terça-feira, setembro 10, 2013

ÍNDICE DAS POSTAGENS DE HOJE NO BLOG

Baratinha tonta - JOÃO PEREIRA COUTINHO

FOLHA DE SP - 10/09

Os EUA não têm presidente; têm uma baratinha tonta que fala demais e depois espera por um milagre


Nunca sigas o teu primeiro instinto porque ele será sempre generoso. O conselho é de Talleyrand, diplomata e premiê francês do século 19. É um bom conselho. Pena que Barack Obama nunca o tenha seguido.

A vaidade do presidente americano, apaixonado pelas suas palavras grandiloquentes e pela sua suposta retidão moral, é incompatível com o realismo cínico, porém salvífico, do político francês.

E, no entanto, se Obama tivesse lido Talleyrand, talvez ele não tivesse mergulhado os Estados Unidos no desastre do dossiê sírio. Que promete continuar e gangrenar.

Tudo começou há um ano, quando Obama, do alto do seu púlpito, seguiu o seu instinto generoso e afirmou que o governo da Síria não poderia cruzar certas "linhas vermelhas".

Que bonito! O carniceiro de Damasco poderia matar o seu povo de todas as formas possíveis e imaginárias. Como, de fato, o tem feito com apreciável sucesso.

Mas, cuidado!, ele não poderia usar armamento químico. Isso é feio. Isso fere a sensibilidade do mundo. E Obama, humildemente, existe para representar o mundo.

Como é evidente, o moralismo vácuo do personagem é aberrante. Não apenas porque armamento convencional tem uma capacidade destrutiva que pode ser incomparavelmente superior a qualquer arma química. Mas sobretudo porque, com armas químicas ou sem elas, é a brutalidade de Bashar al-Assad que deveria ter comovido Obama desde o início.

Se o presidente americano considerava intoleráveis as matanças de Assad, só restava a Obama ter agido em conformidade: punindo o regime, promovendo a sua queda e apoiando os rebeldes que, nesses tempos primitivos, ainda lutavam sem a Al-Qaeda a acompanhá-los.

Mas a triste história das "linhas vermelhas" revela duas cegueiras suplementares. Para começar, estabelecer "linhas vermelhas" em política internacional é sempre uma tentação para que alguém se atreva a cruzá-las.

E esse alguém pode ser Assad; ou a oposição a Assad; ou os grupos jihadistas que operam no interior da Síria (e que já representam 20% dos rebeldes) --as hipóteses são múltiplas. As hipóteses são tentadoras.

E, cedo ou tarde, elas acabariam por ser experimentadas: por Assad, para testar a seriedade do ultimato de Washington; pela oposição a Assad, para arrastar Washington para o conflito sírio; ou até por ambos, como parece ser o caso nesta luta entre selvagens.

Por fim, e talvez mais importante, ninguém estabelece "linhas vermelhas" se não sabe antecipadamente o que irá fazer se elas forem violadas. Obama, manifestamente, não sabe.

Às segundas, quartas e sextas, o presidente americano quer punir Assad com bombardeamentos aéreos. Às terças e quintas, Obama exige mais: criar as condições para mudar o regime. Aos sábados e domingos, dias de descanso, talvez Obama deseje secretamente não fazer nada e esquecer o assunto de uma vez por todas.

Hoje, cada um desses caminhos já se tornou pior que o anterior. Se decidir punir Assad --pelo ar, jamais por terra-- isso deixará o ditador intacto e, aos olhos dos sírios, o verdadeiro resistente contra mais uma agressão imperialista.

Se, pelo contrário, Obama optar pela mudança de regime, isso pode significar entregar o poder de Damasco aos exatos jihadistas que os Estados Unidos passaram a primeira metade do século 21 a combater.

Por último, não fazer nada, depois da belíssima retórica das "linhas vermelhas", será sempre uma revelação de medo e fraqueza que o terrorismo islamita não esquecerá.

Não admira que, perdido no seu labirinto, Obama já admita tudo: consultar o Congresso; pedir autorização às Nações Unidas; talvez fazer uma peregrinação à Senhora da Aparecida. Os Estados Unidos não têm um presidente; têm uma baratinha tonta que fala demais e depois espera por um milagre.

Faça o que fizer no conflito da Síria, Barack Obama já perdeu. E perdeu porque acreditou que as suas palavras sentimentais, que costumam conquistar os corações moles do Ocidente, teriam o mesmo efeito hipnótico entre a pior vizinhança do Oriente Médio.

Se calhar, foi por isso que lhe atribuíram o Prêmio Nobel da Paz. Guerra, definitivamente, nunca foi com ele.

Internet móvel e espionada - PEDRO DORIA

O GLOBO - 10/09

A internet fica transparente aos espiões de alhures enquanto tiramos cada vez mais de nossos PCs para colocar na rede


Não é sempre que acontece, mas na última semana quatro notícias ligadas a tecnologia, aparentemente não relacionadas entre si, mostram o desafio de privacidade que todos temos pela frente. A primeira, obviamente, é a informação divulgada por “New York Times” e “Guardian” de que a NSA, Agência Nacional de Segurança dos EUA, quebrou a encriptação de um grande número de sites que incluem os de comércio eletrônico, bancos, históricos médicos, para não falar do ordinário e-mail e rede social de cada dia. Ao mesmo tempo, vivemos uma pressão na direção de uma rede móvel, em que cada vez menos informação está gravada fisicamente em nossos computadores. Está lá fora, em algum lugar perdido da internet.

Em busca de uma estratégia que a torne viável, a Microsoft negociou a compra da Nokia. Sairá entre US$ 4 e US$ 7 bilhões. Quer, assim como a Apple, fabricar seus próprios celulares, integrando hardware e software. A notícia torna-se ainda mais relevante quando lida em conjunto com outra, que saiu de Mountain View, Califórnia, sede do Google.

Na quinta-feira passada, quem usa o navegador Chrome no Windows talvez tenha percebido uma aba que surgiu na loja de aplicativos. “Para seu desktop.” Para seu computador. Apps que rodam no computador, mesmo que ele não esteja conectado à internet, baseados no Chrome, não no Windows.

É uma amostra do futuro. Quanto mais aplicativos surgirem que rodam ligados ao browser, não ao sistema nativo do computador, menos importante é o sabor de seu PC. Uma máquina rodando Linux, por exemplo, é muito mais barata do que uma Windows. Porém a falta de aplicativos realmente compatíveis com aquilo que todos usam torna essa máquina uma opção pior. Quando todos usam aplicativos baseados no browser, a máquina torna-se irrelevante. Neste exato momento, o que garante a sustentação da Microsoft é o fato de que o Windows é o padrão que a maioria conhece. No momento em que ele se tornar desnecessário, a empresa terá dificuldades imensas de se manter relevante. É tudo com que sonha a turma da Google.

Enquanto isso, o rumor corrente para o novo iPhone, que pode ou não ser lançado hoje, é de que ele permitirá o uso de autenticação por impressão digital.

Este nível de segurança chegará para smartphones da Apple ou Android brevemente, seja este ano ou no próximo. Torna, por exemplo, o celular equivalente a um cartão de crédito. Podemos fazer pagamentos de forma segura.

O bom e velho PC, computador de mesa, vai ficando cada vez mais irrelevante. E a internet móvel mais atraente. A maioria dos analistas acredita que nossas vidas digitais passarão ao largo do PC muito brevemente. O computador de mesa, porém, armazenando nossa imensa quantidade de arquivos que vão de fotos, cartas ou extratos bancários, era mais seguro. Sem conexão à internet na maior parte do tempo, ficava muito difícil invadir.

