O Estado de S.Paulo - 30/05
Quando o presidente do Senado pediu ao plenário que votasse a MP dos Portos dizendo que seria uma exceção e que dali em diante as medidas provisórias teriam de chegar com sete dias de antecedência para serem examinadas, o governo não acreditou na hipótese de Renan Calheiros cumprir o prometido.
Embora reconhecendo a situação absurda em que os senadores se veem obrigados a votar matérias sem tempo para discussão de conteúdo, chegou-se nas internas governistas a fazer pouco da promessa de devolução das medidas ao Planalto, dizendo que esse era um problema para a Câmara resolver.
Mais especificamente o PMDB, que deveria se mobilizar para garantir a tramitação das MPs em tempo hábil para serem remetidas ao Senado.
O descrédito tinha alguma razão de ser. Afinal, já haviam sido abertas várias "exceções" desde que o antecessor de Calheiros, José Sarney, prometera algo semelhante e não cumpriu.
Além disso, a Câmara aceitou votar em cima da hora a MP que reduz as tarifas de energia elétrica mediante um acordo conduzido pelo presidente da Casa, Henrique Alves, do PMDB. Tudo indicava que o partido poderia mais uma vez usar a maioria para fazer a vontade do Executivo, deixando à minoria a revolta de ser coadjuvante no papel de serviçal do Palácio do Planalto.
Fosse outra época, antes de os abusos se tornarem tão abusivamente explícitos; não fosse o presidente do Senado uma figura extremamente desgastada e, por isso, sem a posse de margem para manobras; não estivessem tão agastados os ânimos no Congresso; não tivessem sido ultrapassados todos os limites, talvez ainda houvesse algum espaço para o Senado deixar de lado sua condição de Casa revisora para continuar como entregador de pratos feitos.
Mas, não há mais - e por isso senador Calheiros não tem outro jeito a não ser manter a decisão de dar um alto lá no Palácio do Planalto. A conferir, contudo, se a atitude é de validade provisória ou permanente. A escolha é do Senado e poderia ter sido feita muito antes de a situação chegar aos píncaros da humilhação. A recusa atual é a prova cabal de que só é submisso quem quer.
O Executivo não tem como retaliar. Se o governo for ponderado, faz uma pausa para meditação a fim de avaliar se vale a pena continuar recorrendo a golpes regimentais, vivendo em risco permanente, ou se não seria melhor estabelecer com o Legislativo um acordo de procedimentos a ser de fato respeitado.
O Congresso, de seu lado, nessa questão de medidas provisórias tem o mando de campo. Dispõe de amparo constitucional para observar os prazos sem se deixar levar pelo atropelo. Nunca é demais relembrar: tem a prerrogativa de devolver MPs que não obedeçam aos preceitos da relevância e da urgência.
Não faz muito, o Supremo Tribunal Federal convalidou essa prerrogativa, mas nada mudou. Tem conserto? Evidentemente, desde que o Parlamento resolva de uma vez por todas aderir à regra e praticar o que diz a cláusula pétrea da Constituição sobre a autonomia dos Poderes.
O Planalto excede, mas só o faz porque o Congresso concede.
Não ajuda. Os argumentos apresentados pelo procurador-geral Roberto Gurgel para contestar os embargos de declaração dos advogados dos réus do mensalão são qualificados como "muito fracos" no Supremo Tribunal Federal. Uma peça única "genérica", na expressão de um ministro.
Em miúdos, significa que Gurgel deixou passar uma oportunidade de contribuir para a rejeição dos embargos. Não quer dizer que por isso serão aceitos. Mas, se recusados, não o serão devido às contrarrazões do procurador.
quinta-feira, maio 30, 2013
Brasil, uma onda - ELIANE CANTANHÊDE
FOLHA DE SP - 30/05
BRASÍLIA - Este filme a gente já viu. No começo do ano, o ministro Guido Mantega estufa o peito e promete um pibão. No meio do ano, o mesmo Mantega diz que não é bem assim e revisa para baixo. No fim do ano, o mesmíssimo Mantega se conforma com um pibinho de dar dó.
O PIB deste ano seria de 4,5%, caiu para 3,5% e a nova previsão será abaixo disso, depois do banho de água fria de ontem, quando foi anunciado um crescimento de apenas 0,6% no primeiro trimestre em relação ao último trimestre de 2012. Planalto e mercado esperavam 0,9%.
Quem está segurando o crescimento positivo é justamente a agricultura, que aumentou 9,7% e compensou mais uma queda da indústria e o recuo no ritmo do consumo das famílias, muito provavelmente por causa da inflação. Preços mais altos, menos compras, certo?
É assim que a tão badalada economia brasileira vai perdendo o encanto, com PIB baixo, inflação no teto, juros em alta (apesar de toda a propaganda) e, agora, o dólar disparando, a balança comercial dando uma má notícia atrás da outra e nada de respostas na área fiscal.
Aquela onda de Brasil grande parece ir morrendo na praia, enquanto a imprensa internacional vê o país sob Dilma Rousseff como imprevisível, sem rumo, movido com um viés intervencionista. E continua sem avançar nas reformas estruturais.
Pode-se acrescentar a isso uma novidade de 2013: a toda hora o Planalto bate de frente com o Congresso, onde tem uma base aliada gigantesca, mas, pelo visto, nada fiel.
Aprovar a MP dos Portos já foi um inferno. Agora, o jeito foi incluir um "caco" na MP da Cesta Básica para cumprir a promessa de baixar a conta de luz. Uma promessa, lembre-se, feita em rede nacional de TV, com requinte de campanha eleitoral.
No caso do PIB, a culpa é do Mantega. No das MPs, da Ideli. No do Bolsa Família, da Caixa. Mas todos eles têm chefe. Ou seria "chefa"?
BRASÍLIA - Este filme a gente já viu. No começo do ano, o ministro Guido Mantega estufa o peito e promete um pibão. No meio do ano, o mesmo Mantega diz que não é bem assim e revisa para baixo. No fim do ano, o mesmíssimo Mantega se conforma com um pibinho de dar dó.
O PIB deste ano seria de 4,5%, caiu para 3,5% e a nova previsão será abaixo disso, depois do banho de água fria de ontem, quando foi anunciado um crescimento de apenas 0,6% no primeiro trimestre em relação ao último trimestre de 2012. Planalto e mercado esperavam 0,9%.
Quem está segurando o crescimento positivo é justamente a agricultura, que aumentou 9,7% e compensou mais uma queda da indústria e o recuo no ritmo do consumo das famílias, muito provavelmente por causa da inflação. Preços mais altos, menos compras, certo?
É assim que a tão badalada economia brasileira vai perdendo o encanto, com PIB baixo, inflação no teto, juros em alta (apesar de toda a propaganda) e, agora, o dólar disparando, a balança comercial dando uma má notícia atrás da outra e nada de respostas na área fiscal.
Aquela onda de Brasil grande parece ir morrendo na praia, enquanto a imprensa internacional vê o país sob Dilma Rousseff como imprevisível, sem rumo, movido com um viés intervencionista. E continua sem avançar nas reformas estruturais.
Pode-se acrescentar a isso uma novidade de 2013: a toda hora o Planalto bate de frente com o Congresso, onde tem uma base aliada gigantesca, mas, pelo visto, nada fiel.
Aprovar a MP dos Portos já foi um inferno. Agora, o jeito foi incluir um "caco" na MP da Cesta Básica para cumprir a promessa de baixar a conta de luz. Uma promessa, lembre-se, feita em rede nacional de TV, com requinte de campanha eleitoral.
No caso do PIB, a culpa é do Mantega. No das MPs, da Ideli. No do Bolsa Família, da Caixa. Mas todos eles têm chefe. Ou seria "chefa"?
Palavra nenhuma - EUGÊNIO BUCCI
O ESTADO DE S. PAULO - 30/05
Saiu em branco o primeiro editorial da página aí ao lado, a A3, na edição do dia 22 de maio. Se você viu, há de se lembrar. Ou melhor, se você viu, jamais esquecerá, tamanho o choque visual daquela clareira sem letras. Se você não viu,por favor,vá atrás.Não deixe de encontrar e contemplar aquela "nota 1" - como é chamado, no jargão interno do Estadão, o principal editorial do dia - sem título, sem sílabas, sem nada. Nada, apenas o ex-libris ao centro. A experiência estética é única. Se existe uma aura em jornais - esses calhamaços que ainda servem para forrar o assoalho de apartamentos em reforma, para esquentar as calçadas onde crackeiros passam a noite e para acender churrasqueiras no fim de semana -, essa aura pode ser vista a olho nu na página A3 de 22 de maio.Na véspera, Ruy Mesquita, aos 88 anos, morrera num hospital em São Paulo. Em outros espaços editoriais, o jornal daquele dia cuidou de noticiar o falecimento.Um caderno especial trouxe artigos diversos - e bons - sobre a biografia do dr. Ruy, como o tratavam na redação. Quanto à página A3, essa preferiu emudecer, numa tirada gráfica de rara inspiração.
Ruy Mesquita cuidava pessoalmente dessa página, desde a pauta até a edição dos editoriais. Sob sua orientação a página 3 se firmou como uma das mais estáveis instituições da nossa imprensa. Pode-se dizer que há algumas décadas ela faz as vezes de coluna vertebral da opinião pública brasileira, com textos que informam e debatem. Concorde-se ou não com as teses que sustentam, impõem respeitabilidade e reflexão. Não há como ficar indiferente. Por tudo isso, e por mais do que isso, a falta de Ruy Mesquita era assunto obrigatório no Estadão,mas,na página que ele fazia,não poderia ser simbolizada de outra forma que não fosse a explícita falta de simbolização. Bastou o silêncio.
Um silêncio desse tipo perturba. Tanto que na ditadura militar, quando a censura baixou no Jornal da Tarde e no Estado, a polícia não autorizava que espaços em branco, silenciosos, ocupassem o lugar das reportagens podadas pela tesoura do governo. O vazio era proibido. Era subversivo. Este jornal inventou um jeito de contornar a mordaça com uma solução quase tão desestabilizadora quanto o próprio silêncio: em vez de enfiar bobagens chapa-branca nas clareiras deixadas pelos textos interditados, passou a publicar trechos de Os Lusíadas e receitas de bolo. Denunciou o arbítrio, mas não tinha direito ao silêncio.
Agora, tem. E o primeiro significado estético da nota 1 em branco na edição de 22 de maio é reafirmar o direito ao silêncio.Mas esse não é nem de longe o significado mais forte. O papel despido,com suas nervuras vegetais à mostra, em nu frontal,escancara um significado mais intenso e mais central.
Essa coisa corpórea e estirada, o papel-jornal, tem sido a matéria sobre a qual as nações modernas forjaram sua identidade. Foi por meio de artigos de jornal que os federalistas ganharam a concordância dos cidadãos americanos. Foi também nos diários que os espaços públicos nacionais da Europa se traduziram em comunidades coesas, estruturadas em letras pretas sobre fundo branco. O papel cru que pudemos ver graças às letras ausentes no alto da página A3 é o mesmo papel que constituiu, desde o final do século 18 até pelo menos a metade do século 20, o que podemos definir como a instância da palavra impressa (só muito recentemente substituída,em parte, pela instância da imagem ao vivo). Sem a instância da palavra impressa as sociedades democráticas simplesmente não existiriam.
Portanto, se você não viu e quer ver essa instância cara a cara, procure um exemplar do jornal do dia 22. Existe ali, sim, pelo menos um resíduo de aura. Isso é complicado de explicar, embora dê para sentir (ou pressentir).
"O que é a aura?",perguntou se certa vez Walter Benjamin, para responder logo em seguida:"É uma figura singular,composta de elementos espaciais e temporais: a aparição única de uma coisa distante, por mais perto que ela esteja". Olhe, então, para o papel sem tinta, e moldurado pelas bordas da paginação e ancorado pelo ex-libris. A "coisa distante" que você pressentirá serão as bobinas escorrendo pelas rotativas de imprensa. Esses rios de celulose são como o rio de Heráclito, em cujas águas ninguém nunca se banha duas vezes, pois, embora o rio seja o mesmo, as águas são sempre novas. Nesses rios de papel vão banhar-se as letras que também se renovam diariamente, de tal forma que um jornal nunca é igual ao do dia anterior, embora seja sempre o mesmo.
É mais ou menos essa a "coisa distante" que se insinua ali, naquele vazio,ainda que exista outra coisa, mais distante ainda, que também possa ser vislumbrada. A coisa mais distante ainda nós a chamamos de História. Por meio da superfície grosseira do papel, aqui, nesta página mesmo, debaixo das letras desta linha, você entra em contato com as bobinas escorrendo em alta velocidade. Aí, por trás das corredeiras de celulose, você pode intuir o próprio curso da própria História. Os jornais compuseram diariamente, ao longo de pelo menos dois séculos, o primeiro rascunho da História e, embora esta não seja um fluxo retilíneo,linear e constante, a função dos jornalistas é tentar fixá- la numa cronologia ordenada, embora vã.
Assim fluem as faixas líquidas de ranhuras vegetais devoradas pelo furor das rotativas.
A "coisa distante", enfim, é uma história que fica além do próprio papel, além de qualquer árvore, além das florestas e da natureza. Eis como vemos "a coisa distante", "por mais próxima que esteja" de nós esta folha de papel aqui (ou a folha nua do dia 22 de maio).
Uma história centenária passou pela página 3, aí do lado, sem que agente sedes se conta.
Então vem o vazio e vem também uma pergunta: para onde vai correr o tempo agora?
Ruy Mesquita cuidava pessoalmente dessa página, desde a pauta até a edição dos editoriais. Sob sua orientação a página 3 se firmou como uma das mais estáveis instituições da nossa imprensa. Pode-se dizer que há algumas décadas ela faz as vezes de coluna vertebral da opinião pública brasileira, com textos que informam e debatem. Concorde-se ou não com as teses que sustentam, impõem respeitabilidade e reflexão. Não há como ficar indiferente. Por tudo isso, e por mais do que isso, a falta de Ruy Mesquita era assunto obrigatório no Estadão,mas,na página que ele fazia,não poderia ser simbolizada de outra forma que não fosse a explícita falta de simbolização. Bastou o silêncio.
Um silêncio desse tipo perturba. Tanto que na ditadura militar, quando a censura baixou no Jornal da Tarde e no Estado, a polícia não autorizava que espaços em branco, silenciosos, ocupassem o lugar das reportagens podadas pela tesoura do governo. O vazio era proibido. Era subversivo. Este jornal inventou um jeito de contornar a mordaça com uma solução quase tão desestabilizadora quanto o próprio silêncio: em vez de enfiar bobagens chapa-branca nas clareiras deixadas pelos textos interditados, passou a publicar trechos de Os Lusíadas e receitas de bolo. Denunciou o arbítrio, mas não tinha direito ao silêncio.
Agora, tem. E o primeiro significado estético da nota 1 em branco na edição de 22 de maio é reafirmar o direito ao silêncio.Mas esse não é nem de longe o significado mais forte. O papel despido,com suas nervuras vegetais à mostra, em nu frontal,escancara um significado mais intenso e mais central.
Essa coisa corpórea e estirada, o papel-jornal, tem sido a matéria sobre a qual as nações modernas forjaram sua identidade. Foi por meio de artigos de jornal que os federalistas ganharam a concordância dos cidadãos americanos. Foi também nos diários que os espaços públicos nacionais da Europa se traduziram em comunidades coesas, estruturadas em letras pretas sobre fundo branco. O papel cru que pudemos ver graças às letras ausentes no alto da página A3 é o mesmo papel que constituiu, desde o final do século 18 até pelo menos a metade do século 20, o que podemos definir como a instância da palavra impressa (só muito recentemente substituída,em parte, pela instância da imagem ao vivo). Sem a instância da palavra impressa as sociedades democráticas simplesmente não existiriam.
Portanto, se você não viu e quer ver essa instância cara a cara, procure um exemplar do jornal do dia 22. Existe ali, sim, pelo menos um resíduo de aura. Isso é complicado de explicar, embora dê para sentir (ou pressentir).
"O que é a aura?",perguntou se certa vez Walter Benjamin, para responder logo em seguida:"É uma figura singular,composta de elementos espaciais e temporais: a aparição única de uma coisa distante, por mais perto que ela esteja". Olhe, então, para o papel sem tinta, e moldurado pelas bordas da paginação e ancorado pelo ex-libris. A "coisa distante" que você pressentirá serão as bobinas escorrendo pelas rotativas de imprensa. Esses rios de celulose são como o rio de Heráclito, em cujas águas ninguém nunca se banha duas vezes, pois, embora o rio seja o mesmo, as águas são sempre novas. Nesses rios de papel vão banhar-se as letras que também se renovam diariamente, de tal forma que um jornal nunca é igual ao do dia anterior, embora seja sempre o mesmo.
É mais ou menos essa a "coisa distante" que se insinua ali, naquele vazio,ainda que exista outra coisa, mais distante ainda, que também possa ser vislumbrada. A coisa mais distante ainda nós a chamamos de História. Por meio da superfície grosseira do papel, aqui, nesta página mesmo, debaixo das letras desta linha, você entra em contato com as bobinas escorrendo em alta velocidade. Aí, por trás das corredeiras de celulose, você pode intuir o próprio curso da própria História. Os jornais compuseram diariamente, ao longo de pelo menos dois séculos, o primeiro rascunho da História e, embora esta não seja um fluxo retilíneo,linear e constante, a função dos jornalistas é tentar fixá- la numa cronologia ordenada, embora vã.
