quarta-feira, abril 20, 2011

FERNANDO DE BARROS E SILVA - Tucanos fritos


Tucanos fritos
FERNANDO DE BARROS E SILVA

FOLHA DE SÃO PAULO - 20/04/11

SÃO PAULO - A debandada de pelo menos seis dos 13 vereadores tucanos em São Paulo explicita o racha das forças antipetistas na capital.
Os dissidentes do PSDB ligados a Serra e a Kassab saíram cuspindo fogo contra as brigadas alckmistas. "A facção do PSDB que odeia os vereadores tomou o diretório municipal", disse o vereador Gilberto Natalini, a caminho do PV.
Facção. Ódio. A ruptura de agora é o desfecho da guerra de 2008, quando Alckmin, candidato de si mesmo, foi boicotado pelo seu próprio partido e saiu humilhado da disputa municipal. É também o primeiro movimento da batalha a ser travada na sucessão de Kassab.
Está mais claro agora que ele e Alckmin não têm como apoiar um único candidato. A não ser -vale sempre a ressalva- que este candidato seja José Serra. Ocorre que Serra, mesmo que queira, o que é improvável, talvez não tenha mais força para cicatrizar as feridas abertas e apaziguar as "facções" em litígio.
O PSDB se fragilizou em São Paulo, isso está claro. Mas esse é um preço que Alckmin parece disposto a pagar para eliminar a influência de Serra sobre o partido. No que depender do governador, o kassabo-serrismo deve morrer por asfixia. A debandada dos tucanos é, em parte, um expurgo patrocinado por Alckmin. Ele segue a divisa de Bento 16: menos e melhores fiéis. Estratégia arriscada, sem dúvida.
Pelo visto, podemos ter uma candidatura de perfil mais provinciano e direitoso entre os tucanos, enquanto Kassab, herdeiro da direita e egresso do malufismo, corre atrás de um candidato furta-cor, transideológico, alguém de aparência modernosa e alternativa -como o secretário verde Eduardo Jorge.
Com os rivais divididos, o PT vê crescerem as suas chances de reconquistar a cidade. Lula, ontem, orientou o partido a buscar alianças à direita para atrair os setores médios conservadores e os órfãos do malufismo e do quercismo. Parece até só uma gincana para ver quem ilude melhor o eleitor.

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