Brasileiro é o que mais defende ação estatal
FOLHA DE SÃO PAULO - 12/12/09
A população brasileira é a que mais defende a intervenção do governo na economia, segundo pesquisa realizada pela Market Analysis e pela GlobeScan em 27 nações. A média mundial é de 56% de aprovação à ideia -entretanto, no país, 87% se dizem favoráveis a que o Estado interfira no dia-a-dia dos negócios.
A elevada taxa global de apoio à intromissão governamental é resultado da crise que sacudiu o planeta entre o final de 2008 e o início deste ano. Nos EUA, aponta-se a falta de controle sobre as operações realizadas pelos bancos como uma das principais causas do problema.
"As turbulências foram percebidas não apenas como um fenômeno conjuntural, mas acabaram abalando bastante o conceito de livre mercado", diz Fabián Echegaray, diretor da Market Analysis.
De acordo com o levantamento, a maioria dos brasileiros também afirma achar que o Estado deve ter controle direto sobre as principais indústrias nacionais.
Echegaray explica que tal anuência à pesada ação estatal não significa exatamente uma confiança na competência do poder público. "É mais um desejo de deixar que essa instância superior resolva as dificuldades cotidianas. O governo é visto de forma paternalista, como um agente capaz de garantir o bem-estar", comenta o cientista político.
A um traço cultural do país soma-se o sucesso que a atual administração teve em conter os efeitos da crise.
É justamente a diferença de valores o principal motivo para que os povos de localidades que sofreram recessão rejeitem intervenções. Os EUA e o Reino Unido estão entre os que desaprovam a atuação estatal forte. "A crença, lá, é a de que o progresso depende do esforço individual, enquanto no Brasil acredita-se que é decorrente da ajuda pública", diz Echegaray.
As turbulências foram percebidas não só como fenômeno conjuntural, mas abalaram a ideia de livre mercado. No Brasil, há o desejo de deixar que o governo resolva as dificuldades cotidianas
FABIÁN ECHEGARAY
diretor da Market Analysis
O segmento de móveis para escritórios sofreu em dobro na crise. Além da queda nas vendas do setor em geral, houve um agravante, segundo José Alberto Chiuratto, presidente da Alberflex. "Com as demissões que a crise provocou, além da queda na demanda por móveis de trabalho, surgiu um mercado de produtos usados dessas empresas." O resultado foi um aumento dos estoques, que a Alberflex passou a usar, após o reaquecimento da economia nos últimos meses, como uma linha de pronta entrega. "Agora, com a redução do IPI para móveis, esperamos poder atender o crescimento da demanda", diz. A empresa teve queda de 30% no faturamento no primeiro semestre deste ano, ante o mesmo período de 2008. O segundo semestre apresentou retomada e já superou os números do mesmo intervalo do ano passado.
PÉ NO ACELERADOR
A grande queixa dos usuários de Nextel sempre foi a de que os seus aparelhos eram mais feios do que os celulares comuns. Por saber que a questão da funcionalidade se tornou decisiva, a empresa fará dela um pilar da sua estratégia e promete lançar no começo de 2010 o primeiro modelo "touchscreen". "Trabalhamos para reduzir a lacuna de tendência", diz Sérgio Chaia, presidente da Nextel.
CATAVENTO
O presidente da Abeeólica (Associação Brasileira das Empresas de Energia Eólica), Lauro Fiúza Filho, assume amanhã, em Copenhague, uma vaga no conselho da GWEC (Global Wind Energy Council), entidade que congrega as maiores empresas e associações do setor no mundo. Fiúza também é presidente do Grupo Servtec.
PRIMEIROS PASSOS
A Confederação das Indústrias Dinamarquesas propôs à Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) a elaboração de um memorando de entendimento para a cooperação no uso de tecnologias verdes. Dentre os processos que podem interessar aos empresários brasileiros, está o de geração eólica de energia elétrica em larga escala.
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