terça-feira, janeiro 19, 2010

BRASÍLIA -DF

Quem pode, pode

Luiz Carlos Azedo Com Norma moura

CORREIO BRAZILIENSE - 19/01/10



O Ministério da Defesa resolveu avaliar melhor a situação das tropas brasileiras no Haiti e despachou para lá, no domingo, o general de divisão Carlos Alberto dos Santos Cruz, comandante da

2º Divisão de Exército, com sede em São Paulo. Ele chefiou as forças de paz da ONU (Minustah) de 2007 a 2009. O Brasil tem o comando dos 7 mil homens que integram a força internacional, sendo 1.266 militares brasileiros do Exército e do Corpo de Fuzileiros Navais da Marinha. Os Estados Unidos, porém, despacharam 10 mil homens para o Haiti, porta-aviões, navios etc. E o presidente Barack Obama convocou reservistas para enviar mais gente. O país foi praticamente ocupado pelas tropas norte-americanas.

O atual force commander da Minustah, general de brigada Floriano Peixoto, não gostou, mas terá que se conformar com a chegada de Santos Cruz. Não estava no posto no dia do terremoto, havia viajado para Miami (EUA). Se estivesse em Porto Príncipe, poderia ter morrido em ação, como outros militares brasileiros. Voltou às pressas, mas isso não vem ao caso. Na presença de um repórter do IG, após uma entrevista, Floriano chegou a reclamar por telefone do envio do ex-comandante da Minustah, a quem substituiu em junho passado.

Devagar
A cúpula do PMDB se reunirá amanhã na residência oficial do presidente da Câmara, Michel Temer, de São Paulo. No jantar, Temer dirá que não tem pressa na definição em relação à vice na chapa da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT). Avalia que é cedo. Temer está sendo fritado pelo presidente Lula.

Retrocesso
O grande problema de Floriano Peixoto é que o principal trabalho realizado pelas tropas brasileiras — desarmar as gangues, prender seus líderes e manter a ordem pública no país — quase voltou à estaca zero com a fuga de 3 mil presos. Os bandidos levaram todas as armas dos guardas e reassumiram o controle das favelas. Enquanto a Minustah faz o que pode para socorrer os sobreviventes do terremoto, prioridade imposta pela tragédia, a violência já recrudesce no Haiti.

Reforço
Santos Cruz ganhou a confiança da ONU e dos norte-americanos porque foi excelente force commander. Controlou as favelas de Porto Príncipe, principalmente Cité Soleil, e conquistou o apoio da população haitiana. Precisa negociar com os militares americanos como as coisas funcionarão doravante. A hegemonia militar brasileira no Haiti foi suplantada pela maciça presença norte-americana. Para manter o comando, o Brasil precisará enviar mais homens para o Haiti e, talvez, um general mais graduado.

Mandacaru
O governador José Serra (SP) faz o que pode para superar a falta de palanques no Nordeste. No Ceará, que foi o primeiro reduto tucano, restou-lhe a candidatura do deputado estadual Luiz Pontes (PSDB), que deve receber o apoio de Tasso Jereissati, com quem mantém laços de família. O PT e o PMDB fecham com o atual governador do estado, Cid Gomes (PSB), candidato à reeleição. O deputado Eunício Oliveira (PMDB) é a opção para senador, mas anda se estranhando com o ministro da Previdência, José Pimentel (PT), que também é candidato ao Senado.


Voluntários
O Ministério da Saúde está cadastrando voluntários para enviar ao Haiti. Somente da rede do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), dos Hospitais Federais do Rio de Janeiro e do Grupo Hospitalar Conceição, do Rio Grande do Sul, já se apresentaram 500 profissionais de saúde.


Palanque Pela primeira vez, o governador de Minas, Aécio Neves, não prestigia uma visita do presidente Lula, que vai ao Vale do Jequitinhonha e Juiz de Fora hoje. “Fui comunicado da agenda quase no fim de semana e tenho outros compromissos em Minas. Expliquei isso ao presidente, que compreendeu perfeitamente”, justifica. Aécio mantém distância de Dilma.

Armistício Reinou o consenso, ontem, na reunião para discutir o 3º Plano Nacional de Direitos Humanos (PNDH-3) na Câmara. Mas nem de longe é o que se espera com o fim do recesso parlamentar. Para o vice-presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, Pedro Wilson (PT-GO), o plano ainda vai gerar muita polêmica por causa da questão agrária.

Pilatos O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), distribuiu nota na qual se exime de qualquer responsabilidade sobre a fundação que leva o seu nome no Maranhão. A Fundação Sarney está sob investigação por causa do suposto desvio de patrocínios da Petrobras. O ex-presidente da República doou 50 mil livros, manuscritos de autores nacionais e estrangeiros, 400 mil documentos históricos, um arquivo audiovisual de 1.500 horas e cerca de 4 mil objetos de arte e presentes que recebeu quando exerceu o cargo à entidade. “Caso seja procedente qualquer acusação, que os responsáveis sejam punidos na forma da lei”, disse.

Non troppo
O vice-governador Paulo Octávio (DEM-DF) desistiu de disputar o Governo do Distrito Federal, mas não deve deixar o cargo que ocupa, em março, para concorrer à Câmara dos Deputados. Nesse caso, o primeiro na linha de sucessão do governador José Roberto Arruda será o próximo presidente da Câmara Legislativa.

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