sexta-feira, julho 02, 2010

SONIA RACY - DIRETO DA FONTE

Menino do Rio 
Sonia Racy 

O Estado de S.Paulo - 02/07/2010

No fim da noite de segunda, Índio da Costa estava exausto. Surpreendido com o telefonema de Rodrigo Maia convidando-o para ser vice de Serra, o carioca fez só uma coisa antes de aceitar. "Liguei para minha namorada, Andrea", contou à coluna o pai de uma menina de seis anos, que vive com a mãe espanhola, sua ex-mulher, em Madri. Ainda tonto com a nova posição, admite estar consciente da mudança de vida e de cidade, caso o tucano se eleja .

O demista conhece Serra só de convenções e breves encontros. Mas diz admirar seu trabalho. É que na política, se considera um executivo, "um fazedor".
Nascido na zona sul do Rio, advogado de formação, Índio justifica sua opção pela profissão: "Quero ajudar a mudar a forma de se fazer política no Brasil". Pretende levar para a Presidência da República, por exemplo, o Ficha Limpa.

Muito ligado ao primo-irmão Luiz Octávio Índio da Costa, do Banco Cruzeiro do Su, cita como exemplo de vida, seu avô Luiz Simões Lopes, fundador da FGV e seu pai, Luiz Eduardo Índio da Costa, conhecido arquiteto com forte atuação em projetos públicos. "Cada um, à sua maneira, contribuiu para sociedade. Agora é minha vez."

Aos 39 anos, Índio da Costa estava se preparando para disputar a reeleição como deputado federal, de olho na Prefeitura do Rio. " Rumo alterado, vou me reorganizar em dez dias".
Recorrente
A British Airways foi a única empresa, entre brasileiras e estrangeiras, que ainda não se adaptou à resolução da ANAC, que exige transparência na divulgação das tarifas. A companhia mostra o preço do bilhete e só no final da compra inclui as taxas, como o adicional de combustível.

Anteontem, a companhia recebeu a oitava autuação. Cada multa pode chegar a R$ 10 mil.
Pasto
Os dirigentes da CBF estão espertos. Nada de misturar grama artificial e natural nos campos da Copa de 2014. A fórmula foi vendida para os sul-africanos como solução para gramados perfeitos. E o resultado não poderia ter sido pior.
Menestrel
Juca Chaves aceitou ser puxador de votos do PR paulista para Câmara dos Deputados. O trovador se prepara agora para compor suas marchinhas.
Dançando no poste
Alexandra Valença, a dançarina que apresentou "pole dance" em festa privê para Berlusconi em SP, trabalha para a Prefeitura. Ela é professora de dança do poste na subprefeitura da Lapa.

Aliás, a sub quer abrir aula da modalidade também para homens.
O poste
O Estado de São Paulo abriga uma das maiores comunidades italianas fora da Itália.

Mesmo assim - e isso foi registrado pelo Executivo estadual- Berlusconi foi incapaz de pedir uma audiência com o governador Alberto Goldman.
Literal
Chico Buarque deixou a orla carioca rumo a Paris.

Lá, se divide entre o futebol e a supervisão da tradução de Leite Derramado para o inglês batizado de...The Milk.
Dono da bola
Paulo Renato achou jeito de não ver sozinho, hoje, o jogo do Brasil. Distribui 60 ônibus escolares para 60 prefeitos logo depois da disputa. O telão na Secretaria da Educação está montado.
Tesoura
A Globo convidou e Wanderley Nunes aceitou. Comandará o júri de cabeleireiros na estreia de Ti Ti Ti, próxima novela das sete.
Lay-out
A bandeira estilizada de SP tem até amanhã para sumir da propaganda oficial do governo do Estado. O brasão fica. Exigência eleitoral.
Na frente
Alberto e Deuzeni Goldman recebem convidados para almoço campestre em meio ao Festival de Campos do Jordão. Domingo.

Henrique Meirelles disse sim. E participa do almoço-debate do LIDE para Dilma, segunda. No Hyatt São Paulo

É amanhã o recital de João Carlos Martins em prol do Instituto Vladimir Herzog. Na Sala São Paulo.

O documentário Pixote in Memoriam será exibido, dia 16, no Festival de Paulínia.

Lu Horta, do grupo Barbatuques, se apresenta hoje, no palco do Tom Jazz.
Abre domingo, no Museu Afro Brasil, a mostra Pérolas Imperfeitas, de David Glat.

