sexta-feira, julho 31, 2009

FERNANDO GABEIRA

Segunda onda


Folha de S. Paulo - 31/07/2009

RIO DE JANEIRO - A democracia vem em ondas, acha um candidato chileno. Se isso é verdade, a primeira onda já se esgotou no Brasil. Eleições diretas, uma política econômica realista, uma generosa política social são suas conquistas. Mesmo se Sarney cair, o que é inevitável, e a sociedade impuser sobriedade ao Senado, as coisas não estarão resolvidas.
Uma segunda onda de democracia fatalmente virá. Um dos seus componentes essenciais é a responsabilidade diante da transparência. Responder às questões, admitir erros, corrigir rumos, é a base do comportamento na nova etapa.
Há um risco desse tema escapar às eleições presidenciais. O PT empacou na primeira onda. As forças restantes parecem tímidas ou exauridas para conduzi-la. Será preciso vencer muitos medos. O primeiro deles é de que o tema interessa apenas à classe média ou apenas às metrópoles. No caso da esquerda, há o argumento de que a demanda é apenas uma manifestação udenista, referindo-se ao passado. Para quem dizia que a história não se repete, achar repetição em cada esquina é muito estranho.
Existem mitos: não se ganham eleições sem os fisiologistas. Duas eleições presidenciais foram ganhas contra eles, a de Collor e Lula. Não se governa sem eles, dizem. Mas o que é governabilidade? No meu entender, significa realizar elementos básicos do programa. Não é vencer sempre.
Se a questão não for central na próxima campanha, corre-se o risco de um debate conformista. De certa forma, Collor abordou o tema, que era importante no discurso do PT, em 2002. De lá para cá, as demandas sociais cresceram e os políticos brasileiros dependem hoje, para serem respeitados, de uma nova condição. Os americanos têm uma palavra enorme para isto: accountability. Sem ela, não dá mais.

PUXANDO OS OVOS


BRASÍLIA - DF

Batalha sangrenta

Luiz Carlos Azedo
Correio Braziliense - 31/07/2009


Bem que o ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima (PMDB), tentou convencer o líder do PMDB, Renan Calheiros (AL), a negociar uma saída para a crise no Senado com o presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), ontem. Não houve a menor boa vontade. Esteio da permanência do senador José Sarney (PMDB-AP) na presidência da Casa, Renan não quis conversa e reiterou que vai entrar com duas representações no Conselho de Ética contra os tucanos. Uma visa o líder Arthur Virgílio Neto (AM), por empregar um assessor que estudava na Espanha; a outra, o senador Tasso Jereissati (CE), que usou a cota de passagens aéreas para pagar o combustível do jatinho no qual viaja.

***
“É uma insanidade”, classifica Guerra, ao analisar os rumos dos acontecimentos no Senado, onde o confronto entre Renan e Virgílio fugiu ao controle dos caciques das duas legendas e virou uma batalha sangrenta de acusações generalizadas, cujo desfecho é imprevisível. Condenado ao pelourinho no qual se transformou a cadeira que ocupa, Sarney estaria disposto a trocar o cargo por um bom acordo que lhe garanta exercer um mandato menos turbulento, mas Renan avalia que a oposição pode ser derrotada.

Pilatos

Ontem, em São Paulo, por causa da crise existencial da bancada do PT no Senado, pela primeira vez o presidente Lula, na crise ética da Casa, lavou as mãos. Disse que é um problema dos senadores, contra o qual não há nada a fazer a seu alcance. Na verdade, avalia que a briga dos tucanos com o PMDB empurra cada vez mais a legenda para a candidatura da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT).

Despejo

A administração da Câmara dos Deputados não aguardará a indicação pela Justiça paulista de um curador para os bens do deputado Clodovil Hernandes (PR-SP), falecido em março. Vai remover os bens do estilista que ainda estão em seu luxuoso apartamento funcional. A Casa contratará uma empresa especializada em mudanças e guardará os pertences encaixotados até a decisão judicial.

Rombo

Federações da indústria e associações de exportadoras baterão bumbo no Congresso Nacional, na próxima terça-feira, pela aprovação da emenda que reconhece o crédito-prêmio do IPI das empresas. O líder do PT, Cândido Vaccarezza (SP), e do PMDB, o potiguar Henrique Eduardo Alves (foto), apoiam a emenda do Senado. A Receita estima em R$ 288 bilhões o rombo nas contas do Tesouro.

Andor

Primeiro revés de Agnelo Queiroz (foto) na cúpula do PT. A Comissão de Recursos do Diretório Nacional do PT considerou que não há consenso dentro do partido para formalizar sua candidatura ao governo do Distrito Federal. Foi mais um lance da queda de braços entre o deputado Geraldo Magela (DF), que pleiteia a vaga, e o presidente do diretório regional do PT, Chico Vigilante.

Caixeiro

O presidente do Export-Import Bank of the United States (Ex-Im Bank), Fred P. Hochberg, recém-nomeado pelo presidente Barack Obama, passou os três últimos dias no Brasil. Foi a sua primeira viagem internacional no cargo.
Para facilitar a compra de bens e serviços norte-americanos pela Petrobras, liberou um financiamento de US$ 2 bilhões

Baldeação/ Mensagem ao Partido, corrente crítica do PT, sofreu uma baixa importante em São Paulo. O prefeito de Guarulhos, Sebastião Almeida, que administra a maior cidade controlada pelo partido no estado, voltou à majoritária Construindo um Novo Brasil (CNB). Seu antecessor, Elói Pietá, continua na Mensagem, que é encabeçada pelo ministro da Justiça, Tarso Genro.


Arapongas/ Ex-presidente da Associação dos Servidores da Agência Brasileira de Inteligência (Asbin), Nery Kluwe encaminhou à Comissão de Relações Internacionais e Defesa da Câmara dos Deputados um pedido de convocação do diretor-geral-interino da Abin, Wilson Trezza. Desafeto do chefe, quer que o colegiado o questione sobre a revelação da identidade de dois agentes envolvidos na Operação Satiagraha.

