É tudo Brasil
FOLHA DE SÃO PAULO
Na semana passada, Sasha, de 11 anos, filha de Xuxa, também foi para o castigo por escrever no Twitter uma mensagem dizendo que estava filmando e ia fazer “uma sena com a cobra” – ela queria dizer “cena”. E, há poucos dias, a apresentadora (e bióloga em disponibilidade) Ana Maria Braga, ao cometer uma receita de bolo em seu programa de TV, louvou a castanha-do-pará como uma delícia da “fauna brasileira”.
Seria fácil listar essas ratas produzidas por três (perdão, ouvintes) ícones da cultura e vergastar a indigência mental em que vive o Brasil. Ou acreditar nas justificativas oferecidas para dois dos casos. Segundo seu agente, Vanusa teria se atrapalhado com a música por estar sob o efeito de um remédio para labirintite. E, segundo Xuxa, Sasha não sabe escrever direito em português porque foi alfabetizada em inglês.
Pois ouso pensar diferente. Vanusa, farta de ouvir o hino nacional tocado compulsoriamente antes de cada competição esportiva em São Paulo, queria apenas fugir da patriotada e da cafonice. Daí tentou emprestar ao hino um caráter quase jazzístico, quebrando o ritmo, embaralhando a letra e alterando a melodia. E, quando ia partir para o “scat”, foi cortada sem piedade pelo locutor do evento.
Quanto à menina Sasha, seu erro foi insignificante para alguém que, admitido pela própria mãe, é analfabeta em sua língua. E, interpretando um possível raciocínio de Ana Maria Braga, e daí se a castanha-do-pará vem da flora ou da fauna? “É tudo Brasil, não?”
Sim. É tudo Brasil.
Nenhum comentário:
Postar um comentário