IMAGINAÇÃO...

Como sempre, a brisa continua soprando suavemente na varanda, próximo dois homens alheios ao tempo conversam calmamente, não dá para ouvi-los, embora tente, com ajuda do vento indiscreto consigo ouvir algumas frases soltas, "ela estava no carro com ele", " O cara chegou na hora". Abro mais uma cerveja e fico matutando, tentando ligar as frases. Quem era essa mulher? o que fazia no carro dele? Quem chegou foi o marido? Tento imagina-la, um corpo escutural colocado com toda delicadeza dentro de um vestido que realçava as suas belas formas, suas pernas bem torneadas e os seus pés emoldurados por um lindo par de sandalias, os seios rebelados, querendo soltar-se por cima de um decote ousado, sua boca com uns lábios deliciosos, prontos para serem beijados um nariz com uma simetria perfeita um par de lindos olhos verdes com seus cabelos negros soltos, cometo mais um pecado, a inveja, lamento a minha falta de sorte em não estar com ela, poderia ser eu a abraça-la e a beijar aqueles lindos e sedentos lábios. Penso, se fosse comingo o marido não teria chegado na hora, sim, o cara que chegou deveria ser o marido, abro mais uma cerveja. Os dois homens agora recolhem os seus apetrechos para irem embora, sinto tentado a perguntar quem é a musa, se sabem onde ela mora ou ao menos o telefone, os dois começam a caminhar e se aproximam da minha varanda as palavras vão ficando mais claras levanto-me da rede para ficar mais proximo e escuto com toda nitidez "eles deixaram sete netos e dois bisnetos o cara tentou prestar socorro mais foi tarde, a missa de sétimo dia vai ser quarta feira". Voltei para minha rede branca, joguei a cerveja fora e pedi ôô maria, trás um uisque, sem gêlo.