domingo, maio 24, 2009

CARLOS EDUARDO NOVAES

A dúvida dos indiferentes


JORNAL DO BRASIL - 24/05/09

Quarta-feira à noite me vi diante de um dilema, ou melhor: de um trilema. Os três jogos decisivos da Copa do Brasil iriam começar no mesmo horário em três canais diferentes (mesmo porque se fosse em um único canal iria confundir um pouco os locutores). Aliás eu nunca soube por que marcam os jogos para 21h50 e não 21h30 ou 22h. Deve ser por causa da posição da Lua.

Sem saco para ficar fazendo palavras cruzadas e sem jogo pela Libertadores tive que escolher entre Vasco, Flamengo ou Fluminense. O Vasco me parecia já ter o passaporte carimbado para as semifinais. Nem que o técnico do Vitória botasse oito atacantes em campo conseguiria reverter o resultado. O Flamengo, ao contrário, não me dava esperança de classificação. O Inter jogava em casa, não sofria gols há 565 minutos e não seria com Obina e Zé Roberto que os rubro-negros romperiam aquela muralha gaúcha. Optei pelo Fluminense. O Fluminense tinha condições de virar o jogo, mas minha opção, confesso, foi feita muito mais em cima do seu adversário. Pensei: se não tenho como torcer a favor, vou escolher um time – entre os adversários dos cariocas – que me anime a torcer contra. Só pode ser o Curinnnthians.

Liguei no canal que transmitiria o jogo do Maracanã. A partida nem havia começado e veio a informação do gol do Vitória com um minuto de jogo. Opa! Rápido fui para Salvador suspeitando de uma batalha encarniçada. O Vitória botava pressão, mas quem marcou foi o Corinthians aos seis minutos. Voltei correndo para o Rio e vi um Fluminense batendo cabeça. O Corinthians marcou o segundo, em uma jogada iniciada pelo craque Thiago Neves. Epa! Agora os tricolores vão precisar de quatro gols: é causa perdida! Aproveitei que um gordo invadiu o gramado do Maracanã e fui dar uma espiada no Flamengo em Porto Alegre. Como sempre o Flamengo tinha maior posse de bola, mas Kleberson continuava espirrando o taco. Voltei a Salvador – o Vasco já havia empatado – dei uma passadinha pelo Rio e me mandei para Porto Alegre no momento em que o marrento Juan fez uma jogada infantil – alguém precisa botar esse cara no divã – entregou o ouro a Nilmar, que serviu a Taison, que mostrou ao Flamengo como deve chutar um atacante.

No segundo tempo considerei que Vasco e Fluminense já haviam selado seus destinos e resolvi permanecer em Porto Alegre. Um golzinho classificaria o Flamengo e ele veio dos pés de Emerson, que entrou em campo só para empatar o jogo (saiu logo depois). Enfim o Flamengo marcava através de um atacante e isso não era um bom sinal. Quando tudo apontava para a classificação dos cariocas Ibson fez uma falta boba e Bruno foi apanhado no contrapé. O Flamengo, que este ano venceu inúmeros jogos nos minutos finais, provava do próprio veneno.

Terminada as partidas fui ao encontro da turma na churrascaria. Encontrei apenas Zé Manoel enrolado na bandeira do Vasco.

– Cadê os outros? – perguntei.

– O Ivo saiu do Maracanã e foi para casa. Disse que não estava se sentindo bem...

– E o nosso rubro-negro Roni?

– Diz o maitre que ele ligou cinco minutos antes de acabar o jogo do Beira-Rio para reservar a mesa. Mas não apareceu. Deve estar se suicidando!

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