segunda-feira, maio 24, 2010

MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO

Fornecedor sofre com consolidação 
Maria Cristina Frias

Folha de S.Paulo - 24/05/2010

A consolidação do varejo, que se acentuou com a união de Casas Bahia e Pão de Açúcar, e, mais recentemente, a de Ricardo Eletro e Insinuante, mudou o tratamento dado a fornecedores de móveis e eletrodomésticos.

Quem mais reclama é o fabricante de móveis. O aumento do poder de compra do varejista deixou vulnerável a ponta fornecedora, segundo o presidente da Abimovel (Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário), José Luiz Fernandez.

"Sempre teve pressão do varejo por preço baixo, mas, se sua proposta não condizia com o que um deles queria, você ia procurar outro. Hoje é menos flexível", diz Sílvio Pinetti, do sindicato moveleiro de Arapongas (PR).

Numa negociação, a margem de lucro pode cair até 10%, dizem fabricantes que pedem para não ser identificados. Ponto Frio e Casas Bahia são os que impõem condições mais duras, especialmente após a fusão, dizem.

O Pão de Açúcar afirma que "não há consolidação das compras de móveis entre as áreas comerciais do Grupo Pão de Açúcar (Extra) e Ponto Frio, uma vez que as áreas comerciais das duas redes atuam separadamente".

No início deste ano, o Cade assinou um acordo para permitir a integração operacional entre as redes Ponto Frio e Casas Bahia. As empresas podem unir áreas. O departamento de compras, porém, deve permanecer separado, por decisão do Cade.

A negociação com fornecedores pode ser feita em conjunto, mas cada rede deve firmar contrato próprio.
Além do Horizonte
José Carlos Grubisich, presidente da ETH Bioenergia, voltou na sexta-feira do Japão, animado com as perspectivas para o etanol brasileiro. O governo japonês quer cortar 25% das emissões de carbono e discute aumentar o etanol na gasolina. A meta é 3% de adição de etanol no combustível e pode passar a 10% em 2020. "O mundo começa a entender que o etanol de milho perde para o de cana no balanço enérgico e ambiental." O Japão tem pouco etanol, e muito dessa adição sairia do Brasil, diz. "O mercado potencial japonês é estimado entre 5 bilhões e 6 bilhões de litros de etanol, no horizonte de 2020, baseado na adição de 10%. Mas ainda haverá muita discussão, antes de o Japão decidir." Quanto à abertura de outro horizonte, o de capital na Bolsa, pensada para o segundo semestre de 2011, deve ficar só para o primeiro trimestre de 2012.
Braço de ferro
Luiz Carlos Batista, presidente do Conselho da Máquina de Vendas, resultante da união de Ricardo Eletro e Insinuante, admite que, na junção das redes, ganharam escala e podem agora "comprar melhor. A empresa cresceu e passa a ter um poder de barganha maior. Mas temos o mesmo respeito no tratamento com o varejista".
Unidos venceremosA integração das áreas de compras das duas redes já foi concluída, assim como a do marketing. O próximo passo é integrar a logística, diz Batista.
Mudanças no arFornecedores de eletrodomésticos também confirmam que houve alterações na relação com o varejo após a redução do número de clientes, mas não detalham o que tem ocorrido.
Fracos e fortesDe acordo com um especialista em concorrência, os fornecedores de móveis, que são mais pulverizados em empresas menores, tendem a sofrer mais que os de eletrodomésticos -que, por serem empresas de maior porte, podem rejeitar certas condições nas novas políticas de compras.
Escolinha do...No BNDES, logo concluíram: é o banco brasileiro fazendo escola. Barack Obama estuda criar um banco nacional de desenvolvimento para financiar infraestrutura.
Receita Sexy
"Cristão, otimista e ousado." A autodefinição do empresário Francisco Deusmar de Queirós, 62, presidente da rede de farmácias cearense Pague Menos, combina com uma empresa que inaugura em média quatro lojas por mês neste ano. Para fortalecer a presença no Sul e no Sudeste, Queirós, que tem 370 farmácias, em todos os Estados, planeja construir um centro de distribuição em 2011. "Pode ser em Minas, Goiás ou Rio. Dificilmente, em São Paulo, porque não oferece incentivo fiscal." A companhia se prepara para abrir capital, o que deve ocorrer só no final de 2012 ou início de 2013. "Já contratamos a KPMG, para fazer a auditoria dos balanços, e a Ernst & Young, para a governança corporativa. O banco de investimento só vamos definir em 2011." A meta de Queirós é atingir Ebitda de R$ 150 milhões em 2012, o que ele considera um bom número para um IPO de sucesso. O crescimento da rede atrai a atenção de grandes grupos interessados em comprá-la. "O assédio é quase sexual", brinca. "Mas não tenho interesse em vender." Líder em faturamento no setor, ele projeta R$ 2,2 bilhões para 2010 -alta de 20%.
NÚMEROS DA PAGUE MENOS

R$ 1,86 bi
Faturamento em 2009

R$ 96,8 mi
Ebitda em 2009*

*Lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação
MAIS AÇO NA CONSTRUÇÃO CIVIL

O uso do aço na construção civil deve crescer no país.
Com o atraso na implementação de obras de infraestrutura, especialmente as ligadas aos megaeventos esportivos de 2014 e 2016, a utilização de perfis metálicos é uma saída, de acordo com Amaryllis Romano, da Tendências Consultoria.
A principal vantagem do sistema é a rapidez. "Uma obra com sistema construtivo baseado no aço pode ser concluída em tempo até 40% inferior aos processos tradicionais", diz Romano.
Em 2009, o consumo de aço no mercado doméstico caiu 22%. Neste ano, porém, a expectativa é de alta de 12%, segundo a consultoria.
"O principal entrave a essa saída é a falta de mão de obra especializada na área", diz.

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