terça-feira, abril 30, 2013

Foi coisa de advogado - ANCELMO GOIS

O GLOBO - 30/04

Um amigo de Roberto Carlos diz que o artista soube pelos jornais que tinha mandado censurar o livro de Maíra Zimmermann de Andrade “Jovem Guarda: moda, música e juventude”. E ficou chateado.

Ontem, Marco Antônio Campos, o advogado do Rei, soltou uma nota sobre a notificação à autora argumentando que o “ponto de discussão não é a censura do livro por seu conteúdo, mas o descumprimento da lei pela falta de autorização para o uso comercial da imagem de Roberto Carlos”.

Segue...
A nota termina dizendo que “seguimos aguardando que a autora, em resposta à notificação e em cumprimento da lei, faça o pedido de autorização”.

É. Pode ser.

Primavera árabe
Dia 8, Dilma recebe o presidente do Egito, Mohamed Morsi.

Cachaça é chique
No episódio de “The Big Bang Theory” exibido quinta passada nos EUA, a cachaça brasileira apareceu em cena.

A garrafa da 51 estava na cozinha da personagem Penny, que namora um dos nerds do seriado. O episódio foi visto por 15 milhões de americanos.

Potássio russo
A Rádio Corredor indica que a mina de potássio da Vale na Argentina deve cair nas mãos dos russos.

Suleiman Kerimov, oligarca próximo ao Kremlin e produtor de fertilizantes, estaria interessado. A conferir.

Mãos ao alto!
Dona Inflação foi às compras na Cobal do Humaitá, no Rio. Um feirante vende a dúzia da banana-da-terra, veja só, a R$10.

O papel do Brasil
O STJ vai julgar recurso da família do músico Tenório Jr., que sumiu na Argentina, em 1976, quando acompanhava Vinicius de Moraes. É que o Tribunal Regional Federal não reconheceu a responsabilidade do governo brasileiro no caso.

A família lembra que a ditadura brasileira não tomou qualquer providência para salvá-lo na época, e nem mesmo para ter notícias de seu paradeiro.

Quase jogou a tolha
Houve um tempo, há 33 anos, que Gilberto Gil pensou em largar a carreira. Sua música de despedida seria “Palco”.

A revelação está no livro “Aqui e agora”, que a jornalista Regina Zappa escreveu com histórias de Gil.

Só que...
Quando acabou de fazer a letra, uma exaltação à paixão pela música, Gil, ainda bem, desistiu.

E a música virou, como ele diz, “um colarzinho de proteção, a conta de um Orixá”.


Marechal preservado
Sai hoje no DO: Eduardo Paes cria uma Área de Proteção ao Ambiente Cultural (Apac) em Marechal Hermes, bairro da Zona Norte que festeja cem anos amanhã. Serão 48 hectares.

É o primeiro bairro operário do país e o terceiro planejado.

Acabou na polícia
Sábado, por volta das 16h, alunos do ensino médio do Colégio Santo Agostinho, no Rio, fizeram uma confraternização na Green Village, casa de festa no Itanhangá.

Por volta das 20h, um pai foi socorrer a filha de 16 anos desacordada por causa de bebida alcoólica. O caso está na 16ª DP.

Alto luxo
O terreno 59 da Rua Francisco Otaviano, em Copacabana, que um dia abrigou o Colégio Max Nordau, judaico, vai virar prédio residencial de alto luxo.

Será construído pela PDG.

Vida de gado
O economista Carlos Lessa, de 76 anos, depois de restaurar e devolver à cidade vários casarões históricos no Centro e no Catete, resolveu investir na pecuária de corte.

Associou-se a um grande fazendeiro em Araras, na serra fluminense.

Melhor assim
A família de Cássia Eller voltou atrás e deu novamente o sinal verde para a produção do musical sobre a biografia da cantora, que deve estrear no CCBB, em janeiro.

A dona do apito
De Ana Paula Oliveira, a ex-bandeirinha que apitou, sábado, o jogo-teste do novo Maracanã:

— Já fui chamada de piranha e gostosa... pela torcida e por jogador. Mas hoje sou respeitada.

Maravilha.

Não teremos sempre Paris - JOÃO PEREIRA COUTINHO

FOLHA DE SP - 30/04

É um clássico: nada perturba tanto as vidas que vivemos como as vidas que não vivemos


Richard Linklater é conhecido por qualquer pessoa com trinta e muitos, quarenta e poucos. Em 1995, Linklater dirigia "Antes do Amanhecer", e não houve adolescente com atividade hormonal regular que não tenha suspirado com o encontro amoroso entre o americano Jesse (Ethan Hawke) e a francesa Céline (Julie Delpy).

Ambos viajam sozinhos pela Europa. Ambos se encontram na mesma carruagem de trem. Amor à primeira vista, ou qualquer coisa assim do gênero. E quando o trem para em Viena, ele a convida para descerem e visitarem a cidade nas últimas horas que lhe restam antes de regressar a casa. Ela diz que sim.

O filme era apenas isso: a consequência desse sim. Feita de caminhadas e conversas e caminhadas e conversas. Não sei se a minha nostalgia sobre o filme está associada à beleza demasiado real de Julie Delpy ou ao raro milagre de ver dois seres humanos a falarem a mesma linguagem, apesar de não partilharem a mesma língua nativa.

O que sei é que, antes do amanhecer, eles despedem-se (depois das intimidades) e prometem reencontrar-se. Na mesma estação de trem, seis meses depois.

Era assim que os adolescentes de 1995 deixavam a sala de cinema: invejando a sorte alheia (no meu caso, a sorte de Ethan Hawke, que atingiu patamares ofensivos com o casamento com Uma Thurman) e perguntando se aqueles dois voltariam a encontrar-se em Viena.

Linklater respondeu nove anos depois com "Antes do Pôr do Sol". Mudou de cidade, não mudou de dueto: o encontro foi em Paris. Ele, nove anos mais velho. Como eu. Como nós. E de passagem pela cidade para promover o primeiro livro.

Ela lê algures que ele estará numa livraria algures. Aparece de surpresa. É a primeira vez que se veem desde a passeata em Viena. Sabemos depois que ele esteve na estação, como prometido, e que foi ela quem faltou ao encontro. Ah, os homens, os incorrigíveis homens.