Azebudsman/ A Monsanto nega que tenha entrado como uma ação judicial contra uma campanha educativa coordenada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento sobre os benefícios de alimentos livres de agrotóxicos. A cartilha elaborada pelo cartunista Ziraldo, segundo o ministério, está sendo distribuída normalmente, ao contrário do que divulgamos ontem.


Com Guilherme Queiroz


Copa de 2014
A Confederação Nacional de Turismo (CNTur) lança hoje, no Forte Copacabana (RJ), a Rede Brasil de Qualificação em Turismo. O programa capacitará profissionais para trabalhar na Copa do Mundo de 2014 e na Olimpíada de 2016, pleiteada pela capital carioca.

JANIO DE FREITAS

Servicinho no Senado


Folha de S. Paulo - 31/07/2009


Lula diz ao Senado que encerre o seu impasse; é tarde, a desordem senatorial invalidou o cronograma eleitoral

AS AFLIÇÕES ELEITOREIRAS de Lula, que o têm levado à aceleração de afirmações tolas e de pressas frustradas, são frutos benfazejos da estagnação do Senado em suas próprias aflições. Mesmo que o impasse no Senado não o tornasse inútil por bastante tempo mais, já assegurou a falta de tempo para duas aprovações problemáticas e perigosas, ambas vistas também como forças eleitorais.
Uma, para a propaganda das obras de "desenvolvimentismo como o de Juscelino": nova lei de licitação, com o facilitário desejado pelos empreiteiros e conveniente ao rápido início de várias obras. Outra, a estrutura empresarial e administrativa para a exploração do pré-sal, de cuja aprovação o governo espera negócios que engordem os cofres públicos, para impulsionar em 2010 ações eleitoreiras a granel.
A desordem senatorial invalidou o cronograma eleitoral da Presidência, desperdiçando o primeiro semestre planejado como fase preliminar de tramitação e negociações parlamentares dos projetos, e nem ao menos tornando provável sua execução no segundo semestre. Ainda mais porque semestre encurtado por férias no seu início e mais férias no final. Para os propósitos eleitoreiros, as aprovações no ano que vem, caso ocorram, serão tardias, dadas as providências até chegarem à prática.
Em discurso ficcional para grandes empreiteiros, anteontem Lula atribuiu ao seu governo a redenção moral desses empresários notabilizados pela fraudulência das concorrências de que participam. Não foi lembrado de que agora mesmo a empreiteira Norberto Odebrecht, por exemplo, está nas páginas dos jornais por vários feitos, relacionados a irregularidades na construção da ferrovia Norte-Sul, a uma grande obra da Petrobras no Estado do Rio, à investigação de tráfico de influência de Fernando Sarney.
O grupo da empreiteira Andrade Gutierrez compete de diferentes modos com o noticiário da Odebrecht, inclusive por sua extensão telefônica em que o dinheiro é do caridoso BNDES. E não citar a presença da empreiteira Queiroz Galvão seria injustiça, dada sua tradição.
Lula passou, na ocasião tão propícia, ao tema de "qual lei de licitação é importante para o país". Não tinha o sentido de indagação, porque todos ali já sabiam "qual lei de licitação" o orador e os ouvintes acham importante para o pequeno país que eles compõem, com princípios e propósitos marginais em relação ao país geral. Mas Lula trouxe novo dado: "Até uma obra começar a acontecer leva três anos". Desde a decisão de projetá-la, uma grande obra pode levar até bem mais.
O que tem acontecido com as obras do PAC, fonte da pretensa estatística de Lula, tem outra causa: são impropriedades (ambientais, por exemplo) e as irregularidades e ilegalidades financeiras que o Tribunal de Contas da União já verificou na maioria nelas. Casos também das empreiteiras citadas lá atrás.
Ansioso ou irritado, Lula diz aos senadores que encerrem logo o seu impasse. É tarde. A desordem no Senado já prestou um servicinho.

GOSTOSA


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MERVAL PEREIRA

A nova classe


O Globo - 31/07/2009

A tomada de poder no Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador (Codefat) — que administra os R$ 158 bilhões de patrimônio do Fundo do Amparo ao Trabalhador (FAT) —, promovida pelo ministro do Trabalho, Carlos Lupi, é apenas mais um dos muitos movimentos que vêm sendo feitos para ampliar o poder dos sindicalistas no governo.

Para evitar que representantes dos empresários assumissem o controle do Conselho no próximo período, que abarca anos eleitorais, o ministro Lupi, oriundo do Sindicato dos Jornaleiros, ajudou a criar uma confederação empresarial, a Confederação Nacional de Serviços, entidade reconhecida oficialmente apenas em dezembro passado, e que tem sua representatividade contestada pelas federações da área.

O novo presidente, Luigi Nese, foi eleito com o voto dos representantes do governo e dos trabalhadores, mas não teve o apoio das confederações que teoricamente representa, as dos empresários, que abandonaram a entidade em protesto.

Não se tratava apenas de tomar conta desse que é um dos maiores caixas oficiais, mas também de impedir que um representante da Confederação Nacional da Agricultura, presidida pela senadora do DEM Kátia Abreu, estivesse à frente do Codefat em 2010.

O governo Lula vem ampliando sistematicamente o poder dos sindicatos, como mostram pesquisas como as do Centro de Pesquisas e Documentação (CPDoc) da Fundação Getulio Vargas do Rio, realizadas pela cientista política Maria Celina d’Araujo.

Uma, sobre a composição dos ministérios durante a Nova República, mostra que, até o governo Lula, apenas 11,5% dos ministros tinham algum vínculo com sindicatos de trabalhadores, e só 5,8% participaram de centrais sindicais.

No governo Lula, já houve momento em que 27% de seus ministros eram vinculados a sindicatos de trabalhadores.

Outra pesquisa, sobre os ocupantes dos cargos de Direção e Assessoramento (DAS 5 e 6) e de Natureza Especial (NES) no governo federal, na administração pública direta, revela que 45% dos indicados são ligados à vida sindical.