A Latitudes lança, no fim de semana, um roteiro de viagem exclusivo para o Japão. Em parceria com a Casa do Saber e com a especialista Michiko Okano, referência na cultura nipônica.

Entre as piadas prontas relacionando o PSDB, índio e caciques, vai aqui a eleita campeã das infames. A de que Serra teve que esperar dois "Dias" para escolher seu vice: Osmar e Álvaro.

MERVAL PEREIRA

Crise fiscal 
Merval Pereira 

O Globo - 02/07/2010

Seja quem for que ganhe a próxima eleição, vai ter que encarar uma crise fiscal, especialmente se o cenário internacional piorar como está acontecendo. Qual o país do mundo em que o PIB cresce 7%, a receita cresce mais que o dobro disso, cerca de 18%, e o governo consegue gastar ainda mais, pois a despesa do governo cresceu 20%?

Isso quer dizer que os gastos governamentais estão crescendo três vezes mais que o PIB. Notícia perigosa, sobretudo porque esses gastos não são de investimentos, que são benéficos e podem ser controlados no futuro em caso de necessidade.

Mas estamos subindo gastos permanentes, e a receita não crescerá sempre nessa velocidade para sustentar os gastos, embora a candidata oficial Dilma Rousseff baseie suas propostas de reformulação do sistema tributário, com redução da carga tributária, na premissa de que a receita continuará crescendo devido ao crescimento do PIB.

Neste ano, ainda por cima, a receita está crescendo sobre uma base muito deprimida pela crise e, sobretudo, porque no início do ano passado a Petrobras, que é a maior contribuinte de impostos do país, estava fazendo truques contábeis para pagar menos impostos.

Estão pagando este ano o dobro do que pagaram ano passado.

Segundo estudo do economista Felipe Salto, da Consultoria Tendências, com o aumento de gastos no governo Lula, a dívida total do setor público no país chegará ao maior patamar dos últimos dez anos.

Em dezembro deste ano, o endividamento chegará ao recorde de R$ 2,2 trilhões, correspondente a 64,4% do PIB. Em 2000, a dívida era de 52,7% do PIB.

A herança do governo Lula para o seu sucessor foi aumentada por “empréstimos” que o Tesouro vem realizando com o BNDES desde o ano passado, por meio da emissão de títulos públicos.

O governo está usando o que considera ser uma permissão para gastar dada aos governos nacionais pela crise financeira que se abateu sobre o mundo a partir de setembro do ano passado, com a quebra do banco Lehman Brothers nos Estados Unidos.

A irresponsabilidade com que o equilíbrio fiscal vem sendo tratado nos últimos tempos parece ter, por parte dos mercados financeiros, uma “licença especial”, na certeza de que o próximo governo tomará as providências necessárias.

Um número que passa a ser observado com atenção, mesmo que não afete as estatísticas fiscais, é o da dívida bruta. O Ministério da Fazenda está usando o que o mercado identifica como “um truque” para repassar recursos aos bancos públicos sem aumentar a dívida líquida, este, sim, um número que o mercado financeiro acompanha, especialmente sua relação com o PIB.

Desde junho de 2008, o volume de crédito do BNDES, que era insignificante para as contas públicas, subiu bastante, ficando em torno de 5% do PIB.

A dívida pública bruta passou para 66,5% do PIB, e deve chegar a mais de 70% em 2010 com os novos repasses.

Países que têm investment grade como o Brasil possuem uma dívida bruta em torno de 40% do PIB, embora os Estados Unidos já tenham chegado aos 80%, devido às medidas que tomou por conta da crise.

Em consequência, a dívida líquida do setor público, que representava 61% do PIB em 2002, passou a 48,2% em 2005, e fechou o ano de 2009 em 42,8%.

Segundo levantamento do economista José Roberto Afonso, entre 2002 e 2009 as receitas do governo federal cresceram significativamente.

Passaram de 21,6% do PIB para 23,5% do PIB em 2009 — apesar do recuo verificado no último ano sob forte impacto da crise financeira global.

Ou seja, hoje o governo federal arrecada 1,9 pontos do PIB a mais do que arrecadava em 2009.

As despesas do governo aumentaram mais do que a receita. Em 2002, o governo federal gastava 19,5% do PIB, passando a gastar 22,3% em 2009.

Aumento de 2,76 pontos do PIB entre 2002 e 2009, que resultou num encolhimento do superávit primário do governo central (governo federal + Banco Central) de 0,9 ponto do PIB: em 2002, a economia do governo central, excluído o gasto com juros, foi de 2,17%, e caiu para apenas 1,25% em 2009.