Mas nove anos são nove anos. Ele casou entretanto. E foi pai entretanto. Ela não, mas isso pouco interessa. Porque o cardápio é repetido: caminhadas e conversas e caminhadas e conversas. Passaram nove anos, mas é como se tivessem passado nove minutos. O tempo corre diferente quando é vivido pelos verdadeiros amantes.

E, antes do pôr do sol, quando ele sabe que tem um voo à espera, ela começa a dançar na sala o "Just in Time" por Nina Simone e o filme termina com uma nova pergunta: ele parte ou fica? Não, minto. Aos trinta anos, a pergunta já não era essa. Era outra. Será que esse idiota não vai ficar?

Sabemos agora que o idiota ficou, que ambos ficaram, porque Linklater decidiu encerrar a trilogia em 2013. Assisti a "Antes da Meia Noite" no IndieLisboa, o excelente festival de cinema independente português. E a reação instintiva seria lamentar o fim de todas as perguntas que sustentavam os filmes anteriores.

Aos quarenta anos, com duas filhas e quase uma década de conjugalidade em cima, Jesse e Céline estão na Grécia. Curiosa escolha: a Grécia é hoje o símbolo da crise europeia, e a relação do casal está pouco melhor que o país.

Como nos versos do poeta, há no olhar de ambos ironias e cansaços. Viena e Paris não resistiram aos encantos do Peloponeso nem às pequenas guerrilhas do cotidiano.

O que ele foi obrigado a prescindir por causa dela. O que ela foi obrigada a prescindir por causa dele. Um clássico: nada perturba tanto as vidas que vivemos como as vidas que não vivemos. O psicanalista Adam Phillips, em livro recente, explica.

Mas seria injusto condenarmos Jesse e Céline como se fosse possível ter sempre Viena e Paris. Até porque existe alguma beleza nas ruínas. Não porque as ruínas são a expressão tangível do que se teve e perdeu. Mas porque elas são a expressão tangível do que sobreviveu.

Vinte anos depois, Jesse e Céline são dois sobreviventes. Juntos, apesar de tudo. E, por entre as tristezas momentâneas, há um sol de fim de tarde onde é possível vislumbrar, e até escutar, a perfeita sintonia que começou lá atrás, em Viena, quando todos viajávamos estupidamente livres e felizes.

Pedir mais talvez fosse pedir o impossível. Porque, no fundo, no fundo, quem deseja que a vida seja uma adolescência permanente nunca deixou verdadeiramente a adolescência.

Artifícios encobrem deterioração fiscal - RAUL VELLOSO

O Estado de S. Paulo - 30/04

O diagnóstico que parceiros e eu temos trazido ao Fórum Nacional INAE/ BNDES é que na raiz dos problemas e 3tá o forte crescimento dos gastos públicos correntes, puxados pelas transferências a pessoas e pelo gasto de pessoal. Hoje, o gasto anual de investimento não chega a 6% do total federal. Não é outro o motivo que explica a situação de terra arrasada da infraestrutura brasileira e tudo de desfavorável que isso implica. A manutenção das regras atuais de concessão de benefícios e o envelhecimento rápido da população projetam uma situação fiscal complicadíssima nos próximos quarenta anos. Em poucos dias, alertaremos as autoridades para a imperiosa necessidade de reformas estruturais.

O forte crescimento da arrecadação nos anos recentes e o destravamento da economia que se deu após 2003, sendo este fruto do cenário hiperfavorável em vigor até 2008, têm permitido ao País empurrar os _ problemas fundamentalmente com a barriga. Só que mesmo esse drible nos descaminhos está agora perdendo sua força motriz.

Basicamente - não sou o primeiro a dizer -, trata-se do enfraquecimento do tripé de políticas macro de curto prazo: metas de inflação/câmbio flutuante/superávits primários altos e críveis, que se manteve intocado por um tempo, mas depois desandou e que, do ponto de vista fiscal, vamos alardear em maio.

Sem disposição política para enfrentar os problemas reais do gasto excessivo e motivadas pelo uso generalizado da política fiscal ativa como instrumento anticíclico frente à crise, as autoridades têm usado e abusado de artifícios para encobrir uma expressiva deterioração das contas públicas, a ponto de se ter hoje uma enorme dispersão nas expectativas sobre resultados fiscais, Como na Argentina com a inflação, cada analista tem um número diferente na cabeça.

São pelo menos cinco os artifícios cujo uso abusivo se tem destacado nos últimos tempos: (a) enorme volume"de “restos a pagar”, ou verbas não liberadas que se transformam em dívida de curto prazo fora das estatísticas; (b) empréstimos extraordinários via BNDES, em vez de capitalização pura, com pouco clara explicitação de ativos, passivos e subsídios; (c) crescimento atípico de receitas de dividendos de estatais, inclusive por antecipação de ingressos futuros, associadas em boa medida a esses empréstimos; (d) práticas pouco defensáveis tecnicamente de abatimento de certas itens dos gastos que entram nos cálculos oficiais de resultado primário, e, por último, até a exclusão de desonerações tributárias (?!) dessa mesma apuração; (e) desobrigação de a União compensar resultados fiscais menos favoráveis dos entes subnacionais.

Olhemos o trágico exemplo da inflação argentina!

Lagarta exótica - XICO GRAZIANO

O ESTADÃO - 30/04

Surgiu uma nova praga na agricultura brasileira. A pequena lagarta, do gênero Helicoverpa, arrasou plantações de soja e algodão, especialmente no oeste baiano. Ninguém sabe ao certo como ela chegou, nem descobriu como combatê-la. Parece castigo na roça.

Há meses, ainda na fase inicial das lavouras, imaginou-se que o bichinho, devorador de folhas e botões florais, fosse o mesmo encontrado nos milharais, a conhecida lagarta-da-espiga (Helicoverpa zea). Por alguma razão, teria a praga, supostamente, trocado sua predileção alimentar. Enquanto a agronomia destrinchava a questão, as lagartas mostravam sua voracidade: roças de algodão no município de Luís Eduardo Magalhães (BA) tiveram perdas de 50%. O problema espalhou-se. Estragos foram relatados em Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais e Paraná. Os prejuízos na safra estimam-se em R$ 1 bilhão.

