FOLHA DE SP - 26/07
RIO DE JANEIRO - Um seriado de TV, "Batman", de fins dos anos 60, marcou época. Era um glorioso deboche, meio "thriller", meio chanchada. Cesar Romero fazia o Coringa; Frank Gorshin, o Charada; Burgess Meredith, o Pinguim. Cada episódio era uma festa de astros convidados. E, quando Batman e Robin lutavam a socos com os bandidos, os ruídos, "Sock!! Pow!! Crash!!", piscavam na tela em letras psicodélicas e coloridas --cores de que não se sentia falta em nossos aparelhos em PB.
Mas o grande sucesso da série eram as exclamações de espanto de Robin (Burt Ward, dublado): "Santa barbaridade, Batman!", "Santo buraco na rosca!", "Santos ratos na ratoeira!" --sem nenhuma relação com a coisa mencionada. Em inglês, era o mesmo nonsense: "Holy flypaper!" (Santo papel pega-mosca!), "Holy here we go again!" (Santo, lá vamos nós de novo!), "Holy mashed potatoes!" (Santo purê de batata!) etc. Robin usou 347 exclamações diferentes nas três temporadas da série.
Todas elas, por mais absurdas, eram apenas variantes de "Holy Christ!" (Santo Deus!) e "Holy Mary!" (Santa Maria!) --que os jovens dos EUA eram ensinados a não dizer porque seria usar os santos nomes em vão. Daí, eles as substituíram por "Holy cats!" e "Holy mackerel!", que soavam parecido e não caracterizavam blasfêmia --e, aos poucos, foram enriquecendo o vernáculo com "Holy smoke!", "Holy cow!" e outras bem cabeludas.
No Brasil, onde até os ateus se valem do "Minha nossa [Senhora]!" ou do "Graças a Deus!" sem maldade ou segundas intenções --eu, por exemplo--, os verdadeiros equivalentes para as exclamações de Robin seriam "Caramba!", "Putzgrila!" ou, no caso de radicalizar, o velho e confiável "P.q.p.!".
Apenas para lembrar que, por esses dias, se você se vir diante do papa numa rua do Rio, refreie sua exclamação. Use o sistema do Robin.
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