Assim fluem as faixas líquidas de ranhuras vegetais devoradas pelo furor das rotativas.
A "coisa distante", enfim, é uma história que fica além do próprio papel, além de qualquer árvore, além das florestas e da natureza. Eis como vemos "a coisa distante", "por mais próxima que esteja" de nós esta folha de papel aqui (ou a folha nua do dia 22 de maio).
Uma história centenária passou pela página 3, aí do lado, sem que agente sedes se conta.
Então vem o vazio e vem também uma pergunta: para onde vai correr o tempo agora?
Fobia de 2º turno - VERA MAGALHÃES
FOLHA DE SP - 30/05
SÃO PAULO - Dilma Rousseff, normalmente distante da costura política, empunhou agulha e linha com uma ideia fixa na cabeça: tecer a maior aliança possível para 2014, emparedar os potenciais adversários e evitar que a disputa presidencial vá para o segundo turno.
Mas por que uma presidente tão popular, líder absoluta nas pesquisas eleitorais, demonstra tanto medo de se submeter a um escrutínio que seu mentor, Lula, enfrentou três vezes e ela mesma venceu em 2010?
As notícias da economia ajudam a entender a pressa em tentar liquidar a fatura. O PIB, que já vinha acompanhado do sufixo "inho" nas previsões, virou nano''. O crescimento do primeiro trimestre, de 0,6% em relação ao último de 2012, ficou abaixo de todas as expectativas.
A inflação, mostram pesquisas em poder do PT, já preocupa o segmento do eleitorado que vota no partido, acha o governo bom e pretende dar mais um mandato a Dilma. Não por acaso, é o tema central da propaganda que o PSDB leva ao ar hoje.
Iniciante no ofício da costura e não afeita a arremates e bordados, a presidente vai tentando cerzir um "patchwork" que junte PMDB, PSD, PP, PR, PDT, PTB e PC do B. Tudo em nome da hegemonia no tempo de TV.
Isso enquanto coloca toda a sorte de obstáculos no caminho de ex-aliados e possíveis adversários, como Eduardo Campos e Marina Silva.
Não há garantias de que todos os retalhos vão se unir na mesma colcha, nem de que a tentativa de esvaziar as candidaturas rivais não vá justamente consolidá-las, principalmente no caso do governador de Pernambuco, que, de aliado preferencial, passou a inimigo a ser abatido.
Com quatro candidatos competitivos, a chance de segundo turno é real. Enquanto Dilma não conseguir retomar o fio do crescimento econômico e não fizer deslanchar os investimentos prometidos, não haverá costura política, ainda mais com tecidos tão distintos, que evite o risco do temido "tira-teima'' nas urnas.
SÃO PAULO - Dilma Rousseff, normalmente distante da costura política, empunhou agulha e linha com uma ideia fixa na cabeça: tecer a maior aliança possível para 2014, emparedar os potenciais adversários e evitar que a disputa presidencial vá para o segundo turno.
Mas por que uma presidente tão popular, líder absoluta nas pesquisas eleitorais, demonstra tanto medo de se submeter a um escrutínio que seu mentor, Lula, enfrentou três vezes e ela mesma venceu em 2010?
As notícias da economia ajudam a entender a pressa em tentar liquidar a fatura. O PIB, que já vinha acompanhado do sufixo "inho" nas previsões, virou nano''. O crescimento do primeiro trimestre, de 0,6% em relação ao último de 2012, ficou abaixo de todas as expectativas.
A inflação, mostram pesquisas em poder do PT, já preocupa o segmento do eleitorado que vota no partido, acha o governo bom e pretende dar mais um mandato a Dilma. Não por acaso, é o tema central da propaganda que o PSDB leva ao ar hoje.
Iniciante no ofício da costura e não afeita a arremates e bordados, a presidente vai tentando cerzir um "patchwork" que junte PMDB, PSD, PP, PR, PDT, PTB e PC do B. Tudo em nome da hegemonia no tempo de TV.
Isso enquanto coloca toda a sorte de obstáculos no caminho de ex-aliados e possíveis adversários, como Eduardo Campos e Marina Silva.
Não há garantias de que todos os retalhos vão se unir na mesma colcha, nem de que a tentativa de esvaziar as candidaturas rivais não vá justamente consolidá-las, principalmente no caso do governador de Pernambuco, que, de aliado preferencial, passou a inimigo a ser abatido.
Com quatro candidatos competitivos, a chance de segundo turno é real. Enquanto Dilma não conseguir retomar o fio do crescimento econômico e não fizer deslanchar os investimentos prometidos, não haverá costura política, ainda mais com tecidos tão distintos, que evite o risco do temido "tira-teima'' nas urnas.
Outro vexame político - EDITORIAL O ESTADÃO
O ESTADO DE S. PAULO - 30/05
O governo decidiu ontem manter por decreto a redução das tarifas de energia, enquanto estuda a forma de manter a desoneração da folha de pagamento a diversos setores da economia. O Planalto, portanto, perdeu as esperanças de levar o presidente do Senado, Renan Calheiros, a pôr afinal em votação as respectivas medidas provisórias (MPs), cuja validade expira um minuto antes da meia-noite da próxima segunda-feira. Havia quem imaginasse que ele poderia ser induzido a mudar de ideia para poupar o Senado da pecha de ir de encontro aos interesses da população e do empresariado. O que não muda é a constatação de que a presidente Dilma Rousseff mais uma vez saiu humilhada de um embate no Congresso Nacional. Ela assumiu o Planalto há exatos 2 anos, 4 meses e 30 dias. E continua tão despreparada a interagir com o Legislativo como ao tomar posse.
O vexame político não surpreende. Duas semanas atrás, quando teve de votar a toque de caixa a Medida Provisória dos Portos, também em vias de caducar, Calheiros prometeu que a partir de então apenas mandaria a plenário as MPs que chegassem ao Senado pelo menos sete dias antes de perder eficácia. Do contrário - argumentou, coberto de razão - o papel da instituição se limitaria a carimbar e despachar, sem debates nem mudanças, as medidas que a Câmara dos Deputados teve tempo de sobra para discutir, emendar e enfim aprovar. Para todos os efeitos práticos, a função do Senado, nesses casos, se tornaria meramente homologatória. (Pelas regras atuais, o Congresso tem 120 dias para se pronunciar sobre uma MP. A norma não estabelece prazos específicos para cada Casa.)
O Planalto ou entendeu que a promessa de Calheiros não passava de uma bravata ou foi espetacularmente incapaz de agir de acordo. E isso, estando em jogo duas matérias da mais alta importância para a presidente. A MP 601, a da desoneração, foi emitida em dezembro passado. Inclui, entre outras provisões destinadas a aquecer a economia, a prorrogação do Programa Reintegra, que devolve aos exportadores até 3% dos tributos que tiverem pago. A MP 605, a das contas de luz, data de janeiro - e deu ensejo ao primeiro comício reeleitoral de Dilma, disfarçado de pronunciamento oficial em rede nacional. O texto remaneja recursos federais de modo a assegurar reduções tarifárias de 18% para consumidores residenciais e de até 32% para a indústria. Juntas, as MPs representam para o setor produtivo um alívio da ordem de R$ 8,3 bilhões - e um incentivo para o voto em Dilma no ano que vem.
Com tantas fichas em jogo, o governo não soube mobilizar o comando da Câmara e as lideranças da base aliada para que as medidas fossem votadas com a presteza necessária, a fim de não correrem o risco de morrer na praia do Senado. Mas o fiasco supremo do Planalto foi não conseguir a aprovação das matérias - e o seu envio à outra Casa - nem mesmo na segunda-feira, quando terminava a contagem regressiva para atender à demanda de Calheiros. Só no dia seguinte a Câmara terminou de fazer a sua parte. Tarde demais para o cronograma do presidente do Senado. Ele apenas entreabriu uma fresta: caso as lideranças partidárias, sem exceção, aceitassem votar as MPs a tempo de salvá-las, abriria mão de sua exigência. A oposição, representada pelo PSDB, DEM e PSOL, disse não. Talvez possa ser pressionada a ceder.
O governo perdeu o prazo segunda-feira porque a ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, e sua colega Ideli Salvatti, das Relações Institucionais, deram um show de bate-cabeça que elevou ao suprassumo a já notória descoordenação política da. Presidência Dilma. O que emperrava a votação era o destino do Projeto de Lei complementar que extingue a multa adicional de 10% sobre o saldo do FGTS dos empregados demitidos sem justa causa. A facada acrescenta R$ 3,2 bilhões aos cofres da União, e a ministra política trabalhava com a posição da Casa Civil, segundo a qual a proposta era inegociável - quando já estava sendo negociada. (Irá a plenário em 3 de julho.) Alheia à novidade, Ideli não pôde usá-la para dobrar a resistência de partidos da própria base na Câmara a votar as MPs. A sessão caiu e o respeito dos políticos pela presidente, também.
O vexame político não surpreende. Duas semanas atrás, quando teve de votar a toque de caixa a Medida Provisória dos Portos, também em vias de caducar, Calheiros prometeu que a partir de então apenas mandaria a plenário as MPs que chegassem ao Senado pelo menos sete dias antes de perder eficácia. Do contrário - argumentou, coberto de razão - o papel da instituição se limitaria a carimbar e despachar, sem debates nem mudanças, as medidas que a Câmara dos Deputados teve tempo de sobra para discutir, emendar e enfim aprovar. Para todos os efeitos práticos, a função do Senado, nesses casos, se tornaria meramente homologatória. (Pelas regras atuais, o Congresso tem 120 dias para se pronunciar sobre uma MP. A norma não estabelece prazos específicos para cada Casa.)
O Planalto ou entendeu que a promessa de Calheiros não passava de uma bravata ou foi espetacularmente incapaz de agir de acordo. E isso, estando em jogo duas matérias da mais alta importância para a presidente. A MP 601, a da desoneração, foi emitida em dezembro passado. Inclui, entre outras provisões destinadas a aquecer a economia, a prorrogação do Programa Reintegra, que devolve aos exportadores até 3% dos tributos que tiverem pago. A MP 605, a das contas de luz, data de janeiro - e deu ensejo ao primeiro comício reeleitoral de Dilma, disfarçado de pronunciamento oficial em rede nacional. O texto remaneja recursos federais de modo a assegurar reduções tarifárias de 18% para consumidores residenciais e de até 32% para a indústria. Juntas, as MPs representam para o setor produtivo um alívio da ordem de R$ 8,3 bilhões - e um incentivo para o voto em Dilma no ano que vem.
Com tantas fichas em jogo, o governo não soube mobilizar o comando da Câmara e as lideranças da base aliada para que as medidas fossem votadas com a presteza necessária, a fim de não correrem o risco de morrer na praia do Senado. Mas o fiasco supremo do Planalto foi não conseguir a aprovação das matérias - e o seu envio à outra Casa - nem mesmo na segunda-feira, quando terminava a contagem regressiva para atender à demanda de Calheiros. Só no dia seguinte a Câmara terminou de fazer a sua parte. Tarde demais para o cronograma do presidente do Senado. Ele apenas entreabriu uma fresta: caso as lideranças partidárias, sem exceção, aceitassem votar as MPs a tempo de salvá-las, abriria mão de sua exigência. A oposição, representada pelo PSDB, DEM e PSOL, disse não. Talvez possa ser pressionada a ceder.
O governo perdeu o prazo segunda-feira porque a ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, e sua colega Ideli Salvatti, das Relações Institucionais, deram um show de bate-cabeça que elevou ao suprassumo a já notória descoordenação política da. Presidência Dilma. O que emperrava a votação era o destino do Projeto de Lei complementar que extingue a multa adicional de 10% sobre o saldo do FGTS dos empregados demitidos sem justa causa. A facada acrescenta R$ 3,2 bilhões aos cofres da União, e a ministra política trabalhava com a posição da Casa Civil, segundo a qual a proposta era inegociável - quando já estava sendo negociada. (Irá a plenário em 3 de julho.) Alheia à novidade, Ideli não pôde usá-la para dobrar a resistência de partidos da própria base na Câmara a votar as MPs. A sessão caiu e o respeito dos políticos pela presidente, também.
Prejuízos da diplomacia de benemerências - EDITORIAL O GLOBO
O GLOBO - 30/05
A política externa terceiro-mundista, instituída por Lula, chegou a ser interpretada como uma concessão às alas mais à esquerda do PT, a fim de atenuar restrições a uma política econômica sem heterodoxias, imprescindível para debelar a volta da inflação, atiçada pela insegurança criada em 2002 no avanço do candidato petista nas pesquisas eleitorais. Lula venceu as eleições, teve mesmo de adotar um estilo sensato de administração da economia, e deu certo, como previsto.
A diplomacia não alinhada prosseguiu. Junto com a Argentina de Kirchner, e sob aplausos do bolivariano Hugo Chávez, o Brasil rejeitou, sem negociar, a proposta americana da Área de Livre Comércio das Américas (Alca). O “Império” deveria ser mantido à distância, também entendia Brasília sob nova direção.
No comércio, a aposta única brasileira foi na liberalização global acenada pela Rodada de Doha. Deu errado. No plano continental, concessões passaram a ser feitas a regimes companheiros. Evo Morales expropriou refinaria da Petrobras na Bolívia, sem um resmungo brasileiro. E ainda há uma Argentina, crescentemente chavista e protecionista. Parte da indústria brasileira acumula prejuízos numa Argentina que se fecha, contra as normas do Mercosul, e nada acontece.
Em recente viagem à África, a presidente Dilma anunciou a anistia de US$ 900 milhões de dívidas de uma série de pequenos países africanos. Geralmente, empréstimos oficiais para obras de empreiteiras brasileiras. Não é o primeiro perdão brasileiro do tipo.
Esta política pretensamente benemérita pouco tem rendido em dividendos ao país, além de dilapidar dinheiro do contribuinte. A África é estratégica, mas uma coisa é a África do Sul e outra, Guiné Equatorial, uma das ferozes ditaduras do continente. Tudo coerente com o caráter amistoso com que Lula tratou déspotas como o líbio Kadafi.
A soma das exportações para esses “novos mercados” pode produzir percentuais elevados de aumento nos negócios, porém apenas para marquetagens; em valores absolutos, não conseguem ir contra a maré vazante do comércio exterior brasileiro. Os votos desses países podem emplacar o Brasil na direção da Organização Mundial do Comércio (OMC), pouca coisa mais. E este perdão de dívidas, em especial, é mais do que questionável, porque, além de certamente inflar o patrimônio pessoal de companheiros ditadores na Europa, como anistias anteriores, ocorre quando o déficit externo do país aponta para o alto.
Na América Latina, esta política terceiro-mundista de bom-mocismo produz outros prejuízos elevados. Porém, 12 anos desta diplomacia causam fadiga de material. Visível quando se observa o rearranjo geoeconômico da região, de que a arejada Aliança do Pacífico é símbolo (Peru, Chile, Colômbia e México), aberta a grandes mercados mundiais, ao contrário do Brasil. O temor é que um bonde da História esteja passando, diante de um governo passivo. Ou perplexo.
A política externa terceiro-mundista, instituída por Lula, chegou a ser interpretada como uma concessão às alas mais à esquerda do PT, a fim de atenuar restrições a uma política econômica sem heterodoxias, imprescindível para debelar a volta da inflação, atiçada pela insegurança criada em 2002 no avanço do candidato petista nas pesquisas eleitorais. Lula venceu as eleições, teve mesmo de adotar um estilo sensato de administração da economia, e deu certo, como previsto.
A diplomacia não alinhada prosseguiu. Junto com a Argentina de Kirchner, e sob aplausos do bolivariano Hugo Chávez, o Brasil rejeitou, sem negociar, a proposta americana da Área de Livre Comércio das Américas (Alca). O “Império” deveria ser mantido à distância, também entendia Brasília sob nova direção.
No comércio, a aposta única brasileira foi na liberalização global acenada pela Rodada de Doha. Deu errado. No plano continental, concessões passaram a ser feitas a regimes companheiros. Evo Morales expropriou refinaria da Petrobras na Bolívia, sem um resmungo brasileiro. E ainda há uma Argentina, crescentemente chavista e protecionista. Parte da indústria brasileira acumula prejuízos numa Argentina que se fecha, contra as normas do Mercosul, e nada acontece.
Em recente viagem à África, a presidente Dilma anunciou a anistia de US$ 900 milhões de dívidas de uma série de pequenos países africanos. Geralmente, empréstimos oficiais para obras de empreiteiras brasileiras. Não é o primeiro perdão brasileiro do tipo.
Esta política pretensamente benemérita pouco tem rendido em dividendos ao país, além de dilapidar dinheiro do contribuinte. A África é estratégica, mas uma coisa é a África do Sul e outra, Guiné Equatorial, uma das ferozes ditaduras do continente. Tudo coerente com o caráter amistoso com que Lula tratou déspotas como o líbio Kadafi.
