segunda-feira, novembro 16, 2009

PAINEL DA FOLHA

Do limão, uma limonada

RENATA LO PRETE

FOLHA DE SÃO PAULO - 16/11/09

Parte do PT defende que a pré-candidata Dilma Rousseff saia da toca e aproveite a tentativa do PSDB de manter em pauta o apagão da semana passada para promover uma nova rodada de comparação entre as gestões de Lula e de FHC.
Líder da bancada petista na Câmara, Cândido Vaccarezza (SP) fala em apresentar requerimento para que a ministra vá ao plenário discorrer sobre energia e traçar um quadro do que foi feito pelo atual governo, sempre lembrando do apagão de 2001, um dos marcos do ocaso da era tucana. Seria uma chance, alegam aliados, de compensar o erro inicial de tê-la mantido ostensivamente longe do assunto.


Mensageiro. Coube ao embaixador do Brasil na França, José Mauricio Bustani, a tarefa de informar Lula do ocorrido no Rodoanel. Em busca de informações, o presidente entrou em contato com o Ministério dos Transportes.

Veja bem. Em entrevista ao jornal alemão "Die Zeit" concedida ontem em Roma, nenhuma pergunta foi feita a Lula sobre a pré-candidata Dilma Rousseff. O apagão também passaria batido, não fosse o próprio presidente mencionar o tema.

Até o fim. Lula manteve com afinco a dieta, mesmo com as tentações à mesa na França e na Itália. O presidente ficou só na proteína.

Ataque... É enorme a pressão para que o ministro Carlos Ayres Britto mude o voto no caso Battisti, ajudando a formar no STF, nesta quarta, maioria favorável ao entendimento de que caberia ao presidente da República a decisão final sobre a extradição.

...especulativo. Desde a chegada ao Supremo, em 2003, Britto repete a colegas que deve sua indicação em boa medida ao jurista Celso Antonio Bandeira de Mello, contratado pela defesa de Battisti especificamente para influenciar o pupilo.

Bufê. O Planalto realizou pregão na quinta-feira passada para comprar utensílios de cozinha. Foram cerca de R$ 24 mil em assadeiras de pizza, panelas, caldeirões e taças.

Segunda... Chegou às mãos do TCU auditoria apontando falhas da Caixa Econômica Federal em contratos de financiamento de saneamento básico com recursos do FGTS. Segundo o parecer, há "restrições sem amparo legal na contratação de operações".

...onda. Dos R$ 2 bilhões autorizados para essa área, a CEF liberou apenas 11,02%. O TCU recomenda ao Ministério das Cidades remeter a minuta do decreto do marco regulatório do saneamento à Caixa e ao BNDES antes de sua edição. Já a pasta diz que as discussões sobre o decreto ainda não terminaram.

Outro lado. Segundo a Caixa, já foram executados 18,2% dos recursos, e não 11,02%, como fala o TCU. O banco diz que a demora se deve a exigências burocráticas relativas ao cadastro do agente financeiro e do mutuário.

Difícil. Não é só o PP que resiste a um compromisso formal com Dilma. Também no PR convivem uma banda engajada na candidatura governista e outra, não desprezível, inclinada para a oposição.

Sai... Voltou a ganhar força no PT a ideia de que é inviável esperar até fevereiro para dar posse ao novo presidente nacional do partido e aos dirigentes nos Estados. Argumenta-se que haverá um "vácuo de legitimidade" para negociar as alianças de 2010. As eleições internas da legenda ocorrem no próximo dia 22.

...ou não sai? Os defensores da tese sugerem renúncia coletiva, ao menos do diretório nacional. O atual presidente, Ricardo Berzoini, é contra. Diz que é "natural" um tempo de transição.
com SÍLVIO NAVARRO e LETÍCIA SANDER

Tiroteio

"Talvez agora, diante do ocorrido no Rodoanel, a oposição pense duas vezes antes de fazer ataques irresponsáveis, como fez nas horas que se seguiram ao blecaute."
Do deputado HENRIQUE FONTANA (PT-RS), comparando a reação da oposição ao apagão de terça-feira à registrada após o acidente de sexta à noite no Rodoanel, uma das principais obras da gestão do governador José Serra (PSDB).

Contraponto

Pista livre


Dias atrás, com o auditório do iFHC lotado para um seminário sobre o Brasil pós-crise, o ex-presidente recebeu a sugestão de dar início ao evento, mas ponderou que ainda aguardava a chegada de seu ex-ministro Luiz Carlos Mendonça de Barros, um dos palestrantes.
De imediato começaram a pipocar comentários na plateia relacionando o atraso às condições invariavelmente precárias do trânsito paulistano. FHC trocou olhares com aliados de Gilberto Kassab (DEM) e observou:
-Engarrafamento? Ué, eu cheguei na hora sem nenhum problema. Vocês estão contra o prefeito?

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