segunda-feira, agosto 03, 2009

IGOR GIELOW

Segundo round

FOLHA DE SÃO APULO - - 03/08/09

BRASÍLIA - Independentemente do desfecho do capítulo Sarney, a crise do Senado reabre suas portas hoje. Elas nunca foram fechadas de fato, mas o picadeiro, digo, o palco, estava desativado pelo recesso parlamentar que acaba hoje.
Engana-se quem pensa que uma troca do presidente irá arrefecer a convulsão. Desta vez, ainda que haja a personalização na figura de Sarney, a crise tem em sua base uma disputa orgânica do funcionalismo da Casa.
Logo, dificilmente as rusgas entre os grupos que lutam pelo espólio da era Agaciel Maia como diretor-geral irão cessar. Novas e velhas denúncias continuarão brotando.
Além disso, em termos estritamente políticos, a CPI da Petrobras está à mão. O governo vai tratorar, mas é uma CPI, aquela entidade mítica que "todos sabem como começa, mas ninguém sabe como acaba", como reza o ditado candango.
Matéria-prima para o funcionamento da comissão não falta. Dos recursos para a Fundação Sarney às malfeitorias com as generosas verbas de publicidade e patrocínio cultural da entidade, a lista é enorme e com potencial de manter a CPI no radar facilmente no ano eleitoral de 2010.
A posição da estatal, que até blog para defesa prévia inventou sob a desculpa de "uma nova forma de comunicação direta com o público", é de confronto. O governo já deixou claro que irá vitimizar a empresa, acusando uma oposição privatizante. Haverá mais passeatas da UNE ou da CUT, provavelmente bancadas pela Petrobras, desfraldando alguma bravata contra os "impatrióticos". É do jogo.
Resta então descobrir como a oposição vai agir. Se compra a briga ou se os telefonemas que virão dos generosos fornecedores da Petrobras que podem virar alvo de investigação lembrando que no ano que vem teremos eleições irão amaciar corações. De qualquer forma, o clima irá fechar.

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