domingo, setembro 30, 2012

Dilma, na chuva - VALDO CRUZ


FOLHA DE S. PAULO - 30/09


BRASÍLIA - Quem está na chuva é para se molhar. Em outras palavras, não resta à presidente Dilma outra opção a essa altura do campeonato. Vai entrar de corpo, e não só de alma, na campanha do petista Fernando Haddad em São Paulo.

O fato é que, a uma semana do primeiro turno das eleições, Dilma se envolveu no pleito mais do que gostaria. Resultado: uma derrota petista no próximo domingo será debitada não só na conta do ex-presidente Lula mas na dela também.

O retrato do momento indica riscos de derrota aguda para seu partido. O PT pode perder a eleição nas principais capitais. É o caso de Belo Horizonte, campanha na qual ela interferiu e atuou diretamente.

Ali, se tudo seguir no rumo atual, será uma derrota pessoal dela. Revés que fortalece os planos de seu potencial adversário em 2014, o tucano Aécio Neves.

Além de reeleger o atual prefeito do PSB, Márcio Lacerda, o tucano planeja fazê-lo governador mineiro. Lance estratégico no seu xadrez presidencial.

Aécio sonha em atrair para sua campanha o governador Eduardo Campos (PSB-PE), principal líder do partido que pinta como um dos grandes vitoriosos da eleição. De preferência como seu vice. Seria uma chapa forte para 2014.

Daí que, para Dilma, eleger Fernando Haddad torna-se estratégico para compensar as demais derrotas do PT país afora. Ganhando em São Paulo, enfraquece os tucanos e abre espaço para eleger um petista governador do Estado.

As eleições municipais, contudo, são um ensaio para a presidencial. Têm influência, mas não decisiva. A chave de 2014 está nas mãos de Dilma: fazer a economia acelerar. Nos dois primeiros anos de mandato, não conseguiu. Se conseguir nos dois últimos, com inflação sob controle, esqueçam. Só uma tempestade internacional lhe tira a reeleição. Ainda mais com Lula chamuscado pelo mensalão.

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