sexta-feira, setembro 14, 2012

Imaginem na Copa - NELSON MOTTA


O Estado de S.Paulo - 14/09


A grande desvantagem de sediar uma Copa do Mundo é o privilégio de não disputar as eliminatórias - que é a melhor maneira de preparar um time, jogando contra adversários duros e enfrentando confrontos decisivos, que preparam as táticas e os nervos da equipe para situações de alta pressão na Copa.

No caso do Brasil, que já ganhou cinco vezes o Mundial, na Ásia, nas Américas e na Europa, qual será a grande glória de ser, mais uma vez, campeão? Em casa, que é quase uma obrigação, e, em caso de vitória, pode ser um motivo para depreciar o triunfo, porque conquistado em nosso quintal, com a torcida toda a favor. Mas perder em casa, repetindo como farsa a tragédia de 1950, será doloroso, imperdoável e inesquecível.

Há muito tempo a seleção brasileira de futebol não é mais a pátria de chuteiras de Nelson Rodrigues. Cada vez mais o patriotismo se distancia do legendário "scratch" e o público vê apenas atletas profissionais milionários em uma competição internacional. Quem ainda acredita que a honra nacional está em jogo? Ou que o brasileiro tem um dom divino para jogar bola melhor do que todo mundo?

São ecos distantes de um tempo em que o futebol era um dos nossos raríssimos orgulhos entre tantas vergonhas de um País pobre e atrasado. Hoje, em diversos campos de atividade, inúmeras empresas, equipes e indivíduos brasileiros fazem mais gols e conquistam mais vitórias, prestígio, dinheiro e reconhecimento do que o futebol, 12.º colocado no ranking da Fifa.

Atualmente, além de nunca jogar bem, a seleção só tem contribuído para enfraquecer os melhores times do Campeonato Nacional, tirando os seus melhores jogadores, para nada. Também é inquietante ver como Neymar, Ganso, Lucas e Oscar jogam em seus clubes e na seleção. Começa-se a desconfiar que eles dão show de bola aqui porque enfrentam adversários mais fracos e juízes mais moles.

Não ser o melhor do mundo não é vergonha para ninguém, vergonha é achar que ainda é, mesmo diante de tantas dúvidas e evidências. Se agora o torcedor está cada vez mais apaixonado pelos seus clubes e mais desiludido com a seleção, imaginem na Copa.

UPP não tem culpa - ANCELMO GOIS

O GLOBO - 14/09


O secretário José Mariano Beltrame defende que a implantação das UPPs não contribui para chacinas como esta da Chatuba:
— O motivo é anterior às UPPs. Esta é a cultura de facções criminosas como o Comando Vermelho, implantada há mais de 30 anos. Nenhum estranho pode entrar nessas áreas sob controle do crime. Foi isso, por exemplo, que decretou a morte do jornalista Tim Lopes.

Segue...

Segundo Beltrame, as UPPs, muito pelo contrário, estão diminuindo os territórios dos bandidos:
— Alguém tem dúvida de que esta regra existia no passado na Cidade de Deus ou na Rocinha, áreas já pacificadas?

Dia seguinte

Rosa Maria Araújo, presidente do Museu da Imagem e do Som, mandou um recado para Ana de Hollanda, a ex-ministra, dizendo que a Lapa, onde funciona o prédio do MIS, "a espera de braços abertos’!
É que Ana, antes de ir para o MinC, era diretora do museu carioca.

Aliás...

Ana, que, como se sabe, é cantora, mal deixou o posto e já prepara a volta aos palcos. Será a convidada especial de um show de Sandra Duailibe, dia 4, em Brasília. Que seja feliz!

Michael Phelps

Aldo Rebelo quer trazer Michael Phelps para dar oficinas de natação no Brasil, dentro do Programa Segundo Tempo.

De mãos dadas
Eike Sempre Ele Batista tem conversado com Graça Foster, presidente da Petrobras.
Houve um tempo em que ele era quase persona non grata na estatal.

ALÔ, EDUARDO PAES!
Veja a sugestão da Bárbara Heliodora, a querida ensaísta e crítica de teatro que mora no Largo do Boticário, aquele pedaço histórico de casarões de estilo neocolonial que está abandonado pelo poder público. “É claro que, respeitando sempre o aspecto externo das edificações, é preciso que o prefeito apoie e estimule a aprovação da lei flexibilizando a ocupação de casas antigas tombadas. Assim, elas poderiam ser transformadas em escritórios, prédios multifamiliares, antiquários, galerias de arte, restaurantes. Outra ideia é construir apartamentos de alta categoria para serem alugados a turistas, por temporada ou períodos mais breves. O Largo do Boticário, o Beco e as casas tombadas na Rua Cosme Velho estão sofrendo por ficarem vazias, quando, na realidade, é difícil hoje em dia serem ocupadas por uma família só.” Eu apoio.

Verdade no RioO ministro Gilson Dipp, presidente da Comissão da Verdade, apelou a Sérgio Cabral para que, a exemplo de outros estados, crie uma Comissão da Verdade.
— O Rio foi um dos estados que sofreram forte repressão do período militar, e a memória precisa ser revelada.

Loro Piana no BrasilO Rio vai entrar a partir de 2013 no circuito da SuperYacht Loro Piana, regata badalada de superveleiros.
A famosa grife italiana anuncia em novembro a abertura de uma loja aqui.

‘Juventude, primavera’A Igreja Católica divulga hoje o hino da Jornada Mundial da Juventude 2013, no Rio. É do padre José Cândido, de BH.
Um versinho: "Juventude, primavera/sperança do amanhecer/quem escuta este chamado/acolhe o dom de crer!”

Cultura 24h
Veja que legal. A bela exposição "Impressionismo: Paris e a modernidade", com obras-primas de Monet, Renoir, Manet e Van Gogh, chega ao CCBB do Rio em 22 de outubro.
Logo no primeiro fim de semana, o centro cultural vai funcionar madrugada adentro: das 9h de sábado, dia 27, às 21h de domingo, dia 28.

‘McHumilhação’
O McDonald's foi condenado por... arremesso de hambúrgueres. Os alvos, acredite, eram funcionários de uma loja na Barra, no Rio. Os ataques foram feitos de madrugada por clientes irritados, saídos de boates.
A empresa foi condenada porque os chefes da loja não acionaram a polícia. Uma das vítimas vai receber R$ 3 mil. A decisão é da 7? Turma do TRT do Rio.

Cedae S/A
Está marcada para dezembro a abertura oficial do capital da Cedae.
Os bancos encarregados da operação são Bradesco, Banco do Brasil, Bank of America e BTG Pactual. Na estatal de água e esgoto, este trabalho é coordenado por Rodrigo Tostes, ex-CSA.

Mensalinho, mensalão - FERNANDO GABEIRA

O ESTADÃO - 14/09


Uiramutã é uma cidade localizada na área indígena Raposa-Serra do Sol, em Roraima. A palavra quer dizer, em macuxi, boca do Rio Mau, que separa o Brasil da Guiana. Vindo de Boa Vista, viajo numa região acima da Linha do Equador. A julgar pela canção, existe um pecado acima do Equador: o empreguismo.

No momento em que se julga o mensalão em Brasília, poucos se dão conta da dramática presença do mensalinho nas eleições municipais. Em Roraima há 32 mil funcionários públicos. Nem todos são necessários ao funcionamento da máquina. É o que chamo de mensalinho. Somado aos salários de funcionários excedentes ao longo do Brasil, desemboca num super mensalão.

Admito que essa tese possa relativizar o processo do mensalão. O empreguismo é um pecado venial tão absorvido pelo cotidiano que parece uma segunda natureza. Afinal, no caso do mensalão o dinheiro público foi utilizado para compra de votos no Congresso, algo muito diferente de um salário mensal destinado à sobrevivência.

Quem a companha as eleições municipais no interior compreende muito rapidamente que os empregos excedentes são um capital eleitoral. Prefeitos ameaçamos funcionários que se afastam ostensivamente do voto oficial. Convencemos mais ingênuos de que perderão seu emprego se o adversário ganhar.De certa forma, têm razão. Quase nunca a oposição virá com nova perspectiva sobre o uso do dinheiro público, mas trará os próprios aliados para os cargos. O raciocínio quase consensual entre os políticos é este: se não emprego os aliados, quem empregaria, os adversários?

Compreendo que as pessoas achem eleições, com sua superfície pitoresca, algo de outra galáxia. Candidatos estranhos que parecem ter vindo de muito longe, da Neverlândia. Falar de eleições, portanto, é arriscado. Do distante Estado de Roraima, então, arriscadíssimo.

Em Boa Vista há o pitoresco eleitoral, como em toda parte. Um descendente de japoneses é candidato a vereador com o slogan "o único que não tem olho grande". Um líder partidário contou que foi chamado às pressas ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE) para discutir problema urgente: havia dois candidatos com o nome Pé de Pato. Quem sobraria? Ao cabo de muita negociação, o perdedor teve de se consolar com o acréscimo do nome verdadeiro: Ricardo Pé de Pato.

Por baixo dessa superfície folclórica, as eleições em Boa Vista tratam de problemas sérios e revelam um certo esgotamento do modelo empreguista. É preciso investir, abrir novos postos de trabalho, estimular as pessoas a inventar suas próprias fontes de renda. Nesse sentido, Boa Vista, que é a capital mais setentrional do País, dependente do governo federal, pode nortear alguns debates futuros, sobretudo nas cidades que recebem royalties de petróleo e não melhoram a vida de seu povo, pois uma terça parte do dinheiro se destina à contratação de servidores.