A “legalização” das centrais sindicais no ano passado ficou conhecida como “pelegalização”, pois a lei sancionada pelo presidente Lula excluiu uma emenda do deputado do PPS Augusto Carvalho, que tornava opcional a contribuição sindical compulsória equivalente a um dia de trabalho, e vetou a fiscalização do Tr i b u n a l d e C o n t a s d a União “em nome da autonomia sindical”.

Uma desculpa esfarrapada que não resiste a uma análise, pois a liberdade sindical não existe enquanto o governo não acabar com a exigência da unicidade sindical, e a fiscalização precisa ser feita porque, oriundo do imposto compulsório, o dinheiro é público, porque recolhido com base em um poder que só o Estado tem. Essa “autonomia” vale cerca de R$ 100 milhões anuais para as centrais sindicais.

A legalização das centrais sindicais, aliás, foi o que deu motivos para o início do plano de assumir o controle do Codefat. Alegando que as centrais tinham que ter representação no Conselho, Lupi aumentou duas vagas em cada grupo de representação.

Só que as novas vagas dos empresários foram preenchidas por confederações criadas com o incentivo do Ministério do Trabalho.

Essa verdadeira “república sindicalista” foi sendo moldada à medida que decisões ampliaram o espaço de atuação e revitalizaram as finanças do sistema sindical brasileiro.

No governo Lula, uma medida em especial reforçou o poder de fogo das centrais sindicais: a autorização para que empréstimos fossem dados com desconto na folha de pagamento, com a intermediação dos sindicatos, o famoso crédito consignado.

O exemplo mais gritante do sindicalista da “nova classe”, na definição do sociólogo Francisco de Oliveira, fundador e hoje dissidente do PT, é aquele que atua no controle dos fundos de pensão.

Entre os maiores, se destaca o Previ do Banco do Brasil, que tem participação em 70 empresas e direito a indicar nada menos que 285 conselheiros, com patrimônio de mais de R$ 100 bilhões.

Quem o preside desde o início do governo Lula é o ex-trotskista Sérgio Rosa, oriundo da Confederação Nacional dos Bancários, cujo perfil de gestor implacável de resultados e poucos sorrisos a revista “Piauí” destrincha na próxima edição.

A reportagem de Consuelo Diegues revela detalhes das relações de amizade de Rosa com membros do governo Lula oriundos do sindicalismo bancário e do movimento trotskista, como os ex-ministros Luiz Gushiken e Ricardo Berzoini (hoje presidente do PT), que o indicaram para dirigir a Previ.

Os bastidores das negociações nebulosas envolvendo o banqueiro Daniel Dantas, que culminaram com a fusão das telefônicas Brasil Telecom e Telemar na nova Oi, controlada pelos empresários Carlos Jereissati e Sérgio Andrade, revelam as disputas internas de poder no governo Lula.

De um lado, o então todopoderoso chefe do Gabinete Civil José Dirceu garantindo ao banqueiro Daniel Dantas que o governo não se envolveria na disputa dos fundos de pensão com o Opportunity na gestão da Brasil Telecom.

De outro, Luiz Gushiken, também poderoso na época, usando a Previ para tirar o banqueiro Daniel Dantas do controle da telefônica.

E, entre uma negociação e outra, operações da Polícia Federal completamente descontroladas e indícios de que o governo pressionou os fundos de pensão para que não tentassem comprar a nova supertelefônica Oi, deixando o controle acionário com os empresários.

PAINEL DA FOLHA

Mar de patrocínios

VERA MAGALHÃES (interina)
Folha de S. Paulo - 31/07/2009

Suspeito de comandar uma empresa fantasma ligada à família Sarney, o produtor Fábio Gomes já trabalhou em campanhas do hoje ministro Edison Lobão (Minas e Energia) e atuava em Brasília na captação de recursos de estatais para projetos culturais usando o nome do presidente do Senado como cartão de visita. Foi assim que o seu CBPC (Centro Brasileiro de Produção Cultural) obteve patrocínio para rodar "O Dono do Mar", adaptado do romance homônimo de José Sarney, apoiado por Eletrobrás (R$ 600 mil), Furnas (R$ 400 mil), BNDES (R$ 400 mil), Petrobras (R$ 300 mil) e Banco do Nordeste (R$ 250 mil). Na estreia, em São Paulo, "Fabão" comentou, sobre o sucesso com patrocínio: "O prestígio do Sarney ajudou".



Gourmet. No período em que obteve apoio de gigantes estatais para o filme, "Fabão" ainda conseguiu mais R$ 173 mil (R$ 59 mil da Petrobras) para editar exemplares de "Pecados da Gula", sobre a culinária maranhense.

Bolada. Neste mês, o Ministério da Cultura desarquivou um processo que prevê repasse, aprovado pela pasta, de R$ 4,5 milhões ao Instituto Mirante, dirigido por Fernando Sarney. O parecer dos técnicos constatou que o projeto de apoio a "espetáculos e oficinas maranhenses" estava superestimado em R$ 1 milhão.

Fardo. Lula disse cobras e lagartos depois da nota em que Aloizio Mercadante (PT-SP) insiste na licença de Sarney. Ela veio justo no momento em que o Planalto havia decidido se limitar à operação de bastidores para segurar o peemedebista no cargo.

Forma. A ideia de frear declarações públicas pró-Sarney é uma tentativa de conter desgastes. Mas o entorno de Lula não desembarcou de Sarney.

Ao largo. Também não há pesquisa em poder do Planalto que ateste desgaste a Lula no episódio. O último levantamento contratado pelo governo, do instituto gaúcho Meta, não aborda o assunto.

Fico. Foi a governadora Roseana Sarney (MA) quem fez chegar ao Planalto sinais de que, se as coisas seguissem no ritmo atual, Sarney poderia não resistir às pressões. O senador, no entanto, nunca disse isso a Lula.

Miau! De um auxiliar próximo a Lula, firme na convicção de que muita gente no Senado não quer de fato mexer com Sarney: "Na hora que abrir a caixa de ferramentas, todo mundo vai miar".