A soma das exportações para esses “novos mercados” pode produzir percentuais elevados de aumento nos negócios, porém apenas para marquetagens; em valores absolutos, não conseguem ir contra a maré vazante do comércio exterior brasileiro. Os votos desses países podem emplacar o Brasil na direção da Organização Mundial do Comércio (OMC), pouca coisa mais. E este perdão de dívidas, em especial, é mais do que questionável, porque, além de certamente inflar o patrimônio pessoal de companheiros ditadores na Europa, como anistias anteriores, ocorre quando o déficit externo do país aponta para o alto.
Na América Latina, esta política terceiro-mundista de bom-mocismo produz outros prejuízos elevados. Porém, 12 anos desta diplomacia causam fadiga de material. Visível quando se observa o rearranjo geoeconômico da região, de que a arejada Aliança do Pacífico é símbolo (Peru, Chile, Colômbia e México), aberta a grandes mercados mundiais, ao contrário do Brasil. O temor é que um bonde da História esteja passando, diante de um governo passivo. Ou perplexo.
Na encruzilhada - EDITORIAL FOLHA DE SP
FOLHA DE SP - 30/05
Frustração de expectativa com PIB do 1º trimestre deveria levar o governo federal a rever estímulos, mas não há indicação disso
A cada indicador de desempenho da economia divulgado, sobrevém nova decepção. Essa tem sido a regra sob o governo da presidente Dilma Rousseff.
Assim foi ontem, quando o IBGE mostrou que o Brasil cresceu mero 0,6% no primeiro trimestre de 2013, na comparação com o quarto período de 2012.
A recuperação dos investimentos produtivos, cujo volume subiu 4,6%, salvou a economia da estagnação no início do ano. Fortemente associado a um surto pontual de venda de caminhões, o resultado ainda não indica tendência.
A estagnação, porém, atingiu o consumo privado, principal componente da demanda, com participação superior a 60% no PIB. A inflação ajudou a neutralizar o poder de compra das famílias, que vem sendo o principal propulsor da economia há quase dez anos.
Nas contas externas, houve piora acentuada. A quantidade de exportações despencou 6,4% no primeiro trimestre. A de importações, na contramão, subiu 6,3%. O efeito associado desses dois fatores subtraiu 1,6 ponto percentual do PIB, que computa apenas os bens produzidos no Brasil.
Os dados trimestrais do início de 2013 revelam de modo exemplar a encruzilhada em que a economia brasileira está detida. Os estimulantes fartamente ministrados pela cúpula "desenvolvimentista" do Planalto redundam em mais inflação e mais deficit externo. Estes retiram, com a mão invisível do mercado, o que a gigantesca mão do governo procura oferecer.
Infelizmente, os sinais de Brasília indicam que, como no chiste sobre a dinastia Bourbon, o governo Dilma Rousseff não esquece nem aprende.
Fala-se em mais estímulo à economia via gastos do governo. Essa situação preocupa mais na hipótese de que o dólar venha a encarecer --caso se afirme a lenta recuperação nos Estados Unidos. Isso atiçaria os preços domésticos e o custo da dívida externa privada no Brasil.
O caminho a seguir no curto prazo deveria ser o inverso: aumentar a poupança do governo à base de cortes na despesa pública. Seria o melhor meio de recuperar a política anti-inflacionária do descrédito em que se encontra e de abrir um horizonte de estabilidade para que as empresas possam desengavetar planos de investimento.
Os tropeços sucessivos causados pela ressurreição de um desenvolvimentismo por decreto deveriam motivar uma profunda reflexão no Planalto.
Manipulações do governo não farão a economia decolar. Empresas e trabalhadores, sim --desde que menos estorvados pelos impostos e pela burocracia.
O silêncio persiste - EDITORIAL GAZETA DO POVO - PR
GAZETA DO POVO - PR - 30/05
Os veículos de comunicação podem sim, em nome do interesse público, divulgar informações e documentos que cheguem ao seu conhecimento
Em mais um episódio do que já pode ser considerado um dos mais lamentáveis equívocos da Justiça brasileira em relação à liberdade de imprensa, o Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TJ-DF) decidiu na semana passada manter decisão de julho de 2009 que impede o jornal O Estado de S. Paulo de publicar notícias sobre a Operação Boi Barrica, realizada pela Polícia Federal. A operação, depois rebatizada de Faktor, levou ao indiciamento de Fernando Sarney, filho do ex-presidente do Senado, José Sarney, por lavagem de dinheiro, tráfico de influência, formação de quadrilha e falsidade ideológica. Após a publicação do acórdão da decisão, o jornal deverá recorrer ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) e ao Supremo Tribunal Federal (STF).
Em 2009, atendendo a pedido dos advogados do próprio Fernando Sarney, o desembargador do TJ-DF, Dácio Vieira – conhecido amigo da família Sarney e por isso considerado suspeito para julgar o caso – decidiu impedir o jornal paulista de divulgar qualquer informação referente à operação da PF. O argumento, que se manteve na decisão da última semana, seria de que o jornal não poderia veicular reportagens sobre o caso porque a investigação é sigilosa e que em uma decisão anterior, do Superior Tribunal de Justiça (STJ) as provas da investigação foram consideradas ilícitas.
O problema é que uma análise mais atenta mostra que os argumentos usados na decisão são questionáveis. Primeiro, cabe à Justiça e não à imprensa a garantia de sigilo. Se os órgãos e pessoas responsáveis pelas investigações divulgam mais do que deveriam, a imprensa não pode ser punida. E mesmo em casos de inquéritos ou processos judiciais que corram sob segredo de justiça, o entendimento consagrado é o de que os veículos de comunicação podem sim, em nome do interesse público, divulgar informações e documentos que cheguem ao seu conhecimento, exatamente o que fez O Estado de S. Paulo no caso em tela. Se não fosse assim, como a imprensa poderia cumprir um de seus importantes papéis que é o de fiscalizar o poder público?
Também se deve lembrar que o valioso direito à intimidade pode ceder espaço em situações em que o interesse público seja muito grande. Eis o que diz o artigo 93 da Constituição: “Todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação”.
Nunca é demais lembrar que em um Estado Democrático de Direito, os meios de comunicação têm o dever de levar à sociedade informações relevantes e de interesse de todos, principalmente aquelas que se revelem lesivas ao bem comum. Infelizmente, a decisão dos desembargadores do Distrito Federal revela que ainda há muito a ser feito para que tal dever possa ser cumprido a contento. Certamente os veículos de comunicação podem e devem responder por eventuais abusos e a Justiça pode decidir legitimamente por restringir a divulgação de certas informações, mas para tanto há de se apoiar na análise e ponderação equilibrada dos direitos envolvidos. O que é certo, porém, é que em alguns casos específicos, como é o da Operação Boi Barrica/Faktor, colocar interesses individuais acima de tudo é prejudicar o bem comum.
Os veículos de comunicação podem sim, em nome do interesse público, divulgar informações e documentos que cheguem ao seu conhecimento
Em mais um episódio do que já pode ser considerado um dos mais lamentáveis equívocos da Justiça brasileira em relação à liberdade de imprensa, o Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TJ-DF) decidiu na semana passada manter decisão de julho de 2009 que impede o jornal O Estado de S. Paulo de publicar notícias sobre a Operação Boi Barrica, realizada pela Polícia Federal. A operação, depois rebatizada de Faktor, levou ao indiciamento de Fernando Sarney, filho do ex-presidente do Senado, José Sarney, por lavagem de dinheiro, tráfico de influência, formação de quadrilha e falsidade ideológica. Após a publicação do acórdão da decisão, o jornal deverá recorrer ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) e ao Supremo Tribunal Federal (STF).
Em 2009, atendendo a pedido dos advogados do próprio Fernando Sarney, o desembargador do TJ-DF, Dácio Vieira – conhecido amigo da família Sarney e por isso considerado suspeito para julgar o caso – decidiu impedir o jornal paulista de divulgar qualquer informação referente à operação da PF. O argumento, que se manteve na decisão da última semana, seria de que o jornal não poderia veicular reportagens sobre o caso porque a investigação é sigilosa e que em uma decisão anterior, do Superior Tribunal de Justiça (STJ) as provas da investigação foram consideradas ilícitas.
O problema é que uma análise mais atenta mostra que os argumentos usados na decisão são questionáveis. Primeiro, cabe à Justiça e não à imprensa a garantia de sigilo. Se os órgãos e pessoas responsáveis pelas investigações divulgam mais do que deveriam, a imprensa não pode ser punida. E mesmo em casos de inquéritos ou processos judiciais que corram sob segredo de justiça, o entendimento consagrado é o de que os veículos de comunicação podem sim, em nome do interesse público, divulgar informações e documentos que cheguem ao seu conhecimento, exatamente o que fez O Estado de S. Paulo no caso em tela. Se não fosse assim, como a imprensa poderia cumprir um de seus importantes papéis que é o de fiscalizar o poder público?
Também se deve lembrar que o valioso direito à intimidade pode ceder espaço em situações em que o interesse público seja muito grande. Eis o que diz o artigo 93 da Constituição: “Todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação”.
Nunca é demais lembrar que em um Estado Democrático de Direito, os meios de comunicação têm o dever de levar à sociedade informações relevantes e de interesse de todos, principalmente aquelas que se revelem lesivas ao bem comum. Infelizmente, a decisão dos desembargadores do Distrito Federal revela que ainda há muito a ser feito para que tal dever possa ser cumprido a contento. Certamente os veículos de comunicação podem e devem responder por eventuais abusos e a Justiça pode decidir legitimamente por restringir a divulgação de certas informações, mas para tanto há de se apoiar na análise e ponderação equilibrada dos direitos envolvidos. O que é certo, porém, é que em alguns casos específicos, como é o da Operação Boi Barrica/Faktor, colocar interesses individuais acima de tudo é prejudicar o bem comum.
Alerta na largada - EDITORIAL ZERO HORA
ZERO HORA - 30/05
O frustrante desempenho da atividade econômica, mesmo com os excepcionais resultados da safra, serve de alerta para o quanto o país precisa atacar gargalos como os da infraestrutura.
Sob qualquer ângulo que seja examinada, a expansão de apenas 0,6% no Produto Interno Bruto (PIB) de janeiro a março deste ano, em relação ao último trimestre de 2012, só pode ser vista como decepcionante. É que, mesmo com a expansão excepcional da agropecuária, de 9,7% no período, o desempenho da largada do ano, divulgado ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ficou longe do percentual próximo a até 1% aguardado nos meios oficiais. E torna ainda mais difícil a perspectiva de o conjunto de bens e serviços produzidos no país registrar uma expansão de até 2,9%, bem abaixo da estimada inicialmente, de 3,5%. Com exceção do desempenho do setor primário, único com potencial de virar o jogo até dezembro, e de uma retomada consistente dos investimentos, que precisa ser reforçada para ajudar a dissipar o pessimismo, os demais números são decepcionantes e exigem providências por parte do poder público.
Só agora, como admitiu ontem o ministro da Fazenda, Guido Mantega, a equipe econômica começa a se dar conta de que não bastam apenas medidas pontuais para estimular o crescimento. Mais preocupado em manter a inflação em níveis próximos à meta fixada para o ano, de 6,5%, o governo prefere apostar nesse momento numa retomada efetiva dos investimentos como o principal combustível da economia neste ano. Os investimentos, que, depois de um forte crescimento em 2010, despencaram até atingir taxas negativas, registraram de fato um crescimento importante de janeiro a março, tanto em relação ao primeiro quanto ao último trimestre do ano passado. Precisam, por isso, ser devidamente estimulados para que possam favorecer uma resposta à altura das necessidades do país.
O frustrante desempenho da atividade econômica, mesmo com os excepcionais resultados da safra, serve de alerta para o quanto o país precisa atacar gargalos como os da infraestrutura. O incentivo ao crédito é fundamental e os resultados começam a aparecer. Ainda assim, é preciso assegurar mais produtividade sobretudo para a agropecuária, que enfrenta problemas sérios para escoar a produção. A estimativa é de que 19,23% do PIB equivale ao gasto apenas com custo logístico brasileiro. No agronegócio, o percentual oscila entre 8,5% a 9% do PIB. Em ambos os casos, o custo é insuportável.
Assim como as reformas estruturais, sempre postergadas, ações na área de infraestrutura exigem um período mais longo para dar resultados. Por isso, o país precisa agir logo para evitar que o crescimento econômico continue sendo adiado indefinidamente.
O frustrante desempenho da atividade econômica, mesmo com os excepcionais resultados da safra, serve de alerta para o quanto o país precisa atacar gargalos como os da infraestrutura.
Sob qualquer ângulo que seja examinada, a expansão de apenas 0,6% no Produto Interno Bruto (PIB) de janeiro a março deste ano, em relação ao último trimestre de 2012, só pode ser vista como decepcionante. É que, mesmo com a expansão excepcional da agropecuária, de 9,7% no período, o desempenho da largada do ano, divulgado ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ficou longe do percentual próximo a até 1% aguardado nos meios oficiais. E torna ainda mais difícil a perspectiva de o conjunto de bens e serviços produzidos no país registrar uma expansão de até 2,9%, bem abaixo da estimada inicialmente, de 3,5%. Com exceção do desempenho do setor primário, único com potencial de virar o jogo até dezembro, e de uma retomada consistente dos investimentos, que precisa ser reforçada para ajudar a dissipar o pessimismo, os demais números são decepcionantes e exigem providências por parte do poder público.
Só agora, como admitiu ontem o ministro da Fazenda, Guido Mantega, a equipe econômica começa a se dar conta de que não bastam apenas medidas pontuais para estimular o crescimento. Mais preocupado em manter a inflação em níveis próximos à meta fixada para o ano, de 6,5%, o governo prefere apostar nesse momento numa retomada efetiva dos investimentos como o principal combustível da economia neste ano. Os investimentos, que, depois de um forte crescimento em 2010, despencaram até atingir taxas negativas, registraram de fato um crescimento importante de janeiro a março, tanto em relação ao primeiro quanto ao último trimestre do ano passado. Precisam, por isso, ser devidamente estimulados para que possam favorecer uma resposta à altura das necessidades do país.
O frustrante desempenho da atividade econômica, mesmo com os excepcionais resultados da safra, serve de alerta para o quanto o país precisa atacar gargalos como os da infraestrutura. O incentivo ao crédito é fundamental e os resultados começam a aparecer. Ainda assim, é preciso assegurar mais produtividade sobretudo para a agropecuária, que enfrenta problemas sérios para escoar a produção. A estimativa é de que 19,23% do PIB equivale ao gasto apenas com custo logístico brasileiro. No agronegócio, o percentual oscila entre 8,5% a 9% do PIB. Em ambos os casos, o custo é insuportável.
Assim como as reformas estruturais, sempre postergadas, ações na área de infraestrutura exigem um período mais longo para dar resultados. Por isso, o país precisa agir logo para evitar que o crescimento econômico continue sendo adiado indefinidamente.
COLUNA DE CLAUDIO HUMBERTO
“O resultado é isso: um PIB baixíssimo, preocupante”
Líder do PSDB, deputado Carlos Sampaio (SP), sobre possível volta da inflação
PA: LULA CONSTRANGE O PT AO APOIAR FILHO DE JADER
O ex-presidente Lula pressiona o PT do Pará a apoiar Helder Barbalho para o governo estadual, no próximo ano. Ele é filho do deputado Jader Barbalho (PMDB), cuja ficha na política é marcada por inúmeras denúncias por corrupções, algemas e condenações. O PT do Pará resiste, lembrando inclusive o erro cometido no Recife em 2010, quando a interferência de Lula resultou no esfacelamento do partido.
VAI TOPAR
Apesar da resistência, o ex-presidente Lula manda tanto no partido que o apoio ao filho de Jader, mesmo envergonhado, deve ser confirmado.
DEU NO QUE DEU
No Recife, a manobra de Lula favoreceu a vitória do candidato do governador Eduardo Campos (PSB), que depois deu as costas ao PT.
VELHO CONHECIDO
Deputado federal, Jader Barbalho é réu no Supremo Tribunal Federal (STF) em quatro processos, de falsidade ideológica à formação de quadrilha.
RIO À BEÇA
Conhecido pelas gafes nos improvisos, o vice-presidente dos EUA, Joe Biden, poderá ser a alma da festa com o governador Cabral no Rio.
PT CRIA CASO PARA TENTAR SE ‘LIBERTAR’ DO PMDB
A insatisfação do PMDB com o PT é correspondida em idêntica intensidade. O partido de Lula continua inconformado com o fato de o PMDB presidir o Senado e a Câmara dos Deputados, o que para eles torna o governo “refém” do senador Renan Calheiros (AL) e do deputado Henrique Alves (RN). “Nós queremos tudo”, diz um dirigente petista, sobre a ocupação dos cargos mais importantes da República.
COMPETENTES
Para o Planalto, Henrique Alves não “controla” governistas da Câmara, mas Renan Calheiros e José Sarney seguram a onda no Senado.
TÁ FEIA A COISA
As divergências entre PT e PMDB são ainda mais graves em pelo menos doze Estados, o que está minando as relações dos partidos.
SE A MODA PEGA...
Depois da Venezuela, agora é a Bolívia ameaçada de ficar sem papel higiênico. A estatal Papelbol não dá conta e poderá importar o produto.
ESTÍMULO
A fim de ganhar adesão para criar a CPI das Loterias, Garotinho (PR-RJ) disponibiliza na página da liderança do PR o nome dos deputados que assinaram pela investigação de denúncias de lavagem de dinheiro.