O modelo vai-se esgotando não por uma crise moral, mas a partir das necessidades econômicas. O difícil será derrotar uma elite que é mediadora entre as verbas federais e seu emprego em projetos locais.

Na maioria das cidades que percorri até agora, os prefeitos são favoritos. Isso não significa que serão vencedores de ponta a ponta.

Há casos como o do prefeito de Uiramutã, do PT, que só tinha uma bicicleta e, segundo os adversários, comprou seis caminhonetes e um avião. Aqui a dúvida se o dinheiro é público ou privado não procede. A maioria dos 9 mil habitantes vive de Bolsa- Família, há apenas um pequeno comércio. Sem estar sob nenhuma acusação específica, a prefeita de Natal, do PV, é rejeitada por mais de 90% dos eleitores e nem disputará as eleições.

Tanto as suspeitas de corrupção como o colapso administrativo são fatores que podem favorecer uma virada do jogo. O problema é prever o que significa a virada do jogo, caso ocorra. Não há programas definidos para um novo caminho.

É difícil ganhar eleições com promessa de enxugar a máquina. Os que consideram isso um fator de peso na definição do voto são minoria. E a ausência de expectativa de presença nos cargos do governo esfria os aliados e a própria equipe de campanha. A semente dos favores oficiais está num dos textos fundadores do Brasil, a carta de Pero Vaz de Caminha, na qual ele pede ao rei ajuda para seu genro. A expectativa de ser amparado pelo governo é um sonho de 500 anos.

Não acredito que as eleições de 2012 superem esse problema. No entanto, a pressão econômica poderá vir de cima para baixo, caso o governo federal avalie seus gastos. E pode vir de baixo para cima, caso haja núcleos interessados em examinar as contas públicas e monitorar o desempenho das administrações.

Num programa eleitoral em Manaus vi uma candidata que se intitula a Madona dos Ferroviários; em Boa Vista, um candidato que enfrenta a câmera seriamente e afirma muitas vezes: "Morro tentando". Depois de rir um pouco, a gente se pergunta de quem está rindo mesmo.

Por trás de toda a crosta folclórica, as eleições definem o futuro de temas vitais, como saneamento, mobilidade. Há uma muralha político-cultural e é preciso achar brechas paras algumas ideias sobre cidade brasileiras mais humanas, sustentáveis e inteligentes. Esta última, na medida do possível, de acordo com as vocações de cada uma.

No livro Bombaim, Cidade Máxima, Suketu Mehta conta a história de um cabo eleitoral do Partido do Congresso que argumentava mais ou menos assim: o partido já ganhou dinheiro suficiente; pode votar que eles não querem mais, vão apenas governar.

Não sei quantos votos virou como argumento. Não vejo consolo nele. Suficiente é um conceito relativo. Não é preciso morrer tentando, como o candidato de Boa Vista. Mas reconhecer que o caminho é longo. Quanto perguntamos aos índios de Roraima a que distância estamos de um lugar, eles respondem: "Longe". Se perguntamos por horas de viagem, quilômetros, ele respondem de novo: "Longe, longe".

Tudo o que podemos desejar agora é uma boa viagem.

O problema real da Casa Branca está no Cairo - HELENE COOPER e MARK LANDLER

O Estado de S. Paulo - 14/09 


A pesar das imagens fortes do ataque à missão americana em Benghazi, o governo de Barack Obama enfrenta a possibilidade de seu maior problema no longo prazo ser o Egito e não a Líbia.

Horas antes dos ataques em Benghazi, na terça-feira, a embaixada americana no Cairo foi cercada por manifestantes. A resposta morna do governo egípcio deu às autoridades em Washington - já preocupadas com o rumo do novo governo islâmico do presidente Mohamed Morsi - motivo para novas preocupações.

Obama telefonou para Morsi e para o presidente da Assembleia Nacional da Líbia, segundo informações da Casa Branca, em ligações que pareceram diferentes no tom, sugerindo insatisfação com a resposta do Cairo.

Em seu pronunciamento, enquanto observou que as autoridades líbias tentaram ajudar o esforço americano para proteger diplomatas em Benghazi, o presidente encontrou poucos motivos para mostrar contentamento com o Egito, o segundo maior receptor de ajuda externa americana após Israel, numa base de US$ 2 bilhões anuais.

Morsi emitiu apenas uma censura leve aos manifestantes - e pelo Facebook. Ao mesmo tempo que seu movimento, a Irmandade Muçulmana, convocava um segundo dia de protestos contra o extravagante filme antimuçulmano que desencadeou os protestos. E Morsi aguardou 24 horas para emitir sua declaração contra os militantes que atacaram a embaixada.

Apesar de o assassinato do embaixador americano ser uma "tragédia", disse Robert Malley, diretor do programa sobre Oriente Médio e Norte da África do International Crisis Group, "no longo prazo, a Líbia será um problema sobretudo dos líbios".

O que ocorre no Egito, ao contrário, de "atitudes populares com respeito aos EUA e a sua economia doméstica, as relações entre a Irmandade Muçulmana e o Exército, entre o Cairo e Jerusalém, a situação no Sinai, afetará profundamente a região e, com isso, afetará profundamente a posição dos EUA no Oriente Médio", disse ele.

O que torna o curso incerto do Egito tão preocupante para a Casa Branca é que Obama, mais do que outros líderes, apoiou por diversas vezes as manifestações árabes nas ruas do Cairo, mesmo quando isso significou ir expressamente contra os desejos de aliados tradicionais, incluindo os militares egípcios, países do Golfo Pérsico e Israel.



TRADUÇÃO DE CELSO PACIORNIK - SÃO JORNALISTAS DO "NYT"

O Fed imprime dólares - CELSO MING

O ESTADÃO - 14/09 


Ontem, enquanto orgulhosamente anunciava a desoneração da folha de pagamentos de mais 25 setores da economia(veja mais no Confira), o ministro da Fazenda, Guido Mantega, foi avisado de que o Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) anunciava nova rodada de expansão de dólares no mercado.

Mantega não chegou, como há alguns meses, a protestar contra mais um acirramento da guerra cambial ou contra o tsunami monetário - tal como denunciado pela presidente Dilma no começo do ano. Mas ele foi logo avisando que o governo fará de tudo para bloquear nova enxurrada de dólares sobre o Brasil.

Ou seja, o governo Dilma identificou nesse novo afrouxamento anunciado pelo Fed, outro perigo de perda de competitividade do setor produtivo brasileiro.

As decisões anunciadas pelo presidente do Fed, Ben Bernanke (foto), estão fora do padrão mas são especialmente poderosas. O Fed gastará US$ 40 bilhões por mês em recompras de ativos lastreados em hipotecas (créditos imobiliários), não mais em títulos do Tesouro; seguirá retirando de circulação US$ 45 bilhões mensais em títulos de curto prazo e relançando títulos de prazo mais longo no lugar (Operação Twist); e avisou que os juros básicos( Fedfunds) continuarão entre zero e 0,25% ao ano até meados de 2015-não mais até o final de 2014, seu compromisso anterior.

A recompra de hipotecas no mercado secundário tem por objetivo puxar para baixo os juros no crédito hipotecário, reativar os financiamentos e dar melhores condições de consumo para as famílias americanas. O resultado esperado é o crescimento da atividade produtiva e do emprego - hoje estagnados.

O Fed já vinha operando com um balanço inchado em cerca de US$ 2,3 trilhões emitidos por suas impressoras. A nova expansão de moeda(Quantitative Easing 3 ou QE3) não tem limite explícito. O Fed seguirá comprando ativos ao volume de US$ 40 bilhões mensais, mas não prevê o final do processo. É claro que sempre há o risco da disparada dos preços com o efeito do despejo monetário. Mas até agora não há traço de inflação no horizonte. Quanto a isso, o Fed avisa o que já se esperava: vai continuar atento, pronto para intervir ao primeiro sinal de alerta.

As operações anteriores do tipo (QE1 e QE2) geraram protestos da presidente Dilma, que denunciou ao Brasil e ao mundo o tal tsunami monetário. É que certo volume dessas emissões de dólares nos Estados Unidos acaba escorrendo para cá. E mais dólares entrando no câmbio interno tendem a valorizar o real (baixa do dólar em reais). Também desta vez, algum efeito desse tipo parece inevitável.

Como aconteceu com todas as operações similares anteriores, a nova agressividade do Fed não garante por si só os resultados desejados. As famílias americanas estão excessivamente endividadas e apenas mais crédito pode não concorrer decisivamente para empurrá-las aos shopping centers. Além disso, o empresário americano parece ter aprendido a elevar sua produção sem grandes alterações de sua folha de salários.

Mas o mercado financeiro daqui e do exterior comemorou. O Fed fez mais alguma coisa e, por ora, era o que se pretendia ver.

Do nada - HÉLIO SCHWARTSMAN

FOLHA DE SP - 14/09


Destacam-se, hoje, duas formas de ateísmo. Há aquele mais militante, de Richard Dawkins e Christopher Hitchens, que procura nos convencer de que a ideia de um criador é absurda, e há um outro mais sutil, dos físicos, que, seguindo a tradição inaugurada por Laplace, sugerem que Deus é uma hipótese desnecessária.

Foi lançado há pouco nos EUA um bom exemplar dessa segunda categoria. Trata-se de "Um Universo do Nada - Por que Existe Algo em vez de Nada", de Lawrence Krauss [astrofísico]. É uma obra fascinante que se vale de doses quase compreensíveis de cosmologia e física de partículas para traçar uma história do Universo. Complementa essa sopa de ciência com instigantes observações filosóficas, que, mesmo que não façam o eventual crente mudar de campo, ao menos o deixam mais informado acerca do que está em jogo.