A trajetória de alta das despesas é o fator responsável pelo déficit primário registrado pelo governo em maio, também na análise do economista da Tendências Consultoria Felipe Salto.

Segundo ele, o setor público não deve cumprir a meta integral de superávit primário de 3,3% do Produto Interno Bruto (PIB) este ano.

Na sua avaliação, o esforço fiscal deve alcançar 2,63% do PIB. Para não descumprir a Lei de Diretrizes Orçamentárias, o governo deve abater da meta cerca de 0,7% do PIB os gastos em investimentos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

A CPI da Câmara dos Vereadores do Rio sobre a Merenda Escolar, cujo relatório final sugeria irregularidades nas licitações quando o candidato a vicepresidente na chapa de José Serra, deputado federal Indio da Costa, era secretário de Administração municipal, foi arquivada em 2008 por decisão do Ministério Público, que “não vislumbrou qualquer irregularidade em razão da empresa Milano ter vencido 75% do total do objeto licitado”. O Ministério Público acatou análise do Tribunal de Contas.

CICLISMO: VOLTA DA FRANÇA

PAINEL DA FOLHA

Tempo de tela 
Renata Lo Prete 

Folha de S.Paulo - 02/07/2010

Além da bateria de propagandas do PSDB e de aliados na televisão e no rádio, a nova pesquisa Datafolha capturou o efeito do aumento da exposição do eleitor a entrevistas e sabatinas. Em junho, 30% dos entrevistados disseram ter visto alguma entrevista de José Serra (PSDB) -eram 25% em maio. Outros 43% afirmaram já tê-lo visto nessa situação durante o ano.

No caso de Dilma Rousseff (PT), que passou um período em viagem à Europa e evitou alguns debates e sabatinas, 25% dizem ter conhecimento de suas entrevistas neste mês -caiu dois pontos em relação a maio. O total da candidata de Lula no ano é de 37%.
Imersão Depois de uma rápida passagem pelo Rio, hoje, o recém-indicado vice de Serra, Indio da Costa (DEM-RJ), desembarca no fim de semana em São Paulo para conhecer o staff da candidatura tucana. O "demo" recebeu ontem a incumbência de coordenar a campanha do tucano no Rio.
Cola Sentado na primeira fileira da sabatina de Serra ontem na CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil), Indio anotou cada frase do candidato.
Sujeira pesada O DEM, que bateu bumbo para o envolvimento de Indio no projeto da Ficha Limpa, decidiu não lançar candidato próprio no Distrito Federal e apoiar Joaquim Roriz (PSC), cuja ficha ameaça torná-lo inelegível à luz da nova lei. O "demo" Alberto Fraga concorrerá ao Senado na chapa.
Uniformizada A primeira-dama, Marisa Letícia, telefonou ontem para Dilma Rousseff e convidou a candidata do PT a assistir a Brasil x Holanda no Palácio da Alvorada, com Lula & Cia.
Em marcha Se o Brasil for à semifinal da Copa, na terça, Dilma remarcará para o dia seguinte a caminhada pelo centro paulistano que marcará o início da fase oficial de sua campanha.
Deixa estar Antes mesmo de o presidente do TSE ter suspendido a decisão que, na prática, impõe a verticalização das alianças via propaganda, os candidatos governistas foram orientados a não mexer nas coligações que eventualmente pudessem ser questionadas.
Troco Na próxima semana, deputados e senadores vão conversar com Ricardo Lewandowski. Dirão que, se o TSE não recuar em agosto, o Congresso poderá votar decreto derrubando a decisão.Acerto Advogados chegaram a negociar entre si um "jeitinho", no qual todos manteriam o apoio dos partidos aos candidatos, mas sem fechar a coligação no papel.
Transição 1 Em reunião ontem com o presidente do STF, Cezar Peluso, e do TSE, Ricardo Lewandowski, Lula disse que não vê como tratar do aumento reivindicado pelo Judiciário federal ainda em seu mandato, pois geraria impacto para o sucessor.
Transição 2 O presidente se comprometeu a chamar o eleito para reunião com ele, Peluso e Lewandowski, encaminhando depois a solução acordada nesse encontro. Por ora, o ministro Paulo Bernardo (Planejamento) receberá os grevistas para tentar colocar fim à paralisação.
Visita à Folha O coronel Alvaro Batista Camilo, comandante-geral da Polícia Militar de São Paulo, visitou ontem a Folha. Estava com o coronel Marco Antonio Augusto, chefe do Centro de Comunicação Social da PM, a tenente-coronel Maria Aparecida de Carvalho Yamamoto, subchefe, e o capitão Arthur Alvarez de Souza.
Tiroteio
 O vice do Serra já entrou na campanha mentindo: o relator do Ficha Limpa foi o deputado do PT José Eduardo Cardozo.
Contraponto
#PIBfeelings 
 Comentário entusiasmado do ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, no Twitter:

-Se economia crescer 7,3% em 2010, como prevê o BC, será crescimento médio anual de 4% entre 2003 e 2010. Expansão de 37% nos oito anos de Lula.

O presidente do PPS, Roberto Freire, responde:

-Você sabe qual foi o crescimento da China nesse período.Talvez duas a três vezes o do Brasil de Lula.

Volta Paulo Bernardo:

-E você sabe que a média de Lula é quase o dobro do crescimento ocorrido no período FHC, certo?

LUIZ GARCIA

Sobre vices
LUIZ GARCIA
O GLOBO - 02/07/10
O cargo de vice-presidente da República tem importância singular nas democracias modernas.

Nos Estados Unidos, foi cunhada, já há muito tempo, uma expressão curiosa: o que o separa do poder é “uma batida de coração”. Se as coronárias do titular não falharem, poder nenhum; se fizerem uma falseta com o presidente, poder absoluto.

Já no Brasil, onde não existem apenas dois partidos, e as eleições dependem de toda sorte de alianças, a força do vice varia muito. Pode ser herdeiro ambicioso, pode ser aliado eventual, destinado a ser vice e mais nada. Como acontece com o atual, que exerce, com impecável ausência de ambição, o papel de herdeiro apenas presuntivo e mais nada.

Na próxima Copa, perdão, na próxima sucessão, a oposição parece que vai inovar.

Pela primeira vez na história da República, um candidato a vice parece que será um político relativamente jovem, muito mais moço que o cabeça da chapa: o deputado Indio da Costa. Curiosamente, escolhido pelo DEM/ex-PFL, partido comumente associado a valores e comportamentos “da antiga”, como se dizia antigamente.

Cesar Maia é um político com biografia, se permitem, ambígua. Foi muito bom prefeito do Rio, foi muito ruim prefeito do Rio. Uma das coisas boas que fez foi entregar administrações regionais a um bando de garotos, sem vícios nem experiência — e muitos deles foram em frente. O deputado Indio da Costa foi um deles.

Sei lá se ele tem ou não dívida de gratidão com Cesar Maia, mas herdeiro dele certamente não é; seu comportamento na esfera municipal foi criticado, e continua sendo, por muita gente boa, mas como deputado federal parece ter amadurecido bastante. Por exemplo, foi personagem importante na aprovação da lei contra candidatos de ficha suja.

Quem entende dessas coisas diz que na avaliação de qualquer político o que vale mesmo é a biografia recente.

Se for verdade, talvez Indio seja o personagem certo para essa experiência nova que está caindo no seu colo. Podemos ter um vice com fome de bola, mas jovem o bastante para saber a hora e a maneira certas de comer a bola. Tudo no bom sentido, naturalmente.

São hipóteses talvez prematuras: pode ser cedo para se dizer se Serra e o PSDB vão seguir em frente com a proposta do ex-PFL. Ou se o próprio ex-PFL insistirá nela.

Mas, pelo andar da carruagem, uma coisa parece certa: ninguém nessa turma está interessado num candidato a vice com jeito de mordomo de filme de terror.

GOSTOSAS

MÍRIAM LEITÃO

Nós e o mundo 
Miriam Leitão 

O Globo - 02/07/2010

A crise europeia não atinge o Brasil porque o comércio exterior brasileiro é uma parte pequena do PIB, portanto o canal de transmissão não é relevante.

Só afetará se houver uma crise financeira. É o que acha o economista Alexandre Schwartsman, do banco Santander. Para o economista Armando Castelar, o crescimento sustentado não está garantido por uma questão aritmética.

Entrevistei os dois ontem na Globonews sobre economia mundial e brasileira.

O mundo oscila com incertezas e quedas, enquanto isso o Brasil está com um crescimento forte. Ontem saiu um dado que parece ruim mas não assusta ninguém: a produção industrial zero em maio.