ELE NÃO SABIA
O ministro Joaquim Barbosa não sabia que havia duas advogadas grávidas aguardando para fazer sustação oral, em casos apreciados no Conselho Nacional de Justiça, terça, por isso não lhes deu preferência.
EM ATRITO
Andam estremecidas as relações do vice Michel Temer com o líder do PMDB, Eduardo Cunha (RJ), que surfa na onda dos descontentes na Câmara para tentar pôr o governo “de joelhos”.
NEM PENSAR
Amigos de Ricardo Teixeira afirmam que ele jamais apoiaria Andrés Sanches. “Se ele quiser apoiar algum candidato à presidência da CBF, certamente é Marco Polo Del Nero”, diz um amigo íntimo do ex-cartola.
EMBAIXADOR EM OTAWA
O governo do Canadá concedeu agrément, ontem, ao futuro embaixador do Brasil naquele país, Pedro Fernando Brêtas Bastos, cuja sabatina no Senado deve ser no início do segundo semestre.
RODA PRESA
O PT gaúcho ri à toa: a Ford terá de indenizar o Rio Grande do Sul em R$ 162 milhões por cancelar o contrato de instalação de fábrica em 1998. A montadora na verdade foi enxotada do Estado pelo governo petista, não sem antes pegar parte do empréstimo do Banrisul.
SÓ NA COSTURA
Em busca de palanques, o governador de Pernambuco e presidenciável Eduardo Campos (PSB) quer lançar o senador Antônio Carlos Valadares ou seu filho, deputado Valadares Filho, candidato ao governo de Sergipe.
JORNADA ONCOLÓGICA
O Centro de Oncologia do Hospital Sírio-Libanês promoverá no dia 8 em Brasília a primeira Jornada Oncológica Multidisciplinar com especialistas como Paulo Hoff, Artur Katz, Raul Cutait, Sergio Nahas, Alfredo Barros, além de Luis Souhami, do Montreal General Hospital.
NOVO SLOGAN
Antes foi a saúva para o escritor Mário de Andrade, em Macunaíma. Agora, ou o Brasil acaba com a violência ou ela acaba com o Brasil.
PODER SEM PUDOR
O rei nu
Discreto e comedido, o jurista Seabra Fagundes, ministro da Justiça do presidente Café Filho, revelou certa vez os detalhes do momento em que foi convidado para o posto: os tanques do general Lott cercavam o apartamento de Café, no Posto 6, no Rio, e a ante-sala estava cheia de líderes da UDN, quando Seabra ouve um chamado lá de dentro:
- Oh! Miguel, vem cá.
Seabra descreveu a cena:
- Ao entrar no quarto, deparei-me com uma cena insólita: naquele sufoco todo, Café esquecera de vestir-se. Estava simplesmente nu.
Líder do PSDB, deputado Carlos Sampaio (SP), sobre possível volta da inflação
PA: LULA CONSTRANGE O PT AO APOIAR FILHO DE JADER
O ex-presidente Lula pressiona o PT do Pará a apoiar Helder Barbalho para o governo estadual, no próximo ano. Ele é filho do deputado Jader Barbalho (PMDB), cuja ficha na política é marcada por inúmeras denúncias por corrupções, algemas e condenações. O PT do Pará resiste, lembrando inclusive o erro cometido no Recife em 2010, quando a interferência de Lula resultou no esfacelamento do partido.
VAI TOPAR
Apesar da resistência, o ex-presidente Lula manda tanto no partido que o apoio ao filho de Jader, mesmo envergonhado, deve ser confirmado.
DEU NO QUE DEU
No Recife, a manobra de Lula favoreceu a vitória do candidato do governador Eduardo Campos (PSB), que depois deu as costas ao PT.
VELHO CONHECIDO
Deputado federal, Jader Barbalho é réu no Supremo Tribunal Federal (STF) em quatro processos, de falsidade ideológica à formação de quadrilha.
RIO À BEÇA
Conhecido pelas gafes nos improvisos, o vice-presidente dos EUA, Joe Biden, poderá ser a alma da festa com o governador Cabral no Rio.
PT CRIA CASO PARA TENTAR SE ‘LIBERTAR’ DO PMDB
A insatisfação do PMDB com o PT é correspondida em idêntica intensidade. O partido de Lula continua inconformado com o fato de o PMDB presidir o Senado e a Câmara dos Deputados, o que para eles torna o governo “refém” do senador Renan Calheiros (AL) e do deputado Henrique Alves (RN). “Nós queremos tudo”, diz um dirigente petista, sobre a ocupação dos cargos mais importantes da República.
COMPETENTES
Para o Planalto, Henrique Alves não “controla” governistas da Câmara, mas Renan Calheiros e José Sarney seguram a onda no Senado.
TÁ FEIA A COISA
As divergências entre PT e PMDB são ainda mais graves em pelo menos doze Estados, o que está minando as relações dos partidos.
SE A MODA PEGA...
Depois da Venezuela, agora é a Bolívia ameaçada de ficar sem papel higiênico. A estatal Papelbol não dá conta e poderá importar o produto.
ESTÍMULO
A fim de ganhar adesão para criar a CPI das Loterias, Garotinho (PR-RJ) disponibiliza na página da liderança do PR o nome dos deputados que assinaram pela investigação de denúncias de lavagem de dinheiro.
ELE NÃO SABIA
O ministro Joaquim Barbosa não sabia que havia duas advogadas grávidas aguardando para fazer sustação oral, em casos apreciados no Conselho Nacional de Justiça, terça, por isso não lhes deu preferência.
EM ATRITO
Andam estremecidas as relações do vice Michel Temer com o líder do PMDB, Eduardo Cunha (RJ), que surfa na onda dos descontentes na Câmara para tentar pôr o governo “de joelhos”.
NEM PENSAR
Amigos de Ricardo Teixeira afirmam que ele jamais apoiaria Andrés Sanches. “Se ele quiser apoiar algum candidato à presidência da CBF, certamente é Marco Polo Del Nero”, diz um amigo íntimo do ex-cartola.
EMBAIXADOR EM OTAWA
O governo do Canadá concedeu agrément, ontem, ao futuro embaixador do Brasil naquele país, Pedro Fernando Brêtas Bastos, cuja sabatina no Senado deve ser no início do segundo semestre.
RODA PRESA
O PT gaúcho ri à toa: a Ford terá de indenizar o Rio Grande do Sul em R$ 162 milhões por cancelar o contrato de instalação de fábrica em 1998. A montadora na verdade foi enxotada do Estado pelo governo petista, não sem antes pegar parte do empréstimo do Banrisul.
SÓ NA COSTURA
Em busca de palanques, o governador de Pernambuco e presidenciável Eduardo Campos (PSB) quer lançar o senador Antônio Carlos Valadares ou seu filho, deputado Valadares Filho, candidato ao governo de Sergipe.
JORNADA ONCOLÓGICA
O Centro de Oncologia do Hospital Sírio-Libanês promoverá no dia 8 em Brasília a primeira Jornada Oncológica Multidisciplinar com especialistas como Paulo Hoff, Artur Katz, Raul Cutait, Sergio Nahas, Alfredo Barros, além de Luis Souhami, do Montreal General Hospital.
NOVO SLOGAN
Antes foi a saúva para o escritor Mário de Andrade, em Macunaíma. Agora, ou o Brasil acaba com a violência ou ela acaba com o Brasil.
PODER SEM PUDOR
O rei nu
Discreto e comedido, o jurista Seabra Fagundes, ministro da Justiça do presidente Café Filho, revelou certa vez os detalhes do momento em que foi convidado para o posto: os tanques do general Lott cercavam o apartamento de Café, no Posto 6, no Rio, e a ante-sala estava cheia de líderes da UDN, quando Seabra ouve um chamado lá de dentro:
- Oh! Miguel, vem cá.
Seabra descreveu a cena:
- Ao entrar no quarto, deparei-me com uma cena insólita: naquele sufoco todo, Café esquecera de vestir-se. Estava simplesmente nu.
QUINTA NOS JORNAIS
- Globo: A encruzilhada da economia: Nem Pibinho segura juros, que vão a 8%
- Folha: PIB decepciona, mas BC aumenta juros ainda mais
- Estadão: PIB decepciona, mas BC eleva juros para conter a inflação
- Correio: Consumo cai, PIB segue fraco e BC aumenta juros
- Estado de Minas: A salvação é a lavoura
- Jornal do Commercio: Economia sob pressão
- Zero Hora: PIB decepciona, juro sobe e dólar dispara
quarta-feira, maio 29, 2013
Diálogos banais na cena do crime - MARTHA MEDEIROS
ZERO HORA - 29/05
Com licença, seu moço, preciso passar com minhas compras.
– Pois não, senhora, desculpe estar ocupando a calçada, é que tenho algo a dizer aqui para o parceiro que está me filmando com o celular.
– Fique à vontade, mas o senhor está com as palmas das mãos muito vermelhas, reparou?
– Eu sei, eu sei, é que tive um probleminha ali do outro lado da rua.
– Ei, você está vendo um homem deitado no meio do asfalto? – Pois é, talvez tenha sido atropelado, não sei, você viu alguma coisa?
– Não vi, mas parece que aquela moça loira viu, e até gravou. – Então deixa eu seguir para o escritório que estou atrasado, depois eu confiro no YouTube.
– Você não gostaria de me entregar essa faca, rapaz? – Da polícia você não é, madame.
– Não sou, mas ela logo chegará. – Demorou.
Nunca vi essa rua tão animada.
– É mesmo?
– Você não é aqui da vizinhança?
– Sou turista, parei para tirar umas fotos da performance. É uma performance, não é?
– Droga, meu celular está ficando sem bateria. – Use o meu. Quer fazer uma ligação?
– Gostaria apenas de filmar aqueles dois malucos ali com as mãos pingando sangue.
– E o cara deitado, sabe quem é? – Não, mas podemos tirar uma foto do rosto dele e colocar no Face pra ver se alguém identifica.
– Tá bom, tira a foto enquanto eu vou ali na esquina tentar alcançar um camarada que vi passar, ele está me devendo umas libras.
– Mãe, o que é que está acontecendo? – Um moço passou mal, filho. Vamos andando. – Acho que ele foi assassinado, mãe. Por aqueles dois batendo papo ali, ó.
– É, pode ser, filho. Você pegou seu caderno de matemática?
– Olho por olho, dente por dente, vocês matam meu povo, eu mato o de vocês.
– Faz sentido, faz sentido. Por favor, pode dar dois passinhos para a esquerda para eu enquadrar melhor?
– Aqui está bom?
– Está, agora deixe bem à vista a faca e o cutelo. Isso. Perfeito.
– Olha a polícia aí chegando. – Nossa, que estressados. – Alô. – Falo com a esposa do soldado Lee Rigby?
Sim. – Boa tarde. É que aconteceu um inconveniente.
Com licença, seu moço, preciso passar com minhas compras.
– Pois não, senhora, desculpe estar ocupando a calçada, é que tenho algo a dizer aqui para o parceiro que está me filmando com o celular.
– Fique à vontade, mas o senhor está com as palmas das mãos muito vermelhas, reparou?
– Eu sei, eu sei, é que tive um probleminha ali do outro lado da rua.
– Ei, você está vendo um homem deitado no meio do asfalto? – Pois é, talvez tenha sido atropelado, não sei, você viu alguma coisa?
– Não vi, mas parece que aquela moça loira viu, e até gravou. – Então deixa eu seguir para o escritório que estou atrasado, depois eu confiro no YouTube.
– Você não gostaria de me entregar essa faca, rapaz? – Da polícia você não é, madame.
– Não sou, mas ela logo chegará. – Demorou.
Nunca vi essa rua tão animada.
– É mesmo?
– Você não é aqui da vizinhança?
– Sou turista, parei para tirar umas fotos da performance. É uma performance, não é?
– Droga, meu celular está ficando sem bateria. – Use o meu. Quer fazer uma ligação?
– Gostaria apenas de filmar aqueles dois malucos ali com as mãos pingando sangue.
– E o cara deitado, sabe quem é? – Não, mas podemos tirar uma foto do rosto dele e colocar no Face pra ver se alguém identifica.
– Tá bom, tira a foto enquanto eu vou ali na esquina tentar alcançar um camarada que vi passar, ele está me devendo umas libras.
– Mãe, o que é que está acontecendo? – Um moço passou mal, filho. Vamos andando. – Acho que ele foi assassinado, mãe. Por aqueles dois batendo papo ali, ó.
– É, pode ser, filho. Você pegou seu caderno de matemática?
– Olho por olho, dente por dente, vocês matam meu povo, eu mato o de vocês.
– Faz sentido, faz sentido. Por favor, pode dar dois passinhos para a esquerda para eu enquadrar melhor?
– Aqui está bom?
– Está, agora deixe bem à vista a faca e o cutelo. Isso. Perfeito.
– Olha a polícia aí chegando. – Nossa, que estressados. – Alô. – Falo com a esposa do soldado Lee Rigby?
Sim. – Boa tarde. É que aconteceu um inconveniente.
Eu quero um shopping - ANCELMO GOIS
O GLOBO - 29/05
A varejista chilena Falabella, que acaba de comprar a empresa de materiais de construção Dicico, está à procura de uma rede de shoppings para comprar no Brasil.
Vale quanto pesa...
Aliás, em que pesem alguns tropeços, a economia brasileira continua atraente para investidores, como é o caso da chilena Falabella.
Ano passado, o investimento estrangeiro na terra de Dilma alcançou US$ 65 bilhões, superior à soma dos investimentos estrangeiros no Chile, no México, no Peru e na Colômbia, os quatro países que acabam de criar a Aliança do Pacífico.
Monet e Felipão
Carlos Alberto Parreira e Felipão acompanharam juntos partidas de jogadores brasileiros na Europa. Em Paris, pintor nas horas vagas, Parreira levou Felipão para conhecer o Museum Marmottan.
Fez questão de mostrar ao técnico o quadro “Impressão, sol nascente”, de Claude Monet, considerado o marco zero do impressionismo por muitos.
Jogo que segue...
Depois, Parreira levou Felipão para conhecer esculturas de mestres famosos. Ao saber que uma delas custa mais de três milhões de euros, o técnico coçou a cabeça e ponderou:
— Parreira é melhor a gente voltar a ver campo de futebol.
Que descanse em paz
Este Boeing 707 de matrícula KC-137 que pousou de barriga, domingo, no Haiti, levando 143 militares brasileiros, provavelmente não voltará à ativa.
Era um dos dois Boeings idosos que serviram à Presidência da República entre 1986 e 2005 e ganharam o apelido de Sucatão. O outro, o KC-03, fez um pouso de emergência na Holanda em 1999, com Marco Maciel.
Tudo por dinheiro
O coleguinha Pedro Bial está em Pernambuco a fim de fazer reportagem para a nova temporada do programa “Na moral”. Será sobre a exportação de rins para Israel e África do Sul.
O caso estourou em 2002. Estima-se que 47 moradores de Recife venderam um dos seus rins.
Só que...
Bial conseguiu localizar o primeiro a vender o rim. Mas ele só concorda em dar entrevista se receber uma grana.
Ou seja, para quem negociou um dos órgãos, voz, só alugada.
Faz sentido.
O amor de Lila
Diferentemente do que saiu aqui, a escritora iraniana Lila Azam Zanganeh, que vem à Flip, não namora o filho do ex-senador Demóstenes Torres.
Ela namora o filho do também ex-senador de Goiás Mauro Miranda Soares. Falha nossa.
Vizinho do Porto
A gigante americana Tishman Speyer, proprietária do Rockfeller Center, em NY, acaba de incorporar um quarteirão inteiro de prédios e sobrados em São Cristóvão, perto do projeto Porto Maravilha.
O lugar era de propriedade da antiga Administração da Cia. Luz Steárica (ex-Moinho da Luz).
Hambúrguer Troisgros
A marca masculina Reserva vai entrar no ramo de alimentação. Inaugura em julho a hamburgueria Reserva TT Burger, no Arpoador.
TT são iniciais do outro sócio no negócio, Thomas Troisgros, filho de Claude.
Bia na São Clemente
Bia Lessa, a diretora teatral responsável por trabalhos como a instalação “Humanidade”, na Rio+20, é a nova carnavalesca da São Clemente, a irreverente agremiação da Zona Sul carioca.
— Queremos fazer um trabalho totalmente diferente em 2014 — diz o presidente da escola, Renato Almeida Gomes, falando do enredo, que será sobre as favelas cariocas.
Fala, Mangueira
A Mangueira vai ganhar uma nova quadra. Com projeto de Oscar Niemeyer (1907-2012), ela começará a ser erguida após o carnaval de 2014.
A construção ficará a cargo da prefeitura. Isso foi o que prometeu Eduardo Paes ao presidente da escola, Chiquinho da Mangueira.
Se acaso você chegasse
O fofo do Ricardo Cravo Albin num café da manhã, ontem, na Urca, lembrou ao secretário Carlos Minc que Cyro Monteiro estaria fazendo 100 anos.
Ato seguinte, pediu que todo mundo levantasse a xícara de café e começou a cantar “Se acaso você chegasse”, de Lupicínio Rodrigues e Felisberto Martins, sucesso na voz de Cyro.
Vale quanto pesa...