Krauss mostra que existem evidências empíricas razoavelmente sólidas de que o Big Bang ocorreu 13,72 bilhões de anos atrás, de que o Universo está se expandindo de forma acelerada e de que partículas virtuais surgem e desaparecem no espaço a todo instante. Revela ainda que há motivos para acreditar que nosso Universo possa ser apenas um de uma coleção de realidades independentes chamada de multiverso.

A partir dessas e de outras pistas, Krauss vai compondo um quadro de como tudo isso poderia ter surgido do nada sem violar as leis da física e a matemática. E a explicação resumida é que o nada, compreendido como espaço vazio, é instável, tão instável que o surgimento de algo se torna quase inevitável. E esse algo, desde que submetido às condições certas, pode converter-se num universo. Isso teria ocorrido pelo menos uma vez, resultando no nosso Universo.

Krauss encerra a obra dizendo que isso tudo não basta para excluir definitivamente um Criador, mas é o suficiente para torná-lo, na melhor das hipóteses, redundante.

V****** proibidas - RUY CASTRO

FOLHA DE SP - 14/09


RIO DE JANEIRO - Em 1972, a revista americana "Reader's Digest" criou uma série de artigos em que órgãos do corpo humano descreviam suas funções como se falassem na primeira pessoa. Os artigos partiam de entrevistas com médicos sérios. Eram muito bem escritos e saíam "assinados" pelo próprio órgão, o qual podia pertencer a "John" ou "Mary". Assim tivemos "Eu sou o pâncreas de John", "Eu sou o coração de Mary" e outros -que "Seleções", versão brasileira da revista, publicou sem problemas, apenas transformando o casal em João e Maria.
Até que o "Digest" lançou "Eu sou o pênis de João" e "Eu sou a vagina de Maria". Na época, por razões comerciais, "Seleções", apesar de ser uma revista brasileira, era feita em Portugal. Produzia-se uma edição para o Brasil e outra, com alterações, para o mercado português. Os dois países viviam sob ditadura, com censura às publicações, da qual nem "Seleções" escapava.
A censura brasileira liberou os títulos que falavam de pênis e vagina. Mas a de Portugal os proibiu. Com a revista pronta para rodar, seus editores Tito Leite e Isaac Piltcher trocaram os títulos para "Eu faço de João um homem" e "Eu faço de Maria uma mulher" -que foram aprovados. Recém-chegado a Lisboa para substituir Isaac, eu não podia acreditar no grau de moralismo da censura lusitana. E, ainda hoje, mal acredito - embora tenham se passado 40 anos.
Bem, esta semana -40 anos depois-, a loja on-line Apple reduziu a asteriscos o título de um e-book, "Vagina - Uma Nova Biografia", de Naomi Wolf. Ficou assim: "V***** - Uma Nova Biografia". Meses antes, já fizera o mesmo com outro título, "Os Monólogos da Vagina", de Eve Ansler. Todas as referências à vagina no miolo desses livros também foram transformadas em v*****.
A folhinha diz 2012, mas deve ser engano. Ainda estamos em 1972.

Cérebro de macaco - BARBARA GANCIA

FOLHA DE SP - 14/09

Maioria dos consumidores das classes AB creem que produtos deveriam vir em versões para rico e pobre

O DELÍRIO do consumismo nos transforma em monstros di­fíceis de confrontar. Quem já não se surpreendeu na liquida­ção da loja X, Y ou Z da Champs-Ely­sées em luta corporal contra o oriental ou russo por um artigo de roupa pelo qual depois percebe que não teria valido a pena perder a vi­da? Pois é, eu também nunca me colhi nesse tipo de situação degra­dante, claro que não, só estou di­zendo.
E quem nunca voltou com hérnia dos EUA de tanto carregar sacola? Também não é o meu caso, aliás nem sei de onde me veio a imagem.
E essa agora do programa do Jimmy Kimmel, na semana de lan­çamento do iPhone 5, em que, a fim de testar o grau de alucinação dos consumidores, jogou na mão do sujeito que passava na rua um iPhone 4 fingindo ser o modelo no­vo (bit.ly/QTt6yU).
As reações foram as mais engra­çadas: "É mais leve", "Mais rápido", "A tela é maior". É da natureza hu­mana fazer de tudo pelo brinquedi­nho novo, até se iludir, não?
Ainda mais peculiar foi a pesquisa do instituto Data Popular, que pintou no iG nestes dias, sobre a clas­se AB não estar gostando nadinha da ascensão da ralé.
O resultado atesta que 55,3% dos consumido­res das classes AB creem que os produtos deveriam vir em versões "para rico e para pobre"; 49,7% pre­ferem ambientes frequentados por pessoas do seu nível social; 48,4% acreditam que a qualidade dos ser­viços piorou com o acesso dos mais pobres;16,5% gostariam de ver gente mal vestida barrada dos luga­res que frequentam e 26% dizem que a chegada de uma linha do metrô na região onde moram traria 'gente in­desejada' para a área.
Não sei se o leitor se lembra (mui­to provavelmente não), mas ques­tionei neste cantinho de céu há pouco tempo o que era preciso ter/ser para pertencer à classe gar­galhada (AAA).
Acabei descobrindo que os insti­tutos de pesquisas, esses horrendos laboratórios de análise que servem para desvendar os mecanismos que levam o consumidor a entregar a al­ma ao diabo do consumo utilizam um tal "critério Brasil" para efetuar suas medições.
O critério Brasil classifica as pes­soas em relação à posse de bens no domicílio e ao grau de instrução do chefe de família, ou seja, a classe A não é avaliada por escolaridade ou poder econômico, mas por um mix das duas coisas. E não importa se estamos falando de uma periguete ou de uma velha encrenqueira co­mo eu, sempre iremos medir quan­tas TVs, banheiros, refrigeradores etc estão disponíveis no local em que a criatura reside.
Ocorre que este critério não con­segue mais refletir as diferenças entre as classes, já que todos estão consumindo parecido. E, para con­fundir ainda mais, o pessoal da classe AB geralmente se define como sen­do da classe C, diz não ter dinheiro no fim do mês, mas compra na Se­phora do shopping em um país em que a maioria não convive com es­goto. Uma bagunça dos diabos.
A graça de pertencer ao mundo do consumo reside na exclusividade. Quanto mais excludente for a mi­nha compra, mais status terei. A "inclusão" é linda no discurso, mas na prática gera um incômodo enor­me. Se todo mundo tiver bolsa Guc­ci, como vou me diferenciar? Terei de andar a ca­valo na Andaluzia de madrugada com o adestrador da rainha Eliza­beth? Ou, quem sabe, serei obriga­da a fazer como meu amigo, que re­centemente pagou uma fortuna para ser perseguido por um leão de verdade na África? No marketing, a experiência tem o nome de "story­telling". Quem se aventura a voltar da Manchúria contando que co­meu cérebro de macaco?

Os trabalhos de Marta - DENISE ROTHENBURG


CORREIO BRAZILIENSE 14/09 

Prestigiada pela presença de senadores de todos os partidos — até o líder do DEM, Agripino Maia, foi ao Palácio do Planalto lhe dar um alô —, o ingresso de Marta Suplicy no Ministério da Cultura ainda carece dizer a que veio em relação ao serviço que a senadora deverá prestar, além do eleitoral em favor do candidato Fernando Haddad. Ela chega apresentando como trunfo o fato de conseguido com que seus colegas de Senado aprovassem a emenda à Constituição que cria o Sistema Nacional de Cultura, com universalização de acesso a bens e serviços nesse setor.

A votação a toque de caixa na noite de quarta-feira foi providencial para tentar tirar a imagem de que Marta está ministra da Cultura só porque ingressou na campanha de Haddad. E o fato de a proposta ter sido aprovada a pedido da senadora, transforma a apreciação numa vitória pessoal dela. Resta saber se, como ex-deputada e senadora no exercício de um cargo executivo, Marta terá fôlego para fazer esse sistema deslanchar, pegar velocidade, uma vez que agora virá a fase mais difícil — a aprovação de projetos no sentido de regulamentar a proposta. É sabido que o Congresso quando aprova as tais propostas de emenda à Constituição (PECs) leva uma vida para regulamentá-las. E esse é um dos pontos que os artistas esperam da nova ministra, assim que terminar o período eleitoral.

Enquanto isso, em São Paulo...

Nos bastidores da posse, os políticos não falavam de outro assunto que não a eleição paulistana e as chances de Haddad. As últimas pesquisas indicam que José Serra, do PSDB, estancou sua curva descendente, estabilizando-se na casa dos 18%. Fernando Haddad apresentou uma curva de subida, mas, dentro do PT, há duas vertentes: a otimista acredita que ele permanece em ascensão, porém num ritmo aquém do desejado pelo partido. Os pessimistas dizem que ele estabilizou.

Para completar o quadro, Celso Russomano, do PRB, não entra em queda-livre, para desespero de Haddad e de Gabriel Chalita, do PMDB, que ainda tem esperanças de conseguir uma "onda boa" nessa reta final. Com tanto jogo pela frente, cada um monta a sua estratégia. Serra vai para a rua. Da parte do PT, há quem diga que nos próximos três fins de semana antes da eleição, Marta deva guardar os saltos altos no closet e se atirar na periferia, mesmo quando não houver a presença do candidato.

