SÃO PAULO - O discurso eleitoral do PT já se fixou em torno da comparação entre os governos de Lula e FHC. Simplificado ao máximo, ele insiste na ideia de que "eles" (tucanos) governavam para os ricos, e "nós" (petistas) governamos para os pobres (ou para todos). Essa estratégia está em curso e foi usada de maneira ostensiva no programa de TV petista, no final do ano passado. Dizer, à moda tucana, que o mundo real é mais complexo ou que tudo na vida é "um processo" pode até sensibilizar a USP, mas dificilmente vai atrair os votos que importam. O mote do contra-ataque que o PSDB ensaia na verdade é outro. Interessa aos tucanos contrastar as biografias, não os governos. Serra contra Dilma, e não Lula contra FHC. É o que fez no domingo o cientista político Sergio Fausto, diretor-executivo do iFHC, no artigo "Liderança à altura", publicado em "O Estado de S. Paulo". Lá, Fausto diz que Serra, ao contrário de Dilma, é alguém "cuja liderança não terá de ser forjada a golpes de marketing eleitoral", pois já "precede a sua candidatura". O tucano teria, além da legitimidade formal para governar, que se conquista nas urnas, uma "legitimidade substantiva", que "só a biografia política pode conferir". Sobre Dilma, o tucano questiona: "Que cargos eletivos disputou? Quando e onde foi testada nas habilidades que se requerem de uma pessoa que almeja ocupar o principal cargo político do país?". Diante da temeridade de enfrentar Lula, o PSDB busca descredenciar sua pupila. Vejam -dizem eles- o "artificialismo" dessa candidatura, que nasce da escassez de nomes no PT. É um argumento válido. Mas alguém deve perguntar se o fenômeno Gilberto Kassab não é uma liderança sem "legitimidade substantiva", forjada "a golpes de marketing"? A não ser que os tucanos digam que a Prefeitura de São Paulo é desimportante e qualquer um pode ocupá-la, ainda precisam defender a escolha da "Dilma de Serra", inclusive debaixo d'água. |
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