— Foi apenas uma pequena parada. A produção cresceu muito no primeiro trimestre. A expectativa é que a indústria continue bastante forte. O setor de bens de capital foi o que sofreu mais e agora tem uma recuperação mais forte, no ano deve fechar com alta de 20% em relação ao ano passado — explicou Armando Castelar.

Ele acha que essa desaceleração é bem vinda, até porque o crescimento da demanda doméstica no primeiro trimestre foi de 12%.

No mundo, o debate é se é hora de manter os estímulos econômicos ou cortar o déficit público. Alexandre acha que a questão essencial é o timing desse ajuste. Acha natural que se dê estímulos às economias ainda fracas, mas se houver um comprometimento com queda maior do déficit, a recuperação será mais fácil. Portanto, não há um conflito entre as duas fórmulas: — O país tem que se comprometer, criar as regras, para que o mercado saiba que num período de dois ou três anos o déficit será reduzido.

Fazendo isso, o país tem o melhor dos dois mundos, mantém o estímulo, mas fortalece a confiança dando um horizonte para a queda dos gastos. Alguns países como Grécia, Itália não têm a alternativa. Têm que cortar agora para evitar o pior. Estados Unidos, Alemanha, Inglaterra e em certa medida a França têm a opção de manter os estímulos agora, projetando cortes no futuro.

A economia mundial estava se recuperando, aí a Europa entrou em crise, e agora há sinais de desaceleração em outras economias. A dúvida é se estamos indo para um segundo mergulho. Armando Castelar acha que há sim esse risco: — O risco existe. A economia mundial tem um problema sério que é a falta de demanda privada, as famílias estão muito endividadas tanto nos Estados Unidos quanto na Europa. Isso não mudou.

Acho que o mundo vai crescer muito pouco, não apenas a Europa. Nos Estados Unidos, os dados imobiliários americanos mostram queda a partir de abril; a China e a Índia já estão com sinais de desaceleração. O que vem sustentando o crescimento mundial são os emergentes e até eles começam a ter sinais revisados para baixo. O cenário do novo mergulho não é o mais provável, mas há o risco.

Alexandre acha que o Brasil poderia ser afetado pelo canal do comércio, mas o fato de o Brasil importar e exportar pouco, 11% a 12% do PIB, reduz os riscos: — O risco de o país ser afetado aumentaria se houvesse uma crise financeira como aconteceu após a quebra da Lehman. Não é o cenário mais provável. Uma crise financeira afeta o crédito que atinge a demanda doméstica, que é importante para o crescimento brasileiro.

O Brasil está razoavelmente isolado disso.

Mesmo com o aumento do custo de se carregar dívida dos países europeus, que é o grande ativo dos bancos da Europa, Alexandre não acha que possa haver essa crise financeira. Ele acredita que só um evento traumático, como um calote de um dos países, é que poderia criar uma crise.

Armando acha que dificilmente a Grécia escapa de um calote. A torcida é para que seja uma reestruturação negociada da dívida, em vez de uma ruptura com os credores: — A Grécia acabará fazendo uma reestruturação da dívida que, na verdade, é um calote. Inevitável. Não deu um calote até agora porque tem déficit primário, ou seja, até para pagar as contas que não são juros ela precisa ser financiada.

Ela tem sido financiada porque os grandes detentores da dívida grega, além dos banco gregos, são os bancos franceses e alemães. Com uma divida que está indo para 150% do PIB, ela teria que gerar superávits de 6% a 7% só para pagar juros. É inviável.

A situação dos bancos europeus vai continuar ruim por muito tempo, porque os bancos são os que carregam as dívidas dos países.

Armando acha que o crescimento sustentando do Brasil não está garantido: — É uma questão aritmética.

Precisaria investir 23% do PIB para crescer 5,5%.

Está investindo 18%, com uma poupança de 16% e já tem déficit em conta corrente.

Para investir 23% com 16% de poupança, teria que ter um déficit externo de 7%.

O que é inviável. A literatura é clara sobre isso: é preciso aumentar a poupança do setor público, o que significa reduzir o gasto. Nós estamos fazendo o oposto: aumentando o gasto corrente.

Alexandre alerta também para o risco BNDES. O balanço do banco será de 12% a 13% do PIB e a contrapartida disso é uma expansão da dívida. Lembra que o governo está emprestando a um custo menor do que se financia. Com o aumento do volume dessas operações, o gasto aumenta. Ele diz que isso não é razoável.

