sexta-feira, janeiro 30, 2009

PAINEL

Meia volta


Folha de S. Paulo - 30/01/2009
 

Sob ordem direta de um irritado presidente Lula, o governo cedeu às pressões de alguns ministros e vai recompor nos próximos dias o corte no Orçamento que o Congresso patrocinou para alocar as suas próprias emendas. Educação e Ciência e Tecnologia serão os principais beneficiados.
O primeiro, que levou tesourada de R$ 1,9 bilhão, concentra os Cefets (escolas técnicas federais), órgãos da estima de Lula, além de ter perdido dinheiro de custeio das universidades. Deve ter 80% da verba reposta. O segundo vai receber R$ 500 milhões de volta. Os demais ministérios vão aguardar a nova revisão do Orçamento, em março, que trará corte de até R$ 14 bilhões nas emendas feitas pelos congressistas.

Só piora
Aos problemas orçamentários do governo, agora se junta a deflação, o que deve elevar a necessidade de novos cortes. "Para o consumidor é ótimo, mas para quem vive do recebimento de impostos, é horrível", diz Gilmar Machado (PT-MG), líder do governo na Comissão de Orçamento do Congresso.

Troco
Atingido por um corte provisório gigantesco, o ministro Orlando Silva (Esporte) teve ontem um presente de consolação. Recebeu de volta da Confederação Brasileira de Futebol de Salão R$ 3,4 milhões não utilizados da verba de R$ 25 milhões repassada para o mundial da categoria, em 2008.

Vizinhos
Paraguai e Uruguai manifestaram ao Congresso brasileiro preocupação com a possibilidade de veto ao ingresso da Venezuela no Mercosul, ideia defendida pela oposição e por José Sarney (PMDB-AP), favorito a se tornar o próximo presidente do Senado. O argumento é que a proporcionalidade no Parlamento do Mercosul ficaria comprometida pelo "tamanho" do Brasil.

Pressa
A comissão que emitirá parecer sobre o ingresso da Venezuela no bloco se reunirá no próximo dia 9. Segundo o seu presidente, o senador Aloizio Mercadante (PT-SP), há acordo no Congresso para que o caso seja analisado com urgência no plenário. 

Inflação
Com a volta, ainda que só para o dia da eleição, de Maria do Carmo (SE) ao Senado, o DEM ampliou sua bancada para 14 integrantes, o que serviu de argumento para pedir a Sarney uma cadeira a mais na Mesa. Além da primeira secretaria e da Comissão de Constituição e Justiça, o partido quer Adelmir Santana (DF) na terceira secretaria. 

Contágio
Ganhou força ontem nos bastidores a avaliação de que uma derrota acachapante de Tião Viana (PT-AC) para Sarney provocará reflexos na Câmara -cuja eleição ocorre horas depois-, especialmente no PT. 

Turvo
Favorito à primeira secretaria da Câmara, Rafael Guerra (PSDB-MG) é contra a divulgação das notas fiscais de uso da verba mensal de R$ 15 mil que os deputados têm para manutenção de escritórios estaduais. "Isso envolve terceiros, que daqui a pouco vão se recusar a vender para deputados", diz ele, que, se eleito, comandará o uso da verba. 

Salto alto
O comando da campanha de Michel Temer (PMDB-SP) fez um bolão sobre o número de votos que o deputado terá, a R$ 500 por cabeça. Até ontem, havia 20 participantes, todos cravando vitória no primeiro turno. 

Visitas à Folha
Cássio Cunha Lima (PSDB), governador da Paraíba, visitou ontem a Folha. Estava acompanhado de Solon Benevides, secretário de Comunicação Institucional, e de Emerson Figueiredo e Roger Ferreira, diretores da Fator F Inteligência em Comunicação.

Luiz Fernando Corrêa, diretor-geral da Polícia Federal, visitou ontem a 
Folha. Estava com José Ricardo Botelho, chefe-de-gabinete, e Flávia Diniz, assessora de imprensa.

Tiroteio

"É com grande euforia que recebemos essas notícias. Elas mostram que tem gente que fala uma coisa em público, mas faz outra na prática."

Do sindicalista JOÃO CARLOS GONÇALVES, o "Juruna", secretário-geral da Força Sindical, sobre notícias de que sindicatos filiados à CUT (Central Única dos Trabalhadores) fecharam acordo de redução de jornadas e salários, apesar de manifestações contrárias da direção da central.

Contraponto

Conversation

Os 17 governadores do Norte, Nordeste e do Mato Grosso que se encontraram anteontem com o presidente Lula debateram um extenso leque de assuntos durante a reunião, da perda de arrecadação dos Estados à mortalidade infantil. Apesar da pauta carregada, sobrou tempo para descontração. Em um desses momentos, Lula relatou aos governadores a conversa que tivera com Barack Obama e aproveitou para brincar com o famoso sotaque carregado de seu ministro de Assuntos Estratégicos, Mangabeira Unger, que viveu nos EUA a maior parte da infância:
-Eu falei com o "Ou-bá-ma" assim, do jeitinho que o Mangabeira fala.

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