Aliás, em que pesem alguns tropeços, a economia brasileira continua atraente para investidores, como é o caso da chilena Falabella.
Ano passado, o investimento estrangeiro na terra de Dilma alcançou US$ 65 bilhões, superior à soma dos investimentos estrangeiros no Chile, no México, no Peru e na Colômbia, os quatro países que acabam de criar a Aliança do Pacífico.
Monet e Felipão
Carlos Alberto Parreira e Felipão acompanharam juntos partidas de jogadores brasileiros na Europa. Em Paris, pintor nas horas vagas, Parreira levou Felipão para conhecer o Museum Marmottan.
Fez questão de mostrar ao técnico o quadro “Impressão, sol nascente”, de Claude Monet, considerado o marco zero do impressionismo por muitos.
Jogo que segue...
Depois, Parreira levou Felipão para conhecer esculturas de mestres famosos. Ao saber que uma delas custa mais de três milhões de euros, o técnico coçou a cabeça e ponderou:
— Parreira é melhor a gente voltar a ver campo de futebol.
Que descanse em paz
Este Boeing 707 de matrícula KC-137 que pousou de barriga, domingo, no Haiti, levando 143 militares brasileiros, provavelmente não voltará à ativa.
Era um dos dois Boeings idosos que serviram à Presidência da República entre 1986 e 2005 e ganharam o apelido de Sucatão. O outro, o KC-03, fez um pouso de emergência na Holanda em 1999, com Marco Maciel.
Tudo por dinheiro
O coleguinha Pedro Bial está em Pernambuco a fim de fazer reportagem para a nova temporada do programa “Na moral”. Será sobre a exportação de rins para Israel e África do Sul.
O caso estourou em 2002. Estima-se que 47 moradores de Recife venderam um dos seus rins.
Só que...
Bial conseguiu localizar o primeiro a vender o rim. Mas ele só concorda em dar entrevista se receber uma grana.
Ou seja, para quem negociou um dos órgãos, voz, só alugada.
Faz sentido.
O amor de Lila
Diferentemente do que saiu aqui, a escritora iraniana Lila Azam Zanganeh, que vem à Flip, não namora o filho do ex-senador Demóstenes Torres.
Ela namora o filho do também ex-senador de Goiás Mauro Miranda Soares. Falha nossa.
Vizinho do Porto
A gigante americana Tishman Speyer, proprietária do Rockfeller Center, em NY, acaba de incorporar um quarteirão inteiro de prédios e sobrados em São Cristóvão, perto do projeto Porto Maravilha.
O lugar era de propriedade da antiga Administração da Cia. Luz Steárica (ex-Moinho da Luz).
Hambúrguer Troisgros
A marca masculina Reserva vai entrar no ramo de alimentação. Inaugura em julho a hamburgueria Reserva TT Burger, no Arpoador.
TT são iniciais do outro sócio no negócio, Thomas Troisgros, filho de Claude.
Bia na São Clemente
Bia Lessa, a diretora teatral responsável por trabalhos como a instalação “Humanidade”, na Rio+20, é a nova carnavalesca da São Clemente, a irreverente agremiação da Zona Sul carioca.
— Queremos fazer um trabalho totalmente diferente em 2014 — diz o presidente da escola, Renato Almeida Gomes, falando do enredo, que será sobre as favelas cariocas.
Fala, Mangueira
A Mangueira vai ganhar uma nova quadra. Com projeto de Oscar Niemeyer (1907-2012), ela começará a ser erguida após o carnaval de 2014.
A construção ficará a cargo da prefeitura. Isso foi o que prometeu Eduardo Paes ao presidente da escola, Chiquinho da Mangueira.
Se acaso você chegasse
O fofo do Ricardo Cravo Albin num café da manhã, ontem, na Urca, lembrou ao secretário Carlos Minc que Cyro Monteiro estaria fazendo 100 anos.
Ato seguinte, pediu que todo mundo levantasse a xícara de café e começou a cantar “Se acaso você chegasse”, de Lupicínio Rodrigues e Felisberto Martins, sucesso na voz de Cyro.
URNA ELETRÔNICA - MÔNICA BERGAMO
FOLHA DE SP - 29/05
Confusão à vista na indicação de novos conselheiros do CNJ (Conselho Nacional de Justiça): os ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) devem anunciar em breve uma espécie de "concurso" para escolher os dois representantes do poder Judiciário no órgão. Tribunais do país, além dos magistrados da corte máxima, poderão indicar candidatos. O número de postulantes pode chegar perto de cem.
PORTA ABERTA
Na prática, a medida contorna as indicações de Joaquim Barbosa. Como é praxe, na condição de presidente do STF, ele já tinha apresentado nomes para os cargos --o de uma desembargadora de Brasília e o de uma juíza de SP. Com o "concurso", elas passam a disputar as vagas com dezenas de candidatos.
MULTIDÃO
Barbosa apresentou os nomes em abril, depois de analisar o currículo das magistradas e com a intenção de aumentar a presença feminina no CNJ. Outros ministros pediram tempo para analisar e também para que o STF, desta vez, adotasse nova forma de indicação. O "concurso" deve resultar em disputa inédita e acirrada pela indicação, que cabe ao Supremo.
O HAITI É ALI
A Brasil Foods concluiu estudos de viabilidade para instalar uma unidade de produção de frango no Haiti. "Vamos montar uma pequena BRF lá", diz Wilson Mello, vice-presidente de assuntos corporativos da empresa. A companhia brasileira fez uma parceria com a Yunus Social Business, fundada pelo Nobel da Paz Muhammad Yunus, para o projeto.
POTE DE MÁGOAS
Segue tenso o clima entre vereadores do PT de São Paulo e a administração de Fernando Haddad (PT-SP). Apesar da disposição do próprio prefeito de negociar os vetos a projetos dos parlamentares do partido, há quem preveja que eles podem dar um "troco", fazendo corpo mole na aprovação de alguma proposta do Executivo.
EMPRESA FC
O Palmeiras é o primeiro clube a entrar no Lide, grupo fundado por João Doria Jr. para promover o encontro de empresas como Vale, Amil, Braskem, TAM e Coca-Cola.
BASQUIAT NO RIO
Uma grande exposição do artista e grafiteiro Jean-Michel Basquiat vai aportar no Centro Cultural Banco do Brasil do Rio, em agosto de 2014. Cerca de 70 telas do americano, vindas de coleções particulares de países como EUA, Alemanha e Rússia, integrarão a mostra.
BASQUIAT NO RIO 2
Vídeos e retratos de Basquiat e de seus trabalhos feitos por Andy Warhol também estarão na exposição, que terá um braço musical. Michael Holman, que ao lado de Basquiat e do ator Vincent Gallo formou a banda Gray, também fará um show. DJs brasileiros vão completar a programação. O projeto é orçado em R$ 13 milhões.
DILMA FRUSTRADA
Uma frase postada no sábado pelo perfil "Dilma Bolada", sátira inspirada na presidente e que tem 335 mil seguidores no Facebook, foi apagada pela rede social três horas depois de ir ao ar. Ela fazia referência a um processo contra o senador Aécio Neves (PSDB-MG). "Inventar mentira contra mim é mole, querido", dizia a piada, como se fosse escrita pela petista. "Fiquei frustrado", afirma Jeferson Monteiro, administrador da página.
DIRETO AO PONTO
A assessoria de imprensa do Facebook, que se reserva o direito de excluir postagens que descumpririam suas regras, diz que não comenta casos específicos.
NEM MOCINHO NEM BANDIDO
Neymar, 21, recém-contratado pelo Barcelona, é capa da revista "GQ".
O craque conta que usa perfume para treinar e jogar e afirma que não é "incontestável". "No futebol, um dia você joga bem e no outro, não. A cobrança sempre vai existir e eu já estou acostumado com isso em qualquer estádio em que jogo, pelo clube e pela seleção. Não penso em ser herói e muito menos vilão, nunca pensei. Jogo pelo time, porque futebol é coletivo."
SUBO NESSE PALCO
O Prêmio Aplauso Brasil de Teatro, anteontem, reuniu na SP Escola de Teatro os atores Bruno Fagundes, Maria Alice Vergueiro, Rubens Caribé, Raul Barretto, José Rubens Chachá e Cléo De Páris.
CASA DE REVISTA
A Casa Cor foi aberta no domingo no Jockey Club de São Paulo. Angelo Derenze, presidente do evento de decoração, recebeu os convidados ao lado da mulher, Walkiria. Os arquitetos João Armentano e Dado Castello Branco participaram.
CURTO-CIRCUITO
Luan Santana vai gravar um DVD em 3 de julho na Arena Maeda, em Itu.
O livro "Flexões - Um Estudo sobre a Sexualidade Plural", de André Martins e João Zambom, será lançado às 19h, na Livraria Cultura do Conjunto Nacional.
Reinaldo Lourenço apresenta coleção de verão, nos Jardins, hoje, às 10h.
O empresário André Almada faz seis festas até domingo, durante a semana da Parada LGBT, no Grand Metrópole, The Week e Nacional Atlético Clube. 18.
PORTA ABERTA
Na prática, a medida contorna as indicações de Joaquim Barbosa. Como é praxe, na condição de presidente do STF, ele já tinha apresentado nomes para os cargos --o de uma desembargadora de Brasília e o de uma juíza de SP. Com o "concurso", elas passam a disputar as vagas com dezenas de candidatos.
MULTIDÃO
Barbosa apresentou os nomes em abril, depois de analisar o currículo das magistradas e com a intenção de aumentar a presença feminina no CNJ. Outros ministros pediram tempo para analisar e também para que o STF, desta vez, adotasse nova forma de indicação. O "concurso" deve resultar em disputa inédita e acirrada pela indicação, que cabe ao Supremo.
O HAITI É ALI
A Brasil Foods concluiu estudos de viabilidade para instalar uma unidade de produção de frango no Haiti. "Vamos montar uma pequena BRF lá", diz Wilson Mello, vice-presidente de assuntos corporativos da empresa. A companhia brasileira fez uma parceria com a Yunus Social Business, fundada pelo Nobel da Paz Muhammad Yunus, para o projeto.
POTE DE MÁGOAS
Segue tenso o clima entre vereadores do PT de São Paulo e a administração de Fernando Haddad (PT-SP). Apesar da disposição do próprio prefeito de negociar os vetos a projetos dos parlamentares do partido, há quem preveja que eles podem dar um "troco", fazendo corpo mole na aprovação de alguma proposta do Executivo.
EMPRESA FC
O Palmeiras é o primeiro clube a entrar no Lide, grupo fundado por João Doria Jr. para promover o encontro de empresas como Vale, Amil, Braskem, TAM e Coca-Cola.
BASQUIAT NO RIO
Uma grande exposição do artista e grafiteiro Jean-Michel Basquiat vai aportar no Centro Cultural Banco do Brasil do Rio, em agosto de 2014. Cerca de 70 telas do americano, vindas de coleções particulares de países como EUA, Alemanha e Rússia, integrarão a mostra.
BASQUIAT NO RIO 2
Vídeos e retratos de Basquiat e de seus trabalhos feitos por Andy Warhol também estarão na exposição, que terá um braço musical. Michael Holman, que ao lado de Basquiat e do ator Vincent Gallo formou a banda Gray, também fará um show. DJs brasileiros vão completar a programação. O projeto é orçado em R$ 13 milhões.
DILMA FRUSTRADA
Uma frase postada no sábado pelo perfil "Dilma Bolada", sátira inspirada na presidente e que tem 335 mil seguidores no Facebook, foi apagada pela rede social três horas depois de ir ao ar. Ela fazia referência a um processo contra o senador Aécio Neves (PSDB-MG). "Inventar mentira contra mim é mole, querido", dizia a piada, como se fosse escrita pela petista. "Fiquei frustrado", afirma Jeferson Monteiro, administrador da página.
DIRETO AO PONTO
A assessoria de imprensa do Facebook, que se reserva o direito de excluir postagens que descumpririam suas regras, diz que não comenta casos específicos.
NEM MOCINHO NEM BANDIDO
Neymar, 21, recém-contratado pelo Barcelona, é capa da revista "GQ".
O craque conta que usa perfume para treinar e jogar e afirma que não é "incontestável". "No futebol, um dia você joga bem e no outro, não. A cobrança sempre vai existir e eu já estou acostumado com isso em qualquer estádio em que jogo, pelo clube e pela seleção. Não penso em ser herói e muito menos vilão, nunca pensei. Jogo pelo time, porque futebol é coletivo."
SUBO NESSE PALCO
O Prêmio Aplauso Brasil de Teatro, anteontem, reuniu na SP Escola de Teatro os atores Bruno Fagundes, Maria Alice Vergueiro, Rubens Caribé, Raul Barretto, José Rubens Chachá e Cléo De Páris.
CASA DE REVISTA
A Casa Cor foi aberta no domingo no Jockey Club de São Paulo. Angelo Derenze, presidente do evento de decoração, recebeu os convidados ao lado da mulher, Walkiria. Os arquitetos João Armentano e Dado Castello Branco participaram.
CURTO-CIRCUITO
Luan Santana vai gravar um DVD em 3 de julho na Arena Maeda, em Itu.
O livro "Flexões - Um Estudo sobre a Sexualidade Plural", de André Martins e João Zambom, será lançado às 19h, na Livraria Cultura do Conjunto Nacional.
Reinaldo Lourenço apresenta coleção de verão, nos Jardins, hoje, às 10h.
O empresário André Almada faz seis festas até domingo, durante a semana da Parada LGBT, no Grand Metrópole, The Week e Nacional Atlético Clube. 18.
O direito das minorias - ZUENIR VENTURA
O GLOBO - 29/05
Quando eu era pequeno e queria ser padre, aprendi que Jesus estava em todos os lugares discretamente, sem espalhafato, em silêncio, quase sem ser notado, a não ser pelos efeitos de seus milagres. No sábado passado, porém, aprendi que ele pode ser introduzido em algum lugar por meio de músicas em alto volume, gritos e anátemas. Isso se deu quando mais de mil pessoas estavam assistindo ao concerto da Orquestra de Câmera Franz Liszt, no Teatro Municipal, enquanto do lado de fora acontecia a Marcha para Jesus, que, depois de percorrer o Centro da cidade com sete trios elétricos, terminava com um show de cantores evangélicos num palco nas escadarias da Câmara de Vereadores. Embalada por um coro de anunciados 500 mil fiéis, já que todos pareciam conhecer os sucessos, a "festa gospel" tomou conta da Cinelândia e, como não podia deixar de ser, "vazou" para dentro do teatro. O ruído invasivo, perceptível em alguns pontos mais do que em outros, interferia num delicado concerto de violinos, violas, violoncelos e contrabaixo, com a participação especial do franco-suíço Emmanuel Pahud, um dos maiores flautistas da atualidade. O som que saía de sua flauta de ouro - é de ouro não só por causa do material de que é feita, mas pelos acordes que emite - conduzia Bach, Vivaldi ou Mozart a uma dimensão celestial, com licença pelo uso do termo.Nada contra a Marcha, um espetáculo alegre e festivo, embora eu preferisse que o apresentador fosse menos belicoso e obscurantista. Não precisava amaldiçoar tanto e entregar a Satanás os que não comungam da mesma ira contra homossexualismo, casamento gay e aborto (sobrou até para a presidente Dilma). Mas, de qualquer maneira, a culpa pela duplicidade de eventos conflitantes no mesmo lugar não é dos evangélicos, e sim de quem autorizou a realização simultânea, sem antes consultar a programação do Municipal. Para não parecer privilégio elitista, pode-se argumentar que o espaço em que o concerto foi realizado criou uma tradição, pois abriga há mais de cem anos esse tipo de manifestação cultural, enquanto a Marcha tinha à sua disposição outros lugares até mais apropriados, como Sambódromo, Aterro e o Parque de Madureira, já que cerca de 300 ônibus trouxeram público da Zona Norte, subúrbios e Baixada Fluminense.
Afinal, democracia é quando a vontade da maioria respeita o direito das minorias.
PS. Salve a Comlurb. Para chegar ao Municipal, passava-se por montes de lixo. Ao sair, as ruas em volta estavam completamente limpas. Uma beleza.
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O humorista Tutty Vasques, do Estadão, publicou que Alice, minha neta, e Lucinda, a do Verissimo, vão ser tema de uma mesa de debate na próxima Flip (de uma só?). Até agora, porém, não fomos comunicados oficialmente.
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Na Marcha para Jesus, um apresentador belicoso e obscurantista. Não precisava amaldiçoar e entregar a Satanás os que não comungam da mesma ira contra homossexualismo, casamento gay e aborto
Afinal, democracia é quando a vontade da maioria respeita o direito das minorias.
PS. Salve a Comlurb. Para chegar ao Municipal, passava-se por montes de lixo. Ao sair, as ruas em volta estavam completamente limpas. Uma beleza.
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O humorista Tutty Vasques, do Estadão, publicou que Alice, minha neta, e Lucinda, a do Verissimo, vão ser tema de uma mesa de debate na próxima Flip (de uma só?). Até agora, porém, não fomos comunicados oficialmente.