Terminou a incredulidade quando os técnicos da Embrapa descobriram que a famigerada lagarta representa outra espécie, a Helicoverpa armigera, até então desconhecida no Brasil. Tratando-se de praga exótica, acabou enquadrada na classificação denominada "quarentenária A1", permitindo ao Ministério da Agricultura liberar, emergencialmente, a importação e o uso de inseticidas eficazes no controle do bicho. Tais produtos químicos se utilizam há tempos nos Estados Unidos, no Japão, na Austrália, na União Europeia. Curiosamente, porém, os técnicos do Ibama e da Anvisa tentaram impedir a medida governamental. Dane-se o agricultor, devem pensar.

Larvicidas biológicos (Bacillus thuringiensis) e outros defensivos já registrados no Brasil, embora utilizados para combater distintas lagartas, também foram liberados para uso imediato nas lavouras. A Embrapa, preocupada com as futuras safras, pois esta, bem ou mal, já foi colhida, definiu um programa de ações emergenciais para conter o avanço da nova praga. Locais com elevada infestação devem realizar nos próximos meses um "vazio sanitário" de, no mínimo, 60 dias, período durante o qual nenhuma lavoura de soja, algodão ou milho poderá ser plantada na área. O objetivo é reduzir a capacidade de multiplicação do inseto.

Razões da entomologia. Como se sabe, as lagartas logo se encasulam, depois sofrem a metamorfose e se transformam em borboletas, ou mariposas, e estas saem a botar nas folhas seus ovos, de onde nascem as famintas lagartinhas. Pois bem, a técnica do vazio sanitário procura interromper esse ciclo vital, contínuo, das pragas. Ajuda, mas não resolve tudo.

Há muito os cientistas pesquisam a razão do surgimento das pragas agrícolas. No Brasil, Adilson Paschoal tratou do assunto em seu pioneiro livro intitulado Pragas, Praguicidas e a Crise Ambiental (FGV/1979). O professor da Esalq/USP já mostrava, naquela época, o incessante aumento do número de pragas agrícolas, atribuindo tal fenômeno ao desequilíbrio biológico causado pelo avanço da agricultura sobre áreas naturais, somado ao efeito perverso dos inseticidas químicos de então. Tal combinação promoveu à categoria de praga insetos antes considerados inofensivos.

"Um fato esquecido pelos erradicadores de pragas", escreveu Paschoal, "foi que os insetos estão neste mundo há cerca de 400 milhões de anos, e o homem (Homo) há apenas dois milhões." Fantástico isso. Em decorrência, a capacidade de adaptação e a resistência genética dos insetos são incríveis. Mesmo que os agrotóxicos clorados, por serem persistentes no ambiente, bem como os produtos fosforados, muito tóxicos e abrangentes, tenham sido proibidos, substituídos por defensivos agrícolas mais seletivos e degradáveis, novas pragas teimam em irromper nas lavouras.

Acontece que, nas condições tropicais de agricultura, com calor e umidade elevada, a diversidade de espécies e as interações dos organismos vivos são tremendamente maiores que no clima temperado. Nos Estados Unidos ou na Europa quando chega o inverno os vegetais perdem as folhas, o solo gela, a neve paralisa a evolução das cadeias tróficas. Existe por lá um "vazio sanitário" natural, de origem climática. No Brasil, ao contrário, o tempo quente amaina, mas nunca cessa: plantam-se duas a três safras no mesmo local; insetos, fungos e bactérias reproduzem-se continuadamente. Potencializa o desequilíbrio ecológico.

Patógenos desconhecem as fronteiras geográficas. Basta verificar a história mais recente da agricultura nacional para verificar a incessante chegada de novas encrencas biológicas. O bicudo do algodoeiro, voraz besourinho, desembarcou no Brasil em 1983, causando grande desastre na cotonicultura. Na bananeira, o mal da sigatoka negra, a mais temida doença fúngica do mundo, surgiu em 1998, adentrando pela Amazônia, apavorando os fruticultores nacionais. Na citricultura, a doença do amarelinho, também conhecida como clorose variegada dos citros (CVC), apelidada de aids da laranja, constatou-se nos pomares paulistas pela primeira vez em 1987. Na Bahia, a terrível doença da vassoura-de-bruxa, descoberta em 1991, quase destruiu a cacauicultura nacional.

Variedades geneticamente resistentes, métodos de cultivo alternativos, novos defensivos químicos - em cada caso, a pesquisa agronômica acabou encontrando boas soluções para proteger a capacidade produtiva no campo. Mas a defesa fitossanitária, para ser eficiente, exige laboratórios de categoria, técnicos preparados, recursos financeiros. Nem sempre foi fácil superar as adversidades. Muito menos recuperar os prejuízos dos agricultores.

Gafanhotos fazem parte das dez pragas bíblicas do Egito. Rezas se justificam. Mas a História mostra que somente o conhecimento científico enfrenta a lagarta Helicoverpa.

O mal - FRANCISCO DAUDT

FOLHA DE SP - 30/04

Sou fascinado pela afirmação de que 'ninguém faz o mal voluntariamente, mas por ignorância'


"As crianças nascem más, elas melhoram crescendo, pois a cultura pode civilizá-las." Ao ler essa frase, apareceu-me a velha questão da "verdadeira essência" da nossa espécie.

Rousseau, filósofo suíço, século 18, achava que nossa natureza era originalmente boa, e que a cultura a corromperia (o "bom selvagem", como se os nascidos na selva não tivessem cultura).

Hobbes, filósofo inglês, século 16, acreditava na infinita capacidade de violência do ser humano, obrigado a contê-la para viver na civilização (na cidade, encontrando desconhecidos sem poder matá-los, como seria seu impulso de origem).

A frase não segue Hobbes, portanto. Ela seria mais o inverso perfeito da crença de Rousseu. Nossa espécie teria uma essência má, que a bondade da cultura amorteceria... um pouco.

Que maldade é essa? O que é o mal? O tema é vasto. Vamos pensar apenas na maldade humana. Ela teria a ver com infligir dano e sofrimento de maneira intencional e injusta (se você mata em legítima defesa, não praticou o mal).