A principal tarefa da ministra nesse quesito será ajudar a retomar os votos petistas que não conseguem enxergar em Haddad o jeitão do partido. Em outras palavras, ela deverá pescar na cesta de Celso Russomano. Como fazer isso sem melindrar o aliado é a pergunta que os petistas têm feito a si próprios todos os dias. Na cabeça de muitos deles ecoa a ordem de José Dirceu, de não bater em Russomano para evitar que ele vire massa de pão — aquela que, quanto mais apanha, mais cresce. Nesse sentido, avaliam alguns, nada melhor do que Marta Suplicy para essa tarefa, especialmente, àqueles eleitores que aprovavam a gestão da ministra nos tempos de prefeita.

E no futuro...
Se Marta conseguir cumprir seus trabalhos, ficará com milhagem acumulada dentro do partido para outros vôos. Não por acaso houve quem dissesse que o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, não estava com aquela cara de felicidade toda estampada na face durante a solenidade de posse. Ele é o primeiro da fila para ser candidato a governador e, até então, tinha como maior adversário apenas o prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho, que, aliás, também foi à posse de Marta. Esses três, junto com o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, têm agora que mostrar serviço se quiserem passe livre para novos voos em 2014. Com um probleminha: se Dilma perceber algum ministro mais ligado em preparar campanhas futuras do que cuidar do presente, a porta da rua pode virar a serventia da casa. Mas essa é outra história.

Câmbio não gerou recessão na indústria - CLAUDIA SAFATLE

VALOR ECONÔMICO - 14/09


A recessão na indústria foi produto da queda dos investimentos e não, como indica o senso comum, da valorização da taxa de câmbio.

"Foi a forte redução do crescimento do investimento, e não uma suposta "desindustrialização", que reduziu tanto o crescimento da produção industrial", asseguram os economistas Franklin Serrano e Ricardo Summa, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), no estudo "A Desaceleração Rudimentar da Economia Brasileira desde 2011".

No mesmo texto, eles abordam outro aspecto controverso do debate econômico: a inflação não é de demanda, mas de custos.

O real apreciado ajudou na expansão da economia

Em um trabalho bastante crítico em vários aspectos da política econômica do governo, eles sustentam que a apreciação do câmbio, ao contrário do que se imagina, tem efeito expansionista sobre a atividade econômica.

"O câmbio valorizado foi importante para o aumento dos salários reais e, portanto, para o crescimento do consumo das famílias, e a evidência no período 2004-2010 deixa claro que a valorização cambial, por mais que possa agravar os problemas de competitividade externa e do saldo da balança comercial, tem tido claramente um efeito expansionista tanto sobre o produção industrial quanto sobre o PIB", dizem.

Eles explicam que a principal causa da recessão industrial no início deste ano foi a desaceleração geral da demanda, que atingiu mais a indústria do que outros setores da economia, porque o investimento (público e privado) teve redução mais acentuada a partir de 2011.

Vindos da mesma escola do secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa, há pontos de convergência entre os autores e o secretário, seja na avaliação do peso dos investimentos sobre a produção industrial ou no entendimento de que a inflação não é resultante do excesso de demanda, mas sim de fatores externos (preços das commodities e câmbio).

No fim do ano passado, Barbosa defendeu, no governo, que o foco da política econômica em 2012 deveria se centrar na expansão dos investimentos, ainda que isso custasse algum afrouxamento fiscal. Foi voto vencido. Menos de um ano depois, a presidente Dilma Rousseff recolocou a questão e a ação do governo, nas últimas semanas, se mostra voltada para medidas destinadas a animar os investimentos.

A ligação da produção industrial com a taxa de investimento é direta. Segundo o secretário, cerca de 52% do investimento consiste em produtos da indústria manufatureira. "Quando o investimento cai, cai também a demanda por produtos industriais".

Segundo dados do Panorama Fiscal do Ipea, citados no estudo dos dois economistas, o investimento da administração pública cresceu 14,8% em média entre 2004 a 2010. No ano passado, houve queda real de 12%, o que implicou redução nominal desses investimentos. Nas empresas estatais, o crescimento médio do investimento caiu de 14% para 8,6% em igual período.

Os investimentos em capital fixo (público e privado) saíram de uma expansão média de 9,2% entre 2004 e 2010, e de um crescimento de 21,3% em 2010, para apenas 4,7% em 2011. Um freio dramático ocorreu na indústria de máquinas e equipamentos, que deixou um crescimento de 30,4% em 2010 para 6% em 2011.

"Apesar da taxa de câmbio real ter relevância (bem menor do que normalmente se considera, mas isso é tema para outra discussão) para a competitividade externa de nossa indústria, fica difícil não ver que a principal causa da queda drástica do crescimento da produção da indústria manufatureira - de 10,14% em 2010 para apenas 0,13% em 2011 - foi a grande redução do crescimento do investimento no período, especialmente no componente máquinas e equipamentos, tanto privado quanto público", afirmam Serrano e Summa.

Os efeitos da desaceleração da economia em 2011 atingiram mais intensamente o investimento privado no primeiro trimestre deste ano.

Barbosa assinala que a queda no investimento afetou tanto as importações quanto a produção interna. "E a valorização do câmbio fez com que a produção que restou vazasse para o resto do mundo."

A desvalorização a partir de março, que levou o câmbio para a casa dos R$ 2,05, ajudou a estancar o vazamento, mas o novo patamar do câmbio ainda é uma taxa bem apreciada para o padrão histórico, salienta o secretário. Sobre o futuro da política cambial, ele diz apenas: "Não vamos deixar apreciar demais".

Se o diagnóstico do estudo dos economistas da UFRJ estiver correto, só o aumento do investimento fará a indústria reagir. "O empresário não investe porque o governo pediu nem porque a taxa de juros está baixa. O empresário investe se tiver demanda", diz Barbosa.

Aos que criticam o modelo por estar centrado no consumo, ele responde: " Se não houver consumo, não haverá investimentos". O Estado, assegura, vai aumentar os investimentos e o consumo, que se desacelerou no segundo trimestre, deve se recuperar e puxar a demanda industrial, acredita o secretário.

Serrano e Summa, porém, não alimentam a mesma convicção. Desonerações e redução de custos tendem a não ter efeito nenhum sobre as decisões de investimento, a não ser que a empresa esteja à beira da falência. Para a grande maioria, porém, as recentes medidas do governo servirão para as empresas aumentarem as margens de lucro.

Sobre a inflação, as opiniões dos dois economistas e do secretário convergem. Os autores argumentam que, a despeito da forte queda na expansão da demanda e do Produto Interno Bruto (PIB) entre 2010 e 2011, a inflação aumentou de um ano para outro por efeito dos preços das commodities e do câmbio.

"A aceleração da inflação no fim de 2010 e início de 2011 decorreu mais de fatores externos do que da demanda. Tanto que saímos de um crescimento de 7,5% em 2010 para um crescimento de 1,5% este ano e o IPCA não cai. Como vamos crescer abaixo do potencial, não há inflação de demanda", avalia Barbosa.

Tempo de justiça - ROBERTO FREIRE

BRASIL ECONÔMICO - 14/09


Tenho conclamado as oposições, principalmente os candidatos do meu partido, a levar o julgamento do mensalão às campanhas eleitorais deste ano. Afinal, estamos diante de um julgamento histórico, que descortina o nascimento de uma nova cultura política no país.

Os poderosos, mostra o Supremo Tribunal Federal, não estão mais acima da lei. O conhecido roteiro no qual corruptos e corruptores escapavam ilesos sofreu um revés após a reação da corte.

As primeiras condenações, por corrupção ativa e passiva, peculato e lavagem de dinheiro não deixam dúvidas de que o maior escândalo de corrupção da história da República brasileira marcará para sempre o governo Lula e o PT.

Os primeiros veredictos já transformaram alguns réus em apenados e dentre eles, além de banqueiros e publicitários, um político e ilustre líder petista: condenado pelos três crimes, o ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha (PT-SP) que era candidato a prefeito de Osasco e obviamente já desistiu da candidatura.

O ex-presidente do PT José Genoino e o ex-tesoureiro da sigla Delúbio Soares estão com suas vidas bastante complicadas depois que, tanto o ministro relator, Joaquim Barbosa, quanto o ministro revisor, Ricardo Lewandowski, acataram a tese da Procuradoria Geral da República de que os empréstimos do Banco Rural ao partido e à agência publicitária de Marcos Valério, o operador do mensalão, eram uma fraude, "um negócio de pai para filho", no qual a instituição financeira sequer se calçava em garantias reais para o recebimento.

Os recursos não eram emprestados, mas fruto de "doações". O banco não se preocupava em cobrar débitos quando liberava mais dinheiro para alimentar o esquema. Condenados os dirigentes do Banco por lavagem de dinheiro, os beneficiários do esquema que sacavam dinheiro numa agência do Rural em BSB certamente não escaparão.

O nome do ex-ministro José Dirceu já apareceu pela primeira vez no julgamento, durante o voto do item relativo a lavagem de dinheiro. Joaquim Barbosa entendeu que os encontros entre ele e a dona do Banco Rural, Kátia Rabello, se deram "no contexto" desse crime e que Valério era o intermediário dos interesses de Kátia junto ao então poderoso ministro chefe da Casa Civil. Dirceu é acusado de corrupção ativa e formação de quadrilha.

