segunda-feira, fevereiro 14, 2011

ROBERTO ZENTGRAF

Devo, não nego, pago quando puder
ROBERTO ZENTGRAF
O GLOBO - 14/02/11
Pois é, meu caro amigo leitor, parece que a conta do crédito fácil finalmente chegou com os índices de inadimplência de janeiro 24,8% mais altos do que os do mesmo período no ano passado, a maior alta em oito anos. É a contrapartida óbvia a tantos recordes de vendas e de consumo registrados no ano passado. E, somando-se a esses fatores, acredito que também contribuíram a volta da inflação, a elevação dos juros e demais restrições ao crédito e, principalmente, a inclusão de novos consumidores no mercado de crédito sem a devida educação financeira para tal. Pensando nisso optei por tratar do tema inadimplência na coluna de hoje...

1. Por que devo evitar a inadimplência? Ficar inadimplente não deveria ser alternativa para ninguém, mesmo para aqueles que fazem piada alegando que quem deveria se preocupar é o credor, e não o devedor. Fora o incômodo de se ver às voltas com os cobradores à sua porta, por que perder a opção de conseguir crédito fácil e barato que os que pagam em dia têm? Quem conhece o mercado financeiro sabe que as opções têm valor (opções de compra e venda de ações corriqueiramente negociadas na Bovespa), não é verdade?

2. O que pagar primeiro? Reconheço que não é fácil decidir quando há várias contas em atraso e poucos recursos para liquidá-las. Nesta hora calma e planejamento são elementos indispensáveis: liste todos os valores que deve com as respectivas datas de vencimento, encargos financeiros e demais penalidades. Você deve começar liquidando aquelas que o ameacem com corte no fornecimento dos serviços - por exemplo, luz e gás - ou com a inclusão de seu nome em listas de proteção de crédito. As próximas da relação devem ser aquelas sobre as quais incidam as maiores taxas de juros. As outras, que não se enquadrem em nenhum destes critérios podem ficar para depois.

3. Devo negociar? Sempre! Deixe a vergonha de lado e parta para um acordo, usualmente melhor para as duas partes. Por exemplo, se você já está enrolado com o cartão, sairá mais barato negociar um empréstimo em prestações fixas - e, portanto previsíveis - junto ao banco, do que ficar pagando o valor mínimo citado na fatura. Lembre-se que o banco não quer você inadimplente, o seu carro ou o seu apartamento, mas sim o seu dinheiro. Só é importante evitar valores altos de prestação para não voltar à situação de inadimplência, mesmo que para isso você seja obrigado a vender algum bem. Pense que dias melhores virão e você conseguirá adquiri-lo novamente.

4. Como evitar que isso aconteça? Se você virou inadimplente, é porque gastou mais do que consegue pagar. Não tenho a solução na ponta da língua, mas costumo recomendar alguns truques para dificultar o uso do dinheiro, como, por exemplo, deixar cartões e cheques em casa ou manter uma reserva em conta separada. Outro caso comum é o da dificuldade em controlar cheques ou cartões emitidos e, ao se esquecer de anotar as despesas, você acabar se atrapalhando. Nada que um bom orçamento pessoal não resolva, não é mesmo? Aliás este foi o assunto que tratei na semana passada, e voltarei a ele em breve!

Um grande abraço e até a próxima semana!

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