No entanto, encontrar justificativa para a prática do mal é a coisa mais comum, não à toa Hannah Arendt escreveu sobre a banalidade do mal ao perceber que o nazista Adolf Eichmann acreditava que seu trabalho de extermínio de judeus era completamente justificado como o correto exercício do dever, e que não conflitava com o bom chefe de família que ele era.

A ética contempla os costumes. Depois do julgamento de Nuremberg não mais se justificam atos danosos pelo "cumprimento de ordens" --assim como, na época em que foi composta, "Nega do Cabelo Duro" não ofendia ninguém.

Lembrei-me dos pecados capitais: soberba, avareza, luxúria, ira, gula, inveja e preguiça. O curioso é que eles não são pecados em si, mas "capitis" (cabeça) de pecados, daí "capitais". Todos temos, como Hobbes observou, capacidade para eles, mas só quando a partir deles causamos dano/sofrimento intencional, cometemos pecado (ou crime), fazemos o mal com eles.

Mas, fazer o mal com a preguiça? Sim, pela omissão, pelo dane-se. A ganância está contida na avareza; a humilhação dos outros na soberba; os vícios na gula; a maledicência na inveja; o estupro na luxúria e assim por diante.

E a maldade das crianças, onde reside? Numa tira de quadrinhos (C. Schulz), o pequeno Linus, no recreio, fica fascinado com uma coleguinha linda, vai se aproximando dela devagar e finalmente, quando está junto a ela, não se contém e... Dá-lhe um soco no nariz! Maldade?

Não. Falta de instrumentos adequados para expressar a intensidade dos sentimentos que lhe assoberbavam. Como um bebê que chora por não saber falar.

Sou fascinado pela afirmação de Sócrates de que "ninguém faz o mal voluntariamente, mas por ignorância, pois a sabedoria e a virtude são inseparáveis."

Ela sugere que poderíamos prevenir o mal através do cultivo de instrumentos de expressão mais eficientes de nossos desejos e insatisfações. Do maior conhecimento de si mesmo e do outro. De maior sabedoria, que leva à consideração e à compaixão.

Sem excluir as leis e a cadeia, claro.

Lula é colunista do Balantines! - JOSÉ SIMÃO

FOLHA DE SP - 30/04

Gostei do gol do Pato! Quando ele jogava no Milan só fazia gol na filha do Berlusconi! Rarará!


Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! E esta placa: "Leco Cabeleireiro! Prepare-se! Jesus tá voltando". Pra você esperar Jesus linda e loira!

E o Silvio e o Troféu Imprensa? O Silvio Santos não conhece ninguém que ganha o Troféu Imprensa. "Quem é essa, atriz da Globo?" "Danilo Gentili ou Danilo Gentil, nunca ouvi falar."

Como disse o Stycer: Troféu Imprensa é palco para o melhor "stand-up" do Silvio Santos! "A Contigo' tá melhorando muito, tá ficando quase igual à Caras'." "Aqui a gente copia que é mais fácil." E o júri? Júri da Pior Idade! Rarará! E o Silvio Santos não existe, é ficção!

E adorei a abertura do Maracanã! Devia ser Amigos do Pelé X Amigos do Romário! Que estão brigando há meses! Boçal! Ignorante! Ignorante! Boçal! Aí ia pegar fogo! UFC no Maracanã! Iam acabar com o estádio novinho!

E as autoridades? Lula, Dilma e Cabral! Lula é o colunista do Balantines. Rarará! Como disse o Ciro Botelho, redator do "Pânico na Band": "O Lula é o novo colunista do Balantines". Rarará!

E a Dilma é muito chique, muito digna, mas continua andando como caubói. Sabe aquele caubói que puxaram o cavalo e ele continua andando? John Wayne em "Duelo ao Sol"! E fiquei muito emocionado com o sacrifício do Cabral: abandonou Paris e veio diretamente pra abertura do Maracanã. Aí ele chegou e perguntou: "Quem tá jogando hoje, o Paris Saint-Germain?". Rarará!

E aquele uniforme do São Paulo? VERMELHO! Vermelho de Vergonha! Parece picolé da Fruttare frutas vermelhas. Ou então botaram do avesso.

E o Corinthians? "Boi, boi, boi da cara preta/ O Corinthians é perneta mas goleou a Ponte Preta." Gostei do gol do Pato! Quando ele jogava no Milan só fazia gol na filha do Berlusconi! Rarará!

E esta: "Cachoeira é detido em Anápolis por dirigir embriagado". E aí conseguiu um "habeas copos"? E deixa as águas rolarem! É mole? É mole, mas sobe!

E adorei a sugestão do chargista Marco Jacobsen pro Supremo e pro Congresso acabarem com essa perrenga: BEIJAÇO! Podia terminar tudo num grande beijaço! Rarará! Nóis sofre, mas nóis goza. Hoje só amanhã!

Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!

A movimentação de Eduardo Campos - MURILLO DE ARAGÃO

BRASIL ECONÔMICO - 30/04

O governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), dá continuidade à sua intensa movimentação política para decidir, no momento adequado, se será ou não candidato ao Palácio do Planalto em 2014.

Dias atrás participou, em Brasília, de um almoço na casa do senador Gim Argello (PTB-DF) articulado pelo também senador Armando Monteiro (PTB-PE), cotado para disputar o governo de Pernambuco com o apoio do PSB. Mais tarde, esteve presente num jantar no apartamento do senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE).

É importante lembrar que, embora não tenha participado do jantar, o senador Cristovam Buarque (PDT-DF) é mencionado nos bastidores como potencial candidato a vice-presidente da chapa encabeçada pelo PSB.

A movimentação política de Eduardo Campos por Brasília ocorre logo após manobras realizadas pelo Planalto para tentar esvaziar sua pré-candidatura.

Ainda na semana passada, o governo negociou a indicação do líder do PTB no Senado, Gim Argello (DF), para ministro do Tribunal de Contas da União (TCU). Mesmo assim, Argello mantém entendimentos com Campos.

Em outra frente, o vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB-SP), conseguiu tirar do PSB e filiar ao PMDB o empresário João Batista Júnior, do Frigorífico Friboi, cotado como potencial candidato ao governo de Goiás.

O que se comenta é que Batista Júnior disputaria a eleição com o apoio do PT, deixando Eduardo Campos, por enquanto, sem palanque em Goiás. Campos também começa a trabalhar para contar com um palanque competitivo em São Paulo, maior colégio eleitoral do país.

