sexta-feira, janeiro 15, 2010

BILL CLINTON

O que podemos fazer para ajudar

O GLOBO - 15/01/10


À medida que escrevo, não se sabe a extensão dos danos causados pelo terremoto que abalou o Haiti. Porém, um trágico número de pessoas morreu ou se feriu e as estimativas indicam que quase três milhões de pessoas — cerca de um terço da população do Haiti — podem precisar de ajuda, o que torna este um dos maiores casos de emergência humanitária na História das Américas.

Reuni-me com o secretáriogeral Ban Ki-moon na quartafeira e com outros importantes líderes da ONU para discutir as necessidades imediatas e de longo prazo do Haiti. Aqueles que ainda estão vivos sob escombros precisam ser achados.

Os corpos dos que morreram precisam ser retirados. O poder precisa ser restaurado e as estradas, reabertas. Mas o que o Haiti mais precisa é dinheiro para água, alimentos, abrigo e medicamentos básicos para dar alívio imediato àqueles que estão desabrigados, famintos e feridos.

Toda a ONU está trabalhando para atender essas necessidades e se reagrupar no Haiti, após o colapso do prédio de nossa sede e a perda de muitos colegas. O governo dos EUA comprometeu seu total apoio aos esforços de recuperação, assim como fizeram governantes de muitas outras nações.

Organizações não-governamentais e cidadãos comuns ofereceram ajuda. Até as pequenas contribuições farão diferença após tal destruição.
No entanto, depois que a emergência passar, o trabalho de reconstrução continuará.

Desde que eu e Hillary viajamos pela primeira vez ao Haiti, em dezembro de 1975, fiquei cativado pelas promessas e perigos do país e pela persistência esperançosa de sua população, mesmo diante de abuso, negligência e pobreza. O governo e a população do Haiti, a diáspora haitiana, países vizinhos e aliados, ONGs e grupos internacionais já estavam comprometidos com um projeto de desenvolvimento a longo prazo.

Esses esforços precisarão de ajuste devido ao desastre de terça-feira, mas não podem ser abandonados.
Como presidente, trabalhei para encerrar uma violenta ditadura no Haiti e para reconduzir seu presidente eleito ao governo.

Em junho passado, aceitei o papel de enviado especial da ONU ao Haiti, para ajudar a implementar o plano de desenvolvimento de longo prazo do país, elevando a assistência governamental estrangeira e investimentos privados, e também coordenando e elevando as contribuições de grupos não-governamentais, envolvendo mais voluntários da diáspora haitiana. Este trabalho ajuda a criar empregos, a melhorar a educação e a assistência médica, a conter a devastação florestal e criar energia limpa. Começamos bem e, antes do terremoto, achei que o Haiti estava mais perto do que nunca em garantir um futuro brilhante.

Apesar da tragédia, ainda creio que o Haiti pode vencer.
Primeiro, precisamos ajudar os feridos, tomar conta dos mortos e sustentar aqueles que estão sem teto, sem emprego e famintos. À medida que limparmos os escombros, vamos criar um amanhã melhor, reconstruindo um Haiti melhor: com prédios mais fortes, melhores escolas e assistência médica, com mais industrialização e menos desmatamento, com mais agricultura sustentável e energia limpa.

Nos próximos dias, histórias de perdas e triunfos do espírito humano serão contadas. Os haitianos vão nos pedir ajuda — não apenas para restaurar o Haiti, mas para ajudar a tornálo uma nação mais forte e segura, como sempre desejou e mereceu seu povo.

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