Imagem... O resultado de uma pesquisa encomendada pela Embaixada do Brasil no Paraguai pesou na decisão do governo de fazer uma série de concessões ao vizinho. Questionados sobre a opinião em relação ao Brasil, 19% dos ouvidos disseram que ela mudou para pior nos últimos anos e 21%, que continua ruim.

...é tudo. Questionados sobre as razões da antipatia ao Brasil, 19% responderam disseram que o Tratado de Itaipu só beneficia o Brasil. Outros 17% apontaram outros problemas envolvendo Itaipu. Para 7%, o Brasil não respeita a soberania do Paraguai.

Caudilhos. O deputado Vieira da Cunha (PDT-RS) apresentará a Lula na quarta-feira projeto para a construção do memorial "Caminhos da soberania", uma homenagem a Getúlio Vargas, João Goulart e Leonel Brizola, a ser construído em Porto Alegre. Ele quer ajuda federal para o projeto, de Oscar Niemeyer.

Visitas à Folha. Marco Aurélio Bertaiolli (DEM), prefeito de Mogi das Cruzes, visitou ontem a Folha. Estava acompanhado de Antonio Carlos Urbano Andari, diretor da Central Business Comunicação, e Rubens Figueiredo, diretor do Cepac Pesquisa e Comunicação.
Pedro Herz, da diretoria da Sociedade de Cultura Artística, visitou ontem a
Folha.

com
SILVIO NAVARRO e LETÍCIA SANDER

Tiroteio

"O Lupi não é apenas um pelego, ele é um arquipelego, como diria Lula, nos idos de 74, sobre seus adversários no sindicalismo."


Da senadora KÁTIA ABREU (DEM-TO), sobre a manobra comandada pelo ministro Carlos Lupi (Trabalho) para emplacar um aliado no comando do Codefat.

Contraponto

Orelha quente

O ministro Carlos Lupi (Trabalho) dava entrevista na porta do hospital Sírio-Libanês, anteontem, após visitar o vice-presidente José Alencar, quando foi questionado sobre as eleições do ano que vem.
-Sempre gostei muito do Aécio...
Coincidentemente e sem que Lupi se desse conta, o governador mineiro chegava ao hospital para visitar Alencar. Ao ouvir seu nome, aproximou-se das câmeras e deu um abraço no ministro. Em seguida, depois de se despedir do tucano, Lupi desabafou:
-Ufa, sorte que eu falava bem dele, né?

A EVOLUÇÃO DA MULHER


ELIANE CANTANHÊDE

Bicada dos falcões


Folha de S. Paulo - 31/07/2009

BRASÍLIA - O deslumbramento com Barack Obama começa a murchar, provavelmente dentro e com certeza fora dos Estados Unidos.
Enquanto o discurso de Obama e a ação de Hillary Clinton, chefe do Departamento de Estado, é de paz, não-ingerência e redução da militarização, não é isso que o mundo começa a ver. Ou esse discurso só valia para o Iraque e o Afeganistão?
A Espanha engrossou ontem o coro da Venezuela, do Brasil e do Equador contra a ampliação da presença militar norte-americana na Colômbia, aqui nas nossas barbas. O pretexto é o combate ao narcotráfico, mas as Farc já não justificam mais nada.
A Colômbia é o segundo alvo dos bilhões de dólares da ajuda militar de Washington, só atrás do conflagrado Oriente Médio. E, agora, chega a notícia, meio enviesada, de que as forças norte-americanas vão poder usar três bases militares colombianas, de Malambo, Palanquero e Apiay, dentro do "Plan Colômbia", de combate às Farc.
Esse avanço na região ocorre justamente quando o Equador de Rafael Correa veta a renovação da única base formalmente militar dos EUA na América do Sul. O que, evidentemente, deixa todos, de diplomatas a oficiais brasileiros, com uma pulga atrás da orelha: os EUA saem do Equador e pulam de vez para a Colômbia? Combate ao narcotráfico ou plataforma militar?
Com a Colômbia vendendo seu território ao belicismo dos EUA e a Venezuela comprando armas da Rússia e ostensivamente se aliando ao Irã de Ahmadinejad, o risco é óbvio: a lógica da militarização e a corrida armamentista estão se instalando na América do Sul.
O Brasil acionou o sinal amarelo, e a preocupação sul-americana se alastra pela Europa, via Espanha. Foi o que o chanceler espanhol, Miguel Ángel Moratinos, deixou claro ontem em Brasília.
O que todos se perguntam é quem está mandando, Obama ou os velhos falcões de sempre?