Vamos para a nuvem, para ter nossa informação armazenada lá fora na rede e acessível por maquininhas elegantes sempre conectadas, justamente no momento em que os governos americano e britânico sabem quebrar a segurança de boa parte do que circula nessa mesma rede.

Há alguns anos, o mesmo governo americano recomendou que os cidadãos de seu próprio país não comprassem celulares das marcas chinesas Huawei e ZTE. O motivo é que eles continham fragilidades impostas pelo governo de Pequim para que fossem facilmente invadidos pela espionagem oficial. Algo similar, agora está claro, é feito também por Washington e Londres. E não há nenhum motivo para duvidar que os russos, se já não conseguiram, o conseguirão.

A presidente Dilma Roussef tem toda razão. A questão da privacidade digital precisa urgentemente ser discutida. O incômodo de Dilma nasce do fato de que ela própria foi espionada. Nosso incômodo deveria vir de outro canto. Do fato de que a internet é transparente a alguns governos. Isso é poder demais concentrado nas mãos de poucos. De grandes acordos comerciais a nosso cotidiano, este é um problema.

Ciúme de irmão - ROSELY SAYÃO

FOLHA DE SP - 10/09

É comum que o irmão mais velho tenha ciúme do bebê recém-nascido; é preciso ter compaixão neste momento


Sentir ciúme é muito doloroso. Desejar o amor exclusivo de alguém e constatar que isso não é possível provoca uma intensa dor. Muitos adultos experimentam no presente esse sentimento e todos já o experimentaram algum dia, mesmo que não se lembrem mais das emoções que esse sentimento mobiliza. Mas, quando é a criança que manifesta ciúme, poucos adultos se sensibilizam e acolhem o sofrimento dela.

Muitas mães e pais têm de lidar com manifestações de ciúme dos filhos. A rivalidade entre irmãos já é bem conhecida dos pais e muitos deles já nem se dão conta de quanto há de ciúme envolvido nas brigas que têm.

Há, no entanto, duas ocasiões, em especial, que provocam muito ciúme dos filhos: quando nasce um irmão e quando um dos pais encontra um novo par amoroso, depois de ter se separado da mãe ou do pai da criança.

As manifestações iniciais da criança em situações desse tipo são até esperadas pelos adultos responsáveis por ela. O problema é que muitos esperam que a criança logo se acostume com a nova situação que vive e que, portanto, deixe de sentir e demonstrar suas emoções porque, de um modo ou outro, elas atrapalham a vida familiar.

Tenho ouvido muitos pais reclamarem do ciúme que o filho demonstra com o nascimento de um irmão. Muitos deles, inclusive, dizem que já não sabem mais o que fazer. E isso, caro leitor, quando o bebê nem fez um ano ainda!

Os pais em geral se esquecem de que eles mesmos tiveram muito tempo para se acostumar com a chegada de um novo integrante na família. São, no mínimo, nove meses de espera, de planejamento, de tempo para se acostumar com a nova situação que virá. E, mesmo assim, sempre há surpresas, imprevistos, pequenos sustos, e um período, às vezes longo, de adaptação.

E para a criança? Mesmo que ela já tenha idade para perceber a gravidez da mãe, que seus pais tentem integrá-la a esse período de espera, mesmo assim, ela nem imagina o que virá. Por isso, é comum que, assim que veja o novo irmão --que parecia ser ansiosamente esperado por ela --queira que ele vá embora.

Quando percebe que ele não vai, pode praticar pequenos atos contra o recém-nascido ou se comportar de modo diferente. Crises de birra, perda de sono e de apetite, comportamentos regredidos são bem comuns. É ciúme da criança, que experimenta a sensação de ameaça de perder o amor das pessoas que mais ama: seus pais.

Ela precisará de um tempo maior do que os pais tiveram para se adaptar à nova situação. E esse processo, para a criança, costuma ser longo, mais demorado do que foi para os adultos. É preciso, portanto, compaixão pelo filho nesse momento e não impaciência, preocupação, moralismos. Já basta o que a criança sente com a chegada do irmão; ela não precisa de mais problemas além desse, não é verdade?

A criança sente necessidade de falar com seus pais de seus sentimentos, dos desejos que tem, do que sente vontade de fazer. As palavras a distanciam dos atos que tem vontade de cometer contra o irmão e permitem que ela se entenda melhor.

Sou apaixonada por livros bem escritos para crianças. Muitos deles, além de permitir à criança identificações com situações e emoções que ela experimenta, também ajuda os pais a mudar o rumo do relacionamento com o filho.

Esse é o caso de um livro que trata da questão do ciúme de um irmão recém-nascido. "Eu Não Gosto de Você", de Raquel Matsushita, é um livro sensível, amoroso, que certamente irá aliviar o coração de crianças e de pais que enfrentam a mudança familiar com a chegada de um bebê.

Países diferentes e a mesma guerra - THOMAS L. FRIEDMAN

O Estado de S.Paulo - 10/09

Por acaso, vocês viram a notícia da Líbia - o último país que bombardeamos porque seu líder cruzou uma linha vermelha ou estava prestes a fazê-lo? Eis uma notícia sobre a Líbia de 3 de setembro no jornal britânico The Independent. "A Líbia mergulhou despercebidamente na pior crise política e econômica desde a derrota de Kadafi há dois anos. A autoridade do governo está se desintegrando em todas as partes do país, pondo em dúvida as afirmações de políticos americanos, britânicos e franceses de que a ação militar da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) de 2011 foi um exemplo excepcional de intervenção militar bem-sucedida, que deveria ser repetida na Síria (...) A produção do petróleo de alta qualidade da Líbia caiu de 1,4 milhão de barris por dia no começo deste ano para apenas 160 mil barris por dia agora."

Tenho lido repetidamente sobre como o Iraque foi a guerra ruim, a Líbia foi a guerra boa, o Afeganistão a guerra necessária, a Bósnia a guerra moral e a Síria, agora, outra guerra necessária. Querem saber? Elas são a mesma guerra.

São todas histórias que acontecem quando sociedades multissectárias, em sua maioria muçulmanas ou árabes, são mantidas coesas por ditadores governando de cima para baixo, com punhos de ferro, e depois esses ditadores são derrubados, seja por forças internas ou externas. E são todas histórias de como o povo desses países responde ao fato de que, após a queda do ditador, eles só podem ser governados horizontalmente - pelas próprias comunidades constituintes escrevendo seus próprios contratos sociais sobre como viverem coesos como cidadãos iguais, sem um punho de ferro. E, como já tive a oportunidade de dizer, são todas histórias de como é difícil ir de Saddam a Jefferson - do regime vertical ao regime horizontal - sem cair em Hobbes ou Khomeini.

Na Bósnia, após muita limpeza étnica entre comunidades beligerantes, a Otan entrou, estabilizou e codificou o que é, para todos os efeitos, uma partilha. Nós agimos no terreno como "o exército do centro". No Iraque, derrubamos o ditador e aí, depois de cometer todos os erros concebíveis, fizemos as partes escreverem um novo contrato social. Para torná-lo possível, policiamos as linhas divisórias entre seitas e eliminamos uma porção dos piores jihadistas nas fileiras xiitas e sunitas. Agimos no terreno como o "exército do centro". Mas depois saímos antes que alguma coisa pudesse criar raízes. Idem no Afeganistão.

