FOLHA DE SP - 02/11
SÃO PAULO - Marcas de frenagem da China estão por toda parte. A taxa anual de crescimento da produção, cuja média ultrapassou 10% ao longo de três décadas, transita desde 2011 para um padrão que com sorte será a metade disso.
A vigorosa ascensão econômica tirou o país da miséria, mas não assegurou seu bilhete para o clube das nações desenvolvidas. O poder de compra médio de um brasileiro, mesmo tendo crescido modestamente nos últimos 40 anos, ainda hoje é 10% superior ao de um chinês. O PIB per capita da Grécia afogada na crise é 80% maior que o da China pós-milagre.
Sob a ótica da história do desenvolvimento na era industrial, a China apenas repete, com atraso, o observado em diversas nações desde o século 18. A passagem de grandes contingentes populacionais de setores pouco produtivos, como a agropecuária tradicional, para a indústria e os serviços urbanos tem 100% de eficácia na aceleração da produção nacional.
Nem sequer o método do controle central dessa transição constitui novidade. Antes dos chineses, os soviéticos praticaram essa modalidade em larga escala, e o resultado –elevado crescimento econômico entre 1920 e 1960– chegou a assombrar as democracias ocidentais.
O forte investimento em educação básica e a relativa exposição de empresas nacionais à competição externa, bem como o incentivo à poupança familiar, aproximam a trajetória chinesa da trilhada anteriormente por Japão e Coreia do Sul. Esses fatores isoladamente, contudo, até hoje não bastaram para enriquecer nações.
Sem a abertura política fundamental, que dá à grande maioria da sociedade acesso aos riscos e aos benefícios do progresso, não há país que tenha alcançado o desenvolvimento. Não se vislumbra na China de hoje nenhuma instituição capaz de afrontar e relativizar o poder absoluto da burocracia do Partido Comunista.
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