sábado, dezembro 22, 2012

O dia do Basta, com D de Dilma - JORGE BASTOS MORENO - Nhenhenhém

O GLOBO - 22/12



Nunca se esqueçam desta data: 20/12/2012.

Se esquecerem, não se preocupem. Ela não entrará para a História do país. Mas deveria.

Não pelo dia em si, mas pelo que ocorreu dentro dele: a tolerância da presidente Dilma com a desarticulação política do seu governo chegou ao limite zero. O seu humor também. Os que estiveram com ela na quarta saíram com a certeza de que alguma coisa vai mudar em 2013.

Dilma, na expressão de um de seus ministros, estava "azeda" com o Orçamento não votado; com o apagão; e com o mensalão, que não tem nada a ver com ela, entrando para atrapalhar o seu governo, numa briga infecunda entre o presidente do STF e o da Câmara e pela perspectiva sombria do comando do novo Congresso.

É possível, por isso, que Dilma acabe se dobrando aos fatos e faça, no mínimo, dois remanejamentos: Mercadante para a articulação política e Graça Foster para Minas e Energia.

Os russos
Quando vi, no discurso da Dilma em Moscou, os ministros da comitiva bocejando e cochichando, não tive dúvidas: foi o Seroquel Retard, o antidepressivo capaz de fazer até o Serra dormir.

Errei. É que, às 2h da madrugada, depois de ler o discurso escrito pelo quarteto fantástico - Mercadante, Patriota, Pimentel e Garcia -, a presidente ligou para o quarto de cada um:

- Não há o menor risco de eu ler essa droga. Reescrevam, se quiserem voltar comigo para o Brasil.

Nosso Guia
Todo mundo estranhou a escalada de ataques do presidente da Câmara, Marco Maia, contra o Supremo, logo no apagar das luzes do seu mandato.

É que Maia, há duas semanas, teve uma reunião de duas horas com Lula, no Instituto Lula.

Companheiro
Quem anda frequentando, e muito, o escritório de Lula em São Paulo é o banqueiro Roberto Setubal, do Itaú.

Do chamado andar de cima, Setubal é hoje o empresário mais ligado ao ex-presidente.

O impagável 1
O ministro Aldo Rebelo é conhecido no meio jornalístico como o maior avaro de informação do país. Tanto que, em algumas redações, nos quadros de aviso advertem que a empresa não ressarce o repórter de notas fiscais de almoços e jantares com Aldo, porque jornal não investe a fundo perdido.

Mas este crédulo resolveu fazer tocaia num despacho da Dilma com o ministro. Na saída, implorei que me contasse a conversa.

Para minha surpresa, Aldo consentiu, mas com a seguinte condição:

- Desde que seja off total, meu camarada!

O impagável 2
E prosseguiu o ministro dos Esportes:

- A presidenta Dilma e eu conversamos muito sobre...

Aldo foi interrompido pelo celular e ficou 40 minutos conversando com sua assessoria.

Enquanto isso, minha cabeça fervia: de quem será que falaram muito? E pensei muitos nomes, de Lula a Lula.

Quando o ministro desligou o telefone, a minha ansiedade já tinha deflagrado uma severa crise de síndrome de pânico, com muita náusea e falta de ar.

Eu não conseguia balbuciar uma única palavra. Era preciso recuperar a conversa desde o início.

Mas nem foi preciso. Organizado e disciplinado como sempre, Aldo retomou a conversa exatamente no mesmo ponto:

- Como eu estava te dizendo, a presidente e eu falamos muito do Floriano Peixoto.

Esse é o Aldo Rebelo.

Gafes
Apresentada, em evento, ao "governador" do Rio, a estonteante, delirante e belíssima Constança Costes, radicada em Paris, cumprimentou-o em francês.

Mas não era o titular. Era o vice Pezão.

Por onde passava a Deusa, "um feixe de luz" a seguia, como acontece com as grandes celebridades.

De repente, um admirador se apresenta:

- Muito prazer. Eu me chamo Sérgio Cabral.

A princesa abriu um sorriso enorme e saudou:

- Meu conterrâneo!

E Serjão, meio encabulado:

- O seu conterrâneo é o filho. Eu sou o pai.

No que completou a Magaly, olhando para mim:

- Meu filho vai ao exterior buscar divisas. Mas é difícil colocar isso na cabeça de um certo alguém.

Cantei: "Esse cara sou eu".

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