A equipe de Obama procurou ser mais esperta na Líbia: nada de soldados no terreno. Assim, nós decapitamos um ditador agindo pelo ar. Mas depois nosso embaixador foi assassinado porque, sem soldados no terreno para arbitrar e agir como o exército do centro, Hobbes se impôs a Jefferson.

Se fôssemos decapitar o regime sírio do ar, a mesma coisa provavelmente ocorreria na Síria. Para haver alguma chance de um resultado democrático multissectário na Síria, seria preciso vencer duas guerras no terreno: uma contra a aliança governante de Assad - alauitas, iranianos, Hezbollah, xiitas - e, uma vez terminada esta, seria preciso derrotar os islamistas sunitas e jihadistas pró-Al-Qaeda. Sem um exército do centro (que ninguém fornecerá) para respaldar as poucas unidades decentes do Exército Sírio Livre, ambas serão lutas extenuantes.

Existe centro nesses países, mas ele é fraco e desorganizado. É que são sociedades pluralistas - misturas de tribos e seitas religiosas, a saber, xiitas, sunitas, cristãs, curdas, drusas e turcomenas -, mas lhes falta senso de cidadania ou a ética profunda do pluralismo. Isto é, tolerância, cooperação e compromisso. Elas puderam se manter coesas enquanto havia um ditador para "proteger" (e dividir) todos de todos os demais. Mas quando o ditador some, e a sociedade é pluralista, mas sem pluralismo, não se pode construir nada porque não há confiança suficiente para uma comunidade ceder poder a outra - não sem um exército do centro para proteger todos de todos.

Em suma, o problema agora em todo o Oriente árabe não é apenas gás venenoso, mas corações envenenados. Cada tribo ou seita acredita que está numa luta de governar ou morrer contra as demais, e quando todos acreditam em algo assim, este algo se torna realizável. Isso significa que Síria e Iraque provavelmente se desenvolverão como unidades étnicas e religiosas autogovernadas, em grande parte homogêneas, como o Curdistão. E, se tivermos sorte, essas unidades encontrarão um modus vivendi, como ocorreu no Líbano após 14 anos de guerra civil. E aí, quem sabe, com o tempo, essas unidades menores voluntariamente se unirão em Estados maiores e mais funcionais.

Ainda acredito que nossa resposta ao ataque químico de Assad deveria ser "armas e vergonha", como escrevi recentemente. Mas, por favor, me poupem do sermão de que a credibilidade dos EUA está em jogo aqui. Mesmo?

Sunitas e xiitas vêm brigando desde o século 7.º sobre quem é o real herdeiro da liderança espiritual e política do Profeta Maomé, e é a nossa credibilidade que está em jogo? Mesmo? Sua civilização perdeu toda grande tendência global moderna - reforma religiosa, democratização, feminismo e capitalismo empresarial - e é a nossa credibilidade que está em jogo? Não acredito.

Nós batalhamos por muito tempo, e continuamos batalhando, para aprender a tolerar "o outro". Essa luta precisa ocorrer no mundo árabe muçulmano. Qual é a diferença entre o despertar árabe em 2011 e a transição para a democracia da África do Sul nos anos 90? Os EUA? Não. A qualidade da liderança local e o grau de tolerância.\CELSO PACIORNIK

O mundo no banco dos réus - CLÓVIS ROSSI

FOLHA DE SP - 10/09

O exemplo da omissão de socorro em Srebrenica, agora punido, não deveria repetir-se na Síria


O Tribunal Supremo holandês acaba de condenar seu próprio país por omissão de socorro. Tropas holandesas, sob o guarda-chuva das Nações Unidas, estavam incumbidas de proteger muçulmanos da Bósnia, ameaçados pelos sérvios, quando entrava em dissolução a Iugoslávia.

Não protegeram: 8.000 muçulmanos foram exterminados só em Srebrenica.

O tribunal não condenou a Holanda pelo conjunto da desproteção (a Justiça precisa de nomes de vítimas para emitir um julgamento), mas por três casos específicos: o de Rizo Mustafic, eletricista do complexo ocupado pelas tropas holandeses, e os de Ibro e Mohamed Nuhanovic, pai e irmão de Hasan Nuhanovic, tradutor da tropa.

Hasan sobreviveu, mas os três outros foram entregues à sanha assassina das tropas sérvias.

O julgamento é uma maneira muito clara de dizer que as tropas holandeses tinham o dever de proteger civis inocentes, em vez de omitir-se, como o fizeram.

Pena que um tribunal vizinho, na própria Haia, o Tribunal Penal Internacional, não tome em suas mãos o caso da Síria e condene o mundo por omissão de socorro.

De certa forma, o massacre na Síria é pior do que o de Srebrenica. Na Bósnia pelo menos havia os famosos "capacetes azuis" da ONU no terreno, o que pode ter diminuído um pouco o tamanho do genocídio, o pior em solo europeu desde a 2ª Guerra Mundial, 50 anos antes.

Já na Síria, nada. O mundo assiste ao massacre sem se mover. A mexida norte-americana e francesa agora anunciada não tem nada a ver com direitos humanos, mas com a necessidade de o presidente Barack Obama fazer respeitar o que ele próprio traçou como "sinal vermelho" a não ser ultrapassado, no caso o uso de armas químicas.

As 100 mil mortes anteriores, por armas convencionais, não comoveram a comunidade internacional. Esta, como se viu na cúpula do G20 em São Petersburgo, fica num balé sinistro e sem sentido.

Alguns países --o Brasil, por exemplo-- dizem que qualquer ação militar tem que ser aprovada pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas, o que é, realmente, de bom senso. Pena que a Rússia vete qualquer hipótese de intervenção, o que torna o bom senso inteiramente inócuo e emite sinal verde para que a matança prossiga.

Outros países defendem, reiteradamente, uma "solução política", o que também é de bom senso. Pena que as partes que forçosamente seriam interlocutoras da tal solução política (a ditadura Assad e os rebeldes) tenham tudo menos bom senso, o que inviabiliza a solução política e, de novo, dá o sinal verde para a carnificina.

O julgamento do Tribunal Supremo holandês deveria fazer o mundo pensar em um instrumento que estancasse o sangue, sem determinar quem será o vencedor do conflito: deslocar "capacetes azuis" para se interpor entre tropas do regime e rebeldes. Omissão de socorro seria um pecado que a comunidade internacional não mais deveria cometer.

P.S.: Dou duas semanas de folga para o leitor.

Paris e Washington - GILLES LAPOUGE

O Estado de S.Paulo - 10/09

PARIS - O secretário de Estado americano, John Kerry, após as reuniões em São Petersburgo, na Rússia, e em Vilnius, na Lituânia, retomou seu avião e fez uma escala em Paris. Curioso. Normalmente, os diplomatas americanos fazem de tudo para evitar Paris. Passam por Roma, Berlim e, principalmente, por Londres, mas quase nunca em Paris. No entanto, Kerry mudou de ideia. Não só veio a Paris, mas também proferiu um discurso em um "francês" excelente. Diante disso, podemos avaliar o alvoroço diplomático que a questão da Síria tem provocado no Ocidente.

Até agora e há 60 anos, o aliado constante dos EUA era a Grã-Bretanha. Londres era o "bom aluno" do campo americano. Paris era o indisciplinado, aquele que fica no fundo da sala de aula atirando bolas de papel sempre que o professor americano distribuía sua lição. A França zombou da Otan e recusou-se a invadir o Iraque de Saddam Hussein quando Washington pediu.

