quarta-feira, setembro 18, 2013

O craque não parece, é - TOSTÃO

FOLHA DE SP - 18/09


Cruzeiro e Botafogo, as duas melhores equipes brasileiras, possuem várias coisas em comum


A mais difícil definição no futebol, impossível em alguns casos, é a de craque. Banalizaram o conceito. Qualquer bom jogador, habilidoso, ganha esse rótulo. São os mesmos que acham qualquer pelada uma maravilha, que não consideram antiético o procurador-geral do STJD, Paulo Schmitt, viajar como convidado da CBF e que contestam o craque Alex por criticar o péssimo calendário do futebol brasileiro. São os acríticos, como disse o mestre Juca Kfouri.

Ainda bem que existem os mais exigentes, chamados de ranzinzas, que esperam o tempo para separar os brilharecos dos verdadeiros craques.

Os craques, como regra, atuam em grandes times, pelas seleções de seus países, ganham os maiores títulos e jogam ao lado de bons coadjuvantes.

Há exceções. Alguém vai dizer que Neymar ainda não pode ser chamado de craque porque não ganhou um mundial, de clubes ou de seleções, nem brilhou no melhor campeonato de times do mundo, a Liga dos Campeões. Seu extraordinário talento está acima de qualquer critério.

Os craques mostram que são especiais nas categorias de base ou no início das carreiras nos times profissionais. Há também exceções. Rivaldo demorou um longo tempo para ser reconhecido como craque. Foi eleito o melhor do mundo. Já Robinho, chamado um milhão de vezes de craque, se tornou apenas um bom ou ótimo jogador. Rivaldo se destacava mais pela técnica, e Robinho, mais pela habilidade. Robinho parecia craque, Rivaldo era craque.

Uma clássica definição de craque é a de que ele antevê o lance. Sabe antes dos outros. Como sabe? Sabendo. Existe um saber que antecede o pensamento lógico. Alguns chamam de saber corporal. Outros, de intuição. A ciência diz que é uma inteligência cinestésica. Mas não adianta antever o lance, se o jogador não tem grande técnica para executá-lo. O craque sabe e faz.

Nenhum talento resiste ao tempo. Alguns, antes dos outros. Os grandes craques possuem um período de esplendor técnico, de tempo variável, além de outro período, às vezes, mais longo, de manutenção, de administração da fama e de altos e baixos, até que o brilho se apague. Quando o craque não percebe, alguém tem de apagar a luz.

Hoje é dia de ver vários craques juntos no Barcelona. O time continua frágil na defesa, principalmente nas jogadas aéreas.

Mas o grande jogo do dia é entre Cruzeiro e Botafogo, equipes organizadas que têm várias coisas em comum. Possuem ótimos goleiros, capitães, volantes experientes que vivem seus melhores momentos (Nilton e Marcelo Mattos), excelentes meias criativos (Éverton Ribeiro, Seedorf e Lodeiro), uma diversidade de goleadores e bons treinadores, Marcelo e Oswaldo, com o mesmo sobrenome, Oliveira. E não têm um rei na barriga.

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