quarta-feira, junho 10, 2009

ARI CUNHA

Espírito brasileiro


Correio Braziliense - 10/06/2009


Embaixador Jerônimo Moscardo, presidente da Fundação Alexandre de Gusmão, reuniu no Mercado Municipal de Jorge Ferreira homens de valor intelectual. Conversando com Carlos Lessa, senti o espírito de Pernambuco naquele homem rápido no pensamento e vasto nas explanações. Experiência de vida, conhecimentos da humanidade. A conversa começou pelo lado de lá. E expressou o pensamento. O espírito do Nordeste brasileiro mantém unidade no pensamento do Brasil. Enraizado na profundeza do seu pensar, falou sobre a Feira do Nordeste no Rio, em São Cristóvão. Espírito internacionalista não interfere na exatidão de comportamento nordestino. Mesmo a influência estrangeira não atinge o que vem do chão outrora ressequido e agora inundado. O falar, o improviso, a métrica perfeita nos versos cadenciados e a rima quando esquecida, substituída por mungido que não se entende, mas se compreende. A sugestão de Carlos Lessa é reportagem que mostre aos jornais associados o Nordeste se espalhando pelo Brasil como água de chuva. Ainda tive tempo de sugerir um caderno de turismo sobre o assunto para nossos jornais. Falta a aquiescência dos editores, que decidem sobre o que se faz nos Diários Associados.


A frase que não foi pronunciada

“Só temos consciência do silêncio quando estamos no meio do barulho.”
José Dirceu pensando em reverter sentença do Supremo, mas desconfiando que a coisa vai ficar como está. Justiça sabe quando pune.


Fumo
Fumar pode ser bom para quem pita. Houve época em que havia cadeiras nos aviões para os fumantes. O primeiro 707 da Boeing foi desmontado para revisão de todas as peças. Estranho o que foi encontrado no filtro do ar. Estava tão doentemente enfumaçado que a empresa o mandou para a Universidade de Chicago, onde foram feitos exames. Condenavam o fumo a bordo. Hoje a proibição é muito mais extensiva.

Indisciplina
O jogador Kleber, do Cruzeiro, disse que deseja sair do Brasil. É perseguido por juízes e acossado pelos colegas. Vai ser difícil sair do país. Kleber é jogador indisciplinado e não tem amigos nem entre os colegas. Diz que só aceita juízes da Fifa. Mas está longe desse merecimento, pelo comportamento extravagante.

Beirute
Francisco Marinho começou no Beirute como garçom. Não tem nada de conhecimento do Oriente, a não ser a cozinha que domina. O tempo passa e Chiquinho do Beirute se abanca nos domínios de um dos mais movimentados lugares de Brasília. Um dia almocei com César Yazigi. Nos Estados Unidos, retribuiu a gentileza. Almoçamos no Beirute de Nova York, que tem o mesmo carisma do Beirute cearense do DF.

Forças Armadas
Pouca gente sabia da habilidade das Forças Armadas brasileiras em suas atuações no coração dos países. Está sendo sucesso mundial o trabalho no caso do desastre da Air France. Poucos conheciam a aptidão e controle de aviões, nos ares internacionais. Ao contrário, nada se passa no ar que não seja do conhecimento das Forças Armadas brasileiras a qualquer hora do dia e da noite.

95 anos
João Pereira dos Santos completou 95 anos de idade. Foi dos primeiros motoristas oficiais a chegar ao Distrito Federal. Na companhia da esposa, Terezinha Lucas Evangelista Pereira, reuniu os amigos num churrasco que marcou a tarde de sábado. Ainda hoje Pereira trabalha no Ministério da Justiça, onde recebeu homenagens inclusive do presidente Lula da Silva.

Batalhões
Ministros Nelson Jobim e Mangabeira Unger preveem a criação de 28 novos batalhões de fronteira na Amazônia e terras indígenas. A preocupação da Estratégia Nacional de Defesa tem os planos dos ministros citados. A fronteira com a Colômbia, por causa das Forças Armadas Revolucionárias, é o alvo das providências brasileiras.

Pecados sociais
Quando o presidente Lula estava na Índia, recebeu estandarte com os sete pecados sociais citados por Gandhi nos estudos filosóficos. São estes: política sem princípio, riqueza sem trabalho, prazer sem consciência, conhecimento sem caráter, comércio sem moralidade, ciência sem humanidade e devoção sem sacrifício.

História de Brasília

Empossado o sr. Jânio Quadros, resta, agora, um elogio às autoridades encarregadas do policiamento. Todas as facilidades foram dadas para que os jornalistas cumprissem sua missão, não havendo um único incidente que tenha desmerecido o brilho da festa. Isso provou, também, que os jornalistas não provocam tanta desordem no cumprimento de seu dever, como tinha sido julgado até então. (Publicado em 1/2/1961)

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