Há cerca de dez anos, em 2004, esse mesmo John Kerry, hoje secretário de Estado dos EUA, concorreu contra George W. Bush nas eleições presidenciais americanas. Kerry já falava um ótimo francês porque, quando criança, passava suas férias na Bretanha. Contudo, durante toda a campanha eleitoral de 2004, ninguém jamais o ouviu pronunciar uma única palavra em francês. Se fosse colocada em sua mesa uma garrafa d'água Evian, ele mandaria retirar, porque Evian é uma água francesa.

NOVIDADE
No entanto, hoje tudo isso é passado. Ele agora faz belos discursos em língua francesa. O fato é que a diplomacia ocidental vem tendo vertigens desde que o presidente sírio Bashar Assad, vergonhosamente, lançou gás venenoso contra seu próprio povo. Obama quis puni-lo e recorreu a sua aliada tradicional, a Grã-Bretanha.

Londres, entretanto, ficou em silêncio. Paris, normalmente um péssimo aliado, redimiu-se e o Ocidente hoje está reduzido a uma "coalizão" de dois soldados apenas: um americano que detesta a guerra e um francês, além do mais socialista, que parece qualquer coisa menos um guerreiro de verdade.

A aflição dos aliados é mostrada por um outro indício: o comportamento da chanceler da Alemanha, Angela Merkel. Eis aí uma senhora que não nos habituou a ter sentimentos. Quando toma uma decisão, é difícil fazê-la mudar de opinião.

Contudo, o quebra-cabeça sírio tem revelado uma Angela Merkel desconcertada, vacilante. Houve duas reuniões semana passada sobre a Síria, em São Petersburgo e em Vilnius. Na primeira, ela se opôs aos americanos e arrastou alguns países consigo, que se recusaram a empreender qualquer ação contra a Síria.

No entanto, no dia seguinte, em Vilnius, concordou em assinar um texto da União Europeia que preconizou uma "severa resposta internacional às violências de Bashar Assad". Então? Mesmo Angela Merkel não sabe bem o que quer? Na verdade, a chanceler alemã, no texto preparado pela União Europeia, não recomenda absolutamente uma "ação armada" com a qual Obama e Hollande sonhavam na semana passada. Ela aprova respostas diplomáticas, políticas e, talvez, econômicas.

É preciso admitir que a situação em território sírio é difícil de entender. Se o comportamento do presidente sírio é evidentemente odioso, a atitude dos insurgentes, dos inimigos de Assad, é intrigante. O campo dos oponentes parece, cada vez mais, corrompido por "estrangeiros", islamistas radicais, jihadistas.

Já vimos em vídeos rebeldes matando prisioneiros desarmados como se abate um animal, com uma bala na têmpora. Esses vídeos são uma montagem, mentira ou verdade?

JUSTIFICATIVAS
Domenico Quirico, jornalista italiano do jornal La Stampa, sequestrado há cinco meses na Síria, retornou à Itália. Está esgotado e ainda angustiado com a lembrança das torturas, ameaças de morte e violências que sofreu. Não sabemos exatamente quem foram seus sequestradores. De acordo com algumas fontes, seriam jihadistas, mas a informação não foi confirmada.

Essa é uma guerra exposta aos olhos do mundo e, ao mesmo tempo, invisível. Não conseguimos nem mesmo determinar a identidade daqueles que estão em luta. São também esses pontos obscuros, essa imprecisão, essas incertezas, que explicam os "temores e tremores" que se apoderam da diplomacia ocidental quando ela se aproxima do caldeirão maldito, no fundo do qual morrem milhares de pessoas inocentes.

Síria! Assad sofre de gases! - JOSÉ SIMÃO

FOLHA DE SP - 10/09

A ONU vai inspecionar a mão do Assad: se estiver amarela, É GUERRA NA CERTA! Aliás, o Assad é amarelo!


Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! Direto do País da Piada Pronta! Manchete do UOL: "Oposição síria denuncia novo ataque com "gás estranho". "Não fui eu", diz Assad! Foi sim.

E no elevador! Vamos ver se o Assad tá com a mão amarela. A ONU vai inspecionar a mão do Assad: se estiver amarela, É GUERRA NA CERTA! Aliás, o Assad é amarelo!

E eu gosto muito desse "não fui eu". Político adora: "Roubei, mas não fui eu". "Joguei, mas não fui eu." "Peidei, mas não fui eu." Rarará! Esse "não fui eu" é uma confissão de culpa!

E o Sete de Setembro! Um amigo me disse logo cedo: "Vou tomar uma cerveja com a família, antes que os manifestantes quebrem o bar". E quebraram! Rarará!

Dom Pedro 1º era black bloc! O chargista Duke revela que dom Pedro 1º levantou a espada e gritou: "VEM PRA RUA!". Rarará. O barbudinho era manifestante!

E a manchete do Sensacionalista: "Líder dos black blocs é empresário do setor de vidraçaria". Rarará!

E o meu São Paulo? O Inhaca Futebol Clube? O que que a gente faz agora, hein? Baixa o ingresso pra R$ 1 ou já contrata o motorista do Palmeiras? Aquele que sabe de cor o caminho para todos os estádios da Segundona!

Próximo ingresso pro jogo do São Paulo: um quilo de sal grosso! Rarará!

E existe agora o Movimento Fica Ceni. Liderado por corintianos, santistas, palmeirenses, flamenguistas e pelos atacantes do Ibis Futebol Clube! Rarará!

E o site HumorEsportivo mostra as velhinhas no asilo esperando pelo Ceni: "Seja bem-vindo, Ceni! Mas não pode bater pênalti na nossa pelada de domingo". Rarará. Que fase!

O Ceni tem orgulho de ser humilde! Rarará!

É mole? É mole, mas sobe!

O Brasil é lúdico! Promoção no supermercado Continente, em Portugal: "Desconto de 25% em todas as aves frescas. Exceto o coelho". Coelho voa? Em Portugal, coelho voa! Rarará!

E corre na web uma montagem do internauta Robson Chagas com um búfalo correndo atrás do leão: "Pergunta de novo se é friboi, seu fdp". Rarará!

Eu tenho uma confissão: eu sou friboi. Rarará.

Nóis sofre, mas nóis goza!

Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!

Mistério desfeito - ANCELMO GOIS

O GLOBO - 10/09

Sabe aquela carta deixada pelo escritor João de Scantimburgo para ser aberta só por seu sucessor na ABL?
Coube a FH, que toma posse hoje, abrir o envelope. A carta tem 20 páginas e faz apenas um inventário da vida e da obra de Scantimburgo.

Ah, bom!
Informação privilegiada 

Dilma não vai cancelar o leilão do supercampo de Libra, marcado para 21 de outubro, depois da espionagem dos EUA na Petrobras.

A avaliação é que, por causa do leilão, os dados relevantes do campo são públicos e que os americanos não têm informação privilegiada.

LLX Logística
Não foi ainda selado o acordo que prevê o desembolso de R$ 1,3 bilhão da EIG Management Company na LLX Logística, de Eike Batista.

Os americanos têm até o dia 20 para pegar ou largar o controle da empresa.

Dia Sem Preconceito
O grupo Uai, de shoppings populares em BH, elege no dia 27 a Miss Prostituta. As candidatas da vida difícil usarão roupas da grife Daspu.

Operação Satiagraha
Está com o ministro Luis Fux aquele caso da Operação Satiagraha, que prendeu o banqueiro Daniel Dantas e foi anulada no STJ. O MP entrou com um recurso extraordinário no STF.

Coffee break é o...
Ontem, em um seminário, no Cine Ceará, o mediador Glauber Filho ganhou a plateia ao anunciar a "merenda reforçada': Lá na terra de Renato Aragão virou moda usar o termo no lugar de coffee break desde a estreia de "Cine

A comédia, prestes a estrear no Rio, é falada em "cearês" e tem legenda em português.

