sábado, junho 06, 2009

PAINEL DA FOLHA

Muita calma nessa hora

RENATA LO PRETE

FOLHA DE SÃO PAULO - 06/06/09

Além de aceitar placidamente a sucessão de manobras governistas para adiar a instalação da CPI da Petrobras, o PSDB reuniu um grupo de notáveis nesta semana no Rio de Janeiro para, sob o comando do presidente do partido, Sérgio Guerra, traçar uma barreira de contenção dos trabalhos da comissão.
O grupo -formado por funcionários de carreira da estatal e coordenado por David Zylbersztajn, presidente da ANP no governo Fernando Henrique, de quem foi genro- terá a missão de filtrar denúncias e requerimentos de tucanos na CPI. A ordem é não questionar contratos nem investimentos da Petrobras em obras, concentrando a artilharia no PT, nas ONGs ligadas ao partido e no "aparelhamento".



Ouvir a base. O recuo foi decidido quando os tucanos começaram a receber telefonemas exasperados de empresários doadores de campanha e fornecedores da estatal.

Malanismo, 15. No esforço de voltar ao debate político-econômico, DEM e PSDB realizam na segunda em São Paulo debate sobre a crise para líderes da oposição, com as presenças de FHC, José Serra e Gilberto Kassab. Os expositores serão o ex-ministro Pedro Malan e o economista Kenneth Rogoff, de Harvard.

Saia justa. Palestrante de encontro sobre o agronegócio em Foz do Iguaçu, a senadora Kátia Abreu (DEM-TO), também presidente da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil), desceu a lenha na gestão Lula. A seu lado, todo sem jeito, estava Ricardo Barros (PP-PR), vice-líder do governo na Câmara.

Tour. Ao saber que José Serra e Aécio Neves não chegariam a Foz antes do final da tarde, Sérgio Guerra aproveitou para fazer turismo. Procurado pelo presidente do DEM, Rodrigo Maia, o senador pernambucano estava sobrevoando as cataratas.

Última que morre. Uma das missões conduzidas por José Dirceu em prol da candidatura nacional de Dilma Rousseff é tentar reaproximar PT e PMDB no Pará. Para o ex-ministro, o divórcio entre a governadora Ana Júlia Carepa e o deputado Jader Barbalho ainda não foi selado.

Onde pega. Petistas presentes à reunião do antigo Campo Majoritário, ontem em São Paulo, apontam o Rio Grande do Sul como o Estado em que será mais difícil haver composição entre PT e PMDB. Não por acaso, lá o candidato a governador é o ministro Tarso Genro (Justiça), expoente do grupo Mensagem ao Partido e adversário maior da turma do ex-Campo.

Forasteiro. Integrante de outra corrente do PT, a Novo Rumo, o deputado Cândido Vaccarezza chegou à reunião e foi logo se explicando: "Sou o líder da bancada na Câmara. Fui convidado a participar".

Muy amigo. Adversário de Zeca do PT no partido, o senador Delcídio Amaral fez pose para lançá-lo "candidato de consenso" ao governo de Mato Grosso do Sul. Trata-se de medida preventiva contra os ensaios do ex-governador para disputar uma vaga no Senado -para o qual Delcídio pretende se reeleger.

Brinde 1. Com Roseana já fora da UTI do hospital Albert Einstein, seu pai, José Sarney, o marido, Jorge Murad, o médico Raul Cutait, o ex-senador Gilberto Miranda e o empresário José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, dividiam mesa ontem no Gero, no bairro paulistano dos Jardins.

Brinde 2. Pela mesa passaram uma garrafa de Château Latife, uma de Château Latour (preços entre R$ 1,9 mil e R$ 2,8 mil) e uma de Château Pétrus (um dos vinhos mais caros do mundo, cotado entre R$ 5 mil e R$ 40 mil, a depender da safra). Franceses da região de Bordeaux, foram todos levados pelos comensais. Não figuram na carta do restaurante da família Fasano.

Tiroteio

"O PT foi tão competente que até hoje o Greenhalgh não percebeu, mas o mensalão foi usado para derrotá-lo."

Do presidente do DEM, RODRIGO MAIA, sobre o ex-deputado petista Luiz Eduardo Greenhalgh, segundo quem sua derrota na disputa pela presidência da Câmara, em 2005, seria a prova de que o mensalão não existiu.

Contraponto

Te manjo Tempos atrás, Mário Couto (PSDB-PA) iniciou campanha para instalar no Senado uma CPI do Dnit, órgão do Ministério dos Transportes encarregado das obras em rodovias. Além de fazer discursos diários sobre o tema, o tucano se pôs a coletar assinaturas para o requerimento.
Um belo dia foi procurado pelo governista Gim Argello (PTB-DF), que se dizia disposto a aderir à CPI. Couto chegou a se animar, mas logo mudou de ideia:
-Olha, Gim, eu não quero mais que você assine.
Diante do espanto do colega, Couto explicou:
-Depois você vai retirar seu nome, e eu não quero ajudar você a conseguir nada neste governo.

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