A estratégia passa por atrair legendas como o PPS (agora Mobilização Democrática - MD, após a fusão com o PMN) e DEM, além de lideranças do PMDB e PDT.

Embora não se manifeste publicamente, Campos vê com bons olhos a eventual saída de José Serra do PSDB para filiar-se ao MD. Caso Serra troque mesmo de partido, o governador pernambucano contaria com um importante cabo eleitoral em São Paulo.

Até uma nova candidatura de Serra ao governo paulista, em caso de migração para o MD, é mencionada como alternativa para fortalecer a candidatura própria do PSB ao Planalto.

O foco do discurso de Eduardo Campos são as questões econômicas. Na avaliação do governador pernambucano, as medidas tomadas pelo atual governo para a retomada do crescimento deram resultados pífios. A forma como Dilma governa também foi criticada por Campos.

Ele disse que a gestão centralizadora da presidente está emperrando o país. O possível candidato do PSB defendeu que o aumento dos investimentos públicos, a regulamentação de setores estratégicos e o controle inflacionário devem ser prioridades.

Em relação ao aumento da taxa de juros, afirmou que "não pode ser visto como um desastre". No programa partidário do PSB, Eduardo mordeu e assoprou. Louvou os avanços da era Lula e a presença de uma mulher na presidência da República.

Porém tratou de estabelecer um zona de desconforto para Dilma ao criticar a falta de avanços. Suas críticas ao governo foram consideradas duras e demonstram que a corrida eleitoral prossegue com folego.

Protetores do crime - JANIO DE FREITAS

FOLHA DE SP - 30/04

O truque da bandidagem é inteligente: suas ações têm, como norma, a presença de um menor de 18 anos


A necessidade e a urgência de bloqueio ao uso de menores por bandidos e monstros como os incendiários da dentista indefesa Cinthya de Souza, em São Paulo, não podem continuar pendentes da discussão tergiversante sobre a menoridade penal. A menos que se continue admitindo, com estupor mas passivamente, que crimes se propaguem amparados na pena máxima de três anos de "reeducação" para o falso principal autor.
O truque adotado pela bandidagem é inteligente. Suas ações passaram a ter, como norma, a presença de um menor de 18 anos. No caso de mau resultado final do crime, a gravidade maior do ato é atribuída ao "dimenor" e, como passaporte para o primeiro nível da bandidagem, por ele assumida. Não considerado criminoso e preso, como de fato é, mas como "apreendido" para reeducação nos tais três anos máximos, proporciona aos criminosos "dimaior" penas muito mais leves, como coadjuvantes. E saídas da prisão muito mais cedo, com os benefícios presenteados pela lei.
Sobretudo em São Paulo, onde a incidência do truque é geral nos crimes em grupo, as polícias ou caíram no golpe inteligente e não se levantaram, ou o aceitaram como um modo de dar os crimes mais depressa como resolvidos. Assim os inquéritos chegam ao juízes, sem muito o que fazer para sanar a deformação. E ganham os bandidos: arriscam o crime, que na maioria dá certo --salvo se há contribuição de denúncia ou acaso-- e, quando não dá, a pena não é intolerável para ninguém.
A impressão deixada pela rapidez com que uma delegada aceitou a versão dos monstros na morte da dentista vale como ilustração completa do que se passa hoje com o envolvimento dos criminosos de 16 e 17 anos. Palavras dela, para a TV: "Ele [o "adolescente"] jogou álcool nela e ficou [brincando, passando?] o fogo, aí o fogo pegou na manga dela e...". E pronto, logo o crime era dado pela polícia como "resolvido": o incendiário foi o "dimenor".
Mas por que todos compraram álcool e voltaram ao consultório, senão para incendiar a dentista indefesa? E ainda há depoimentos de outras vítimas, que tiveram os cabelos incendiados como início do mesmo propósito pelos mesmos monstros. Incendiários, pois, todos eles.
Durante as férias recentes, gastei algumas horas de vários dias para saber como são os programas policiais e como atuam Datena e seus concorrentes, tantas vezes citados, inclusive pelo admirável sociólogo Zé Simão. Sempre o mesmo. Assaltos em grupo, latrocínios em grupo, se apanhados não há dúvida: lá está o cara de 18 anos para ser o dono da arma, o autor do disparo e das piores violências. A quantidade de vezes em que isso se dá dia a dia é assombrosa.
À parte a idade penal, as autoridades ditas responsáveis, nos governos e no Congresso, e mesmo nas polícias, precisam remediar o problema já. Ou ser pressionadas a fazê-lo. Agravante de corrupção de menor, agravar pesadamente a prática de crime de adulto acompanhado de menor, levando a pena a ultrapassar a vantagem do truque, são exemplos de providências adotáveis com rapidez. Mesmo que o marginal de 17 ou 18 anos em nada se diferencie do marginal de 20 ou mais, e mesmo que seu aprendizado criminal nos presídios não seja maior do que o aprendizado fora, não é possível perder mais tempo discutindo idades.
As ditas autoridades já estão devendo --à sociedade, não aos criminosos em geral e monstros em especial.