PERIGO EM TERRA
Há mais de 20 dias, o mato cresce em volta da pista de taxiamento do Aeroporto Santos Dumont, no Rio. O capim já está tão alto que os pilotos das aeronaves estão tendo dificuldades em enxergar as luzes da pista à noite. Os pássaros, um grande perigo para a aviação, também estão adorando o local cheio de mato e sementes. Alô, Infraero!

Beijo dos `hermanos'
A novela "Farsantes" é o segundo programa mais visto da TV aberta argentina. E qual a novidade? Exibida depois das 23h, ela apresenta o romance entre os protagonistas, dois advogados homossexuais.

Na semana passada foi ao ar o primeiro beijo da "pareja': Pode entrar para a história da telenovela latino-americana.

Caetano...
O beijo foi dado ao som de "Pecado'; na voz de Caetano Veloso, que canta o seguinte: "Yo no sé si es prohibido, si no tiene perdón, si me lleva al abismo, solo sé que es amor."

Que sejam felizes.

Aliás...
A Argentina foi o primeiro país da região a aprovar o casamento gay.

Na era do rádio
Os personagens de "Doia rara', novela das seis que estreia segunda-feira, vão acompanhar uma radionovela de época.

A produção e gravação do áudio foram feitas pela equipe de conteúdo e dramaturgia da Rádio Globo.

Demissão de Dulce
Ontem, além de protestos na internet, surgiram no CPDOC, da FGV, cartazes de alunos contra a demissão da historiadora Dulce Pandolfi.

O que se diz é que ela foi demitida no meio do semestre e três meses antes de completar 65 anos, quando a aposentadoria é compulsória na instituição.

A bossa de Neguinho
Neguinho da Beija-Flor, o intérprete de escola de samba mais famoso do Rio, vai fazer um show cantando apenas bossa nova.

Começa a ensaiar hoje com Miele, autor da ideia e responsável pelo roteiro.

Musa da coluna
Cris Vianna, atriz e linda rainha de bateria da Imperatriz Leopoldinense, fez lipoaspiração no culote.

Triagem de doentes
As 14 UPAs do Rio estão conseguindo conter o público que procura os hospitais de emergência, segundo a Secretaria municipal de Saúde.

Do total de 3,7 milhões de atendimentos (60% da população da cidade), somente 15 mil pacientes precisaram ser transferidos para hospitais de emergência, o que representa 0,4%.

X-9
Cansados de tanto quebra-quebra, há moradores de Laranjeiras que têm ajudado a polícia a identificar baderneiros.

Em tempo...
Na história das lutas sociais, há mais exemplos do que estrelas no céu de grupos, como estes Black Bloc e Anonymous, que fazem gol contra. O radicalismo fortalece o adversário.

Renan, por exemplo, agradece. A Fifa também.

DIREITO ADQUIRIDO - MÔNICA BERGAMO

FOLHA DE SP - 10/09

O Club Athletico Paulistano, o mais caro de SP (um título custa cerca de R$ 500 mil), está conflagrado. A organização decidiu que a partir de hoje as filhas solteiras de sócios remidos deverão pagar mensalidade de até R$ 312 para continuar a frequentar as instalações. A medida provocou um levante entre as 1.546 beneficiadas e seus familiares, que devem ir à Justiça para manter o direito de ir ao clube de graça.

TRIBUNAL
Flávio Pacheco e Silva, conselheiro do Paulistano há 20 anos, encabeça o movimento. "É direito adquirido", diz. "Pelo menos 40 pessoas próximas a mim vão mover ação. Será um desgaste grande para o clube." O debate nas redes sociais é intenso. "A medida é ridícula", escreveu por exemplo Alessandra Coelho no Facebook. "Não paguem. Entrem na Justiça."

NO PASSADO
O juiz Ulysses Gonçalves, presidente da Comissão Jurídica do Paulistano, diz que "a isenção dessas filhas solteiras resulta de mera liberalidade, fruto de administrações paternalistas e assistencialistas, baseadas em fatores históricos, sociais e financeiros de outras épocas." É estimado aumento de 4% na receita com a cobrança.

NO ARQUIVO
Dilma Rousseff já tem definido em sua cabeça: se até outubro a espionagem americana no Brasil continuar a ser o principal assunto entre os dois países, ela não pisa nos EUA. A presidente espera que até lá o assunto não só esteja superado como outros temas sejam colocados em evidência.

CASTIGO
Além de explicações, o governo brasileiro espera medidas concretas dos americanos. Por exemplo, a punição de algum espião envolvido na arapongagem no Brasil.

AQUÁRIO
O ministro Gilmar Mendes, do STF (Supremo Tribunal Federal), jantou no sábado com Luiz Felipe Scolari e com Carlos Alberto Parreira, coordenador técnico da seleção. Santista roxo, ele sugeriu que a CBF fizesse homenagem a Gylmar dos Santos Neves, goleiro do Peixe na década de 1960, morto no mês passado. O ministro revelou ainda que seu nome é uma homenagem ao jogador.

QUESTIONÁRIO
O mensalão também foi incluído no cardápio do jantar, no hotel Brasília Palace. Era grande a curiosidade dos boleiros sobre o tema.

PRONTA-ENTREGA
Jassa, que está em Las Vegas para comemorar seu aniversário de 68 anos, vai lançar uma loja virtual. Em parceria com o filho Robson, também cabeleireiro, o profissional que cuida das madeixas de Silvio Santos vai vender xampus, cosméticos, florais e óleos de marcas variadas pelo site Jassa Shop, a partir de novembro.

BOLSA VIOLÊNCIA
A Câmara Municipal de SP discute a criação de um fundo de assistência às vítimas de violência. A proposta, do vereador Masataka Ota (PSB-SP), defende a destinação de 5% do que hoje é arrecadado pela nota fiscal paulistana para custear o atendimento com serviços psicológicos, farmacológicos, psiquiátricos e até a concessão de auxílio mensal de R$ 971.

É O AMOR
Como a gastronomia brasileira virou negócio e produziu um Alex Atala? A jornalista Darlene Dalto tenta responder em um livro que está escrevendo sobre a trajetória que começa nos anos 1980, quando os chefs franceses Claude Troisgros e Laurent Suaudeau chegam ao Rio e Emmanuel Bassoleil aporta em SP. Os três decidem ficar por aqui após se apaixonarem por brasileiras.

CRISTAIS E CHOCOLATE
O artista plástico Vik Muniz abriu sua casa, no Rio, para jantar que a Pace Gallery ofereceu em sua homenagem. A cantora Bebel Gilberto, o presidente da Fundação Rioarte, Emilio Kalil, o cineasta Bruno Barreto e as atrizes Alinne Moraes, Patrycia Travassos e Débora Bloch foram ao evento. Os diretores da galeria Marc Glimcher e Elizabeth Esteve --que foi com o pai, o colecionador de arte Kim Esteve-- ajudaram a receber os convidados.

FINAL TRÁGICO
A atriz Esther Góes recebeu convidados na estreia da peça "Coriolano", de William Shakespeare, no Sesc Bom Retiro. O cineasta Ninho Moraes, o ator Renato Borghi e o escritor Fernando Nuno assistiram ao espetáculo, que fica em cartaz até 13 de outubro.