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Na Marcha para Jesus, um apresentador belicoso e obscurantista. Não precisava amaldiçoar e entregar a Satanás os que não comungam da mesma ira contra homossexualismo, casamento gay e aborto
O troco em balinha - MARCELO COELHO
FOLHA DE SP - 29/05
Anúncios contra a pirataria no Brasil e nos Estados Unidos ajudam a reavaliar a diferença entre os países
Comprei pouquíssimos DVDs piratas ao longo da vida. Uma vez, há dez anos, em total estado de inocência, vi que existia uma banquinha na frente do Espaço Unibanco, e achei que era uma espécie de sebo ou venda de ocasião.
Nesse espírito, levei uma coleção de filmes sobre a história do jazz. Mais parecia um samba de breque.
Muito tempo depois, ou melhor, no mês passado, comprei uma leva dos filmes do Oscar que eu não tinha conseguido ver. O DVD não ficava empacando o tempo todo.
Mesmo assim, a experiência deixou a desejar. "O Mestre", por exemplo, filme bastante chato sobre o criador da cientologia, tinha legendas mais absurdas do que as próprias teorias apresentadas durante a história.
Prefiro comprar DVDs "seminovos" ou remexer nos saldões da Blockbuster. Claro, isso me deixa mais desatualizado do que nunca em termos de cinema americano. Enfim, há vantagens e desvantagens.
Mas talvez o melhor do DVD pirata esteja no fato de que ali, pelo menos, não temos de ver anúncios contra a pirataria.
O que mais me irrita, nesse tipo de coisa, é que eles desabilitam o seu controle remoto: não consigo pular o anúncio. Sou obrigado a assisti-lo, a ser doutrinado na defesa dos direitos de Steven Spielberg, dos donos da Fox.
Os anúncios brasileiros são bastante criativos, aliás. Mas o interessante é quando você topa com uma mensagem americana contra a pirataria. A comparação pode ser instrutiva quanto às diferenças de mentalidade nos dois países.
Nos Estados Unidos, eles mostram dois consumidores. Bill, conta o anúncio, chamou os amigos para assistir um filme em casa. Está tudo pronto, a cerveja, a pipoca. Tony, em outro apartamento, fez o mesmo.
Só que Tony comprou um DVD pirata. O som é péssimo; a imagem, turva. Pobre Tony! Seus amigos o abandonam. Ele luta com o controle remoto, e as pipocas se espalham pelo chão. Ficou sozinho. Não é mais popular. É um "loser".
No Brasil, como se sabe, os anúncios antipirataria têm outro conteúdo. O vendedor de DVDs piratas dá o troco "em balinha": são munições de metralhadora.
Ou então é o pai edificante, repreendendo o filho porque colou o trabalho do colégio. Só que assiste ao DVD pirata. O filho o repreende em troca.
Embora eu não tenha certeza das ligações entre pirataria e tráfico de drogas (ou sequestro, ou terroristas da Al Qaeda), reconheço nos anúncios brasileiros um conteúdo moral mais elevado. Trata-se de apelar para o respeito à lei.
Nos Estados Unidos, o apelo é aos interesses do próprio consumidor. Que se refletem, sobretudo, na aprovação dos seus pares.
Usando a velha distinção de David Riesman, em "A Multidão Solitária", seria o caso de dizer que o brasileiro seria ainda um exemplo de cidadão "autodirigido", ou seja, alguém que incorporou dentro de si a legalidade.
Precisa ser apenas, digamos, melhor informado sobre a lei específica em questão, mas haverá de colaborar. Quer se olhar no espelho e se enxergar como um cidadão de bem.
Já o espectador americano perdeu qualquer senso de civismo. Na tipologia de Riesman, é o "heterodirigido": não pensa em ficar bem consigo mesmo, mas sim em ficar bem com os amigos. Não quer ser visto como um muquirana, um pobretão, um molambento eletrônico.
Estaremos tão bem assim em termos de escala de valores? Há algum tempo, tudo levaria a crer que passaria por otário, por um "caxias", o sujeito que não compra DVDs piratas. Hoje, o apelo do anúncio brasileiro se dirige aos admiradores de Joaquim Barbosa.
Se funciona ou não, é outro caso. Será menor o comércio pirata em São Paulo do que em Los Angeles?
Talvez o anúncio relacionando crime organizado e pirataria convença menos por lá. Afinal, num mundo em que os direitos autorais são uma fonte de renda tantas vezes ilegítima (basta pensar no quanto ganham os netos de um escritor morto há décadas), a condenação à pirataria é um bocado problemática.
Já se mudou a legislação a respeito, estendendo a validade dos direitos sobre uma obra, para responder a um risco iminente: o de que a imagem de Mickey Mouse passasse ao domínio público.
Com lei ou não, é ainda o mundo de Tio Patinhas; Donald, certamente, tenta o DVD pirata, enquanto os escoteiros-mirins suspiram desolados.
Anúncios contra a pirataria no Brasil e nos Estados Unidos ajudam a reavaliar a diferença entre os países
Comprei pouquíssimos DVDs piratas ao longo da vida. Uma vez, há dez anos, em total estado de inocência, vi que existia uma banquinha na frente do Espaço Unibanco, e achei que era uma espécie de sebo ou venda de ocasião.
Nesse espírito, levei uma coleção de filmes sobre a história do jazz. Mais parecia um samba de breque.
Muito tempo depois, ou melhor, no mês passado, comprei uma leva dos filmes do Oscar que eu não tinha conseguido ver. O DVD não ficava empacando o tempo todo.
Mesmo assim, a experiência deixou a desejar. "O Mestre", por exemplo, filme bastante chato sobre o criador da cientologia, tinha legendas mais absurdas do que as próprias teorias apresentadas durante a história.
Prefiro comprar DVDs "seminovos" ou remexer nos saldões da Blockbuster. Claro, isso me deixa mais desatualizado do que nunca em termos de cinema americano. Enfim, há vantagens e desvantagens.
Mas talvez o melhor do DVD pirata esteja no fato de que ali, pelo menos, não temos de ver anúncios contra a pirataria.
O que mais me irrita, nesse tipo de coisa, é que eles desabilitam o seu controle remoto: não consigo pular o anúncio. Sou obrigado a assisti-lo, a ser doutrinado na defesa dos direitos de Steven Spielberg, dos donos da Fox.
Os anúncios brasileiros são bastante criativos, aliás. Mas o interessante é quando você topa com uma mensagem americana contra a pirataria. A comparação pode ser instrutiva quanto às diferenças de mentalidade nos dois países.
Nos Estados Unidos, eles mostram dois consumidores. Bill, conta o anúncio, chamou os amigos para assistir um filme em casa. Está tudo pronto, a cerveja, a pipoca. Tony, em outro apartamento, fez o mesmo.
Só que Tony comprou um DVD pirata. O som é péssimo; a imagem, turva. Pobre Tony! Seus amigos o abandonam. Ele luta com o controle remoto, e as pipocas se espalham pelo chão. Ficou sozinho. Não é mais popular. É um "loser".
No Brasil, como se sabe, os anúncios antipirataria têm outro conteúdo. O vendedor de DVDs piratas dá o troco "em balinha": são munições de metralhadora.
Ou então é o pai edificante, repreendendo o filho porque colou o trabalho do colégio. Só que assiste ao DVD pirata. O filho o repreende em troca.
Embora eu não tenha certeza das ligações entre pirataria e tráfico de drogas (ou sequestro, ou terroristas da Al Qaeda), reconheço nos anúncios brasileiros um conteúdo moral mais elevado. Trata-se de apelar para o respeito à lei.
Nos Estados Unidos, o apelo é aos interesses do próprio consumidor. Que se refletem, sobretudo, na aprovação dos seus pares.
Usando a velha distinção de David Riesman, em "A Multidão Solitária", seria o caso de dizer que o brasileiro seria ainda um exemplo de cidadão "autodirigido", ou seja, alguém que incorporou dentro de si a legalidade.
Precisa ser apenas, digamos, melhor informado sobre a lei específica em questão, mas haverá de colaborar. Quer se olhar no espelho e se enxergar como um cidadão de bem.
Já o espectador americano perdeu qualquer senso de civismo. Na tipologia de Riesman, é o "heterodirigido": não pensa em ficar bem consigo mesmo, mas sim em ficar bem com os amigos. Não quer ser visto como um muquirana, um pobretão, um molambento eletrônico.
Estaremos tão bem assim em termos de escala de valores? Há algum tempo, tudo levaria a crer que passaria por otário, por um "caxias", o sujeito que não compra DVDs piratas. Hoje, o apelo do anúncio brasileiro se dirige aos admiradores de Joaquim Barbosa.
Se funciona ou não, é outro caso. Será menor o comércio pirata em São Paulo do que em Los Angeles?
Talvez o anúncio relacionando crime organizado e pirataria convença menos por lá. Afinal, num mundo em que os direitos autorais são uma fonte de renda tantas vezes ilegítima (basta pensar no quanto ganham os netos de um escritor morto há décadas), a condenação à pirataria é um bocado problemática.
Já se mudou a legislação a respeito, estendendo a validade dos direitos sobre uma obra, para responder a um risco iminente: o de que a imagem de Mickey Mouse passasse ao domínio público.
Com lei ou não, é ainda o mundo de Tio Patinhas; Donald, certamente, tenta o DVD pirata, enquanto os escoteiros-mirins suspiram desolados.
Brinquedos de meninos - HÉLIO SCHWARTSMAN
FOLHA DE SP - 29/05
SÃO PAULO - Hoje eu peço licença para discordar da geralmente ótima Rosely Sayão. Há fortes evidências a sugerir que as preferências de meninos e meninas por brinquedos específicos para cada gênero envolvem mais do que preconceitos, estereótipos e a irresponsabilidade social de fabricantes. Ao que tudo indica, existe uma base biológica para as distintas predileções.
Para começar, brincadeiras típicas de machos e fêmeas não são uma exclusividade humana. Em 2010, o primatologista Richard Wrangham, de Harvard, ganhou manchetes ao publicar um estudo descrevendo como fêmeas jovens de chimpanzés brincavam com pedaços de pau como se fossem bonecas. Elas chegavam a construir ninhos na floresta para acomodar os gravetos à noite. Machos da mesma idade por vezes topavam brincar de casinha com elas, mas o uso preferencial que davam aos galhos era o de armas simuladas.
Aparentemente, os níveis de exposição do feto a hormônios respondem ao menos em parte pela predisposição. Em 2009, Bonnie Auyeung e colaboradores mostraram que meninas que estiveram expostas a mais testosterona durante a gravidez tendiam na infância a engajar-se mais em brincadeiras típicas de garotos. No caso de animais não humanos, cientistas foram capazes de mudar o comportamento de jovens manipulando os hormônios fetais.
E quanto às cores? O rosa para meninas e o azul para meninos. Isso pelo menos é um capricho, uma arbitrariedade cultural que impomos a nossos filhos, certo? Talvez não.
Estudos com mamíferos revelam que fêmeas preferem cores mais quentes como vermelho e rosa. Em machos não há uma predileção clara. No caso de humanos, esse padrão aparece mesmo quando lidamos com culturas bem distintas, como norte-americanos e chineses.
A biologia talvez não explique todas as diferenças, mas revela que não somos uma tábula rasa de gênero.
SÃO PAULO - Hoje eu peço licença para discordar da geralmente ótima Rosely Sayão. Há fortes evidências a sugerir que as preferências de meninos e meninas por brinquedos específicos para cada gênero envolvem mais do que preconceitos, estereótipos e a irresponsabilidade social de fabricantes. Ao que tudo indica, existe uma base biológica para as distintas predileções.
Para começar, brincadeiras típicas de machos e fêmeas não são uma exclusividade humana. Em 2010, o primatologista Richard Wrangham, de Harvard, ganhou manchetes ao publicar um estudo descrevendo como fêmeas jovens de chimpanzés brincavam com pedaços de pau como se fossem bonecas. Elas chegavam a construir ninhos na floresta para acomodar os gravetos à noite. Machos da mesma idade por vezes topavam brincar de casinha com elas, mas o uso preferencial que davam aos galhos era o de armas simuladas.
Aparentemente, os níveis de exposição do feto a hormônios respondem ao menos em parte pela predisposição. Em 2009, Bonnie Auyeung e colaboradores mostraram que meninas que estiveram expostas a mais testosterona durante a gravidez tendiam na infância a engajar-se mais em brincadeiras típicas de garotos. No caso de animais não humanos, cientistas foram capazes de mudar o comportamento de jovens manipulando os hormônios fetais.
E quanto às cores? O rosa para meninas e o azul para meninos. Isso pelo menos é um capricho, uma arbitrariedade cultural que impomos a nossos filhos, certo? Talvez não.
Estudos com mamíferos revelam que fêmeas preferem cores mais quentes como vermelho e rosa. Em machos não há uma predileção clara. No caso de humanos, esse padrão aparece mesmo quando lidamos com culturas bem distintas, como norte-americanos e chineses.
A biologia talvez não explique todas as diferenças, mas revela que não somos uma tábula rasa de gênero.
Contra o crime - SONIA RACY
ESTADÃO - 29/05
Alckmin prepara reformulação no Disque Denúncia. Criará nova modalidade de denúncia (além da anônima), que premiará, financeiramente, quem ajudar a elucidar crimes. Para tanto, será preciso se identificar.
Ainda há dúvida se o sistema funcionará por meio do atual telefone do DD – o 181 – ou se um novo número será criado.
Assim como o bônus a policiais, o projeto faz parte do pacote de medidas do governo para a área da segurança.
Vai saber…
Quem conversou reservadamente com integrantes do BC deduziu que o Copom vai aumentar a taxa de juros, hoje, em meio ponto porcentual.
A conferir se o BC conseguiu administrar as expectativas.
Suspense
Deve sair ainda esta semana a venda da Alphaville Participações, que pertence à Gafisa. Para fundo peso-pesado.
O valor total da empresa é estimado em R$ 2 bilhões.
Contra o tempo
Foram tantos pedidos de fotos a Celso Russomanno na posse de Rogério Hamam no Desenvolvimento Social, ontem, que ele quase não chega a tempo de comandar quadro no Programa da Tarde, na Record.
In memoriam
No processo para tentar deslocar sua imagem da Universal, o PRB nomeará a fundação do partido de… José Alencar.
Sobre quatro patas
A direção do Jockey enviou comunicado aos associados, informando que vai reter 30% do valor dos prêmios das corridas, aumentar de 2% para 5% a taxa de inscrição para animais de até 4 anos e cobrar taxa de inscrição de 10% para algumas provas.
Além disso, pretende elevar a retirada de apostas.
Quatro patas 2
Justificativa? O “terrível impacto de imagem provocado pela atuação isolada de um pequeno grupo de associados e moradores da região”, diz o comunicado.
No ar
A TAM Aviação Executiva pretende fazer festa no dia 8 de junho. Vai expor aeronaves modelo Cessna e um helicóptero 429 da Bells no evento Fly & Drive Experience, que acontece no hangar da empresa, em Jundiaí.
Detalhe: 70 pessoas do mailing têm carros acima de R$ 1 milhão.
Duelo em outro campo
Corinthians e Boca Juniors deixarão o futebol de lado para jogar… polo. É a Copa Ouro São José Polo Audi, sob o comando de José Eduardo Kalil.
E os argentinos contarão com um artilheiro de Copa do Mundo: Gabriel Batistuta. Além de Ernesto Gutierrez.
Já do lado brasileiro estão confirmados os polistas Felipe Rodrigues e Calão Mello.
Na frente
Alckmin estará, hoje, ao vivo na bancada do Balanço Geral, da Record Santos. Um dia depois de acomodar em seu governo o PRB, partido ligado à emissora e à Igreja Universal do Reino de Deus.
Além da Prada – ontem, no Shopping JK –, também a Tiffany arma pré-estreia de O Grande Gatsby. Dia 6, no Cinemark Cidade Jardim. Ambas contribuíram para o filme.
Mauro Marsili, cônsul geral da Itália em São Paulo, organiza a Festa da República Italiana. Dia 4, no Iate Clube de Santos.
A Fendi abre sua primeira loja no Brasil. Terça-feira, com exposição e leilão de bolsas baguette. No Shopping Cidade Jardim.
E estreou ontem o BuscaLeg, espécie de Google do Poder Legislativo – que reúne todas as notícias sobre o Congresso. Gaiato digitou: “Dilma Rousseff”. Resposta? “Sua busca está sendo processada, mas ainda não encontrou nenhum resultado”.
Ainda há dúvida se o sistema funcionará por meio do atual telefone do DD – o 181 – ou se um novo número será criado.
Assim como o bônus a policiais, o projeto faz parte do pacote de medidas do governo para a área da segurança.
Vai saber…
Quem conversou reservadamente com integrantes do BC deduziu que o Copom vai aumentar a taxa de juros, hoje, em meio ponto porcentual.
A conferir se o BC conseguiu administrar as expectativas.
Suspense
Deve sair ainda esta semana a venda da Alphaville Participações, que pertence à Gafisa. Para fundo peso-pesado.
O valor total da empresa é estimado em R$ 2 bilhões.
Contra o tempo
Foram tantos pedidos de fotos a Celso Russomanno na posse de Rogério Hamam no Desenvolvimento Social, ontem, que ele quase não chega a tempo de comandar quadro no Programa da Tarde, na Record.
In memoriam
No processo para tentar deslocar sua imagem da Universal, o PRB nomeará a fundação do partido de… José Alencar.