ANCELMO GÓIS

BP de castigo
ANCELMO GÓIS
O GLOBO - 02/07/10


O comando da BP no Brasil esteve ontem no Ministério das Minas e Energia fazendo uma exposição sobre o desastre ambiental no Golfo do México, causado por uma plataforma sua.
Agora, aguarda o sinal verde da ANP para assumir dez blocos exploratórios que comprou da Davon, sete deles na Bacia de Campos, inclusive no pré-sal.

O QUE SE DIZ
A agência deve aprovar. Mas sem pressa. Examina item por item.
É uma espécie de recado à BP para andar nos eixos por aqui.

SACK’S & LOUIS VUITTON
A LVMH, leia-se Louis Vuitton, adquiriu 70% da brasileira Sack’s, perfumaria virtual com 4 milhões de visitantes por mês, por pelo menos R$ 350 milhões.
O negócio marcará a entrada no Brasil da Sephora, líder de venda on-line nos EUA, que também é da LVMH, e pelo plano, ganhará lojas físicas aqui.

FILHO DO IBOPE
A Sack’s foi criada em 2000 por Carlos André Montenegro, 31 anos, com R$ 50 mil emprestados pelo pai, Carlos Augusto Montenegro, do Ibope. André e outros sócios, donos de 30%, vão tocar a empresa.

NO MAIS 
Impressiona como bacanas de São Paulo disputam no tapa a companhia de Dilma Rousseff.
Segunda, a candidata petista almoça com um grupo de empresários liderados por João Dória Jr., um dos fundadores, em 2007, do movimento “Cansei”, que parecia uma insurreição de vips contra o governo.

A NOSSA JABULANI 
João Bosco, mestre da música e apaixonado pelo futebol, sugere um nome para a bola da Copa de 14: Tanajura.
– É redondinha, cheinha que nem uma bola e, pelo menos em Minas, é sinônimo de bunda.
Faz sentido.

OUTRA... 
Todas as contas abertas no Banco do Brasil no Sul e no Sudeste agora vão dar origem a formulários eletrônicos. Assim, o banco deve reduzir em 15 milhões por ano as cópias de documentos. Só para armazenar esta papelada seriam necessários 13 mil novos armários.

E MAIS 
Eike Batista está apaixonado pelo Twitter.
Ontem, ele se gabava de, com seus pouco mais de 44 mil seguidores, ter superado o presidente da Rússia, Dmitri Medvedev, que mobilizou quase 31 mil internautas.

FORA DA HORA 
A Procuradoria Regional Eleitoral entrou com representação no TRE contra Eduardo Paes por propaganda eleitoral fora do período previsto na lei. O prefeito carioca, ao inaugurar uma UPA na Cidade de Deus, dia 31 de maio, teria pedido votos para Cabral e Dilma.

PULSEIRA ASSASSINA 
A Escola Britânica, no Rio, proibiu o uso daquelas pulseiras “bate-enrola”, vendidas nas cores verde e amarela, que fazem a festa dos camelôs na Copa.
É que outro dia, o arame que fica dentro do plástico rasgou a perna de um aluno, que levou 20 pontos na perna.

CEGONHA
O técnico Parreira é vovô novamente. Nasceu anteontem, na Perinatal, Isabela, filha de Danielle Parreira com Reginaldo Cavalcanti.

GOSTOSA

AUGUSTO NUNES


O partido a que Lula pertencia agora é um partido que pertence a LulaVEJA ON-LINEAUGUSTO NUNES

