quinta-feira, agosto 18, 2011

PAULO SANT’ANA - Rumo ao paredão

Rumo ao paredão 
PAULO SANT’ANA
ZERO HORA - 18/08/11

Eu sou um democrata e detesto ditadura.Mas, se eu fosse ditador, tivesse todos os poderes, tomaria as seguintes medidas:

1) Mandaria fuzilar todos os donos de garagens de Porto Alegre que cobram mais de R$ 10 por hora de estacionamento;

2) Mandaria fuzilar todos os motoristas de POA que imprimissem mais de 100 km/h em seus carros, no perímetro urbano;

3) Mas, antes deles, mandaria fuzilar todos os motoristas que infernizam os que estão na frente deles na fila e a única coisa que desejam é ultrapassar com rudeza ou violência os que lhes antecedem. Fuzilaria a todos esses malditos;

4) Mandaria fuzilar todos os que falam no celular dentro do elevador;

5) Mandaria fuzilar todos os moradores de POA que jogam lixo na rua, fora dos locais coletores;

6) Mandaria fuzilar todos os que ocupam vagas de idosos e deficientes físicos nos estacionamentos;

7) Mandaria fuzilar todos os grandes cantores que, em meio aos seus shows, depois de interpretarem várias canções de compositores célebres, dizem o seguinte: “Agora vou cantar uma música de minha autoria”;

8) Mandaria fuzilar, no paredão, todos os empregadores que não dão emprego para pessoas de mais de 50 anos, para negros, para obesos, para homossexuais e para pessoas que não têm “boa aparência”;

9) Mandaria fuzilar quem criou, em plena consciência, essas intermináveis e definitivas filas de consultas e cirurgias do SUS. E a seguir fuzilaria todos os governantes que têm cacife e poder para acabar com essas filas e fingem normalidade;

10) Mandaria executar na cadeira elétrica todas as pessoas que não entenderam a piada e mesmo assim desferem gargalhadas estrondosas;

11) Mandaria enforcar todos os megalomaníacos que não têm motivo para sê-lo, principalmente os burros congênitos;

12) Mandaria fuzilar todos os políticos que têm mandato e que entram para a base aliada só para nutrir suas vantagens pessoais;

13) Mandaria executar em praça pública todo aquele que, numa conversa, não permite ser interrompido, mesmo adivinhando que quem interromper irá expender argumento mais interessante que o dele;

14) Mandaria fuzilar todos os chatos, sem exceção, inclusive a mim próprio, caso me permitisse ouvir qualquer chato por mais de três minutos;

15) Mandaria fuzilar todas as prostitutas que tivessem orgasmo e as esposas que não o tivessem e o fingissem;

16) Mandaria anistiar todas as pessoas que, depois de conhecerem meu currículo humanista, pudessem pressupor que eu seria capaz de me tornar ditador e capaz de mandar fuzilar alguém.

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