Briga feia em Brasília - LUIZ GARCIA

O GLOBO - 30/04

Em qualquer regime democrático, são frequentes as diferenças de opinião entre Executivo e Legislativo. O que é inevitável e até saudável. Faz parte das regras do jogo, no secular sistema dos três poderes, utilizado nos sistemas de governo das democracias do mundo inteiro.
Raramente as divergências produzem crises perigosas para o funcionamento do sistema. Mas há sinais disso no ar de Brasília. A disputa atual foi provocada pela tramitação no Congresso de um projeto de lei que cria dificuldades para novos partidos. Uma decisão liminar do Supremo Tribunal Federal travou a votação definitiva do projeto. Indignados, os partidos governistas e mais o DEM, principal membro da oposição, uniram-se na defesa dos seus direitos - pelo menos, de direitos que consideram legítimos.
Dessa união inédita (ou, pelo menos, bastante rara) nasceu o tal projeto, que considera os novatos como, pode-se dizer assim, partidos de segunda classe. Eles teriam acesso limitado ao fundo partidário e ao tempo de TV na propaganda eleitoral.
Houve recurso dos prejudicados ao Supremo Tribunal Federal, onde ganharam, pelo menos, o primeiro round. A principal consequência disso foi o que se poderia esperar: um bate-boca entre os dois poderes. Os presidentes do Senado e da Câmara acusaram o STF de atropelar os poderes do Legislativo. E, no tribunal, o ministro Gilmar Mendes afirmou que a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara rasgara a Constituição ao admitir uma emenda constitucional que limita os poderes do Supremo e submete suas decisões à aprovação do Congresso. Gilmar, com algum exagero, disse que, com a aprovação da emenda, seria melhor "fechar o STF".
É o que se poderia definir com um exagero retórico. De qualquer maneira, temos um problema absolutamente original: como o STF é a mais alta instância da Justiça, a que órgão ele poderia recorrer para derrubar a emenda?
O problema, ao que parece para observadores leigos, só poderia ter uma solução: a rejeição, pelo próprio Legislativo, da emenda aprovada pela comissão da Câmara. Submeter decisões da última instância do Judiciário a Senadores e deputados é algo que não existe em outros países de regime democrático.
Certamente não é por acaso ou coincidência.

FLÁVIA OLIVEIRA - NEGÓCIOS & CIA

O GLOBO - 30/04

Garantia estendida na mira da susep
Grupo de trabalho criado pela autarquia vai apresentar propostas de mudanças para o setor ainda em maio

Um grupo de trabalho criado em março pela a Superintendência de Seguros Privados (Susep) vai entregar, em 19 dias, uma lista com sugestões de novas regras para os seguros de garantia estendida. A regulação do segmento, que somou R$ 682,7 milhões em prêmios diretos no 1º tri deste ano (alta de 15,6% sobre igual período de 2012), está na mira da autarquia. "Queremos fiscalizar as empresas do varejo que comercializam o produto. Os principais problemas são o déficit de informação dos consumidores e a venda casada", diz Luciano Santanna, superintendente. Entre as possíveis mudanças está a proibição de venda por meio de apólices coletivas. Esta semana, será publicada a portaria que inclui no grupo de trabalho varejistas, Senacon, Fazenda e Mdic. Pesquisa encomendada pelo Inmetro à MDA apontou que 56,2% dos consumidores dão importância a serviços pós-venda. Quase metade (49,4%) considera a garantia estendida como o mais importante deles. A empresa ouviu 2.703 pessoas. "O consumidor pode estar descrente ou desinformado sobre canais mais clássicos, como o atendimento ao cliente", diz Silvio Ghelman, da divisão de gestão corporativa do Inmetro.

Incentivo
É grande a insatisfação da saúde do Rio com a exclusão da lista de beneficiados pela desoneração da folha. O governo já permitiu a 42 setores o desconto de até 2% sobre o faturamento. Mas hospitais, clínicas e casas de saúde, inseridos na MP 452, foram vetados por Dilma. O SindhRio vê discriminação.

+808% EM SEIS ANOS
Foi quanto o faturamento do mercado de garantia estendida cresceu, de 2006 a 2012, diz a Susep. As propostas do grupo de trabalho devem entrar em consulta pública ainda em maio.

Fórmula Indy
É de R$ 7,9 milhões a previsão de encomendas nas rodadas de negócios da indústria de doces e guloseimas durante a São Paulo Indy 300, dias 4 e 5. Fabricantes como Aladim, Docile, Garoto, Yoki, Riclan e Toffano se reunirão com 46 convidados estrangeiros. É ação de Abicab e Apex Brasil.

Mutirão
Volta Redonda é a próxima cidade fluminense a receber o mutirão de formalização do Sebrae/RJ. Será durante o mês de maio. A ação em Rio das Ostras, que terminou sábado, rendeu 2.600 atendimentos e 420 registros. Em Araruama, foram três mil consultas e 600 formalizações, em abril.

FEIRAO
Camila Pitanga (foto) e Raí estrelam a campanha do 9º Feirão de Imóveis da Caixa. No ar, hoje. Quem comprar a casa própria em maio e junho só começa a pagar em janeiro. A nova/sb assina.

A DOIS
A Lunch 42, agência de relacionamento, lança amanhã campanha para o Dia dos Namorados. Prevê ampliar em 15% a carteira de quatro mil clientes no país.

CONSTRUÇAO
A Amoedo, de material de construção, põe na rua hoje a campanha de Dia das Mães. São elas que ajudam a construir sonhos, dizem as peças. Saem em TV, rádio e lojas. A Núcleo 5 criou. A previsão de alta nas vendas é de 15%. 

VIAGEM
O Shopping da Gávea terá concurso cultural na campanha para o Dia das Mães. Os cinco premiados vão ganhar
viagens para Porto de Galinhas (PE). A estimativa é de alta de 20% no fluxo de clientes. Estreia amanhã. A Loja Comunicação assina.

Em tempo
Intensivo em mão de obra como a saúde, o setor de educação é outro que busca o incentivo. No Rio, serviços médicos empregam 44 mil.

Atendimento
A SOS International vai oferecer serviços de telemedicina a empresas de Cingapura, Sidney e Johannesburgo. Fechou contrato de US$ 4 milhões com a Transocean. Aqui, a empresa funciona em área da Clínica São Vicente.

Hospitais
O Hospital Icaraí (Niterói) destinou R$ 1 milhão à UTI Pós-Operatória. A unidade tem 11 leitos. Já a Clínica São Carlos (Humaitá) triplicou o CTI oncológico. Saiu de oito para 24 leitos. Houve aporte de R$ 500 mil.

Câncer
Operadoras de saúde do Rio vão financiar um centro de combate ao câncer de mama no Hospital da Ordem 3ª da Penitência, na Usina. Parceria com a Secretaria estadual de Saúde, fica pronto em seis meses. Será para atendimento público.

NA PRAIA
A Eloah apresenta hoje o lookbook do alto inverno. Marcelo Magalhães fotografou a modelo Maria Fernanda Kuntgen. As fotos vão circular na web. Em maio, a marca abre a 1ª loja própria, em Copacabana. Investiu
R$ 200 mil. Hoje está em 20 pontos no Brasil. Prevê vender 30% mais. 

