quinta-feira, maio 30, 2013

Mea-culpa de Lula - ILIMAR FLANCO

O GLOBO - 30/05

O ex-presidente Lula está fazendo mea-culpa, no que lhe toca, pela antecipação da sucessão presidencial. Explicou, para um grupo de petistas, que sua motivação era a de interromper a onda do "volta, Lula". Muitos petistas estavam e estão descontentes com o "jeitão" da presidente Dilma. Um dos que estiveram com Lula justifica: "Mudou o estilo. Muita gente sente falta do carinho do Lula."

Dar tempo ao tempo
O marqueteiro João Santana aplicou uma pesquisa qualitativa na qual ele perguntava ao entrevistado sobre a vida das dez pessoas mais próximas. Queria saber se elas haviam melhorado ou piorado de vida nos últimos dez anos. Segundo seu relato, numa roda de petistas, de cada dez amigos citados, oito deles tinham melhorado de vida nos governos petistas. Sua conclusão é que a presidente Dilma deve centrar sua ação na gestão e manter o nível de aprovação do governo. Santana avalia que o debate prematuro da sucessão é "perda de tempo" e que, no ano que vem, mantidas a aprovação e a popularidade em alta, tudo se acomoda.



"A (presidente) Dilma não perdeu os eleitores que votavam nele e ganhou um monte de eleitores que não votavam no (ex-presidente) Lula"
João Santana, marqueteiro da presidente Dilma, apostando numa vitória no primeiro turno

Quem sabe faz a hora
O ex-presidente Lula avalia que a hora da verdade não chegou e que, agora, há muito blefe. Explica que é como no jogo de pôquer. "O jogador tá com um parzinho na mão, mas faz pose de quem tem um four de ases", relatou um petista.

A polêmica das MPs
O ex-presidente do STF, Nelson Jobim, uma vez definiu assim o uso de MPs: "Os técnicos do Executivo passam seis meses debatendo um assunto. Quando eles chegam a um acordo, redigem o projeto e aí sentenciam que é urgente e pedem a edição de uma MP". É assim: os sem voto debatem meses e os com voto têm só alguns dias para votar.

Empurra-empurra
Eles tentaram jogar tudo nas costas do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Mas, no Planalto, ficou a impressão de que os líderes petistas no Senado, Wellington Dias (PI) e José Pimentel (CE), têm pequeno poder de articulação.

Chama os bombeiros
Depois do bate-boca entre a ministra Gleisi Hoffmann (Casa Civil) e o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), a presidente Dilma pediu ao ministro Aloizio Mercadante (Educação) que telefonasse para Renan e amenizasse a situação. A presidente não aceita que Renan, o PMDB e o Senado sejam tratados como inimigos. Por isso, não quer mal-estar com seus aliados.

A cantada
Na última cartada para tentar aprovar a MP da Energia, o governo disse que a AGU tinha parecer contrário à reciclagem de uma MP em outras. Renan deu de ombros e reagiu dizendo que era só uma forma de pressão para que ele lesse a MP.

Um partido de tendências
Na reunião de emergência, de articulação, na terça-feira de manhã no Planalto, alguns petistas reclamaram que o PMDB era um partido dividido e que era preciso negociar com vários grupos. Como se não soubessem o que é isso!

A candidata do PP ao governo gaúcho, senadora Ana Amélia, já teve duas conversas com o governador Eduardo Campos, candidato do PSB ao Planalto.

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