segunda-feira, outubro 02, 2017

Tipologia da direita contemporânea - LUIZ FELIPE PONDÉ

FOLHA DE SP - 02/10

Como prometido, vamos esboçar uma tipologia científica da direita hoje. O tema é mais complexo do que uma tipologia da esquerda contemporânea porque "ser de direita" tornou-se quase um palavrão. Nesse sentido, há um indício evidente de vitória cultural da esquerda nas últimas décadas.

Comecemos por esse tipo de direita (um tipo meio patológico), ou a "direita que não sai do armário". Aquele tipo de cara de direita que os outros dizem "você é de direita" e ele fica com medo. "Ser de direita", aqui, significa "não ter direito de contra-argumentar" e não ser convidado para jantares inteligentes.

A própria palavra "direita" dá medo de ser dita. Algumas pessoas tentam dizer a si mesmas "sou de direita" na frente do espelho e engasgam ou vomitam sobre a própria imagem.

Nesse tipo, a "pessoa de direita" se vê presa do olhar do outro (bem chique esse diagnóstico!), e esse olhar diz o seguinte: você gosta de torturadores, é anti-humanista, burro, racista, homofóbico, machista e trabalhou para a ditadura no Brasil (mesmo que você tenha hoje 20 anos de idade). Esse tipo, quando sai do armário, grita: "Sou liberal, e não de direita!"

O que atormenta este tipo de "direita que não sai do armário" é a possibilidade de que se descubra gostando de torturadores, sendo racista, homofóbico e coisas assim. Reconhecer-se como "direita fascista" e pró-Trump é reconhecer-se como um membro daqueles que queimam o filme da direita. Mas vale dizer que todo o trabalho da direita mais recente no Brasil é escapar dessa narrativa (outro diagnóstico chique!).

O oposto a esse tipo "patológico" é a "direita transante" (o termo não é meu). Essa direita tende a ser mais jovem, mais descolada, derrubou a Dilma, é a favor do mercado, do Estado mínimo e fala a língua da moçada "nas redes". Essa direita ameaça o monopólio do mercado dos movimentos estudantis, que sempre pertenceu a esquerda.

Essa direita é mais festiva e está, aos poucos, aprendendo a falar de cinema, literatura, e coisas que ajudam a pegar mulher. Um critério para essa direita é se pega ou não gostosas.

Ligada a ela, nasce a "direita gay", transante também, descolada e assumida. Como a anterior, é a favor do mercado e foge do estereótipo da "direita fascista".

Também ligada a ela, temos a "direita gostosa": mulheres jovens, normalmente empresárias, advogadas, na maioria dos casos, gaúchas ou paranaenses. Aquele tipo de mulher que assusta cara que ganha menos do que ela e que teme ficar sozinha no final, justamente por ser sexy demais e ter seu próprio Mastercard Black. Sem elas, nada acontecerá no século 21.

No lado oposto, está a "direita dos esquisitos". Aquele tipo de cara que, ou só fala de economia, ou de são Tomás de Aquino e frequenta eventos que "são de direita".

Esse tipo gosta de bater boca, odiar gente de esquerda e se veste muito mal. Não come ninguém, o que dá a ele um perfil de ressentimento muito fácil de ser identificado.

Variante desse tipo de "direita dos esquisitos" é a direita desses caras, simplesmente, mais velhos.

Diferentemente da dos mais jovens, viveu muitos anos "no armário", o que produz um certo odor de naftalina ao redor, daí seu nome cientifico de "direita naftalina".

Há também a "direita moderna": liberal em economia, secular, defensora do Estado mínimo e que engatinha no Brasil, no sentido de constituir uma rede político-partidária pra "chamar de sua" e que escape da maldição da herança autoritária e corrupta na política.

Uma direita bem chatinha é a "direita da inovação". Gente que fala no mundo corporativo e goza quando diz a expressão apocalíptica "impressora 3D".

Por último, a "direita religiosa", que se divide em duas. A "direita católica", normalmente gente muito estudiosa, conservadora, tímida e que anda na sombra em lugares públicos. Quando ouve o nome "teologia da libertação", mal consegue conter seus ímpetos inquisitoriais. A "direita evangélica" é muito mais dinâmica, faz "política real", abre igrejas por franchising e está a ponto de criar um verdadeiro liberalismo popular no país. Aleluia, irmãos!


5 comentários:

Arlindo Lopes Corrêa disse...

Sou de direita mas não pude identificar-me na tipologia. Estou cego ou - muito pior - sou da esquerda enrustida?

Anônimo disse...

Onde é que ele viu que a maior parte da "direita gostosa" é paranaense ou gaúcha???

Anônimo disse...

Putz grilla! Desonestidade intelectual agora tenta se inserir na horda que foge da implosão do estado islâmico peetista? Quer ser o emir do templo aparelho onde petistas com cheiro de mortadela vão arrotar peru?.
Os direitistas não correspondem ao seu diagnóstico, sabe porquê? Os trouxas que eram manipulados e comidos pelas lideranças esquerdistas, sem sombra de dúvida, sao exatente os "sem traquejo social" que tenta atribuir aos de direita.
Quem não sabe satisfazer.uma mulher são os esquerdistas, pois ficaram mais interessados.em satisfazer.a.franga que.o esquerdismo brotou neles. Esquerdista adora um fio terra. Simples assim!

ADEMAR AMANCIO disse...

Excelente artigo.Tem muito macho adorando fio terra.Eu sou gay e não curto.

Anônimo disse...

Sedizente filósofo de esquerda é piada pra boi dormir. Economista e filósofo na esquerda e mais raro que petista honesto.
Leandro karnal e pondé são os melhores que os jurássicos comedores de criancinhas conseguem produzir?