O STF já comprovou que o mensalão existiu. O ex-presidente Lula, seu maior beneficiário, teve que parar de bradar sua tese. Já o presidente do PT, Rui Falcão, insiste em classificar o caso de golpe da elite com a ajuda de setores da imprensa e do Judiciário. Seria um jus esperniandi barato, não fosse um absoluto desrespeito às instituições republicanas e democráticas e ao estado de direito.

Estamos em um país onde ainda grassa a corrupção. A reação do STF ao mensalão, no entanto, inaugura um novo paradigma no enfrentamento desse problema.

A partir de agora, agentes públicos e privados pensarão mais de uma vez antes de se lançarem nos crimes contra o erário, rompida a perspectiva da impunidade. Esperamos que essa mudança atinja a todos os que se utilizam de cargos públicos para roubar recursos que pertencem à população.

Ueba! Soninha faz chover! - JOSÉ SIMÃO

FOLHA DE SP - 14/09


Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República!

Hoje está terminantemente proibido fazer trocadilho com Ganso e Bambi. Grato. A Gerência!

E só esta: "Grupo Sonda ajuda SPFC a comprar Ganso". Só com sonda mesmo! Botaram uma sonda no Ganso! O Ganso dos ovos de ouro! Pra onde vai o Ganso? Pergunta no posto Ipiranga! Rarará!

E OBA! Acabou a secura. Choveu no horário da Soninha! Eu tava vendo o hilário eleitoral e de repente aparece a Soninha de guarda-chuva embaixo da maior chuva. Sendo que não chove em São Paulo há 40 dias. Chuva de regador! Acabou a secura! A Soninha faz chover!

E o Serra tá conclamando o povo para a nova Revolução de 32: "Dilma não deve meter o bico em São Paulo". Fecharam as fronteiras? Não provoca que ela mete o bico da chuteira na careca dele! Rarará!

E aí o Haddad chamou o guincho. Ops, a Dilma. E ela fala fala, fala e todo mundo só fala do cabelo dela! Diz que tá parecendo um frozen yogurt. Eu acho que tá parecendo a peruca do vilão do Shrek! Rarará!

E o Russomanno? Diz que depois da Copa, ele vai transformar o Itaquerão em Macedão! Rarará!

E sabe por que o Russomanno tá ganhando? Porque ele é esperto e rápido. O único a focar os incêndios em favelas. Tirando o humor negro, tá tendo São João fora de época em São Paulo? Só fogueira!

E a Marta tá parecendo uma gata persa sem bigodes! E o Haddad é o candidato esteira. Só anda, anda, anda. Handdad! Parece comercial da Nextel. Eu acho que ele tá procurando eleitor!

E esta: "SBT procura novo Bozo". Contrata a Ivana da Gritaria Brasil! E ainda aproveita ela pra fazer cover do Pablo, Qual É a Música?

E é impressão minha ou "Avenida Brasil" virou reprise? É mole? É mole, mas sobe!

Ereções 2012! A Galera Medonha! A Turma da Tarja Preta! Agora não sei se voto no Retardado, no pastor Laranja ou no Zé Grosso!

Acho que vou votar naquele candidato de Mauá da Serra, no Paraná: "Sem Sangue!". Então não pode ir nem no programa do Datena nem no "Cidade Alerta" e nem no "Balanço Geral"!

E eu não me importo que uma pessoa não tenha sangue. Acho sexy! Rarará! A situação tá ficando psicodélica. Nóis sofre, mas nóis goza!

Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!

O dia do contra-ataque - MÍRIAM LEITÃO

O GLOBO - 14/09


Ontem foi dia de decisões, no Brasil e nos Estados Unidos, para manter e criar empregos. Aqui, o governo anunciou nova série da medida que reduz o peso dos impostos sobre a folha salarial. Lá, o banco central anunciou a terceira rodada de expansão monetária para tentar reativar a economia. Nos dois países, a economia cresce pouco, mas lá o desemprego é alto.

A desoneração da folha de 25 setores se soma à mesma medida tomada em relação a outros 15 setores. Em vez de o empregador recolher um percentual sobre o total dos salários pagos aos empregados, ele paga à Previdência um percentual do faturamento. Nos setores onde já foi adotada, os resultados são bons, na opinião do professor José Pastore:

- Em calçados e vestuário, por exemplo, houve aumento de emprego, redução do custo, diminuição do preço e algumas empresas voltaram a exportar. Claro que há a ajuda do câmbio mais alto, juros mais baixos, mas esta decisão foi determinante. Passei a vida inteira defendendo a desoneração e ela tem de fato dado fôlego novo a setores intensivos em mão de obra. Mas o impacto é maior quanto menor for o grau de terceirização do setor.

Nos EUA, o que aconteceu vinha sendo aguardado há muito tempo pelo mercado: a terceira rodada do que eles chamam de quantitative easing - usam a sigla QE -, que na prática nada mais é do que o banco central jogar mais dinheiro na economia, na expectativa de que isso aumente a oferta de crédito, a demanda, e a atividade. O Fed se comprometeu a comprar, de forma ilimitada, US$ 40 bilhões por mês de títulos lastreados em ativos imobiliários. Também disse que os juros permanecerão zerados até 2015. Que efeito pode ter esse QE3? O economista José Júlio Senna, da MCM Consultores, diz que ele enfraquece o dólar e que o impulso no crescimento será mais intenso que o primeiro QE, porém mais fraco que o segundo:

- O primeiro veio no final de 2008, logo depois da quebra do Lehman Brothers. O PIB mundial desabou nos meses seguintes e o efeito do QE foi pequeno, mas porque não havia muito a fazer. O segundo QE veio em 2010 quando havia otimismo com a economia mundial. O Brasil cresceu 7,5% aquele ano, a China estava forte, havia mais esperança na solução do problema grego. Nesse contexto, a decisão provocou euforia e alta de commodities. Agora não há queda brusca nem euforia. O mundo vive uma fase crônica da crise, de longa desaceleração. Nesse ambiente, o efeito será menor do que no anterior.

O temor no Brasil é que a indústria não aguentasse mais manter os empregos. Ela tem demitido, mas menos do que era de se esperar diante do encolhimento que enfrenta. Agora, os setores beneficiados terão ânimo para manter as vagas.

Nos EUA, o desemprego está parado em 8%, mas a verdade pode ser pior. Muita gente está saindo da estatística porque parou de procurar emprego. O Fed avisou que manterá a medida o tempo suficiente para reativar o mercado de trabalho.

- As medidas ajudam a reduzir o custo dos financiamentos imobiliários, mas o pano de fundo é o desemprego alto - disse Senna.

A desoneração no Brasil terá também o efeito de segurar a inflação.

- O setor de pães e massas enfrenta a alta do trigo. O de aves, o de milho - lembrou Pastore.

Com custos menores, as empresas poderão enfrentar a competição estrangeira. Pastore contou que visitou uma indústria de cerâmica que há um ano tinha 200 empregados e agora tem 40, porque está importando uma parte de cerâmica da China.

Com armas diferentes, no mundo se luta por emprego.

A conta da desoneração da energia - ROGÉRIO FURQUIM WERNECK


O Globo - 14/09


O fato merece comemoração. Após quase uma década de intenso envolvimento com a questão, a presidente Dilma Rousseff afinal se convenceu de que as absurdas tarifas de energia elétrica que vêm sendo cobradas no país precisam ser reduzidas. Mas é preciso entender o exato teor das medidas anunciadas, para perceber todas suas implicações.

Ter noção clara do que não foi anunciado ajuda a entender o que de fato foi. Não houve qualquer desoneração de caráter propriamente tributário. Não foram alteradas as alíquotas da Cofins e do PIS. E tampouco se prevê qualquer redução das escorchantes alíquotas de ICMS que os estados vêm cobrando nas contas de energia elétrica. Apesar de estar em campanha de distribuição de benesses aos estados, a Fazenda não conseguiu convencer os governadores a se engajarem no esforço de desoneração da energia elétrica.

O que, então, foi de fato anunciado? Dois conjuntos de medidas. O primeiro envolve os kafkianos "encargos setoriais" que vêm onerando a conta de energia. Há mais de uma dúzia deles. Dois foram eliminados. E um terceiro, reduzido a um quarto do que era. Mas a redução nas contas de energia que deve advir dessas medidas é da ordem de 7%. Menos do que o Planalto tinha em mente. Foi por isso que o governo decidiu apelar para um segundo e problemático conjunto de medidas de desoneração.

Há no setor elétrico um número expressivo de usinas importantes cujas concessões estão prestes a vencer. E, quando ocorrer o vencimento, tais usinas deverão ser revertidas à União para novas licitações. Usinas hidrelétricas constituem uma forma peculiar de bem de capital. São incrivelmente longevas. As que foram construídas há 50 anos poderão continuar gerando energia por mais 50, ou até mais, enquanto o progresso técnico não tornar a hidreletricidade uma solução obsoleta.

Como as regras contábeis não levam em consideração essa longevidade incomum, tais usinas acabam "plenamente amortizadas" muitas décadas antes de se terem tornado imprestáveis. O que o governo alega é que, tendo havido amortização plena, os consumidores devem passar a pagar tarifas substancialmente mais baixas, porque "já pagaram" pelo investimento na usina. Haveria espaço, portanto, para renovar a concessão de tais usinas, ou relicitá-las, com imposição de tetos tarifários que permitissem transferir aos consumidores a suposta redução no custo de geração de energia. E é disso que adviria a maior parte da desoneração que vem sendo prometida pelo governo.

