Cuidem dos garotos
LUIZ GARCIA
O GLOBO - 13/07/10
O problema de Bruno está resolvido. Rapidamente, mas não poderia ser diferente: raras vezes um comportamento criminoso é identificado e provado em pouco tempo com tanta abundância de provas, tanta escassez de atenuantes. O ex-goleiro e exiacute;dolo do Flamengo mostrou ser tudo que um atleta profissional e um ídolo popular não pode ser.
Mas seus ex-patrões, e não falo só do Flamengo, bem que poderiam fazer um exame de consciência e perguntar a si mesmos se, antes de matar a companheira com repugnantes requintes de violência, Bruno já não teria dado sinais ou mesmo provas de que alguma coisa estava errada com ele. Talvez não.
Mas o que está mesmo em questão é a possível necessidade de políticas preventivas a respeito.
Profissionais do futebol não são funcionários comuns de uma empresa. Ao assinarem contrato com um clube, passam a ser parte de sua história e de sua imagem. O que significa tanto compromisso como honra — e implica responsabilidades especiais.
Dentro das quatro linhas, e fora delas.
A condição de ídolo popular tem tantas responsabilidades quanto prazeres. Sei que estou apenas citando lugares-comuns, o que pode ser cansativo para o leitor, mas peço um pouco de paciência: eles só ficam comuns por serem verdadeiros e resistirem ao tempo.
O Flamengo agiu com rapidez e eficiência, tanto quanto a polícia, no caso de Bruno. Mas o torcedor tem o direito de perguntar: o que o clube e os outros estão dispostos a fazer, não para reagir a episódios semelhantes, mas simplesmente para evitá-los? É comum, e absolutamente desejável, que rapazes, muitos ainda adolescentes, mostrem nos gramados um grau de excelência no exercício da profissão prematuro, e incomum em outras profissões.
As leis da concorrência mandam que sejam regiamente pagos por isso.
Mas o sucesso antes da maturidade tem riscos óbvios. Talvez deva partir dos clubes, tanto por razões éticas como em defesa de sua própria imagem, a iniciativa de preparar suas jovens estrelas para a administração correta do sucesso. Dá trabalho, com certeza. Mas, em prazo não muito longo, trata-se da defesa de seus interesses e de seu patrimônio. Sem falar no aspecto ético de uma política nesse sentido.
O caso de Bruno é, obviamente, uma aberração.
Não conheço outro caso de craque assassino.
Mas não faltam exemplos de bons jogadores que jogaram fora suas carreiras e não foram cidadãos exemplares — ou pelo menos cidadãos comuns — por absoluta incompetência na administração do êxito. Principalmente porque o sucesso no esporte costuma chegar muito antes do que acontece em outras profissões.
Bruno não foi formado no Flamengo. A ele chegou pronto, para o melhor e para o pior. O que fez de sua vida não é culpa do clube. Mas serve como advertência para todos os clubes.
Cartolas, cuidem de seu patrimônio, cuidem de seus garotos.
Mas seus ex-patrões, e não falo só do Flamengo, bem que poderiam fazer um exame de consciência e perguntar a si mesmos se, antes de matar a companheira com repugnantes requintes de violência, Bruno já não teria dado sinais ou mesmo provas de que alguma coisa estava errada com ele. Talvez não.
Mas o que está mesmo em questão é a possível necessidade de políticas preventivas a respeito.
Profissionais do futebol não são funcionários comuns de uma empresa. Ao assinarem contrato com um clube, passam a ser parte de sua história e de sua imagem. O que significa tanto compromisso como honra — e implica responsabilidades especiais.
Dentro das quatro linhas, e fora delas.
A condição de ídolo popular tem tantas responsabilidades quanto prazeres. Sei que estou apenas citando lugares-comuns, o que pode ser cansativo para o leitor, mas peço um pouco de paciência: eles só ficam comuns por serem verdadeiros e resistirem ao tempo.
O Flamengo agiu com rapidez e eficiência, tanto quanto a polícia, no caso de Bruno. Mas o torcedor tem o direito de perguntar: o que o clube e os outros estão dispostos a fazer, não para reagir a episódios semelhantes, mas simplesmente para evitá-los? É comum, e absolutamente desejável, que rapazes, muitos ainda adolescentes, mostrem nos gramados um grau de excelência no exercício da profissão prematuro, e incomum em outras profissões.
As leis da concorrência mandam que sejam regiamente pagos por isso.
Mas o sucesso antes da maturidade tem riscos óbvios. Talvez deva partir dos clubes, tanto por razões éticas como em defesa de sua própria imagem, a iniciativa de preparar suas jovens estrelas para a administração correta do sucesso. Dá trabalho, com certeza. Mas, em prazo não muito longo, trata-se da defesa de seus interesses e de seu patrimônio. Sem falar no aspecto ético de uma política nesse sentido.
O caso de Bruno é, obviamente, uma aberração.
Não conheço outro caso de craque assassino.
Mas não faltam exemplos de bons jogadores que jogaram fora suas carreiras e não foram cidadãos exemplares — ou pelo menos cidadãos comuns — por absoluta incompetência na administração do êxito. Principalmente porque o sucesso no esporte costuma chegar muito antes do que acontece em outras profissões.
Bruno não foi formado no Flamengo. A ele chegou pronto, para o melhor e para o pior. O que fez de sua vida não é culpa do clube. Mas serve como advertência para todos os clubes.
Cartolas, cuidem de seu patrimônio, cuidem de seus garotos.
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