sexta-feira, setembro 14, 2012

Os políticos e as "roupas de missa" - VIVIAN WHITEMAN

FOLHA DE S. PAULO - 14/09


UMA IMAGEM de campanha bem-sucedida se apoia sobretudo na harmonia entre cenário e figurino. Nas últimas semanas, candidatos à Prefeitura de São Paulo fizeram o mesmo programa -foram assistir às missas do padre Marcelo Rossi.

O cenário, uma igreja católica, tem seus códigos de vestimenta. Interessante começar com o figurino do anfitrião -não Deus em si, mas o anfitrião humano, neste caso, o padre-, que oscilou entre uma e outra extravagância, na tendência Vaticano.

Para receber José Serra (PSDB), padre Marcelo optou por uma veste branca com capa preta. No peito, uma cruz de malta (símbolo cristão usado na primeira Cruzada) estilizada.

Já Serra lançou mão da camisa social azul -o pretinho básico de qualquer político- e de uma jaqueta casual, estilo pai de família. Por baixo do colarinho, a ponta de uma camiseta branca, sinal de recato, como um vovô.

Já na vez de Gabriel Chalita (PMDB), o padre escolheu uma capa verde.

A decoração é um Jesus carnavalesco, tirando um dos pés do chão e emanando cores. Chalita segue seu uniforme despojado, com jeans, camisa branca e cinto. Combinação funcional que passa uma certa imagem de humildade.

Quando recebeu Celso Russomanno (PRB), o padre inverteu a lógica.

Botou uma veste preta e uma capa acetinada branca, com uma imagem de Jesus típica dos quadros populares. Russomanno foi o mais arrumadinho, o que mais se esforçou para fazer jus à expressão "roupa de missa": usou camisa social e paletó.

Na vez de Fernando Haddad (PT), padre Marcelo faltou e deixou no ar a curiosidade sobre o look que escolheria.

Estava com o dente quebrado, culpa de uma torrada (talvez diet, o padre anda bochechudo), e foi atrás de um implante imediatamente. Um sorriso furado, afinal, estraga mesmo qualquer foto.

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