LENTE DE AUMENTO
As curadoras italianas Susanna Campogrande e Giovanna Massoni foram à abertura do projeto Novas Perspectivas, que reúne exposições sobre arte, arquitetura e design, no MuBE. A consultora Karin Souza e a diretora de relações internacionais do museu, Renata Junqueira, também passaram por lá.

CURTO-CIRCUITO
Tiago Abravanel se apresenta com a orquestra Bachiana Sesi-SP, às 21h, no teatro Bradesco. 10 anos.

A Cia Marítima desfila coleção de verão, hoje, às 16h, no JK Iguatemi.

A revista "Arte!Brasileiros" faz seminário sobre arte, hoje, no auditório Ibirapuera, às 9h. Grátis.

A cantora Jesuton é atração do Bourbon, hoje, às 22h, em Moema. 18 anos.

A Maison Cartier faz coquetel de lançamento de coleção, hoje, às 18h, no shopping Cidade Jardim.

A marca Fillity comemora 25 anos com desfile na Casa Itaim, hoje, às 19h30.

A batalha de Libra - ILIMAR FRANCO

O GLOBO - 10/09

O governo organiza urna força tarefa jurídica para cassar iniciativa, de juizes ou procuradores, que tente impedir o leilão do campo de petróleo de libra. Os ministros Edison Lobão e Gleisi Hoifmann se reuniram ontem com o advogado da União, Luis Adams, no Gabinete de Segurança Institucional. O governo não suspenderá o leilão, que trará investimentos e ânimo à economia do país, mesmo com a espionagem da NSA e as críticas de privatização.

Não será a primeira vez
Uma batalha jurídica em torno de Libra não é novidade. No governo Lula, a disputa foi na Usina de Belo Monte. No de FH, houve uma guerra de liminares para garantir os leilões de privatização da Vale do Rio Doce e do serviço de telefonia.

A "faturadinha"
Irritação na Câmara com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Esse reclama que projetos importantes aprovados no Senado estão parados na Câmara. O presidente Henrique Aves (PMDB-RN) reage: "É desinformação. Quem acompanha sabe que desde 8 de agosto a pauta da Câmara está trancada e assim ficará até que o novo Código de Mineração seja votado" A pauta deve ficar trancada até outubro, porque o governo pediu urgência constitucional para o Código. Por isso, os líderes na Câmara ironizam, dizendo que é mais conveniente para Renan atacar a Casa do que criticar o Executivo que, com a urgência, é quem de fato os impede de votar projetos de lei.


"O Senado devolve as MPs que não chegam lá sete dias antes da data-limite. Anuncio que a Câmara não votará mais MPs que não cheguem aqui 15 dias antes do prazo"
Henrique Eduardo Alves
Presidente da Câmara (PMDB-RN), sobre a MP 615 ter chegado dia 4 na Casa

Na mesma sintonia
Para dobrar o PMDB paulista, o candidato do partido ao governo, Paulo Skaf (na foto), chamou os deputados estaduais para uma conversa hoje. Um deles, o presidente regional do partido, Baleia Rossi, estaria sonhando com a vice do governador Geraldo Ackmin (PSDB). O PMDB nacional quer candidatura própria.

Risco Marina
A presidenciável Marina Silva foi pauta de recente reunião da Frente Parlamentar da Agropecuária. Os ruralistas estão apavorados. Acham que ela pode causar "um apagão" na produção agrícola e vão trabalhar contra sua candidatura.

Em busca dos emergentes
O candidato do PSDB à Presidência, Aécio Neves, inicia hoje ofensiva para se apresentar à nova classe média, cerca de 100 milhões de eleitores, às mulheres e aos jovens. Estes não têm impressão definida sobre o tucano. O PSDB terá um programa nacional na TV dia 19 e inserções em setembro.

Toque de reunir
Para aprovar a PEC da Música, baixam hoje no Senado Fagner, Dudu Nobre, Margareth Menezes e Sandra de Sá, entre outros. Eles reivindicam imunidade tributária para a produção musical e isenção de impostos para o comércio na internet.

Marcando em cima
Raí, Ana Moser e Lars Grael integram comitiva de 50 atletas que desembarca hoje à tarde na Câmara para pedir a aprovação de emenda à MP 620, que estabelece critérios rígidos para a concessão de anistia aos clubes esportivos.

A CHEFE DA POLÍCIA civiL, delegada Martha Rocha, registra que não usa a expressão "setembro vermelho" para se referir aos recentes protestos.

Sem precedentes - VERA MAGALHÃES - PAINEL

FOLHA DE SP - 10/09

Ministros contrários à análise de embargos infringentes no mensalão vão sustentar que não há precedente de acolhimento em matéria penal pelo STF desde a Constituição de 1988. A corte analisou 45 recursos desse tipo no período: não recebeu 37 e admitiu 8. Dos aceitos, nenhum tratava de matéria penal. Só duas ações penais tiveram interposição de embargos infringentes: contra o deputado Asdrúbal Bentes (PA) e o ex-deputado José Gerardo (CE). Em nenhuma delas o recurso foi admitido.

Assim pode Os oito casos em que o STF analisou embargos infringentes referem-se a apenas duas hipóteses: cinco ações diretas de inconstitucionalidade anteriores à lei 9.868/99 e julgamento de três ações rescisórias.

Assim não Os ministros que vão seguir Joaquim Barbosa e rejeitar os últimos recursos dos condenados no mensalão levantaram seis súmulas contra a admissibilidade de infringentes (211, 293, 294, 368, 455 e 597).

Companhia Dilma Rousseff vai ao Rio amanhã para uma maratona de compromissos. No primeiro, em São Gonçalo, participa de cerimônia do PAC Mobilidade, ao lado de Sérgio Cabral (PMDB).

Timing Depois, a presidente vai a evento da Petrobras no estaleiro Inhaúma. A visita ocorre no mesmo dia em que a presidente aguarda resposta de Barack Obama sobre espionagem na estatal.

Em casa Após as denúncias de monitoramento contra o governo brasileiro, o Planalto mandou recado ao Congresso para pedir celeridade na tramitação do Marco Civil da Internet, que dá mais privacidade aos usuários.

Vai indo O líder do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha (RJ), virou relator do plebiscito que tramita na Câmara dos Deputados sobre reforma política. Ele diz que promete ser cuidadoso na análise do tema e que o relatório está previsto para 2014.

Solene O secretário municipal Celso Jatene (Esportes) vetou uma peça de propaganda da Virada Esportiva de São Paulo que apresentava uma tabela de basquete sobre o obelisco do Ibirapuera. O local é um mausoléu de combatentes da Revolução Constitucionalista de 1932.

Refletores Vão ao ar hoje três novos comerciais de 30 segundos do PSDB apresentando Aécio Neves para o eleitor-alvo nessa fase: a nova classe média. Em um filme o mineiro vai falar de propostas para o futuro e dois tratarão de questões econômicas.

Jornada Depois de filiar o técnico da Seleção masculina de vôlei Bernardinho no Rio e o ex-jogador Giovane em Minas, o PSDB negocia com Leila Barros, medalha de bronze nas Olimpíadas de 1996 e 2000, em Brasília.

Ser ou não ser? A Justiça Eleitoral em Minas não reconheceu a assinatura de apoio à criação da Rede de um dos dirigentes da legenda, Cássio Martinho. O partido vai recorrer ao cartório que invalidou a ficha.

Debandada O PPS acredita que vai perder 3 de seus 11 deputados federais para o Solidariedade, que está prestes a obter o registro no TSE.