Como consumidores de energia, deveríamos estar todos muito satisfeitos. O problema é que, além de consumidores, somos contribuintes. Que empresa venderia (ou alugaria) um ativo por menos do que vale só porque, contabilmente, ele já foi amortizado? O que se propõe é que a União deixe de licitar a usina pelo que ela de fato vale para licitá-la por um valor artificialmente baixo. E quanto vale uma usina de 50 anos? Nada muito diferente do que custaria uma nova de dimensões equivalentes.

Ter o custo da usina nova em mente é fundamental para levar em conta um outro lado do problema. No "modelo" em vigor no setor elétrico, gostemos ou não, a maior parte do esforço de expansão da capacidade de geração vem sendo bancada pelo Tesouro, seja diretamente, seja por meio de vultosas transferências ao BNDES, financiadas com emissão de dívida pública. Ou alguém acha, em sã consciência, que Jirau, Santo Antônio e Belo Monte são frutos do esforço de investimento privado?

Quando se tem isso em conta, as medidas de desoneração anunciadas pelo governo parecem ainda menos defensáveis. De um lado, a União banca a expansão da capacidade de geração. De outro, abre mão de relicitar as usinas "velhas" pelo valor que o mercado se disporia a pagar. E se prontifica a aceitar valor muito mais baixo, desde que o concessionário cobre tarifas artificialmente reduzidas, que não repassam ao consumidor o custo de expansão do sistema.

A conclusão é clara. A conta da desoneração vai recair sobre o contribuinte.

MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO


FOLHA DE SP - 14/09


Grandes redes terão 200 novos hotéis em 2015

As principais redes hoteleiras do Brasil devem inaugurar aproximadamente 200 hotéis no país até 2015.

O país passará de 515 para 700 empreendimentos ao final de três anos, de acordo com os cálculos realizados pelo Fohb, entidade que reúne 24 grandes bandeiras.

O patrimônio dos hotéis juntos vai subir dos R$ 13 bilhões, que totalizam atualmente, para R$ 17,5 bilhões no período, de acordo com o levantamento.

"São projetos que abrangem todas as regiões do país. A expansão representa cerca de 30 mil novos quartos, majoritariamente da categoria econômica, seguidos por padrão médio, luxo e resorts", afirma o presidente do Fohb, Roberto Rotter.

Hoje dominante, a categoria de empreendimentos de padrão médio, conhecida como "midscale", vai perder espaço para a econômica, de acordo com o executivo.

O padrão médio atualmente participa com 63% dos hotéis. Em 2015, terá cerca de 50%, segundo o estudo.

"O econômico sobe praticamente esses 13%", afirma Rotter.

A concentração, que hoje está nas regiões Sul e Sudeste, passará para o Norte e o Nordeste.

"Essa área sai de uma participação de 4% para 14%. Basta verificar que há várias cidades sedes na região", diz.

Outros investimentos são responsáveis pelo avanço, segundo ele.

"Não são só as várias cidades sede. Há também os investimentos como os da Vale, o polo tecnológico de Recife, os navios e outros, coisa que no passado não acontecia", afirma.

FRANQUIA NUTRIDA

A rede de lojas de suplementos alimentares SNC (Sports Nutrition Center) deve abrir no próximo ano 45 unidades -quase metade do total que tem hoje.

Para expandir-se pelo país, a empresa vem abrindo franquias em cidades com 100 mil habitantes.

"Em 2008, só íamos para as que tinham pelo menos 500 mil habitantes, isso porque achávamos que o mercado era restrito", afirma Fábio Ramos, dono da rede.

"Em 2010, diminuímos para 300 mil e, desde o ano passado, estamos em lugares ainda menores", acrescenta o empresário.

"Nas cidades pequenas, o consumo é considerável e o aluguel mais barato."

Com essa estratégia,a empresa inaugurou 21 unidades em 2011 e irá fechar 2012 com mais 28 franquias. No total, são 95.

O bom momento econômico que o país viveu até o ano passado e o crescimento forte do segmento de beleza também impulsionaram a expansão da rede, de acordo com Ramos.

A crise europeia, por outro lado, trouxe investidores estrangeiros para a companhia. "Um italiano se mudou para Goiânia e abriu uma loja da SNC", conta o proprietário da rede.

A empresa também negocia franquias com portugueses e chilenos.

US$ 54 BILHÕES

são movimentados anualmente no mundo pelo setor de suplementos

2º maior mercado do segmento no mundo é o brasileiro

95 é o número de franquias da rede

45 lojas devem ser abertas em 2013

AUTOPEÇAS NO VIZINHO

O secretário de Comércio Interno da Argentina, Guilhermo Moreno, irá se reunir na próxima terça-feira com Paulo Skaf, presidente da Fiesp (Federação das Indústrias de São Paulo) e do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo).

Participam também do encontro 200 empresários -cem da cada país- do setor de autopeças.

O objetivo da reunião é buscar meios de incrementar o comércio bilateral.

Entre janeiro e agosto deste ano, o Brasil vendeu 18% a menos ao país vizinho, de acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior do Brasil.

As exportações da Argentina também registraram queda de 6% na comparação com o mesmo período de 2011.

O setor de autopeças e acessórios responde por mais de um terço das exportações brasileiras para o país vizinho. As vendas para a Argentina têm recuado de forma generalizada ao longo deste ano, segundo a Fiesp.

US$ 12 bilhões foram exportados à Argentina nos primeiros oito meses do ano

US$ 14,7 bilhões foram vendidos ao país vizinho no mesmo período de 2011

18% foi a queda nos embarques

CONSUMO DURÁVEL

A aquisição de bens duráveis está em alta na região metropolitana do Rio, segundo a Fecomércio-RJ.

A parcela das famílias que consumiram bens duráveis nos últimos seis meses foi elevada para 54,2%, ante 52,6% no mesmo período do ano passado. Entre os produtos mais adquiridos de todas as categorias estão os televisores (23,7%), os automóveis (13,5%) e as geladeiras (10,1%).

Para os próximos seis meses, 43,8% das famílias dizem que pretendem comprar.

ESPERANÇA AMERICANA

Os americanos estão mais otimistas com os rumos da economia de seu país, segundo a consultoria Ipsos.

Uma pesquisa realizada no início deste mês com 1.002 entrevistados mostrou níveis mais altos de confiança pela primeira vez desde 2008.

Em comparação com julho deste ano, o percentual de pessoas que planeja fazer grandes compras, como carros e imóveis, cresceu.

Aumentou também a confiança na própria capacidade de poupar e realizar investimentos para o futuro em áreas como aposentadoria e educação.

A parcela de entrevistados que não se sente segura com relação ao seu emprego caiu.

41% são os americanos que acreditam que a economia está no rumo certo

18% são os consumidores que se sentem confortáveis para fazer grandes compras

21% se consideram mais capazes de fazer as compras da casa

32% dos entrevistados sentem-se menos inseguros em relação a manter seus empregos

22% dos americanos sentem-se mais capazes de poupar e realizar investimentos para o futuro

Outro lado - SONIA RACY


O ESTADÃO - 14/09

Conforme a lei exige, foi entregue na segunda-feira, ao FGC, um relatório de auditoria encomendado pelos antigos controladores do Banco Cruzeiro do Sul. Feito pelo auditor Cezar Pires, contesta todos os ajustes do Banco Central que levaram à soma de um buraco de R$ 3,1 bilhões.

Pires era homem de confiança de Antonio Carlos de Almeida Braga, do Icatu.

Esta história financeira promete ser longa.

Luzes
Saíram os números de agosto. A receita tributária do Estado de São Paulo cresceu 3%. Um bom número. Entretanto, Andrea Calabi, secretário da Fazenda, não comemora: “Nós fazemos um esforço enorme, e o governo federal tenta bater nossa carteira”.

Do que ele reclama? “Do sistema estapafúrdio da gestão do sistema elétrico, que fez com que a Cesp perdesse R$ 2 bilhões em valor.”

Luzes 2
Por outro lado, conhecido distribuidor de energia era só elogios, ontem, às medidas de Dilma. “Ela vai reduzir o preço das geradoras de R$ 95 para R$ 35 por mw/hora.”

Verde de fome
Parece mentira, mas Kátia Abreu, do PSD, musa da bancada ruralista no Congresso, declarou apoio a um… verde.

Indagado, Marcelo Lelis, candidato do PV que disputa a prefeitura de Tocantins, saiu-se com “não podíamos dispensar o apoio de alguém tão importante como a senadora”.

Arte é boomy
O primeiro dia da ArtRio foi um sucesso, comemoram os organizadores. Um quadro de Beatriz Milhazes (entre outras obras) nem precisou ser ofertado na feira. Motivo? Foi vendido antes.

E a Gagosian calcula que embolsou, anteontem, US$ 5 milhões.

Branco e preto
Contrastavam, na posse de Marta Suplicy, os estilos da nova ministra e de Ana de Hollanda. A primeira, de tailleur, pérolas e cílios postiços; a segunda, sem nem sequer maquiagem.

Preto e branco
No bota-fora, a irmã de Chico deixou o Carpe Diem, em Brasília, quase duas da manhã. Com 30 assessores, secretários e outros, petiscou pastéis de charque, croquetes de carne e jantou filé.

Com três garrafas de champanhe, seis de vinho e chopes.

Decifra-me e…
E Mohammed Mursi, primeiro presidente eleito do Egito, vem ao Brasil. Será recebido por Dilma dia 28, no Planalto.

…te devoro mesmo
Lula visitou Hosni Mubarak (que caiu vítima da Primavera Árabe), mas o gesto nunca havia sido retribuído…

Deixe o carro em casa
Aproveitando o Dia Mundial Sem Carro (sábado, 22), a CET inicia campanha educativa na segunda. Veículos particulares com mais de um ocupante terão preferência em nove faixas reversíveis da cidade. Agentes orientarão os motoristas.


