Organizar a segurança de uma Olimpíada, o mais complexo evento que o Rio já sediou, é um pesadelo logístico.
Exatamente por isso, requer coordenação e planejamento. Duas coisas que claramente faltaram ao governo federal, ao menos na hora de definir quem faria a revista de público na entrada das arenas esportivas.
A tarefa seria da Força Nacional, mas, num primeiro fiasco, o governo não conseguiu reunir os 9.600 agentes previstos —eles são cedidos pelos Estados e, como o Rio Grande do Norte vem mostrando, são poucos os que podem liberar seus PMs, bombeiros e policiais civis.
Com apenas 6.000 homens disponíveis para a força, armou-se uma licitação às pressas para contratar agentes privados e tentou-se barateá-la ao máximo —ainda assim, custaria R$ 17,3 milhões. Não podia resultar diferente: a empresa vencedora, Artel Recursos Humanos, não tinha experiência nem capacidade de cumprir o contrato.
Não obstante, o governo federal chancelou o bizarro processo de contratação de mão de obra, dando certificados oficiais do Ministério da Justiça a qualquer um que tivesse ensino médio, assistisse a uma palestra e passasse em um teste on-line de 20 questões. Segundo fiasco.
Nem com esse critério elástico de admissão a Artel conseguiu fornecer o total de homens previsto. Com a operação olímpica já funcionando —atletas, equipes e jornalistas ocupando arenas e suas respectivas vilas—, o Comitê Organizador sentiu o drama e precisou chamar uma outra empresa para fazer a revista.
Foi apenas quando faltavam sete dias para a abertura que o governo se deu conta do tamanho do problema e partiu para um novo remendo: chamar 3.400 PMs e bombeiros inativos, que custarão ao menos o dobro do que a licitação previa. Terceiro fiasco e, espera-se, o último.
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