Pediu pra sair José Mariano Beltrame comunicou oficialmente ao governador Sérgio Cabral (PMDB) que não será candidato a vice na chapa de Luiz Pezão ao governo do Rio. O secretário de Segurança do Estado, que é gaúcho, não quer nem transferir o domicílio eleitoral.

RSVP Pezão vai circular com Eduardo Paes por bairros da zona norte do Rio no próximo fim de semana, em estratégia para colar sua imagem no prefeito da capital fluminense. Cabral não vai.

com ANDRÉIA SADI e BRUNO BOGHOSSIAN

tiroteio
"Com a presença de Ciro no governo, o Ceará passa a ter dois governadores. Ele chega para gerenciar uma crise provocada pelo irmão."

DO DEPUTADO ESTADUAL HEITOR FÉRRER (PDT-CE), sobre a nomeação de Ciro Gomes para a Secretaria de Saúde do Ceará pelo irmão, Cid Gomes (PSB).

contraponto


Apito é coisa de mulher
Ao votar a favor do relatório do projeto de lei que reconhece a profissão de árbitro de futebol no país, na Comissão de Assuntos Sociais do Senado, a senadora Ana Amélia (PP-RS) fez uma defesa da categoria.

--Temos de cuidar não só de estádios, mas também do árbitro, que é o mais atacado. Coitadas das mães dos árbitros! São as que mais sofrem em todas as partidas!

Vanessa Grazziotin (PC do B-AM) emendou:

--Reparem que duas mulheres estão debatendo essa matéria. Não é só a defesa das mães. Em breve as mulheres serão uma presença forte entre os árbitros!


Silêncio em Washington - LUIZ CARLOS AZEDO

CORREIO BRAZILIENSE - 10/09

Oito parlamentares brasileiros estão em Washington a convite da Câmara Americana de Comércio (Amcham) desde ontem, numa missão parlamentar na qual foram recebidos por pesos-pesados da economia norte-americana com interesses no Brasil. No fim da tarde, estiveram com assessores do secretário de Estado norte-americano, Jonh Kerry. Ninguém fala sobre as denúncias de espionagem da Agência Nacional de Segurança (NSA) dos Estados Unidos no Brasil, embora o assunto esteja em todas as cabeças. O constrangimento é geral.

O embaixador do Brasil em Washington, Mauro Vieira — ocupa a cadeira que já foi de Joaquim Nabuco, Oswaldo Aranha, Amaral Peixoto, Roberto Campos, Azeredo da Silveira, Paulo de Tarso Flexa de Lima, Sérgio Correia da Costa, Marcílio Marques Moreira, Antônio Patriota, entre outros —, não sabe ainda o que se passa nos bastidores da crise entre o Brasil e os Estados Unidos. Está zonzo.

Aguarda a chegada do novo ministro de Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo Machado, que deve se encontrar com a conselheira de Segurança Nacional dos Estados Unidos, Susan Rice, na quarta ou quinta-feira. Figueiredo está em Genebra (Suíça). Tem a missão de cobrar as explicações prometidas pelo presidente Barack Obama à presidente Dilma Rousseff. Participam da comitiva parlamentar os senadores Ana Amélia (PP-RS) e Vital do Rêgo (PMDB-PB); e os deputados Júlio Delgado (PSB-MG), Hugo Napoleão (PSD-PI), Eduardo Azeredo (PSDB-MG), Mendes Thame (PSDB-SP), Cândido Vaccarezza (PT-SP) e Duarte Nogueira (PSDB-SP).

Petrobras
Mais irritada por causa das novas revelações de que os Estados Unidos espionam as atividades da Petrobras, a presidente Dilma Rousseff divulgou nota oficial ontem reiterando declarações que tinha dado em Moscou. “Se forem confirmados os fatos veiculados pela imprensa, fica evidenciado que o motivo das tentativas de violação e de espionagem de dados do Brasil, que agora têm como alvo a Petrobras, não é a segurança ou o combate ao terrorismo, mas interesses econômicos e estratégicos.”

Segurança
O Palácio do Planalto resolveu ir além dos justos protestos, do tipo “espionagem de dados e informações são incompatíveis com a convivência democrática entre países amigos, sendo manifestamente ilegítimas”. A presidente Dilma Rousseff, finalmente, determinou ao gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência e ao Ministério da Defesa a adoção de medidas “para proteger o país, o governo e suas empresas”.

Empresas
Não foi por falta de aviso. Técnicos da Abin há três anos advertiam os superiores que a Petrobras e, também, a Embrapa (embora não tenha surgido nenhuma denúncia, ainda) são alvos permanentes de espionagem dos Estados Unidos e de outros países, assim como outras empresas estratégicas, como a do programa espacial e do submarino nuclear. O programa desenvolvido para as comunicações estratégicas do Palácio do Planalto — o Criptogov — nunca foi levado a sério. Ou melhor, foi; mas com o sinal trocado.

Pré-sal
O senador Pedro Simon (foto), PMDB-RS, classificou como de “extrema gravidade” as denúncias de espionagem norte-americana na Petrobras. “A espionagem do governo dos Estados Unidos é usada como pirataria, inclusive para favorecer as empresas americanas”, afirmou. Simon sugeriu a suspensão do leilão do Campo de Libra, localizado na camada de pré-sal na Bacia de Santos (SP). Segundo o senador, muitos especialistas criticam os termos do edital.

Reservas
O Campo de Libra tem potencial de reserva entre 8 bilhões e
12 bilhões de barris

Garantido
A aposentadoria por invalidez do deputado José Genoino (foto), do PT-SP, requerida na quinta-feira passada, é considerada direito líquido e certo pela Mesa da Câmara. A junta médica da Casa Legislativa não deve contestar o laudo assinado pelo cardiologista Roberto Kalil, do Instituto do Coração de São Paulo (InCor ). Genoino receberá integralmente o salário de R$ 26,7 mil e escapará da cassação, embora tenha sido condenado na Ação Penal 470 pelo Supremo Tribunal Federal.

O petróleo é nosso
“Sem dúvida, a Petrobras não representa ameaça à segurança de qualquer país. Representa, sim, um dos maiores ativos de petróleo do mundo e um patrimônio do povo brasileiro” — presidente Dilma Rousseff, ontem, protestando contra a espionagem da estatal pela Agência Nacional de Segurança (NSA) dos Estados Unidos .

Unasul
O presidente do Suriname, Dési Bouterse, que assumiu a presidência da União de Nações Sul-Americanas (UNASUL), formada por Argentina, Brasil, Bolívia, Chile, Equador, Guiana, Peru, Suriname, Uruguai e Venezuela, é foragido da Interpol. Foi condenado em 2002 pela Justiça da Holanda a 11 anos de prisão sob a acusação de tráfico de cocaína. Bouterse é acusado de organizar remessas de cocaína colombiana para a Europa, via Brasil, pelo menos até 2006.

Bahia
O secretário de Relações Internacionais da Bahia, Fernando Schmidt, tomou posse ontem no cargo de presidente do Esporte Clube Bahia. Ele deixou o governo de Jaques Wagner (PT) para assumir as novas funções.

Samurai
Ministro de Comunicação Social do governo Lula, Luiz Gushiken está em estado grave no Sírio e Libanês. Permanece lúcido, à base de morfina, e ainda recebe os amigos quando está acordado.

MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO


FOLHA DE SP - 10/09

Projeto de irrigação prevê aporte privado de R$ 192 mi
O governo federal deve lançar em trinta dias um edital para projetos agrícolas. Será uma concessão de uma área de 17,2 mil hectares em Guadalupe, no interior do Piauí.