Detalhe: os carros ocupam quase… 80% do espaço viário em SP.

Torre de papel
Marco Aurélio Mello, do STF, recebeu, só na semana passada, 226 novos processos.

Mas garante: está conseguindo conciliar a análise desses casos com as sessões do Supremo e do TSE. “Tem gente que acha que durmo no ponto, tipo motorista de táxi. Ainda bem que não tenho outro tribunal para trabalhar de madrugada”, ironiza.

Eu e mim
Wagner Moura concorrerá com ele mesmo no Grande Prêmio do Cinema Brasileiro. Na categoria Melhor Ator, por Vips e O Homem do Futuro.

Em outubro, no Municipal do Rio.

Na frente
Tem Feira da Solidariedade, domingo, no Tatuapé. O evento, segundo Jefferson Baptista, vai angariar fundos para a assistência de 420 famílias carentes e uma casa para dependentes químicos mantidos pelo N. A. Espírita Paz e Amor em Jesus.

Lucas di Grassi participa da estreia da equipe da Audi Sport nas 6 Horas de São Paulo. Amanhã, em Interlagos.

A mostra Pulso Iraniano começa na quarta-feira. No Sesc Vila Mariana.

O grupo Monobloco faz show no Credicard Hall. Hoje.

Lilly e Renata Sarti armam abertura de loja no JK. Hoje.

James Lisboa comanda leilão de arte no Leopolldo dos Jardins. Terça.

Alberto Toron, em campanha pela presidência da OAB-SP, andou… de metrô na hora do rush, terça. Levou 50 minutos da estação Marechal Deodoro até Itaquera. Quem foi de carro demorou duas horas.

O candidato que ocupou o vácuo - MARIA CRISTINA FERNANDES


Valor Econômico - 14/09


Perfilar Celso Russomanno como o candidato dos currais pentecostais ou do voluntarismo populista de longa cepa pode exorcizar o mal-estar da classe média com sua ascensão. Mas não ajuda a entendê-lo.

Acatar a preponderância religiosa na preferência de voto é ceder à explicação, cada vez mais em voga até na esquerda, de que a cartilha lulista para a conquista do eleitorado manda fazer concessões ao obscurantismo das massas e sacrificar o vanguardismo urbano e intelectualizado.

A religião não convence como explicação para a liderança de Russomanno assim como não é suficiente para justificar o declínio de José Serra. Ambos se ombreiam na disputa pelos rebanhos e na preferência das lideranças religiosas mais ativas.

A polarização que Russomanno quebrou nunca existiu

Se o leitor fosse pastor evangélico provavelmente se engraçaria com o candidato que se dispusesse a facilitar os alvarás para templos. Mas se não houver na parada um candidato abertamente favorável a cassar essas licenças, é despropositado imaginar que a questão faça mais a cabeça do eleitor do que o mau atendimento nos postos de saúde ou a limitação de creches.

A influência de pastores sobre a formação do voto é inversamente proporcional à diversificação do mercado de informações de uma campanha. Numa primeira fase os pastores podem até ser a única fonte de informação, mas o horário eleitoral, a cobertura jornalística e as conversas com parentes e amigos acabam confrontando percepções e definindo o voto. Isso pode confinar Russomanno a um terço do eleitorado, mas do segundo turno parece difícil tirá-lo.

A derrota de Serra na eleição presidencial já deveria ter bastado para demonstrar que há um limite à exploração dos currais pentecostais. Não é porque passou poucos anos na escola que o eleitor é incapaz de perceber excessos de pastores e candidatos que exploram a religião para conseguir seu voto. Descrer disso é reeditar o velho bordão de que o brasileiro não sabe votar.

O eleitor vota naquele em quem identifica mais condições para enfrentar os problemas que avalia serem os de seu bairro e de sua cidade. Do Pari a Higienópolis, do Prouni à USP, do shopping Aricanduva ao Cidade Jardim os problemas são diferentes e os eleitores também. Mas a motivação é a mesma.

Se Russomanno, pelo que mostram as pesquisas, consegue o dobro dos votos de seus adversários no eleitorado pentecostal isso talvez se deva menos à bíblia pela qual se reza do que ao fato de esse eleitor não morar em Higienópolis, não frequentar a USP nem o Shopping Cidade Jardim.

O candidato do PRB tampouco quebrou a polarização entre PT e PSDB na cidade porque esta, na verdade, não existe. O fato de os dois polos da política nacional terem se originado e ainda hoje manterem seus principais núcleos em São Paulo gera essa confusão. Mas das seis eleições municipais já disputadas por ambos os partidos o PSDB só foi para o 2º turno uma única vez, quando Serra ganhou em 2004.

O PT participou dos cinco segundos turnos já havidos, ganhando uma vez com Marta Suplicy (2000) e outra em 1988 (Luiza Erundina) quando a eleição era de uma só tacada.

Quem rivaliza e ultrapassa o PT como força eleitoral na cidade é a direita de Paulo Maluf, Celso Pitta e Gilberto Kassab. É desta tradição que Celso Russomanno é herdeiro? Talvez. Mas tradição não enche urna. O que importa para entender Russomanno é saber que vácuo ele preencheu ao surgir e se firmar face ao descrédito geral.

Ao lançar um desconhecido do eleitor e sem o aval de Marta, o PT deixou o flanco aberto para o candidato do PRB ocupar. A persistência de bons índices de Russomanno junto ao eleitorado petista indica que o PT ainda corre atrás do prejuízo.

O lançamento de Haddad, por si só, já confronta a tese de que o que está em jogo é a hegemonia populista. O candidato petista é um dos maiores críticos à tese de que esta foi a opção do PT para sobreviver a Lula.

O tempo que levou para transformar seu discurso em defesa do "transporte modal" na proposta do bilhete único mensal dá conta de seu divórcio com o populismo e explica o terreno ganho por Russomanno no eleitorado de seu partido.

No flanco tucano, foram a desaprovação de Gilberto Kassab e a rejeição de Serra que abriram espaço para o candidato do PRB entrar no condomínio de classe média baixa que um dia foi de Maluf e onde PSDB e PSD passaram a se revezar. Até o mensalão, última esperança tucana, jogou água no moinho do candidato que não toca no assunto. Um quarto de seus eleitores se diz influenciado pelo julgamento.

Russomanno é tratado como produto de uma política que transforma cidadãos em consumidores. Isso pode ser verdade mas é uma bandeira que só adquire feições populistas em suas mãos. Se é Dilma Rousseff que a empunha ao enfrentar operadoras de telefonia e concessionárias de energia é porque a presidente está numa guerra republicana.

Russomanno diminui a política quando trata todos por consumidores, mas esse reducionismo vem lá de trás.

Foi no boom de consumo do Real que o candidato do PRB, depois do sucesso na TV com programas em defesa do consumidor, estreou na Câmara dos Deputados em 1994 pelo PSDB com a maior votação absoluta do país.

Ao longo de quatro mandatos, além de prestar favores e destinar emendas à própria ONG, perseguiu a mesma toada da violência e dos direitos do consumidor.

Russomanno não é um representante da velha direita na base do prende e arrebenta. Na tarde de segunda feira desembarcou no sindicato dos policiais federais para falar de seus planos para a segurança pública.

Franzino, de calça jeans apertada, sapato de bico fino e com um timbre baixo de voz, falou de um curso que havia feito na polícia da Califórnia. Acompanhou um policial que depois de prender um cidadão por engano no meio da rua voltara ao mesmo local e pedira desculpas à comunidade, em nome do Estado, pela prisão do inocente. Disse que era essa polícia que quer para São Paulo.

Ainda não dá para dizer se Russomanno sobreviverá ao contraditório da campanha eleitoral. Mas numa cidade que amanhece de uma chacina ouvindo de seu governador que basta não reagir para sobreviver à polícia, é natural o sucesso que faz.

Ministério da Cultura, Ministério do Vento - LEANDRO NARLOCH


FOLHA DE S. PAULO - 14/09
O caso fictício de um ministério inútil que poderia ser só uma secretaria, mas que serve para financiar viciados em dinheiro público e acomodar políticos


Tanto se acreditava, naquele país, ser dever do Estado encarregar-se de todos os interesses e queixas dos cidadãos que tiveram a ideia de criar o Ministério do Vento.

As correntes de ar eram lá consideradas questão de soberania e identidade nacional. Havia entre políticos e intelectuais uma preferência por ventos do próprio do país e uma ponta de ressentimento contra aqueles vindos de fora. Por isso, decidiram: seriam criadas políticas públicas de fomento a iniciativas eólicas.

A nova ministra assumiu anunciando leis de incentivo e ações de descentralização, mas logo se deparou com um problema fundamental: era impossível incentivar ou mesmo direcionar o vento.

Trata-se, como se sabe, de um fenômeno imprevisível, irrefreável, não dirigível. De repente, um ciclone vindo de longe levava ar quente para cidades inteiras, revirando expectativas dos cidadãos; em outras ocasiões, uma leve corrente ocupava o ambiente aos poucos, se fazendo perceber só depois de ter envolvido os moradores. Novos gêneros eólicos apareciam, enquanto outros deixavam de interessar mesmo com saudosistas se esforçando para resgatá-los.