DORA KRAMER

Tigre de papel

O ESTADO DE SÃO PAULO - 31/07/09

Muito provavelmente quando o recesso acabar o presidente do Senado, José Sarney, já terá conseguido convencer seus aliados a desistir da molecagem de usar as representações partidárias junto ao Conselho de Ética para retaliar quem identifica como inimigo.
A ideia não é denunciar infrações, mas tentar pôr de joelhos o adversário. Tanto é que, informa a tropa de choque, o DEM e o PT não serão alvos de representações, porque não assinaram os pedidos de abertura de processos contra Sarney, apresentados pelo PSDB e pelo PSOL.
Decisão que contraria a ameaça do suplente Wellington Salgado: “Já que pedir emprego é falta de decoro, vamos ver nos últimos seis anos todo mundo que fez isso aqui no Senado.” É a prova da bravata, pois “todo mundo” incluiria o DEM, o PT, o PTB, o PDT e até o PMDB.
O senador José Sarney deveria ser a última pessoa interessada nessa guerra que seus aliados ameaçam. Primeiro, foram mexer com o senador Artur Virgílio, cujo senso de medida é inversamente proporcional ao tamanho dos desafios que recebe.
Em segundo lugar, o líder do PSDB tem duas explicações a dar ao Conselho de Ética, ambas já feitas ao plenário da Casa diariamente ao longo de duas semanas. Seus pecados ele assumiu. Contratou um funcionário fantasma para atender às demandas de uma amizade e teve a conta de hotel em Paris paga pelo então diretor-geral, Agaciel Maia.
Se os processos prosperarem e o conselho onde os governistas são maioria achar por bem condená-lo, pode fazê-lo. Mas ficará apertado para arquivar as representações contra Sarney, que carrega nas costas um caminhão de contas em aberto. A saber: mentira ao Parlamento, nepotismo, uso de ato secreto para beneficiar parente, tráfico de influência no caso do neto intermediário de operações de crédito consignado para funcionários, sonegação de impostos, desvio de dinheiro de empresas públicas (Petrobrás e Eletrobrás) para as contas das empresas da família Sarney.
Se quem deve teme, quem deve mais teme muito mais.
No cotejo, Sarney e o PMDB levam enorme desvantagem. Por essa e mais algumas outras é que não é verossímil essa história de retaliação. A menos que o partido tenha enveredado pelo perigoso terreno do perdido por um, perdido por mil.
Mas não parece. Há muito cálculo ali. Indicativo firme de que estamos diante de uma fanfarronice é o fato de o grupo de Michel Temer ter “aceitado” entrar numa briga de rua com o PSDB. Esse pessoal, na maioria deputados, manda no PMDB, está longe da confusão e assim pretende ficar. Temer e companhia disseram sim porque, nesta altura, dizer não só elevaria a pressão. O PMDB, que já briga com o PSDB e o PT, voltaria a brigar entre si em público.
A cúpula aprendeu a conhecer a fundo a teimosia e os métodos do líder do partido no Senado, Renan Calheiros. Manteve a fleuma quando o plano de eleger Sarney quase põe em risco a eleição de Temer para a presidência da Câmara, olhou do camarote o desenrolar da crise nestes cinco meses no Senado e agora fez o gesto de aceitação no limite do indispensável.
A ala do Senado não tem mais nada a perder, mas o grupo da Câmara tem muito a ganhar.
Quer a vaga de vice na chapa de Dilma Rousseff, quer transitar livremente também pelos palanques da oposição por meio de alianças nas eleições estaduais e, sobretudo, não quer atrito com os dois partidos que potencialmente representam a porta da esperança de acesso à máquina pública.
Convenhamos, dá para acreditar que essa turma vai pôr o pescoço a prêmio para ajudar o grupo adversário que recentemente não teve com os colegas deputados nenhuma consideração? Só vendo.
O finado Antônio Carlos Magalhães costumava dizer que faltava “coragem física” a Sarney. É um traço de personalidade a ser levado em conta na análise de possibilidades sobre o caminho a seguir: o recuo estratégico ou o avanço insano na companhia de Renan Calheiros e sua intrépida trupe de suplentes.

‘PORMAIOR’
Se tiver mesmo a chance de concorrer em 2010 como vice de Dilma Rousseff, o deputado Michel Temer precisa se entender muito bem com Orestes Quércia. Sua aliança com o governo federal o elegeu presidente da Câmara. Mas quem o elege deputado é a máquina do PMDB de São Paulo, controlada por Quércia e prometida a José Serra.

DOIS COELHOS
Caso o nome de Ciro Gomes entre na próxima pesquisa de intenções de voto para 2010 na lista de candidatos ao governo de São Paulo, o Planalto conta criar um fato político. Ao mesmo tempo favorável a Dilma e desfavorável ao PSDB no Estado. Saindo do rol dos pretendentes a presidente e entrando na pesquisa estadual, Ciro aumentaria os índices da ministra e reduziria o favoritismo numérico dos tucanos paulistas.

ANCELMO GÓIS

Rádio corredor

O GLOBO - 31/07/09

Depois do Meridien, outro grande hotel da praia de Copacabana, o Othon, pode mudar de dono. A conferir.
“IN PECTORE” DE FH
FH teve um jantar, quarta, na casa do senador Tasso Jereissati, em Fortaleza. Além dos dois, estava o presidente nacional do PSDB, Sérgio Guerra.
No cardápio, críticas à “antecipação do debate eleitoral” pelo governo Lula, com o lançamento do nome de Dilma.
SEGUE...
O ex-presidente ponderou que a pré-candidatura de Dilma cria uma situação difícil para os partidos de oposição, que ainda não fecharam nomes e, legalmente, nem podem tomar uma decisão este ano:
– Isso vai nos levar a uma precipitação in pectore.
GOIS EXPLICA...
In pectore é termo latino usado na igreja para designar um cardeal que o papa nomeou e cujo nome não tornou público.
LUZ NO FIM DO TÚNEL
A Casa & Vídeo, que passou grande perrengue depois que 14 executivos foram presos pela PF, em 2008, terá novo controlador.
Quem assume é Fábio Carvalho, da Alvarez & Marsal, consultoria que já havia sido contratada para reestruturar a rede.
LIXO DE VOLTA
Carlos Minc mandará de volta a seus países de origem os milhares de pneus usados que jazem no Porto de Santos desde a decisão do STF, em junho, de proibir a importação deste lixo.
Só para lembrar: a primeira derrota de Marina Silva para Zé Dirceu, no início do governo Lula, foi a liberação da importação destes pneus.
O PIB DA SUÍNA
É cedo para medir os efeitos da gripe suína nos negócios. A TAM, por exemplo, cancelou 28 voos para a Argentina em julho.
Já na Gol a queda do número de passageiros também para a Argentina é de 30% em relação ao mesmo período de 2008.
CALMA, GENTE...
Aliás, a Ouvidoria do MP do Rio recebeu ontem dois pedidos para responsabilizar escolas particulares pelo reinício das aulas em 3 de agosto, apesar de a rede pública ter adiado para o dia 10, por causa da nova gripe.
O TRIO DE CIRO
A campanha de Ciro Gomes como candidato lulista em São Paulo, com a missão de chutar a canela dos tucanos que dominam a política local, é articulada pela triarquia Eduardo Campos (governador de Pernambuco, filiado ao PSB, partido de Ciro), José Dirceu e José Genoino.
NO MAIS
Lula acertou na mosca quando disse ontem:
– Eu não votei em Sarney para senador do Maranhão.
Nem o presidente, nem ninguém, já que o maranhense José Sarney é senador pelo... Amapá.
A LUTA POR SEAN
O advogado Sérgio Tostes, que defende a família brasileira de Sean, cuja guarda é reivindicada pelo pai americano, estava ontem nos EUA quando o ministro Gilmar Mendes negou pedido para que o menino fosse ouvido sobre sua vontade de viver no Brasil ou em Nova Jersey.
Tostes foi aos EUA examinar o primeiro processo que David Goldman, pai de Sean, moveu logo que o menino e a mãe vieram para cá, há cinco anos.