A empresa vencedora do leilão terá de investir ao menos R$ 192 milhões em infraestrutura de irrigação na propriedade e poderá explorar o local por 35 anos.

É a primeira vez que o Dnocs (Departamento Nacional de Obras Contra as Secas) usa esse modelo de concessão para projetos do tipo, de acordo com Laucimar Gomes Loiola, diretor do órgão.

Até agora, o próprio governo investia integralmente na infraestrutura para, depois, dar destinação aos terrenos.

"A mudança vai dar mais celeridade à ocupação e, consequentemente, alavancar o desenvolvimento agrícola", afirma o diretor.

Descontadas a reserva legal que deverá ser protegida e uma parte não irrigável da propriedade, o espaço produtivo será de 10,2 mil hectares.

Além do aporte financeiro, o grupo vencedor também terá de incluir pequenos produtores e agricultores familiares em 37% do espaço.

"No restante do perímetro, a empresa poderá fazer a exploração direta", diz.

A mesma região já tem em funcionamento um programa de agricultura irrigada, fruto de uma etapa inicial na qual o governo investiu R$ 148 milhões, segundo Loiola.

Essa primeira fase produziu R$ 11,3 milhões em fruticultura ao longo do ano passado, além de R$ 382 mil com outras culturas.

FILA DE REMÉDIOS
O laboratório farmacêutico União Química vai ampliar em mais de 10% o portfólio de produtos até o ano que vem, quando projeta passar de 600 para 670 medicamentos em carteira.

Os lançamentos serão nas áreas hospitalar, de oftalmologia e de saúde animal. Apenas nos 30 produtos que chegarão ao mercado até dezembro próximo foram investidos R$ 20 milhões, de acordo com Fernando Castro Marques, presidente do laboratório. Em 2014, chegarão outros 40 remédios.

A meta é elevar o faturamento bruto em 26% com o aumento das vendas, principalmente na linha de medicamentos com prescrição médica, segundo Marques. A equipe de vendas também vai crescer cerca de 15%.

Para o empresário, a concorrência de origem estrangeira tem trocado produção por importação.

"Hoje não há multinacionais fazendo remédio no Brasil, pelo contrário, elas estão fechando. Importar é mais fácil do que produzir localmente, pelos custos daqui e pela morosidade nos registros da Anvisa", diz.

"Com novos diretores e técnicos, além da melhoria de processos implantada [no órgão], isso deve melhorar."

Declínio de emprego
Os empregadores brasileiros devem diminuir ainda mais o nível de contratação nos próximos três meses, de acordo com pesquisa do ManpowerGroup.

O levantamento mostra que 22% dos entrevistados no país pretendem aumentar seus quadros de funcionários no próximo trimestre. Pouco menos de 10% devem reduzir e 67%, manter como está.

O índice líquido de contratação (parcela dos que dizem que irão admitir menos os que afirmam que vão dispensar) dessazonalizado ficou em 19% --o menor nível desde o fim de 2009, quando a pesquisa começou a ser feita.

No mesmo período de 2012, o indicador havia ficado em 28%. Apesar da queda, o Brasil está entre os países com melhores resultados, atrás apenas de Índia (cujo índice foi de 41%), Taiwan (35%) e Cingapura (20%).

Na análise setorial do país, a área de finanças é a mais otimista (30%).

Foram entrevistadas 65 mil pessoas em 42 países.

DE OLHO NOS JOVENS
A Ovomaltine lança hoje uma campanha para reposicionar a marca no Brasil com foco nos jovens. Antes, as crianças eram o maior alvo. O aporte é de R$ 20 milhões.

"O objetivo é manter nossa taxa média de crescimento de 30% ao ano", afirma Danilo Nogueira, gerente-geral na América Latina.

A produção no país é terceirizada. A paulista Liotécnica faz o achocolatado em pó e a Castrolanda, do Paraná, fabrica a bebida pronta.

Um quarto das vendas no Brasil vai para a área de alimentação fora de casa, como milk-shakes e outras sobremesas servidas em redes de fast food.

A marca pertence à ABF (Associated British Foods).

PORTO NO PERU
A Odebrecht fechou um contrato de US$ 156 milhões (R$ 355 milhões) para uma obra no porto de Matarani, em Arequipa, no Peru.

O projeto prevê a construção de um sistema integrado de recepção, armazenamento e transporte de minério.

A estrutura terá capacidade de movimentação de 2.300 toneladas por hora.

A construção deve começar no início de 2014.

Há 34 anos no Peru, a empresa brasileira participou de 58 empreendimentos e emprega 15 mil pessoas no país.

Subsídio e distorções - CELSO MING

O Estado de S.Paulo - 10/09

Na edição de domingo esta Coluna examinou certas questões técnicas que envolveriam a volta da Conta Petróleo, questão fortemente debatida na semana passada.

É a proposta de que o Tesouro assuma os subsídios ao consumo de combustíveis atualmente descarregados sobre o caixa da Petrobrás. Uma das ideias é a de que o ressarcimento seja feito pelo Tesouro não em dinheiro, mas em petróleo futuro de propriedade da União, mais ou menos como aconteceu com a subscrição de capital em 2010 pelo Tesouro.

É uma manobra que talvez pudesse estancar a hemorragia nas finanças da Petrobrás, mas não eliminaria outras distorções que provêm da existência desse subsídio. É preciso também examinar esse ângulo.

Convém ter em conta que a prática de subsídios é prerrogativa dos governos - desde que não produzam competição desleal nos mercados e que sejam previstos em orçamento público.

Não é o que acontece no Brasil no mercado de combustíveis. Para evitar o impacto sobre a inflação, o governo vem adiando os reajustes e obriga a Petrobrás a pagar parte da conta do consumidor. Isso não tem nada a ver com a alegada decisão de rever o sistema de preços apenas a longo prazo, com o objetivo de evitar volatilidades, como até recentemente vinham argumentando o governo e a direção da Petrobrás.

Essa política populista de um governo que não quer enfrentar as consequências, especialmente eleitorais, produz enormes distorções. Uma delas, mais comentada, é a deterioração do caixa e das condições financeiras da Petrobrás, fato que coloca em risco seu programa de investimentos. Esse problema seria resolvido por eventual retorno da tal Conta Petróleo, que existiu de 1997 a 2001 e foi extinta porque a decisão foi então acabar com os subsídios. Mas outros problemas permaneceriam sem solução.

Um deles é o desestímulo à produção de etanol. Vendida ao consumidor a preços artificialmente baixos, a gasolina tende a alijar o etanol do mercado, uma vez que não tem direito ao mesmo subsídio. Este é o principal fator que vem paralisando os investimentos no setor sucroalcooleiro.

Outra distorção é o consumo excessivo de gasolina em consequência dos preços achatados. As vendas cresceram 18,9% em 2011, 11,9% em 2012 e 4,2% nos primeiros oito meses de 2013. Os protestos de junho puseram foco em outra consequência que provém desta: a perda de eficiência dos transportes coletivos com os engarrafamentos de trânsito que, por sua vez, são produzidos pelos excessivos incentivos ao transporte individual.

E há o rombo nas contas externas. Como a Petrobrás tem limitada capacidade de refino, a disparada do consumo a obriga a reforçar as importações de gasolina e óleo diesel. Nos primeiros oito meses deste ano, o impacto da diferença a menor que a Petrobrás exporta e importa foi de US$ 16,3 bilhões, ou 9,8% das importações totais do Brasil no período.

Se o eventual restabelecimento da Conta Petróleo não programar a extinção dos subsídios ao consumo de combustíveis, as demais distorções não serão corrigidas.