O GLOBO - 25/05
O aumento da produção de gás do xisto, nos Estados Unidos, gera impactos em todo o mundo, com reflexos em preços e na competitividade em escala global
Enquanto os Estados Unidos naufragavam em desemprego, tragados pelo impacto no setor produtivo da crise financeira, o próprio sistema, bastante flexível, estava na rota de uma revolução tecnológica na exploração de rochas, entre elas o xisto, que contêm hidrocarbonetos.
Só em meses recentes, a economia americana emitiu alguns sinais de que pode estar em curso uma recuperação consistente. Mas a revolução energética, principalmente a partir do gás do xisto, já começara.
Thomas Friedman, jornalista, autor de livros, colunista de “The New York Times”, há muito tempo defende, com persistência, a busca pela independência energética como objetivo estratégico para o país. Com um argumento poderoso: depender do petróleo de Venezuela, Arábia Saudita e outros estados autocráticos é financiar regimes ditatoriais, alguns com ligações com o Islã sectário. Ou seja, os dólares americanos financiam, ou financiaram, a al-Qaeda, trágica ironia.
Pois esta autonomia está próxima, com a exploração do gás extraído de rochas, que já começa a substituir o carvão na geração de energia e tende a tomar espaço de derivados de petróleo na matriz de consumo americana. O termo revolução é adequado a esta mudança estrutural.
Segundo dados oficiais americanos, em 2014 as importações de petróleo serão as menores em 25 anos. E continuarão a cair. Mesmo a produção de óleo cru tem aumentado. Fato é que, segundo a própria Agência Internacional de Energia (AIE), as reservas de óleo e gás americanas deverão, até o final da década, superar as da Arábia Saudita e Rússia, passando a ser as maiores do mundo.
O impacto mundial desta revolução é para ser acompanhado com extrema atenção. O Brasil, por sua vez, já colocará em licitação áreas de xisto para exploração, diante da disponibilidade da tecnologia desenvolvida nos Estados Unidos. Mas o importante são os reflexos nos mercados do grande e rápido aumento de produção de gás pelos americanos.
A desvantagem da indústria brasileira na competição globalizada, já grande em função dos gargalos e entraves conhecidos, aumenta. Análise da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan) constata que, enquanto a cotação média do gás nos Estados Unidos está em US$ 4,45 por milhão de BTUs (unidade térmica britânica, em inglês), no Brasil se encontra em estratosféricos US$ 17,14. O resultado é que a indústria brasileira, se passasse a funcionar em solo americano, economizaria por ano US$ 4,9 bilhões no combustível.
Há um “custo Brasil” específico nesta cadeia, a ser desbastado por redução de impostos, menor burocracia e maior eficiência empresarial. Além da desobstruções dos gargalos de infraestrutura. Tentar proteger a indústria por meio de tarifas aduaneiras será, como se sabe, decretar seu desaparecimento a médio prazo.
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