O Estado de S.Paulo - 25/07
Um movimento de natureza regional, com alcance nacional. Assim pode ser definida a troca de comando do PSB em Minas Gerais, com a saída de Walfrido dos Mares Guia e a escolha do deputado Júlio Delgado para a presidência.
É o primeiro indicativo nítido a olho nu de que o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, será mesmo candidato a presidente em 2014. "Mostra o jogo sendo jogado", diz um aliado de Campos.
A substituição de Mares Guia - foi ministro de Luiz Inácio da Silva, é amigo do PT e defende apoio do PSB à reeleição de Dilma Rousseff - por Delgado, que teve no senador Aécio Neves um empenhado cabo eleitoral quando se candidatou à presidência da Câmara contra Henrique Alves, pode ser vista também como parte de uma ação conjunta de Campos e Aécio, no jogo da sucessão.
O projeto, ainda em fase de esboço, é formar palanques comuns em vários Estados e, se possível, firmar um acordo de apoio recíproco no segundo turno da eleição presidencial. Se o pernambucano for finalista, o candidato do PSDB o apoia e vice-versa, caso Aécio passe para a segunda etapa.
Uma das possibilidades de aliança regional é justamente em Minas, onde se trabalha com a ideia de formação de chapa única entre os dois partidos, um com a candidatura a governador outro na vice. Em São Paulo encaminha-se acordo semelhante para a disputa pela reeleição de Geraldo Alckmin, bem como no Paraná e em Pernambuco.
Entre os Estados de maior densidade eleitoral, o Rio de Janeiro é um problema para os dois partidos devido à falta de nomes viáveis. O PSDB faz tentativas com Fernando Gabeira que, no entanto, prefere atuar na política apenas como jornalista. O PSB aguardava a saída do senador Lindbergh Farias do PT se a direção nacional o obrigasse a desistir de concorrer, mas, com o declínio do governador Sérgio Cabral, a candidatura petista se fortaleceu.
A hipótese de o governador de Pernambuco ser candidato a vice de Lula se for ele o candidato do PT em 2014 é considerada fora de cogitação. Por vários motivos, sendo o primeiro deles a posição de Eduardo Campos que a cada dia renova a validade de frase dita meses atrás: "Não tenho temperamento para vice".
Em segundo lugar, o PSB não quer ser plano B de ninguém. Em terceiro, avalia que não há chance de o ex-presidente se dispor a disputar a eleição no caso de Dilma não recuperar a popularidade, porque não teria como se dissociar do fracasso.
Além disso, na interpretação do partido, Lula perdeu a oportunidade de "segurar" Eduardo Campos quando não quis apoiar a candidatura do PSB à presidência da Câmara como forma de impedir o PMDB de tomar conta do comando do Congresso.
AI-6. O governador Sérgio Cabral parece mesmo decidido a aprofundar o buraco por onde já escorreram 30 pontos porcentuais na avaliação positiva de sua administração.
Depois de várias peripécias nacionalmente conhecidas, Cabral resolveu fazer do Rio de Janeiro uma espécie de enclave absolutista na república democrática do Brasil. É o que sugere o decreto que confere poder à Comissão Especial de Investigação de Atos de Vandalismo em Manifestações Públicas para "praticar quaisquer atos necessários à instrução de procedimentos".
Entre esses atos está o de pedir quebras de sigilos às operadoras de telefonia e provedores de internet "no prazo máximo de 24 horas". O governador dá de ombros ao Estado de Direito e usa como molde o Ato Institucional n.º 5, por intermédio do qual a ditadura exerceu plenos poderes no Brasil de 1968 a 1978.
Serventia. Do ex-presidente Lula acerca do "zum-zum-zum na imprensa" sobre propostas de redução do número de ministérios: "Não tem que diminuir ou aumentar, tem que saber para que serve".
De fato.
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