O casamento de conveniência entre os maiores partidos governistas, concebido e consumado por Lula para eleger a sucessora que inventou, foi um bom negócio para Dilma Rousseff, um negócio da China para o PMDB e um péssimo negócio para o PT. A candidata ganhou um viveiro de palanques estaduais e mais quatro minutos no horário eleitoral gratuito. O PMDB ganhou o direito de indicar o candidato a vice-presidente, mais fatias do possível bolo ministerial e o status de parceiro preferencial ─ privilégio que lhe garantiu o apoio de Lula em todas as pendências envolvendo o parceiro. O PT não ganhou nada. Só perdeu.
Oito anos depois de ter chegado ao coração do poder com Lula, o partido ficou bem menor que o candidato vitorioso. Em 2002, para levar seu fundador à Presidência da República, o PT lançou 24 candidatos a governador. Desta vez, para instalar no Planalto uma candidata nascida e criada no PDT brizolista, teve de conformar-se com apenas 10 candidaturas próprias. Porque Lula assim resolveu, perdeu peso para que o parceiro engordasse.
O arrendamento do PT maranhense à família Sarney, que estendeu à sigla companheira o domínio exercido pelos donatários da capitania sobre o PMDB, foi tão repulsivo quanto previsível: só poderia dar nisso a sequência de capitulações desonrosas impostas pelo chefe supremo. Lula vem mostrando quem manda desde que o ex-ministro Tarso Genro ignorou a ordem presidencial para entender-se com o PMDB gaúcho e colocar-se à disposição de José Fogaça, que retribuiria a gentileza oferecendo a Dilma Rousseff um bom palanque.
Em vez disso, Tarso declarou-se candidato ao governio do Rio Grande do Sul sem a indispensável autorização do chefe supremo. Enquadrado no crime de desobediência, o ex-ministro foi condenado a quatro meses de abandono: o  palanque do PT não será iluminado por aparições de Lula (que está pronto para atender a todos os convites que Fogaça fizer). Tarso refugiou-se no silêncio dos resignados. Depois de mostrar que o partido tem chefe, Lula tratou de mostrar o que faz um chefe sem freios nem controles.
Em São Paulo, o PT só foi poupado de engolir a candidatura de Ciro Gomes porque o deputado do PSB cearense não se interessou pela prenda. No Rio, em troca da submissão ao governador Sérgio Cabral, Lindberg Farias ganhou um salvo-conduto para perder sem constrangimentos a eleição para o Senado. Em Minas, a rendição sem luta foi sublinhada por humilhações adicionais.
Incluído em todas as listas de prováveis sucessores de Lula até 2007, quando todos os pretendentes petistas foram preteridos pela neocompanheira Dilma Rousseff, o ex-ministro Patrus Ananias soube  em abril que também estava proibido de sonhar com o governo mineiro. Em seguida, soube que deveria fazer companhia a Hélio Costa como candidato a vice. Soube, enfim, que deveria receber com muito orgulho a notícia do rebaixamento.
O PMDB dispensou-se de concessões ao PT para lançar 13 candidaturas próprias. Para chegar a 10, o PT curvou-se a todas as exigências do parceiro e não teve uma única reivindicação atendida. O baiano Jacques Wagner e a paraense Ana Júlia Carepa imaginaram que um governador no primeiro mandato teria a candidatura à reeleição prontamente chancelada pela aliança. Erraram. Wagner vai dividir o apoio de Lula e Dilma com Geddel Vieira Lima. Ana Júlia terá de sobreviver por conta própria ao confronto com a tropa de choque de Jader Barbalho.
Concluída a montagem dos palanques estaduais, a contemplação do horizonte eleitoral escancara a verdade que os companheiros fingem não enxergar. O sócio majoritário é o PMDB. O partido a que Lula pertencia agora é um partido que pertence a Lula.

CLÁUDIO HUMBERTO

“Ele me disse por telefone: ‘não tenho amantes"
JOSÉ SERRA RELATANDO A CONVERSA QUE TEVE COM SEU VICE, ÍNDIO DA COSTA.

JUSTIÇA FEDERAL PEGA LEVE COM NARCOTRAFICANTES
Distante da dura rotina do combate ao avanço da droga, que destrói famílias e provoca dependência e morte, parte da Justiça Federal tem sido criticada pela aplicação de penas leves até para traficantes internacionais como Flávio José Gomes dos Santos. Preso pela Polícia Federal em flagrante, no Aeroporto de Brasília, tentando embarcar para Lisboa com quase 3kg de cocaína, foi premiado com apenas 2 anos e 70 dias em regime aberto, e com direito a recorrer em liberdade.

CRIME HEDIONDO
Com 3kg de cocaína, o traficante poderia produzir 60 mil pedras de crack, droga barata e assustadora, que causa dependência imediata.

PERPLEXIDADE
A pena ao traficante Flávio Santos causou perplexidade entre policiais que dedicam a vida, colocando-a em risco, combatendo o narcotráfico.

POSSÍVEL EXPLICAÇÃO
Policiais experientes acham que a Justiça Federal em geral não lida com crimes do “mundo cão” do narcotráfico (homicídios, roubos, etc).

COMPENSA 
Penas leves estimulam o traficante a correr risco: a cocaína apreendida com Flávio Santos foi avaliada em 60 mil euros (mais de R$ 100 mil).

