguntar sempre - e em tom de cobrança - o motivo do mau funcionamento dos serviços públicos no Brasil. Não só para a Copa ou eventos internacionais. Não podemos mostrar um país maquiado para festa.
Na semana passada, os aeroviários anunciaram greve para 20 de dezembro. Ora, sabemos que todos os anos a categoria pratica esse tipo de chantagem, no mesmo período do ano, colocando a população em situação de estresse, refém, impedida de gozar de um direito básico assegurado pela Constituição, que é o de ir e vir livremente. Por que a Justiça do Trabalho não altera a data base da categoria, por exemplo? E não pode ser para julho.

O brasileiro, conhecido como povo pacato, deu uma demonstração de força nas manifestações de junho e julho. O poder público, atônito, correu para oferecer soluções que, hoje, se mostraram paliativas.

Muitos criticaram a contratação de médicos cubanos para o atendimento à população em locais longínquos do país. O fato é que nossos médicos, assim como nossos aeroviários, rodoviários e diversas categorias de servidores públicos, ainda não se conscientizaram de que, ao assumirem suas funções, estão comprometidos - assim como os políticos - com um patrão cuja força nem ele mesmo sabe calcular.

O que os profissionais devem ficar atentos é à possibilidade de fazerem surgir uma concorrência nunca antes imaginada na história deste país. Não há médico? Que venham os cubanos! Não há pilotos? Que venham os canadenses. Não há construtores de estradas? Que venham os japoneses. No mundo globalizado, há lugar para todos.

E a Copa? Ah, quanto à Copa, não há o que imaginar. Ela vem aí. Ela já está aqui para quem sabe que pode crescer com a oportunidade. Não se deve ficar repetidamente perguntando em tom de mau agouro "imagina na Copa?". Imagino. E quero que tudo o que imaginamos para que ela ocorra sem incidentes, acidentes e com qualidade se mantenha ao longo dos anos, para que a população possa usufruir da estrutura, como se diz, padrão Fifa. É nosso direito.

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