NA ACADEMIA 
A PH Praia lança hoje o lookbook da coleção PH Sportswear. Usou como inspiração a moda das meninas que mostram no Instagram a rotina de exercícios. A modelo Carol Magno posou para Marcio Rangel. As imagens vão circular em mídias sociais e no e-commerce da marca. Dona de três lojas em Cabo Frio e duas no Rio, a
grife espera crescimento de 30% nas vendas. 

Óleo e gás
Coppe/UFRJ e Petrobras vão construir no Rio o maior centro hiperbárico do país. O espaço será capaz de simular
áreas marinhas de até 13 mil metros de profundidade. É para testar equipamentos de E&P. O projeto está sendo
orçado. Fica pronto em 2016.

Mulheres
Cresceu 10% a demanda de mulheres pelo investimento em franquia no 1º trimestre. Elas representavam 43% dos candidatos este ano; contra 39% em 2012. A pesquisa é da Franchise Store.

Livre Mercado
Ancar Ivanhoe e Visa investem R$ 3 milhões em campanha de Mães e Namorados. Vão sortear ingressos para a Copa das Confederações em oito malls. Querem vender 15% mais. O Caxias Shopping sorteará um Honda Fit na ação de mães e outro no Dia dos Namorados. Investiu R$ 500 mil. Espera faturar 15% mais. O Carioca Shopping investe R$ 360 mil no Dia das Mães. Sorteará um cruzeiro. Prevê faturar 18% mais. O Rio Design Leblon investiu R$ 200 mil na data. Espera vender 10% mais. Criação da Agência de Bolso.

MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO

FOLHA DE SP - 30/04

Viracopos atrai 250 empresas em concorrências
Cerca de 250 empresas irão brigar para explorar os 65 pontos comerciais do novo terminal de passageiros do Aeroporto de Viracopos, em Campinas (SP).

O prazo de inscrição para as companhias que queriam operar lojas e restaurantes no local foi encerrado na última sexta-feira.

Do total de interessados, há cinco grandes grupos estrangeiros que detêm diversas marcas --inclusive brasileiras. Um deles requereu aproximadamente 85% da área total dos café e restaurantes, segundo Aluízio Margarido, diretor do aeroporto.

"A procura foi maior por esses espaços. Só 45% das empresas se inscreveram para operar as lojas", afirma.

A expectativa da Aeroportos Brasil Viracopos, concessionária formada pela Infraero e pelo consórcio criado pelas empresas Triunfo Participações, UTC Engenharia e Egis, é que 15% da receita do empreendimento seja gerada pelos pontos comerciais.

Do restante do faturamento, 60% devem ser de cargas e 15%, de tarifas aeroportuárias, segundo Margarido.

A concessionará deverá analisar quais empresas candidatas obedecem aos critérios de seleção para, em seguida, pedir que elas façam as ofertas de valores.

O cronograma prevê que os contratos sejam assinados entre julho e agosto. As companhias devem começar a operar em maio de 2014, quando as obras do terminal forem concluídas. A construção está demandando R$ 2 bilhões em investimentos.

A nova área do aeroporto de Campinas terá capacidade para atender 14 milhões de passageiros por ano.

Seguro tecnológico
A Zurich Seguros investiu cerca de R$ 50 milhões para implantar uma plataforma de TI, que entrará em funcionamento em junho próximo.

"O novo sistema fará toda a parte de back office' do seguro de automóveis", afirma o CEO de seguros gerais da Zurich Seguros, Hyung Mo Sung.

A nova tecnologia engloba informações como cotações e dados sobre sinistros.

"Além de maior velocidade e estabilidade no processamento das respostas, a plataforma nos dará maior possibilidade de crescimento", diz Sung.

Os sistemas atuais de cobranças são "engessados, não permitem muita segmentação", afirma.

"Em geral, a seguradora analisa o perfil por camadas. É jovem, cobra mais caro. É mulher, dá desconto", diz.

"Mas não faz combinações: é jovem e casado, o que permite um desconto maior por oferecer menos risco. O novo sistema permitirá um cálculo mais eficiente."

A tecnologia será implementada de início nas operações no Brasil e na Venezuela e, depois, em outros países da América Latina onde a seguradora suíça está presente.

A nova plataforma foi elaborada com mão de obra interna da Zurich Seguros.

"Para nós era importante entrar no programa pelo crescimento que o Brasil tem tido", afirma Sung.

"No grupo Zurich no mundo, o Brasil é a operação que mais cresceu em 2012, mais do que países asiáticos", acrescenta.

NÚMEROS

94%
foi quanto cresceu a área da seguradora no ano passado

60%
foi a expansão em 2011

R$ 50 milhões
foram investidos na implementação da plataforma de TI

VAI MELHORAR
Embora menos da metade dos brasileiros considere hoje a situação econômica local como boa, o país é o que mais acredita na recuperação em um futuro próximo, aponta um levantamento da Ipsos.

A pesquisa da companhia, feita em março e divulgada neste mês, ouviu mais de 18 mil pessoas em 24 países.

No Brasil, 70% dos entrevistados disseram que a economia estará melhor daqui a seis meses. Na Arábia Saudita, segundo lugar no ranking, o percentual foi de 53%, seguida da Índia (47%).

Tanto na Argentina como no México, os outros únicos países da América Latina presentes no levantamento, 38% das pessoas da amostragem esperam uma economia melhor no próximo semestre.

O desempenho atual da economia é positivo para 48% dos brasileiros entrevistados, o que deixa o país na nona posição entre os países que fazem parte da pesquisa.

Os moradores da Arábia Saudita mostraram mais otimismo, ocupando o primeiro lugar, com 80%. O último colocado foi Portugal, com 3%.

RISCO NO BRICS
A dúvida sobre a capacidade do mercado interno de sustentar o ritmo de crescimento no Brasil pode ser um obstáculo para negócios no país, segundo uma pesquisa da Ernst & Young.

O levantamento foi feito com 641 empresas de 21 países e lista os dez maiores riscos e as dez maiores oportunidades para o período de 2013 a 2015.

Índia, Rússia e África do Sul, membros do Brics juntamente com o Brasil, também estão na pesquisa. Nesses países, a alta na inflação e as baixas taxas de crescimento são apontadas como principais empecilhos para os negócios.