ADAMS QUER DISPUTAR VAGA DE MINISTRO DO STF
A reunião de ontem no gabinete do ministro Luiz Adams (Advocacia Geral da União), para discutir o aumento dos servidores do Judiciário, foi interpretada como sinal de que ele é mesmo candidato à vaga do ministro Eros Grau no Supremo Tribunal Federal. Só Paulo Bernardo (Planejamento) representava o governo, mas Adams entrou nas negociações para se credenciar junto a servidores e ao próprio STF.

“DILMÓBVIA” 
Beira a platitude as mensagens do Dilma no Twitter: “Senti uma energia forte na convenção do PT lá em Salvador. Axé, pessoal”.

COPIOU, CHEFIA 
A Presidência tem muito o que escanear e copiar até 2013: gastou R$ 703,2 mil comprando impressoras multifuncionais top de linha. 

ALMAS GÊMEAS 
A bela espiã russa com site e fotos na internet lembra os arapongas da nossa Abin – agentes secretos que têm crachá. Mas como são feios...

BOA SORTE
O ex-ministro Hélio Costa foi interrompido durante a convenção do PMDB em Minas, com a presença de Dilma e Temer, por um telefonema de Brasília. Era o presidente Lula desejando-lhe boa sorte.

ENCRENCA NA CERTA 
O vice de Marcelo Déda (PT) em Sergipe, o deputado Jackson Barreto (PMDB-SE) foi réu em mais de 400 processos no Tribunal de Contas de Sergipe. Perdeu o mandato de prefeito de Aracaju, por intervenção.

FILA NO W.C. 
Cerca de 210 participantes da Conferência Nacional de Saúde Mental, em Brasília, tiveram problemas digestivos. O Ministério da Saúde não soube explicar o que provocou a diarreia coletiva, mas informou que as vigilâncias sanitária e epidemiológica investigam o caso.

BICOS CRUZADOS
O vice de Serra, Indio da Costa, diz que foi arquivada a investigação do sobre o suposto faturamento da merenda escolar quando ele era Secretário – relembrado pela deputada tucana Andréa Gouveia Vieira. 

CARGA PESADA 
Mal apagaram um incêndio, aparece outro: a lembrança de que Indio da Costa foi genro de Salvatore Cacciola, visitou-o em Bangu 1, e é parente de banqueiro 
envolvido em estripulias do finado Banco Santos.

O PODER DO DETECTOR
Pela primeira vez no Brasil, laudo técnico de voz de perito privado foi base da absolvição de réu: Cristino Marini, acusado de mandante de crime em Veranópolis, em 2008, foi absolvido em junho pela Justiça gaúcha. Mauro Nadvorny, da Truster, mostrou que o acusador mentiu. 

CASA DE MARIMBONDOS 
O “varejo” petista se esbaldou na internet com as acusações de irregularidades na “ficha” do vice de Serra. Mas os dirigentes preferiram não atirar pedras, por enquanto. Afinal, todos têm telhado de vidro. 

A NOVELA DOS CONCURSOS 
Abaixo-assinado da Associação Nacional de Proteção e Apoio aos Concursos (www.anpac.org.br) defende lei única para evitar fraudes, mínimo de um mês para inscrição, e três de estudo, antes das provas. 

PENSANDO BEM...
... Comparado ao enroladíssimo goleiro Bruno, do Flamengo, o “imperador” Adriano é apenas um Kaká. 

PODER SEM PUDOR
TEMPOS DE CHUMBO 
Os anos 1950 marcaram com sangue a política em Alagoas, onde uma eleição podia ser definida no voto ou na bala. Irmão do poderoso general Góes Monteiro, ministro da Guerra, o governador Silvestre Péricles mandou acabar “à bala” um comício da UDN em Mata Grande, a 300 km de Maceió. Alguém lembrou que o senador Ismar Góes Monteiro estaria no palanque.
– No meu irmão atire na bunda! – reagiu o governador.
A ordem foi cumprida à risca, com saldo trágico: assassinaram o deputado Moacir Peixoto, que promoveu a manifestação, e os filhos Urbano e Sônia.

COPA

SEXTA NOS JORNAIS

Globo: Importações disparam e a balança comercial desaba

Folha: Serra e Dilma mantêm empate

Estadão: Gilmar Mendes concede 1ª liminar contra Ficha Limpa

JB: O vice incômodo

Correio: MPU abre 593 vagas e paga até R$ 6,5 mil

Valor: Desaquecimento já atinge também países emergentes

Estado de Minas: O dia D de Dunga

Jornal do Commercio: De olhos bem abertos

Zero Hora: Ensino Médio está estagnado, alerta estudo do MEC