Apesar desse problema conceitual, o governo precisava acolher as reivindicações de um grupo pequeno mas influente: os empinadores de pipa. Esses profissionais tinham naquela sociedade uma aura especial, como se estivessem num degrau acima do resto da população. Eram eles os mais interessados no Ministério do Vento -o resto dos cidadãos até concordava com o incentivo ao vento nacional, mas preferia mesmo curtir a brisa que bem entendesse.

Para atender a pressão, o governo gastou alguns bilhões com uma rede de tubulações aéreas. O sistema criava uma corrente de ar direcionada e contínua, garantindo que os pipeiros nacionais expressassem as suas virtudes eólicas populares.


Era um aparelho gigantesco e pouco eficiente, mas que deixava satisfeito o lobby dos empinadores. Além disso, o Ministério do Vento servia para acomodar políticos decadentes, como prêmio de consolação por terem sido rejeitados por seus partidos quando queriam concorrer a cargos administrativos de verdade.

Toda essa rede de incentivos, porém, passou a envolver o Ministério do Vento em polêmicas frequentes.

Cada vez mais gente percebeu que o sistema criava dependência e atrapalhava a profissionalização. Como o ambiente natural era inconstante e exigia maiores mostras de habilidade, mais e mais pipeiros passaram a lutar por um espaço no vento estatal.

Pior: de vez em quando a imprensa divulgava que empinadores famosos e com extensas rabiolas entravam com projetos milionários para aproveitar o ar canalizado. O que muita gente achava vergonhoso, afinal aqueles profissionais poderiam facilmente empinar pipas sem a ajuda do Estado.

Mas era difícil, naquele país, ir contra aquela turma. Em sua defesa, havia diversos intelectuais e teorias, segundo as quais era essencial que os empinadores não se submetessem ao vento natural, sob o risco de terem menos liberdade para dar loopings e oitos no ar.

Havia quem pensasse o contrário, que era justamente o ambiente hostil do vento natural que levava à criação de habilidades e movimentos. Para esses, o Ministério do Vento poderia ser reduzido a uma secretaria no ministério da educação: já estaria ótimo se o Estado ensinasse os estudantes a apreciar os gêneros eólicos, a diferenciar alísios, monções, rajadas e redemoinhos e os iniciasse na arte das pipas, pandorgas e papagaios e nas batalhas de cerol. Ao reduzir gastos e impostos, o governo ainda deixaria os cidadãos com tempo e disposição para apreciar brisas e manobras.

Mas é claro que essas pessoas que não davam sua opinião em público. Ai de quem pregasse, naquele estranho país, o fim do Ministério do Vento. Seria alvo de protestos inflamados. E tachado de antipatriótico e neoliberal.

O sangue e a alma - MERVAL PEREIRA


O GLOBO - 14/09


A ministra Cármen Lúcia pontuou ontem a sessão do julgamento do mensalão que tratava de lavagem de dinheiro não apenas com a clareza de seu voto, mas com a definição de que "o dinheiro é para o crime o que o sangue é para a veia: se não circular com volume, não temos como irrigar o esquema".

Como já está definido que em grande parte o dinheiro desse esquema criminoso vem da administração pública, a ministra ressaltou que o que foi montado "é um sistema delituoso e grave, alimentado desta maneira". Alguns votos de ontem, por sinal, já antecipam posições de ministros sobre questões que serão analisadas adiante, como a distribuição de dinheiro a políticos. Cármen Lúcia, em certa altura de seu voto, descreveu que "se teve obtenção de recursos de maneira ilícita e a recolocação e entrega a beneficiários que se colocaram à disposição para se fazer isso".

Já Dias Toffoli admitiu "ser possível efetivar uma correlação lógica entre os recursos desviados com a conivência de Henrique Pizzolato, tanto no que se refere ao bônus como à antecipação das verbas do fundo Visanet, e os empréstimos tomados do Banco Rural" à lavagem de dinheiro pelas agências de Marcos Valério e seus sócios, afirmando que está comprovado "o chamado valerioduto". Mas antecipou uma dúvida: se será provado que esse dinheiro serviu para comprar votos no Congresso. Sua definição provocou reação de Gilmar Mendes: "Só por um reducionismo muito forte poder-se-ia falar em um valerioduto. A rigor, é um sistema muito mais complexo do que isso e envolve a participação de autoridades e agentes públicos." Esse sistema tem alma, exclamou Gilmar.

Outro ponto importante do julgamento foi a tentativa do relator Ricardo Lewandowski e de Dias Toffoli de absolver o advogado Rogério Tolentino do crime de lavagem de dinheiro, sob a alegação de que ele era mero advogado de Valério. Essa desqualificação de Tolentino antecipa posição dos dois ministros com relação a indícios que comprometem o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu.

Tolentino foi quem comprou o apartamento de Maria Ângela da Silva Saragoça, ex-mulher de José Dirceu, a pedido de Marcos Valério, que também foi empregada no banco BMG, por interferência do lobista mineiro. Foi no BMG que Tolentino tomou um empréstimo de R$ 10 milhões, também a pedido de Valério, que, na opinião da maioria do STF, permitiu a lavagem de dinheiro desviado dos cofres públicos através de triangulação bancária com a empresa de Tolentino.

Lewandowski alegou que a questão do empréstimo do BMG não estava sendo tratada no julgamento, só os empréstimos do Banco Rural, por isso não havia nos autos nada que se referisse a Tolentino no item específico de lavagem de dinheiro. "Mais adiante podemos ver se ele é culpado por formação de quadrilha ou corrupção ativa", alegou o revisor. Mas, a começar pelo relator, vários ministros demonstraram que o processo é unitário, não havendo possibilidade de não se analisar alguém por um delito simplesmente porque os detalhes não estão descritos naquela determinada fatia do julgamento.

Ayres Britto, presidente do STF, lembrou que todos os ministros tomaram conhecimento integral do processo e têm informações sobre as conexões de cada um dos réus. E nos autos havia referência explícita ao empréstimo do BMG, entre outros.

A preocupação com a corrupção foi ressaltada no voto de Ayres Britto, que disse que ela leva à "desnaturação do exercício da função pública, a um comércio ultrajante da função pública, e mais do que isso. A corrupção também leva a uma apatia cívica, a um ceticismo cívico, os cidadãos deixam de acreditar na seriedade do poder público".

O decano do STF, Celso de Mello, chamara a atenção em seu voto sobre o montante que o crime organizado movimenta pelo mundo, calculado em US$ 1 trilhão "só em matéria de recursos oriundos do tráfico de entorpecentes". A preocupação, frisou, "é impedir que ela se valha dos agentes da República, que ela penetre no aparelho do Estado, para, a partir dos ganhos colossais, exercer uma gama muito extensa de poder político, em ordem até mesmo de comandar o próprio Estado - o que é terrível e, por isso mesmo, merece toda repulsa. (...) Portanto, a repercussão não é apenas penal, mas na esfera política e constitucional".

Primavera ameaçada - EDITORIAL FOLHA DE SP

FOLHA DE SP - 14/09


Morte de embaixador dos EUA na Líbia, em meio a onda de violência, faz temer pela incipiente democracia em alguns países islâmicos



O vídeo "Inocência dos Muçulmanos", que serve de pretexto para uma sucessão de ataques contra alvos americanos em países islâmicos, é de uma sordidez ímpar. Tacanho e intolerante, não representaria mais que uma tentativa canhestra de incitar preconceito contra islamitas -não fosse pelos efeitos mortais que desencadeou.

Ainda é obscura a autoria do filmete de 14 minutos, que desde julho pode ser baixado para visualização em computador. Há indícios, porém, de que teve apoio de militantes cristãos ultraconservadores da Califórnia e da Flórida.

Após ganhar legendas em árabe, difundiu-se pelo mundo. Na data simbólica de 11 de setembro, motivou ataques a representações dos EUA no Egito e na Líbia -neste último foram mortos o embaixador J. Christopher Stevens e mais três americanos, em ação que teria contado com membros da Al Qaeda.

Novos conflitos ocorreram ontem no Egito, no Iêmen e em outros países, com centenas de feridos.

Por odioso que seja o vídeo, sua repercussão e a violência que a acompanhou são desmesuradas. Em países ocidentais, onde o valor da liberdade de expressão se sobrepõe às compreensíveis sensibilidades religiosas, se enquadra na categoria das baixezas que a democracia se condena a tolerar.

Não é assim em nações muçulmanas. Em especial naquelas com pendor ou domínio teocrático, a sacralidade de normas e entidades corânicas precede a própria noção de direitos fundamentais.

Mesmo que se reconheça a justiça da repulsa de fiéis à profanação da figura de Maomé, não há como justificar com ela o assassínio de inocentes -como funcionários sacrificados só por serem americanos- nem como conciliar ideal algum de civilização com tamanho fundamentalismo religioso. Tal é o ponto de fuga em que tende a esvair-se o entendimento entre democracias ocidentais e as versões mais sectárias do islamismo.

Claro está que também se encontram exemplos de fanatismo nos EUA, mas não escaladas de ódio como as que ora se observam em algumas sociedades islâmicas.

Seria lamentável, portanto, se o presidente Barack Obama, em plena campanha pela reeleição, sequer cogitasse usar o ocorrido como desculpa para incursões punitivas, violando a soberania de nações para amealhar simpatia entre eleitores belicistas.

Preocupa, com efeito, que a violência antiamericana tenha eclodido em países pioneiros da Primavera Árabe, como Tunísia, Egito e Líbia. Se recrudescer, pode revelar-se sintoma de que o movimento por democracia cede terreno para facções islâmicas mais afeitas a ditaduras teocráticas como a do Irã.