Sobre quatro patas
A direção do Jockey enviou comunicado aos associados, informando que vai reter 30% do valor dos prêmios das corridas, aumentar de 2% para 5% a taxa de inscrição para animais de até 4 anos e cobrar taxa de inscrição de 10% para algumas provas.
Além disso, pretende elevar a retirada de apostas.
Quatro patas 2
Justificativa? O “terrível impacto de imagem provocado pela atuação isolada de um pequeno grupo de associados e moradores da região”, diz o comunicado.
No ar
A TAM Aviação Executiva pretende fazer festa no dia 8 de junho. Vai expor aeronaves modelo Cessna e um helicóptero 429 da Bells no evento Fly & Drive Experience, que acontece no hangar da empresa, em Jundiaí.
Detalhe: 70 pessoas do mailing têm carros acima de R$ 1 milhão.
Duelo em outro campo
Corinthians e Boca Juniors deixarão o futebol de lado para jogar… polo. É a Copa Ouro São José Polo Audi, sob o comando de José Eduardo Kalil.
E os argentinos contarão com um artilheiro de Copa do Mundo: Gabriel Batistuta. Além de Ernesto Gutierrez.
Já do lado brasileiro estão confirmados os polistas Felipe Rodrigues e Calão Mello.
Na frente
Alckmin estará, hoje, ao vivo na bancada do Balanço Geral, da Record Santos. Um dia depois de acomodar em seu governo o PRB, partido ligado à emissora e à Igreja Universal do Reino de Deus.
Além da Prada – ontem, no Shopping JK –, também a Tiffany arma pré-estreia de O Grande Gatsby. Dia 6, no Cinemark Cidade Jardim. Ambas contribuíram para o filme.
Mauro Marsili, cônsul geral da Itália em São Paulo, organiza a Festa da República Italiana. Dia 4, no Iate Clube de Santos.
A Fendi abre sua primeira loja no Brasil. Terça-feira, com exposição e leilão de bolsas baguette. No Shopping Cidade Jardim.
E estreou ontem o BuscaLeg, espécie de Google do Poder Legislativo – que reúne todas as notícias sobre o Congresso. Gaiato digitou: “Dilma Rousseff”. Resposta? “Sua busca está sendo processada, mas ainda não encontrou nenhum resultado”.
Caixa! O Dudu tá lendo errado! - JOSÉ SIMÃO
FOLHA DE SP - 29/05
E o prefeito Eduardo Paes acusado de agredir músico. Ele só queria incluir o UFC nas Olimpíadas
Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! Direto do País da Piada Pronta: "Grupo é preso ao fazer gato em peixaria de BH". É muita sacanagem fazer gato em peixaria! Rarará.
E tem uma agência da Caixa Econômica num bairro em Porto Alegre: Caixa agência Tristeza! Achei! Descobri a origem dos boatos de extinção do Bolsa Família: agência Tristeza! Rarará!
Foi nessa tristeza que começaram os boatos!
E essa confusão toda da Caixa? O Dudu tá lendo. Só que errado! Deviam fazer um novo comercial da Caixa: "O Dudu tá lendo errado!". Rarará!
E o prefeito Eduardo Paes acusado de agredir músico? Ele só queria incluir o UFC nas Olimpíadas!
E o agredido que xingava o prefeito se chama Botkay! Devia se chamar Batekay!
E o Sensacionalista revela que Paes pediu desculpas à população: "Eu não devia ter dado um soco, devia ter dado uns dez". Rarará!
Olha, se me xingassem de "bosta e vagabundo", como esse cara fez com o prefeito, eu dava uma voadora nas oreia! Rarará!
E adorei essa faixa na Marcha das Vadias em Porto Alegre: "Tenho orgasmos, e o Marco Feliciano não me representa".
E um pastor que xingou as participantes da Marcha das Vadias de comunistas?! Rarará!
E o Marco Feliciano confirmou presença na Parada Gay. Fantasiado de armário! Vai sair em cima de um trio elétrico fantasiado de armário e chapinha! Rarará.
E o Kibeloco revela mais duas manchetes para 2030! Como será o Brasil em 2030.
Entretenimento: 1) "Carro inteligente é atropelado em programa matinal por loira que pensa". Isso, até 2030 a Ana Maria Braga vai pensar. Rarará!
2) "Ex de Ju Paes fica com futura ex de Galisteu que é ex de ex-ex-BBB". Rarará! É mole? É mole, mas sobe!
Os Predestinados! É que em Fortaleza tem um médico obstetra: dr. Kitt Rôla!
E o chefe de segurança da Copa das Confederações que proibiu a caxirola se chama Hilário! Não pode! Não inspira respeito.
"Não pode entrar no estádio com a caxirola". Quaquaquá! Hilário.
"Não pode subir nas cadeiras". Quaquaquá! Hilário! Rarará.
Nóis sofre mas nóis goza!
Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!
E o prefeito Eduardo Paes acusado de agredir músico. Ele só queria incluir o UFC nas Olimpíadas
Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! Direto do País da Piada Pronta: "Grupo é preso ao fazer gato em peixaria de BH". É muita sacanagem fazer gato em peixaria! Rarará.
E tem uma agência da Caixa Econômica num bairro em Porto Alegre: Caixa agência Tristeza! Achei! Descobri a origem dos boatos de extinção do Bolsa Família: agência Tristeza! Rarará!
Foi nessa tristeza que começaram os boatos!
E essa confusão toda da Caixa? O Dudu tá lendo. Só que errado! Deviam fazer um novo comercial da Caixa: "O Dudu tá lendo errado!". Rarará!
E o prefeito Eduardo Paes acusado de agredir músico? Ele só queria incluir o UFC nas Olimpíadas!
E o agredido que xingava o prefeito se chama Botkay! Devia se chamar Batekay!
E o Sensacionalista revela que Paes pediu desculpas à população: "Eu não devia ter dado um soco, devia ter dado uns dez". Rarará!
Olha, se me xingassem de "bosta e vagabundo", como esse cara fez com o prefeito, eu dava uma voadora nas oreia! Rarará!
E adorei essa faixa na Marcha das Vadias em Porto Alegre: "Tenho orgasmos, e o Marco Feliciano não me representa".
E um pastor que xingou as participantes da Marcha das Vadias de comunistas?! Rarará!
E o Marco Feliciano confirmou presença na Parada Gay. Fantasiado de armário! Vai sair em cima de um trio elétrico fantasiado de armário e chapinha! Rarará.
E o Kibeloco revela mais duas manchetes para 2030! Como será o Brasil em 2030.
Entretenimento: 1) "Carro inteligente é atropelado em programa matinal por loira que pensa". Isso, até 2030 a Ana Maria Braga vai pensar. Rarará!
2) "Ex de Ju Paes fica com futura ex de Galisteu que é ex de ex-ex-BBB". Rarará! É mole? É mole, mas sobe!
Os Predestinados! É que em Fortaleza tem um médico obstetra: dr. Kitt Rôla!
E o chefe de segurança da Copa das Confederações que proibiu a caxirola se chama Hilário! Não pode! Não inspira respeito.
"Não pode entrar no estádio com a caxirola". Quaquaquá! Hilário.
"Não pode subir nas cadeiras". Quaquaquá! Hilário! Rarará.
Nóis sofre mas nóis goza!
Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!
Rhayneres e Danilos - TOSTÃO
FOLHA DE SP - 29/05
Há, no Brasil, muitos meias-atacantes velozes e dribladores e poucos com muita técnica e lucidez
Por causa de más atuações e da força do Olimpia, em casa, o Fluminense corre grandes riscos de ser eliminado. Já o Atlético-MG, no Independência, é favoritíssimo.
Na primeira partida entre Fluminense e Olimpia, vi, pela primeira vez, na íntegra, o jovem Rhayner jogar. Ele tem sido bastante elogiado. Lembrei-me de Negueba, quando atuava pelo Flamengo, hoje contratado pelo São Paulo. Negueba está contundido. Ney Franco, que era treinador da seleção sub-20, deve ter gostado muito do jogador.
Escrevi, tempos atrás, uma crônica com o título: "País dos Neguebas". Alertava que o Brasil produz, cada vez mais, do meio para a frente, jogadores como Negueba e Rhayner, velozes, dribladores, mas com pouca técnica e lucidez. Ameaçam muito e realizam pouco. Passam e finalizam mal. Parecem melhores do que são. Foi o que vi em Rhayner. Espero que ele e Negueba não sejam somente isso.
Esse tipo de jogador costuma brilhar nas categorias de base. No time profissional, perde a vantagem física e frustra seus admiradores.
Nos últimos tempos, proliferaram, no Brasil, os Neguebas e os Rhayneres, em detrimentos dos Danilos. O jogador do Corinthians tem características opostas. Possui pouca velocidade e mobilidade. Dribla pouco, mas tem muita técnica e lucidez. Passa e finaliza bem. É melhor que parece. Seus inúmeros gols, em jogos decisivos, não são coincidência.
Evidentemente, há jogadores nos estilos de Rhayner e Danilo, com variadas qualidades técnicas. Os craques são os que reúnem, em alto nível, as duas características.
Quem assistiu às partidas entre Borussia e Bayern e entre Flamengo e Santos percebeu que, além das diferenças individuais, os dois times alemães deixavam pouquíssimos espaços entre os setores, e quem estava com a bola era bastante pressionado. A distância entre o jogador mais recuado e o mais adiantado era a metade da do clássico brasileiro.
Já Corinthians e Botafogo mostraram um futebol moderno e eficiente. O Corinthians faz escola. O time, ao vencer vários títulos importantes, com uma estratégia parecida com a das melhores equipes do mundo, mostra que a opinião de que, no Brasil, por causa da tradição e do estilo, não dá para fazer certas coisas é conversa de preguiçoso e de incompetente. Quem não sabe aprende.
A moda é o futebol alemão. Para os "entendidos", o Barcelona e o futebol espanhol já eram. Para recuperar o trono, o Barça não precisa mudar o estilo. Tem de corrigir as várias deficiências. O time possui fracos reservas, em algumas posições, como na zaga, não recupera a bola como fazia, é deficiente nas jogadas aéreas defensivas, nunca usa o cruzamento --uma opção eficiente em alguns momentos--, além de não ter um excepcional atacante, fora Messi. Agora tem.
Há, no Brasil, muitos meias-atacantes velozes e dribladores e poucos com muita técnica e lucidez
Por causa de más atuações e da força do Olimpia, em casa, o Fluminense corre grandes riscos de ser eliminado. Já o Atlético-MG, no Independência, é favoritíssimo.
Na primeira partida entre Fluminense e Olimpia, vi, pela primeira vez, na íntegra, o jovem Rhayner jogar. Ele tem sido bastante elogiado. Lembrei-me de Negueba, quando atuava pelo Flamengo, hoje contratado pelo São Paulo. Negueba está contundido. Ney Franco, que era treinador da seleção sub-20, deve ter gostado muito do jogador.
Escrevi, tempos atrás, uma crônica com o título: "País dos Neguebas". Alertava que o Brasil produz, cada vez mais, do meio para a frente, jogadores como Negueba e Rhayner, velozes, dribladores, mas com pouca técnica e lucidez. Ameaçam muito e realizam pouco. Passam e finalizam mal. Parecem melhores do que são. Foi o que vi em Rhayner. Espero que ele e Negueba não sejam somente isso.
Esse tipo de jogador costuma brilhar nas categorias de base. No time profissional, perde a vantagem física e frustra seus admiradores.
Nos últimos tempos, proliferaram, no Brasil, os Neguebas e os Rhayneres, em detrimentos dos Danilos. O jogador do Corinthians tem características opostas. Possui pouca velocidade e mobilidade. Dribla pouco, mas tem muita técnica e lucidez. Passa e finaliza bem. É melhor que parece. Seus inúmeros gols, em jogos decisivos, não são coincidência.
Evidentemente, há jogadores nos estilos de Rhayner e Danilo, com variadas qualidades técnicas. Os craques são os que reúnem, em alto nível, as duas características.
Quem assistiu às partidas entre Borussia e Bayern e entre Flamengo e Santos percebeu que, além das diferenças individuais, os dois times alemães deixavam pouquíssimos espaços entre os setores, e quem estava com a bola era bastante pressionado. A distância entre o jogador mais recuado e o mais adiantado era a metade da do clássico brasileiro.
Já Corinthians e Botafogo mostraram um futebol moderno e eficiente. O Corinthians faz escola. O time, ao vencer vários títulos importantes, com uma estratégia parecida com a das melhores equipes do mundo, mostra que a opinião de que, no Brasil, por causa da tradição e do estilo, não dá para fazer certas coisas é conversa de preguiçoso e de incompetente. Quem não sabe aprende.
A moda é o futebol alemão. Para os "entendidos", o Barcelona e o futebol espanhol já eram. Para recuperar o trono, o Barça não precisa mudar o estilo. Tem de corrigir as várias deficiências. O time possui fracos reservas, em algumas posições, como na zaga, não recupera a bola como fazia, é deficiente nas jogadas aéreas defensivas, nunca usa o cruzamento --uma opção eficiente em alguns momentos--, além de não ter um excepcional atacante, fora Messi. Agora tem.
O Brasil precisa decidir - ANDRÉS MALAMUD
O GLOBO - 29/05
Sem pensamento estratégico vamos perder o que construímos." Assim falou Lula num encontro recente com intelectuais argentinos, segundo manchete do jornal pró-governo "Página/12". Para enfatizar que não se referia apenas ao Brasil, o ex-presidente acrescentou: "Ou crescemos juntos ou ficamos pobres todos juntos." As frases revelam duas preocupações. Por um lado, assinalam que não existe pensamento estratégico regional: se houvesse, não seria necessário alertar sobre a sua ausência.
Por outro lado, reflete a convicção de que o destino do Brasil é indissociável do da América do Sul.
Lula está em boa posição para defender a primeira afirmação, mas os fatos desmentem a segunda. Que falta pensamento estratégico, falta; mas os países da região não emergirão ou naufragarão em bloco. Pelo contrário, esta década testemunha uma novidade histórica: pela primeira vez em meio século, os caminhos se bifurcam. É preciso escolher.
Desde há cinquenta anos, a América do Sul move-se quase que em uníssono. A década de 1970 se caracterizou pelo retrocesso democrático (ditaduras na Argentina, no Brasil, no Chile e no Uruguai) e choques petrolíferos que afetaram cada país em função dos seus recursos: a Venezuela se beneficiou, mas a Argentina e o Chile sofreram e o milagre brasileiro acabou. Os anos 1980 trouxeram a recuperação coletiva da democracia e, ao mesmo tempo, ficaram conhecidos como "a década perdida" por causa da crise da dívida. Embora com um viés populista, nos anos 1990 a democracia resistiu em todos os países (exceto no Peru), e também em todos os países o neoliberalismo dominou as políticas econômicas. Como reação ao ajuste e consequente desemprego, na primeira década do século XXI houve uma guinada à esquerda: a onda cor de rosa varreu o continente e a direita ficou reduzida a enclaves como a Colômbia. A novidade chegou na década atual: os países sulamericanos, lenta mas consistentemente, começam a navegar em distintas direções. A Unasul, uma invenção brasileira de tenra idade, dilui- se dentro de uma América Latina maior. E a responsabilidade não é do culpado tradicional, os Estados Unidos, mas da potência que tende a substituí-lo: a China. A mudança de hegemonia esconde uma constante: o país que ordena a região continua sendo externo a ela.
Hoje, os que escolheram integrar-se ao mundo por meio do livre comércio crescem mais do que o resto. A Aliança do Pacífico, que reintroduz o México como membro da região ao lado do Chile, da Colômbia e do Peru, é a sensação do momento. Defronte à Aliança está a alternativa bolivariana encarnada pela Alba, que ostenta um pendor protecionista e cujo país-líder está afundando. O futuro político da Venezuela é incerto, mas o seu futuro econômico é tétrico. A Argentina, mesmo não pertencendo a nenhum dos dois blocos, se parece cada vez mais com o segundo. O terceiro grupo é o Brasil sozinho, espremido por um coração protecionista e um cérebro "aberturista". O seu desempenho econômico tem sido medíocre e, em consequência, quase nem pode consigo mesmo. O gigante carece da capacidade para intervir na vizinhança sob o risco de desmascarar a sua impotência e, por isso, limita- se a exercer uma suave e fraca influência. Mas o colapso iminente da Argentina e da Venezuela ameaça arrastá-lo e o debate interno se aquece: se o Brasil não pode resgatar os vizinhos, será que deve acompanhá-los? A resposta é óbvia e opções começam a ser estudadas. Uma delas é que o Mercosul imite a Comunidade Andina e, mantendo a ficção da integração, permita seus membros assinar tratados comerciais com terceiros países.
É verdade que a situação da Argentina ainda não é tão grave como a da Venezuela: ambas gozam de governos ruins, mas apenas Caracas sofre a maldição dos recursos. Noutras palavras, a crise argentina é autoinfligida e reversível. Porém, confiar na reversão é um risco que o Brasil não precisa correr. E, se o Brasil decidisse seguir em frente, aos argentinos apenas restaria o consolo de levantar a Copa no Maracanã.
Sem dúvidas, entre vencer o Mundial ou conceber um pensamento estratégico, muitos argentinos elegeriam a primeira opção. A eles, o seu governo os representa bem. Será que o brasileiro também?
