segunda-feira, julho 04, 2011

RENATA LO PRETE - PAINEL DA FOLHA

Guichê ao lado
RENATA LO PRETE
FOLHA DE SP - 04/07/11

Acionado a investigar as suspeitas que levaram ao afastamento coletivo no Ministério dos Transportes, Jorge Hage (Controladoria-Geral da União) diz que só a entrada da Polícia Federal no caso pode provar a existência de cobrança de propina. "Isso não é assunto que a Controladoria possa detectar com auditoria."
Apesar disso, ele vislumbra campo fértil de trabalho, pois irregularidades estariam "no DNA do Dnit", como "superfaturamento, licitações direcionadas e serviços malfeitos e pagos." Hage ressalta "esforço" dos Transportes para correção, mas diz que recebia críticas do nº 1 do Dnit, Luiz Antonio Pagot: "Ele sempre reclamou. Chegava a dizer que não tinha tempo de cuidar de outra coisa que não responder à CGU".

Bina 
Embora a nota oficial do ministro Alfredo Nascimento (Transportes), no sábado, tenha dito que foi ele quem decidiu acionar a CGU, a ordem para Hage partiu de telefonema de Gleisi Hoffmann (Casa Civil), ontem à tarde, falando em nome da presidente Dilma Rousseff.

Faísca 1 
As suspeitas sobre a cúpula do ministério comandado pelo PR desde o início do governo Lula fizeram as três principais alas da legenda trocar, nos bastidores, acusações mútuas.

Faísca 2 
Um grupo de deputados afirma que Valdemar Costa Neto (SP) criou uma "caixa-preta" na Valec. Já aliados de Valdemar ventilam que, na verdade, o foco de insatisfação de Dilma é com o Dnit, comandado até sábado por um indicado do senador Blairo Maggi (MT). E Alfredo Nascimento tenta se descolar tanto de um quanto de outro grupo.

Olímpico
José Francisco das Neves, afastado por Dilma do comando da Valec, mantém relação antiga com Henrique Meirelles. Em 2002, Juquinha, como é conhecido, coordenou a campanha do ex-banqueiro a deputado federal. Já presidente do BC, Meirelles apoiou a indicação do aliado para a estatal. Juquinha o visitava com regularidade no banco.

Outra coisa 
A despeito das reações negativas, do público em geral e entre os próprios governistas, ao anúncio da participação do BNDES no projeto de fusão Pão de Açúcar-Carrefour, o Planalto não tem nenhuma intenção de afastar Abílio Diniz do Conselho de Gestão, seleto fórum criado há poucas semanas pela presidente.

Economia
Nos quatro meses em que cumpriu o mandato de senador, Itamar Franco não usou um centavo da verba mensal de R$ 15 mil destinada a gastos dos congressistas em seus Estados.

Arquibancada 
Aliados dizem que, na escolha do cartola do Cruzeiro Zezé Perrella (PDT) para a suplência de Itamar, pesou a "militância" de Aécio Neves (PSDB) pelo seu clube de coração.

De longa data 
Mariano Laplane, professor do Instituto de Economia da Unicamp que orientou o doutorado de Aloizio Mercadante, foi escolhido para presidir o Centro de Gestão e Estudos Estratégicos, organização social vinculada ao Ministério da Ciência e Tecnologia, hoje ocupado pelo petista.

Astro rei 
Empresários da Índia propuseram a congressistas e ao governo brasileiro transferência de tecnologia de banda larga e telefonia à base de antenas movidas a energia solar. O Ministério das Comunicações irá ouvi-los. O senador Cyro Miranda (PSDB-GO) também quer levá-los ao Congresso.

Show 
Enviado para acompanhar os preparativos da Olimpíada-2012, Walter Feldman relata: "O planeta, o Reino Unido, Londres e londrinos não serão os mesmos após este vendaval de gestão e planejamento".

com LETÍCIA SANDER e RANIER BRAGON

tiroteio
"Se alguém tem responsabilidade pelo incrível atraso nas obras da Copa é o atual governo, de continuidade do anterior. Não adianta tentar empurrar a conta a terceiros."
DO SENADOR AÉCIO NEVES (PSDB-MG), sobre a justificativa usada na defesa de mudanças na legislação, de modo a acelerar as obras para o Mundial de 2014.

contraponto

45 min do segundo tempo

Ao longo da carreira, Itamar Franco cultivou o costume de criar suspense a adiar decisões ao limite. Foi assim em novembro de 2002, quando Lula, então presidente eleito, o convidou a integrar o futuro governo.
Na época encerrando o mandato de governador em Minas, Itamar pediu tempo para refletir e levou Lula para relatar a conversa aos repórteres. Sabedor da fama de quem estava convidando, Lula lembrou a data de sua própria posse, arrancando risos do governador:
-Vou esperar o tempo que ele entender que devo esperar. Só não pode passar de 1º de janeiro!

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