segunda-feira, maio 06, 2019

Colômbia: tão perto e tão longe da Venezuela - VINICIUS MOTA

FOLHA DE SP - 06/05

País que recebe mais refugiados do chavismo marcha para a prosperidade

A Colômbia é o país que mais recebe refugiados da diáspora venezuelana. Segundo as Nações Unidas, mais de 1 milhão, do total de 3 milhões que preferem ver o ditador Nicolás Maduro pelas costas, acabou em terras colombianas.

A julgar pelo contraste entre as trajetórias das duas nações nas últimas décadas, a fronteira entre elas parece um daqueles portais de filmes de ficção conectando dois universos distintos. Ao cruzá-la, deixa-se uma sociedade em colapso para outra que marcha para a prosperidade.

No último decênio, a economia da Colômbia cresceu à taxa anual de 3,5%, ritmo que tende a no mínimo manter nos próximos anos. É quase o triplo da velocidade brasileira (1,2%), que periga declinar ainda mais conforme se aproxima o fecho da segunda década do século 21.
Falta pouco para a renda por habitante colombiana se igualar à brasileira. Em 1980, cada morador da nação vizinha ganhava menos de 60% do que se obtinha no Brasil. A desigualdade aqui parou de cair. Lá não.

Enquanto uma erupção de violência urbana assolava a Venezuela chavista —e um fenômeno de menor intensidade fazia piorar as taxas brasileiras—, os assassinatos declinavam na Colômbia. As marcas de 70 mortes por 100 mil habitantes, atingidas no final da década de 1990, deram lugar a cifras em torno de 25. Ainda ruins, mas menores que as do Brasil e bem distantes das venezuelanas.
94
2020
56
1980
70
1990
72
2000
74
2010
94
2020
O desempenho de estudantes colombianos na prova internacional Pisamelhora seguidamente e supera o dos brasileiros, embora aqui se gaste mais com ensino. Em outra avaliação mundial, sobre facilidade para fazer negócios em 190 países, a Colômbia fica na 64ª posição, a melhor da América do Sul. O Brasil aparece no 109º lugar, e a Venezuela, no 188º.

Hipóteses para explicar o sucesso relativo da Colômbia? Adesão a valores como estabilidade, abertura, racionalidade econômica, pacificação nacional, segurança pública e alternância no poder sem que isso signifique aniquilação de adversários.

Vinicius Mota
Secretário de Redação da Folha, foi editor de Opinião. É mestre em sociologia pela USP

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