GOSTOSA DO TEMPO ANTIGO


CLÓVIS ROSSI

Os búzios estão de volta
FOLHA DE SÃO PAULO - 31/07/09

SÃO PAULO - Paulo Skaf, o presidente da Fiesp, acha "precipitado" decretar o fim da crise. Não tenho a mais remota ideia se é ou não. Mas tenho a mais absoluta certeza, aliás uma das minhas raríssimas certezas, de que é precipitado, insano mesmo, acreditar em previsões sobre a economia.
Os exemplos de fracassos dos adivinhos são incontáveis. O mais recente deles é o caso Vale. Os analistas, informa a
Folha, previam um lucro, no segundo trimestre, de entre R$ 3,5 bilhões e R$ 4 bilhões. Deu R$ 1,466 bilhão.
Não é um errinho trivial, certo? Não é que os analistas imaginassem R$ 1,6 bilhão e tenha dado R$ 1,4 bilhão. É um erro colossal. Deu um terço do previsto pelos analistas, pouco mais, pouco menos.
Só se surpreende com o erro quem quer. A rainha da Inglaterra, por exemplo, surpreendeu-se com a eclosão da crise e, durante visita à mitológica London School of Economics, perguntou como era possível que viesse tamanho tsunami sem que ninguém avisasse.
Pois bem, agora Tim Besley, professor da LSE, mandou carta à rainha tentando explicar o inexplicável. Diz, entre outras coisas, que "otimismo excessivo misturado à arrogância convenceram os gênios das finanças de que eles haviam criado uma maneira de diluir riscos no mercado financeiro". Acrescenta: "O fracasso foi não ver, de forma coletiva, como isso se somava a uma série de desequilíbrios sobre os quais nenhuma autoridade central tinha jurisdição".
Pois é, o fracasso subiu à cabeça de incontáveis economistas, analistas, consultores, o diabo, que continuam a jogar seus búzios sem parar (e os jornalistas a publicar os resultados sem avisar que erraram antes e podem estar errando de novo).
Eu fico com editorial do F"inancial Times" de segunda-feira: "Nenhuma teoria econômica pode produzir as façanhas que seus usuários habituaram-se a esperar dela".

CLÁUDIO HUMBERTO

“Estamos transformando o governo das leis no governo do ‘cara’”
EX-PRESIDENTE FHC, IRONIZANDO O PRESIDENTE LULA, CHAMADO DE “O CARA” POR OBAMA

DAVID UIP QUER SER ALTERNATIVA A TEMPORÃO
O infectologista paulista David Uip não para de dar palpites sobre a gripe suína, alfinetando frequentemente o Ministério da Saúde, acusando-o até de “esconder” dados sobre a doença. Por trás dessa atitude do médico preferido por tucanos com a saúde em frangalhos, está uma estratégia bem elaborada para se posicionar como eventual substituto do ministro José Gomes Temporão. Falta combinar com Lula, o dono do cargo.
ARTICULAÇÃO
Para tentar realizar o sonho de ser ministro da Saúde, David Uip tenta se aproximar de líderes do PMDB e se cerca de experientes assessores.
INGENUIDADE
Politicamente ingênuo, Temporão não se importa com as intervenções de David Uip. Até as considera muito úteis ao combate à gripe suína.
PEDRO DE LARA
Em público, o PMDB de Renan Calheiros chama o tucano Arthur Virgílio de “réu confesso” e de “Pedro de Lara do Senado” em papos privados.
RECUPERAÇÃO
Dona Marly Sarney se recupera bem da cirurgia a que se submeteu e ontem começou a fazer fisioterapia, sempre acompanhada do maridão.
EUA DOBRAM INVESTIMENTOS EM TUPI
O presidente do Ex-Im Bank, o Banco de Exportação e Importação dos EUA, espécie de BNDES de lá, Fred Hochberg, esteve no Rio de Janeiro com representantes da Petrobras para garantir o dobro dos investimentos do banco no desenvolvimento do campo de petróleo Tupi (pré-sal) pela estatal brasileira. O ex-Im Bank já destinou mais de US$ 2 bilhões à Petrobras, mas a promessa é de chegar a mais de US$ 5 bilhões.
NÃO É SUB DO SUB
O Brasil é a primeira visita internacional de Fred Horchberg desde que ele foi indicado ao cargo pelo presidente americano Barack Obama.
PLANO CARO
O plano de desenvolvimento e extração de petróleo do campo de Tupi deve custar mais de US$ 170 bilhões nos próximos cinco anos.
ZÉ NA PRAÇA
O ex-ministro José Dirceu desembarca em Brasília segunda-feira com o objetivo de ajudar José Sarney entre seus
companheiros petistas.
ACABOU NO IRAJÁ
Se não for para a Sealopra, o exótico Samuel Pinheiro Guimarães, quem diria, substituirá o aspone para assuntos internacionais aleatórios, Marco Aurélio Garcia, que vai virar aspone da campanha de Dilma Rousseff.
CRUZADA
José Alencar continua sua cruzada eucarística, em conversa com visitas, falando mal dos juros e muito mal dos economistas. Operado 17 vezes, ele viaja no dia 5 para Houston (EUA), onde faz tratamento experimental.
RESPEITÁVEL PÚBLICO
A Câmara dos Deputados em Brasília em breve vai transmitir as sessões também pelo site de vídeos YouTube, mas recomendou aos funcionários “moderação” no acesso.
BALAS DE FESTIM
PSBD e DEM prometem barulho contra a permanência de Paulo Duque (PMDB-RJ) na presidência do Conselho de Ética do Senado. Mas nada além disso, porque esses partidos são minoritários no colegiado.
TEMPO QUENTE
Pelo menos cinco dos dez superintendentes da Receita Federal ameaçam pedir demissão caso o presidente do INSS, Valdir Simão, vá mesmo ocupar o cargo que foi de Lina Vieira, recém-demitida.
MONITORAMENTO
Técnicos do Banco Central vão monitorar os estímulos do governo para forçar a retomada da atividade econômica. Com especial atenção aos incentivos tributários e nos gastos públicos, principalmente com pessoal.
“GAZETA” NA BAHIA
Chega às bancas da Bahia em setembro o jornal Gazeta – Cidadania & Negócios, dirigido a formadores de opinião, diário na internet e quinzenal na versão impressa. Será dirigido pelo respeitado jornalista Luiz Recena.
MAIS UM
O Tribunal de Justiça do Amazonas acatou denúncia contra o deputado Walace Souza (PP-AM) por formação de quadrilha, associação ao tráfico e porte ilegal de armas. Semana passada ele foi condenado por calúnia.
“PACLANQUE”, A MISSÃO
O PAC, lançado pelo governo e que começa em setembro de 2010, copia o anterior: Programa de Aceleração de Comício.

