No momento em que a Comissão da Verdade confirma que a tortura já era amplamente utilizada pelos militares em 1964, e não a partir de 1968, como resposta à luta armada, não se pode deixar de lembrar um episódio de muita repercussão na época e que se tornou emblemático por ter ocorrido em praça pública e com direito a plateia, como se fosse um daqueles espetáculos bárbaros de antigamente. Nos primeiros dias do golpe, o líder comunista Gregório Bezerra, depois de selvagemente espancado dentro de um quartel do Exército em Recife, foi puxado para a rua, onde aconteceu o que ele contou ao "Pasquim" em 1978, numa entrevista nunca desmentida. "O coronel Vilocq (Darcy Viana) gritava para a massa: "Lincha esse bandido, matem, joguem garrafas, pedaços de ferro, pedras nesse monstro que queria incendiar o bairro para queimar crianças"." Horrorizadas, as pessoas viravam o rosto. "Saíram me arrastando até o jardim da Casa Forte, onde Vilocq fez outro comício concitando a me linchar. Mais uma vez ninguém atendeu, o que me encorajava, me dava uma vontade louca de resistir."
A cena, presenciada pela então jovem advogada Mércia Albuquerque, foi assim descrita por ela: "Gregório, vestindo apenas calção preto, com a cabeça fraturada sangrando, banhado de suor, com os pés que haviam sido mergulhados em soda cáustica e os pulsos feridos pelas algemas, tinha uma corda de três pontas amarrada no pescoço e era arrastado por um grupo de soldados, seguido por um carro de combate." Segundo ainda seu relato, "o tenente-coronel Darcy Vilocq ensandecido agitava uma vareta de ferro e gritava, apoplético, injúrias contra o velho militante comunista, seu prisioneiro. Como se dirigisse um ato de fé da Inquisição, conclamava os espectadores tomados de pânico: "Venham ver o enforcamento do comunista Gregório Bezerra!""
Enquanto o cortejo sádico circundava a Praça da Casa Forte, com transmissão ao vivo por uma rádio e um canal de televisão, religiosos liderados por uma freira acionaram Dom Lamartine, bispo auxiliar, que telefonou para o general Justino Alves Bastos solicitando sua interferência. O então comandante do 4º Exército interveio, impedindo que a barbárie fosse coroada com o anunciado enforcamento.
Enfim, nem é bom lembrar essas coisas. Ou é - para que não se repitam. A História, já se disse, não deve servir de exemplo, mas pode servir de lição. É o que a Comissão da Verdade está tentando fazer.
Por falar em passado, vou parodiar os adversários de Richard Nixon: você compraria um carro usado do atual presidente do Brasil?
A cena, presenciada pela então jovem advogada Mércia Albuquerque, foi assim descrita por ela: "Gregório, vestindo apenas calção preto, com a cabeça fraturada sangrando, banhado de suor, com os pés que haviam sido mergulhados em soda cáustica e os pulsos feridos pelas algemas, tinha uma corda de três pontas amarrada no pescoço e era arrastado por um grupo de soldados, seguido por um carro de combate." Segundo ainda seu relato, "o tenente-coronel Darcy Vilocq ensandecido agitava uma vareta de ferro e gritava, apoplético, injúrias contra o velho militante comunista, seu prisioneiro. Como se dirigisse um ato de fé da Inquisição, conclamava os espectadores tomados de pânico: "Venham ver o enforcamento do comunista Gregório Bezerra!""
Enquanto o cortejo sádico circundava a Praça da Casa Forte, com transmissão ao vivo por uma rádio e um canal de televisão, religiosos liderados por uma freira acionaram Dom Lamartine, bispo auxiliar, que telefonou para o general Justino Alves Bastos solicitando sua interferência. O então comandante do 4º Exército interveio, impedindo que a barbárie fosse coroada com o anunciado enforcamento.
Enfim, nem é bom lembrar essas coisas. Ou é - para que não se repitam. A História, já se disse, não deve servir de exemplo, mas pode servir de lição. É o que a Comissão da Verdade está tentando fazer.
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