Uma ponte para o Sul - ROSÂNGELA BITTAR
Valor Econômico - 29/05
É público que Jorge Bornhausen, ex-ministro, ex-senador, ex-embaixador, ex-governador, atualmente sem filiação partidária, investiu uns 15 anos de sua vida política na carreira de Gilberto Kassab, o ex-prefeito de São Paulo que abrigou no PFL, vindo do PL, e apoiou na difícil tarefa de criar um novo partido, o PSD, quando ambos se apartaram do DEM. É uma cacofonia de siglas, mas todas guardando uma certa coerência política. Esta semana, deu-se uma nova virada nos rumos da política que Bornhausen pratica. Reuniu-se com Kassab para uma conversa que não chegou a ser de despedida, porque são e continuarão amigos, mas para troca de impressões sobre os caminhos agora opostos que trilharão.
Bornhausen, mesmo sem filiação partidária e sem candidatura, estará sempre do lado oposto ao do PT na política. Kassab agora é aliado do PT, vai apoiar Dilma Rousseff em sua campanha de reeleição, seu partido integra o Ministério do governo petista.
Bornhausen recusa a ideia corrente no DEM de que ele foi o criador de Kassab. "Quando ele veio para o PFL já era deputado pelo PL. Já tinha uma posição de destaque, veio a meu convite para ajudar a formar o PFL de São Paulo, o que ele fez muito bem. Depois foi eleito deputado federal, foi vice-prefeito, prefeito, é meu amigo, gosto muito dele".
"Credibilidade é mais importante que popularidade"
O líder catarinense também não se acha decisivo na formação do PSD, mesmo que tenham aderido ao novo partido um governador e um senador do seu grupo, Raimundo Colombo e Kátia Abreu, além de seu filho Paulo Bornhausen.
"Eu apenas aconselhei os que me procuraram a examinar bem suas convicções, suas questões, mais nada. A decisão de Santa Catarina foi tomada em Santa Catarina, não foi por minha causa".
Há muitos anos Jorge Bornhausen traçou uma linha de separação dos campos políticos para não haver hipótese de tangenciar o PT, e com ela foi coerente, sempre. O PSD está com o PT, portanto dele se afastou, politicamente, pois já não é filiado.
Na verdade, desde que se desfiliou do DEM, Bornhausen não ingressou em nenhum outro partido. Por que não ir com o PSD às eleições presidenciais? "O PT de Santa Catarina sempre fez suas ações contra a minha pessoa. Tudo foi sempre pessoal. É uma questão de dignidade eu não votar nem apoiar qualquer candidato do PT", afirma Bornhausen.
Quem acompanha sua trajetória lembra-se da indignação que lhe provocaram os cartazes, elaborados e distribuídos pelo PT, anos atrás, com seu rosto colocado no corpo de Hittler. "Manifestações daquela natureza continuam até hoje", cita Bornhausen.
É também público que o ex-senador, ex-ministro, ex-governador, ex-embaixador, o líder político de Santa Catarina, está apoiando a candidatura presidencial de Eduardo Campos, o governador de Pernambuco, do PSB. Bornhausen virou socialista? Ele ri e afirma: "Eu votarei nele se vier a ser candidato e tudo indica que sim".
Definindo o que o ajuda a manter a coerência, afirma: "Eu acho que, em política, o mais importante não é a popularidade, é a credibilidade. Ao me manifestar em favor da candidatura do Eduardo Campos, eu me mantenho dentro da linha de credibilidade na minha vida política. Jamais poderia apoiar aqueles de quem sempre divergi, que eram os integrantes do PT", comenta.
Bornhausen declarou voto em Eduardo, e com ele já participou de algumas reuniões. O governador pernambucano convidou Paulo Bornhausen para filiar-se ao PSB, mas o deputado ainda não se decidiu. "Ele tem muito tempo, só precisa responder em setembro".
A opção por Eduardo Campos é uma guinada política na sua vida? Bornhausen se mostra impressionado com a atuação do governador: "Não, não é nenhuma guinada. Ele é um administrador moderno, vem executando suas tarefas tendo sempre em vista o desenvolvimento, o crescimento do seu Estado, utiliza-se de todos os meios modernos de administração, fazendo com que a meritocracia seja um critério integrante do sistema na educação, na saúde, na segurança, admiro seu trabalho. Dai porque, pessoalmente, já fiz a minha opção de voto".
O que vai acontecer com seu grupo, Bornhausen não arrisca prever, ainda. "Cabe ao deputado Paulo Bornhausen escolher o seu caminho. Ele já disse que também não acompanha a candidatura da Dilma. Quanto ao ingresso no PSB, ele recebeu um convite público do governador Eduardo Campos e está examinando, com outros companheiros, essa possibilidade".
O partido de Eduardo Campos tem uma comissão provisória em Santa Catarina, presidida pelo ex-senador Geraldo Althoff.
Se houver filiação de parlamentares, caso do Paulinho Bornhausen, por exemplo, deverá haver alguma alteração. Mas a presidência, na avaliação do líder catarinense, deve continuar com quem está. "Althoff é um homem íntegro, da melhor qualidade". Se Paulo Bornhausen vai para o PSB ou não, até setembro todos saberão. Se não for, sua alternativa é ficar numa situação de dissidente no PSD que, segundo Bornhausen, " tudo indica", vai apoiar a Presidente da República.
Foi mais ou menos esse o fio da meada da conversa que Bornhausen e Kassab mantiveram esta semana. "Absolutamente, minha relação de amizade com ele não tem porta para qualquer despedida. Eu coloquei a situação, evidentemente minha, e a decisão que Paulinho tomará, de acordo com o que ele achar melhor para o futuro dele. Mas jamais fazer uma despedida de uma amizade que é, para mim, muito importante, sobretudo é afetiva".
Jorge Bornhausen mantém a decisão de não se filiar a nenhum partido e a tomar suas decisões "conforme convicções". No momento, tudo isto converge para a candidatura de Eduardo Campos. E já conversaram, inclusive, sobre a montagem do partido em Santa Catarina, ponto estratégico no crescimento do PSB e da candidatura do governador na região sul. "Ele vai formar o partido em Santa Catarina, necessário para a candidatura dele. O Paulo deverá tomar as posições que facilitem, ajudem a candidatura do Eduardo Campos no Estado".
É público que Jorge Bornhausen, ex-ministro, ex-senador, ex-embaixador, ex-governador, atualmente sem filiação partidária, investiu uns 15 anos de sua vida política na carreira de Gilberto Kassab, o ex-prefeito de São Paulo que abrigou no PFL, vindo do PL, e apoiou na difícil tarefa de criar um novo partido, o PSD, quando ambos se apartaram do DEM. É uma cacofonia de siglas, mas todas guardando uma certa coerência política. Esta semana, deu-se uma nova virada nos rumos da política que Bornhausen pratica. Reuniu-se com Kassab para uma conversa que não chegou a ser de despedida, porque são e continuarão amigos, mas para troca de impressões sobre os caminhos agora opostos que trilharão.
Bornhausen, mesmo sem filiação partidária e sem candidatura, estará sempre do lado oposto ao do PT na política. Kassab agora é aliado do PT, vai apoiar Dilma Rousseff em sua campanha de reeleição, seu partido integra o Ministério do governo petista.
Bornhausen recusa a ideia corrente no DEM de que ele foi o criador de Kassab. "Quando ele veio para o PFL já era deputado pelo PL. Já tinha uma posição de destaque, veio a meu convite para ajudar a formar o PFL de São Paulo, o que ele fez muito bem. Depois foi eleito deputado federal, foi vice-prefeito, prefeito, é meu amigo, gosto muito dele".
"Credibilidade é mais importante que popularidade"
O líder catarinense também não se acha decisivo na formação do PSD, mesmo que tenham aderido ao novo partido um governador e um senador do seu grupo, Raimundo Colombo e Kátia Abreu, além de seu filho Paulo Bornhausen.
"Eu apenas aconselhei os que me procuraram a examinar bem suas convicções, suas questões, mais nada. A decisão de Santa Catarina foi tomada em Santa Catarina, não foi por minha causa".
Há muitos anos Jorge Bornhausen traçou uma linha de separação dos campos políticos para não haver hipótese de tangenciar o PT, e com ela foi coerente, sempre. O PSD está com o PT, portanto dele se afastou, politicamente, pois já não é filiado.
Na verdade, desde que se desfiliou do DEM, Bornhausen não ingressou em nenhum outro partido. Por que não ir com o PSD às eleições presidenciais? "O PT de Santa Catarina sempre fez suas ações contra a minha pessoa. Tudo foi sempre pessoal. É uma questão de dignidade eu não votar nem apoiar qualquer candidato do PT", afirma Bornhausen.
Quem acompanha sua trajetória lembra-se da indignação que lhe provocaram os cartazes, elaborados e distribuídos pelo PT, anos atrás, com seu rosto colocado no corpo de Hittler. "Manifestações daquela natureza continuam até hoje", cita Bornhausen.
É também público que o ex-senador, ex-ministro, ex-governador, ex-embaixador, o líder político de Santa Catarina, está apoiando a candidatura presidencial de Eduardo Campos, o governador de Pernambuco, do PSB. Bornhausen virou socialista? Ele ri e afirma: "Eu votarei nele se vier a ser candidato e tudo indica que sim".
Definindo o que o ajuda a manter a coerência, afirma: "Eu acho que, em política, o mais importante não é a popularidade, é a credibilidade. Ao me manifestar em favor da candidatura do Eduardo Campos, eu me mantenho dentro da linha de credibilidade na minha vida política. Jamais poderia apoiar aqueles de quem sempre divergi, que eram os integrantes do PT", comenta.
Bornhausen declarou voto em Eduardo, e com ele já participou de algumas reuniões. O governador pernambucano convidou Paulo Bornhausen para filiar-se ao PSB, mas o deputado ainda não se decidiu. "Ele tem muito tempo, só precisa responder em setembro".
A opção por Eduardo Campos é uma guinada política na sua vida? Bornhausen se mostra impressionado com a atuação do governador: "Não, não é nenhuma guinada. Ele é um administrador moderno, vem executando suas tarefas tendo sempre em vista o desenvolvimento, o crescimento do seu Estado, utiliza-se de todos os meios modernos de administração, fazendo com que a meritocracia seja um critério integrante do sistema na educação, na saúde, na segurança, admiro seu trabalho. Dai porque, pessoalmente, já fiz a minha opção de voto".
O que vai acontecer com seu grupo, Bornhausen não arrisca prever, ainda. "Cabe ao deputado Paulo Bornhausen escolher o seu caminho. Ele já disse que também não acompanha a candidatura da Dilma. Quanto ao ingresso no PSB, ele recebeu um convite público do governador Eduardo Campos e está examinando, com outros companheiros, essa possibilidade".
O partido de Eduardo Campos tem uma comissão provisória em Santa Catarina, presidida pelo ex-senador Geraldo Althoff.
Se houver filiação de parlamentares, caso do Paulinho Bornhausen, por exemplo, deverá haver alguma alteração. Mas a presidência, na avaliação do líder catarinense, deve continuar com quem está. "Althoff é um homem íntegro, da melhor qualidade". Se Paulo Bornhausen vai para o PSB ou não, até setembro todos saberão. Se não for, sua alternativa é ficar numa situação de dissidente no PSD que, segundo Bornhausen, " tudo indica", vai apoiar a Presidente da República.
Foi mais ou menos esse o fio da meada da conversa que Bornhausen e Kassab mantiveram esta semana. "Absolutamente, minha relação de amizade com ele não tem porta para qualquer despedida. Eu coloquei a situação, evidentemente minha, e a decisão que Paulinho tomará, de acordo com o que ele achar melhor para o futuro dele. Mas jamais fazer uma despedida de uma amizade que é, para mim, muito importante, sobretudo é afetiva".
Jorge Bornhausen mantém a decisão de não se filiar a nenhum partido e a tomar suas decisões "conforme convicções". No momento, tudo isto converge para a candidatura de Eduardo Campos. E já conversaram, inclusive, sobre a montagem do partido em Santa Catarina, ponto estratégico no crescimento do PSB e da candidatura do governador na região sul. "Ele vai formar o partido em Santa Catarina, necessário para a candidatura dele. O Paulo deverá tomar as posições que facilitem, ajudem a candidatura do Eduardo Campos no Estado".
Se Deus é brasileiro... - MAURO LAVIOLA
O GLOBO - 29/05
Foi-se o tempo em que os mexicanos queixavam-se de suas desventuras sintetizadas na célebre frase "lejos de Diós y cerca de los Estados Unidos".
Os dados mais recentes apontam índices expressivos de desempenho que contrastam com os da economia brasileira em 2012: * crescimento do PIB de 3,9%; * taxa de investimento de 21,5%; * inflação controlada em 3,6%; * carga tributária de 18% (metade da brasileira); * encargos salariais um terço menores que no Brasil, e, * participação de 73% de industrializados nas exportações do país.
Em matéria de burocracia os dados são alarmantes: lá o tempo médio para abrir uma empresa é de 9 dias, enquanto aqui alcança 119! O desalinho financeiro mundial dos anos 2008/2009 piorou as finanças e os investimentos locais porque as empresas multinacionais passaram a concentrar suas aplicações no Sul do continente americano, especialmente no Brasil.
Nesse cenário, é doloroso constatar que as duas maiores economias latino-americanas mantiveramse de costas uma para outra desde o último decênio do século XX.
As cifras do comércio bilateral registram, até hoje, índices irrisórios e incompatíveis com o tamanho de suas economias.
Não se sabe bem por que o afastamento brasileiro-mexicano atingiu níveis tão críticos, mas percebe-se que o tempo revelou existir uma crise diplomática, não totalmente desvelada, entre as duas nações.
As duas nações trilham caminhos opostos. O Brasil vem adotando uma série de medidas pontuais para disfarçar as mazelas que provocam sua já endêmica falta de competitividade de bens industrializados no cenário internacional como forma de disfarçar sua incapacidade de promover uma série de reformas, perfeitamente identificadas, para dar um salto de qualidade.
Ao contrário, esmera-se na adoção de formas paliativas na obtenção de índices favoráveis de crescimento e distribuição de renda que não são sustentáveis no longo prazo e que tendem a comprometer seriamente de um lado, as contas públicas, de outro, o desempenho empresarial.
O México, por seu turno, parece ter acordado do pesadelo da proximidade ianque. Os últimos governos resolveram abrir a economia com aprovação do empresariado e do Legislativo, mediante um pacto federativo envolvendo 95 distintos compromissos visando ao aumento da competitividade, ao desmembramento de monopólios e ao fim da política de subsídios, entre outros.
Nas relações internacionais, o país desfruta de vários acordos de livre comércio envolvendo 44 países, especialmente do Primeiro Mundo.
Enquanto isso, entre outras mazelas, sustentamos um Mercosul falido e os desaforos da política comercial argentina.
Só nos resta fazer preces para que Deus seja um pouco mais brasileiro.
Os dados mais recentes apontam índices expressivos de desempenho que contrastam com os da economia brasileira em 2012: * crescimento do PIB de 3,9%; * taxa de investimento de 21,5%; * inflação controlada em 3,6%; * carga tributária de 18% (metade da brasileira); * encargos salariais um terço menores que no Brasil, e, * participação de 73% de industrializados nas exportações do país.
Em matéria de burocracia os dados são alarmantes: lá o tempo médio para abrir uma empresa é de 9 dias, enquanto aqui alcança 119! O desalinho financeiro mundial dos anos 2008/2009 piorou as finanças e os investimentos locais porque as empresas multinacionais passaram a concentrar suas aplicações no Sul do continente americano, especialmente no Brasil.
Nesse cenário, é doloroso constatar que as duas maiores economias latino-americanas mantiveramse de costas uma para outra desde o último decênio do século XX.
As cifras do comércio bilateral registram, até hoje, índices irrisórios e incompatíveis com o tamanho de suas economias.
Não se sabe bem por que o afastamento brasileiro-mexicano atingiu níveis tão críticos, mas percebe-se que o tempo revelou existir uma crise diplomática, não totalmente desvelada, entre as duas nações.
As duas nações trilham caminhos opostos. O Brasil vem adotando uma série de medidas pontuais para disfarçar as mazelas que provocam sua já endêmica falta de competitividade de bens industrializados no cenário internacional como forma de disfarçar sua incapacidade de promover uma série de reformas, perfeitamente identificadas, para dar um salto de qualidade.
Ao contrário, esmera-se na adoção de formas paliativas na obtenção de índices favoráveis de crescimento e distribuição de renda que não são sustentáveis no longo prazo e que tendem a comprometer seriamente de um lado, as contas públicas, de outro, o desempenho empresarial.
O México, por seu turno, parece ter acordado do pesadelo da proximidade ianque. Os últimos governos resolveram abrir a economia com aprovação do empresariado e do Legislativo, mediante um pacto federativo envolvendo 95 distintos compromissos visando ao aumento da competitividade, ao desmembramento de monopólios e ao fim da política de subsídios, entre outros.
Nas relações internacionais, o país desfruta de vários acordos de livre comércio envolvendo 44 países, especialmente do Primeiro Mundo.
Enquanto isso, entre outras mazelas, sustentamos um Mercosul falido e os desaforos da política comercial argentina.
Só nos resta fazer preces para que Deus seja um pouco mais brasileiro.
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