PODER SEM PUDOR
SUJEIRA POUCA É BOBAGEM
O deputado José Genoíno PT frequentava, no governo Sarney, as “peladas” semanais noturnas da casa do deputado Ézio Ferreira, espécie de clube de lazer do “Centrão”, grupo conservador que apoiava o governo em troca de favores. Certa noite, a “pelada” atraiu jornalistas e Genoíno entrou em pânico: com medo de ser fotografado, fugiu pelos fundos. Estava escuro e ele acabou afundando até o pescoço num riacho. Ao anfitrião, que tentava dissuadi-lo da fuga, ele gritou, resoluto:
– É melhor ser fotografado sujo do que na festa!

O IDIOTA


SEXTA NOS JORNAIS

- Globo: Bolsa-família aumenta mesmo sem orçamento


- Folha: 'Não é problema meu, não votei no Sarney', diz Lula


- Estadão: Lula já não defende Sarney e Senado articula sucessão


- JB: Escolas particulares também adiam aulas


- Correio: Gripe suína: GDF cria força tarefa mas escolas terão aula


- Valor: Minoritários terão poder de veto em incorporações


- Estado de Minas: Saúde quer adiar volta às aulas em uma semana


- Jornal do Commercio: Mulher de boxeador é inocentada

quinta-feira, julho 30, 2009

MÍRIAM LEITÃO

Visão turva


O Globo - 30/07/2009

O problema fiscal não é a meta. É a atitude e a interpretação. O que está errado neste ano, perdido para o crescimento em quase todos os países do mundo, não é um número, é a forma equivocada com que o governo avalia a conjuntura e aplaude as próprias decisões. Ele está aumentando o gasto errado e chamando isso de política anticíclica.

Vários economistas alertam: a conta virá no futuro.

Para o economista-chefe da Convenção Corretora, Fernando Montero, o governo terá que recorrer ao dinheiro do Fundo Soberano (FS) para cumprir a meta de superávit primário de 2009.

Ele explica que para cumprir o resultado, o crescimento da despesa — que foi 19% maior que o crescimento da receita no primeiro semestre — terá que desacelerar para 6% até dezembro. Um resultado muito difícil de ser cumprido e que obrigará o governo a usar o FS.

Nesse contexto, Montero já acredita até que a meta de superávit de 2010 não será cumprida. Primeiro, porque no ano que vem não haverá mais os recursos do Fundo Soberano — que serão usados este ano — e, segundo, porque o carregamento estatístico deste ano para o ano que vem será fraco.

A meta mudou a cada etapa do ano. Por isso, Montero a define como meta(morfose).

Ela foi já reduzida, e só será cumprida com recursos extraordinários que não existirão nos anos vindouros.

Já os custos da política permanecerão.

— Trabalhamos este ano com um superávit primário efetivo de 1,6% do PIB que foi transformado em superávit formal de 2,5% com a ajuda do Projeto Piloto de Investimentos (PPI) e do aporte de 0,4% do Fundo Soberano. O governo preferiria não ter que recorrer ao FS, mas não terá como evitar — diz.

O problema, segundo ele, é que o FS é uma poupança finita e em 2010 haverá mais dificuldade de fechar a conta porque a meta de superávit primário será de 3,3%.

Se o país crescer mais fortemente no ano que vem, a arrecadação aumentará e isto tornará possível elevar o esforço fiscal. O problema é que 2010 é ano eleitoral e a maioria das despesas que cresceram este ano não poderá ser comprimida.

O mundo inteiro está aumentando seus gastos como forma de reverter o quadro recessivo, diz o governo. E é verdade. Comparado com o resto do mundo, o Brasil tem até um quadro bom porque os déficits nominais nos outros países são muito maiores, diz também o governo. E de novo é verdade. O Brasil terá um déficit nominal de 3,5% do PIB, o que para um ano de crise não é muito.

O problema que o governo não se dá conta, nas suas frequentes sessões de autocongratulação, é que os outros países aumentam despesas que não se repetirão todos os anos porque são investimentos. Já o Brasil está aumentando os custos da máquina pública. Os governos não estão fazendo política anticíclica aumentando salário de funcionários e as contratações para o quadro efetivo. O Brasil tem também sua história: de hiperinflação, desordem de contas públicas, dívida interna pública alta, cara e curta. Por tudo isso, comparações com outros países precisam ser relativizadas.

Ninguém hoje tem medo de solvência da dívida pública. Isso é um dos nossos vários avanços. Mesmo assim, a dívida interna cresceu no governo Lula mesmo nos anos em que a arrecadação aumentou. O que caiu foi o conceito dívida pública líquida consolidada, pela queda da dívida externa, pela valorização cambial, pelo acumulo de reservas. Mas o fato de não haver temor sobre a solvência da dívida não significa que está tudo certo. O governo tem cometido erros fiscais nos bons e nos maus momentos.

— O problema é sempre a qualidade. Era a qualidade do ajuste quando o primário disparava e é a qualidade do desajuste agora que o primário despenca — diz.

Em outubro de 2008, o superávit estava em 4,3% do PIB. Ouvido por Bruno Villas Bôas, do blog (www.miriamleitao.com), o economista Sérgio Vale, da MB Associados, disse que o superávit ficará em 2% este ano, já considerando o PPI (gastos que não são contados como gastos) e o Fundo Soberano (poupança feita no finalzinho do ano passado; ao contrário de países como o Chile que pouparam durante todos os bons anos).

— Este ano fiscal já está perdido. A questão agora é o que o governo vai fazer ano que vem, mas acho que não há risco fiscal ainda — explica Sérgio Vale.

A economista Monica de Bolle, da Galanto, alerta que é muito difícil comparar gastos de custeio dos países, mas afirma que outros governos tiveram rombos ainda maiores nas contas públicas.

— A deterioração fiscal nos EUA e Europa é muito maior do que aqui porque a crise financeira aconteceu lá, então, os gastos dos governos também foram muito maiores, isso é natural. O problema quando se olha para as nossas contas é que elas já estavam se deteriorando antes de a crise começar.

Então a crise, na verdade, acabou virando desculpa para que o governo pudesse gastar mais — explica.

O déficit público americano deve saltar de algo em torno de 3% para 14% do PIB em 2009. Em 2010, deve recuar para 9%. Isso terá impacto na dívida pública que ultrapassará 100% do PIB. A política anticíclica deles acontece através da sustentação da demanda e em investimento em infraestrutura.

Os nossos investimentos de infraestrutura são poucos e frequentemente nos projetos errados.

DE RATOS


PANORAMA POLÍTICO

PSDB pede arrego

ILIMAR FRANCO

O Globo - 30/07/2009

O presidente do PSDB, Sérgio Guerra (PE), conversou, na terça-feira, com o presidente licenciado do PMDB, Michel Temer (SP). Pediu que o PMDB não faça uma representação no Conselho de Ética do Senado contra o líder tucano Arthur Virgílio (AM). Guerra explicou que as representações do PSDB contra o presidente do Senado, José Sarney (AP), não eram hostis ao PMDB. Temer respondeu que era “inevitável” a reação contra Virgílio.

O PMDB vai à forra

O líder do partido na Câmara, Henrique Alves (RN), avalia que o PMDB não tem outra alternativa.

“Os senadores do partido exigem uma atitude, e o Sarney está muito irritado”, disse. Temer chegou a argumentar com Guerra: “Sérgio, é esquisito. O PSOL representou, vocês vão representar, e não querem que o PMDB represente?”.

O partido vai para cima de Virgílio, embora alguns, como o ministro Geddel Vieira Lima (Integração), tenham ponderado que o PMDB vai mergulhar numa crise que até agora estava restrita ao Senado.

O Senado precisa renovar-se, precisa modernizar-se, precisa oxigenar-se, e isso já era para ter sido feito há muito tempo” — Aécio Neves, governador (MG)

PENÚRIA? No Paraná, 42 prefeituras fecharam as portas ontem em protesto contra a queda no repasse do Fundo de Participação dos Municípios. Os prefeitos querem a aprovação de uma emenda constitucional do líder do PDT, Osmar Dias (PR), que destina 10% das contribuições arrecadadas pela União para os municípios. Os prefeitos tentam marcar reunião com o ministro Paulo Bernardo (Planejamento), segunda-feira, em Curitiba.

Corporativismo

Os funcionários do Ministério do Meio Ambiente no Rio acionaram o Ministério Público para impedir a abertura de um escritório de licenciamento de prospecção de petróleo e gás em Sergipe. Eles temem ser transferidos para Aracaju.

Retrocesso

O presidente Lula deve vetar, na reforma eleitoral, a determinação para que uma amostragem dos votos seja impressa, para auditoria, se esse dispositivo não for derrubado no Congresso.

Aprovado pela Câmara, o texto está no Senado.

Brasil continua atrativo

Dados da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex) mostram que a crise não afugentou investidores. De janeiro a abril deste ano, as aplicações estrangeiras no Brasil caíram 19,7%; enquanto no mundo essa taxa foi de 53,7%. A estimativa da Apex é que, ao longo de 2009, os investimentos estrangeiros caiam 60% nos países desenvolvidos, 25% nos em desenvolvimento e em torno de 20% no Brasil.

Lupi e a crise no Codefat

O ministro Carlos Lupi (Trabalho) faz pouco da ameaça das confederações patronais da Agricultura, da Indústria, dos Bancos e do Comércio de se retirarem do Codefat. “Será que vão sair mesmo? Não recebi pedido formal”, diz. Reagindo aos protestos da presidente da CNA, Kátia Abreu, derrotada nas eleições para a presidência do Codefat, afirma: “Essa é a democracia da senadora do DEM, ela não aceita o voto da maioria”. Lupi relata que os representantes da Previdência e da Agricultura se abstiveram, na votação, a pedido dos ministros Reinhold Stephanes e Guido Mantega, ambos atendendo a gestões da senadora.

O PRESIDENTE da Confederação Nacional dos Transportes, Clésio Andrade, vai reivindicar ingresso no Codefat nas vagas abertas por CNI, CNA e CNC.

O MINISTRO Tarso Genro está em campanha para fazer o deputado José Eduardo Cardozo, secretário-geral do PT, seu sucessor no Ministério da Justiça.

CONTESTAÇÃO ao Conselho Nacional do Ministério Público: “O MP de São Paulo envia as informações sobre a produtividade de seus membros. O último envio ocorreu em 30 de junho de 2009, como mostra a certidão anexa”. Mas a certidão é de 31 de maio.