Na opinião dos executivos entrevistados, a pressão sobre os preços gera inflação nos países desenvolvidos e alimenta a preocupação sobre uma contínua deflação nos Estados Unidos.

A pesquisa aponta também que a desaceleração no crescimento chinês pode afetar a recuperação da economia global. Esse movimento ocasionaria queda elevada na demanda por commodities.

ACIMA DO MERCADO
A expansão dos seguros denominados D&O (de responsabilidade civil para executivos) da Zurich Seguros foi de 16% em 2012, em comparação com o ano anterior, enquanto o mercado cresceu cerca de 12%.

Os números ultrapassam o montante de R$ 45 milhões em volume de prêmios, segundo a seguradora.

No primeiro trimestre deste ano, o aumento foi de 22%.

A Allianz Seguros, que também oferece o seguro para executivos, registrou um faturamento de aproximadamente R$ 11 milhões no ano passado.

Casa A Apdata (de softwares para RH) inaugura uma unidade no Rio. A empresa tem escritórios em São Paulo, Campinas e nos Estados Unidos.

Frio, chuvas... As condições climáticas desfavoráveis, como baixas temperaturas e chuvas, afetaram a produção de vinhos em toda a França no ano passado. Na região do Beaujolais, a produção diminuiu 38%, de acordo com a Inter Beaujolais.

...e bom vinho "Na colheita, porém, tivemos condições climáticas melhores. Assim, teremos menos vinho, mas de uma boa qualidade", afirma o francês Anthony Collet, enólogo e diretor da Inter Beaujolais, que reúne cerca de 2.800 produtores.

A volta dos coreanos brasileiros - ARNALDO JABOR

O Estado de S.Paulo - 30/04

Meu primeiro grande amor começou num "aparelho" do Partido Comunista Brasileiro em 1963, meses antes do golpe militar. No apartamento, havia um sofá-cama com a paina aparecendo por um buraco da mola, entre manchas indistintas - marcas de amor ou de revolução? Na parede, havia um cartaz dos girassóis de Van Gogh e, numa tábua sobre tijolos, uns livros da Academia de Ciências da URSS. Um companheiro me emprestara a chave com olhar preocupado, sabendo que era para o amor e não para a política.

Pouquíssimas moças "davam", na época anterior à pílula; transar para elas era um ato de coragem política. Nossas cantadas tinham uma base ideológica; famintos de amor, usávamos Marx para convencer as meninas.

"Não! Aí eu não entro!", gemiam as namoradas, empacando na porta do apartamento. Nós, sordidamente, usávamos argumentos assim: "Mas, meu bem... deixa de ser 'alienada'... A sexualidade é um ato de liberdade contra a direita."

Éramos assim nos anos 60. A guerra fria, o "terceiro mundo", Cuba, China, tudo nos dava a sensação de que a "revolução" estava próxima. "Revolução" era uma varinha de condão, uma mudança radical em tudo, desde nossos "pintinhos" até as relações de produção.

Havia os radicais de cervejaria, os radicais de enfermaria e os radicais de estrebaria. Os frívolos, os burros e os loucos. Nas minhas cervejarias filosóficas do passado, o radical (que nunca havia feito nada pelo povo) enchia a cara e gritava: "Viva a Luta Armada! E, garçom, me traz um chopinho!".

Claro que havia também os grandes homens intrépidos, os guerreiros que morreram por seus ideais, com bala na agulha e coragem heroica, arrasados por militares treinados pelos americanos; foi um massacre.

Mas, na verdade, nunca houve bases concretas para o socialismo utópico que praticávamos, mesmo morrendo. Nós odiávamos os 'meios' e só amávamos os 'fins'. Os fracassos nos emprestavam uma aura de martírio que nos enobrecia.

Era uma vingança contra traumas familiares, humilhações, pequenos fracassos. Era também uma mão na roda para a justificar nossa ignorância - não, pois não precisávamos estudar nada profundamente, por sermos a 'favor' do bem e da justiça. A desgraça dos miseráveis nos doía como um problema existencial nosso.

A democracia nos repugnava, com suas fragilidades, sua lentidão, sua obra sempre aberta. A parte chata da revolução deixávamos para a liderança ao presidente da República, na melhor tradição de dependência ao Estado. Jango, coitado, teria de orquestrar as forças delirantes, feitas de restos de um getulismo tardio, oportunismo de pelegos e sonhos generosos da juventude imatura. Valeu-nos 20 anos de bode preto.

Os radicais rotulavam as pessoas como: sectários, aventureiros, obreiristas, desviacionistas de direita, revisionistas, hesitantes, liberais. Ninguém mencionava outras categorias psicológicas: paranoicos, histéricos, babacas, caretas e até filhos da p...

Qualquer argumento mais sofisticado, qualquer sombra de complexidade era traição. O bolchevique espetava o dedo na cara do intelectual e fuzilava: "O companheiro está sendo muito liberal, pequeno-burguês revisionista". E o 'pequeno-burguês' revisionista ia vomitar atrás da porta.

Um 'camarada' me disse: "O marxismo supera a morte!". "Como?" -, disse eu, espantado. "Claro" -, me responde ele iluminado de certeza - "uma vez dissolvido no social, o mito do indivíduo se desfaz e a ilusão de que ele existe como pessoa. Ele só existe como espécie. E não morre. O marxista não morre!". E eu, fascinado, sonhei com a vida eterna...

Por que escrevo essas coisas antigas, estimado leitor? Porque li o espantoso manifesto do PC do B, em apoio aos psicóticos crimes contra a humanidade e seu povo que os Kims vêm cometendo. Defendem um dos regimes mais brutais da história.

Vejam o PC do B:

Sr. Embaixador da República da Coreia do Norte:

A campanha de uma guerra nuclear desenvolvida pelos Estados Unidos contra a República Democrática Popular da Coreia passou dos limites e chegou à perigosa fase de combate real. Apesar de repetidos avisos da RDP da Coreia, os Estados Unidos têm enviado para a Coreia do Sul os bombardeiros nucleares estratégicos B-52. Os exercícios com esses bombardeiros contra a RDP da Coreia são ações que servem para desafiar e provocar uma reação nunca antes vista e torna a situação intolerável.

As atuais situações criadas na península coreana e as maquinações de guerra nuclear dos EUA e seu fantoche aliado, a Coreia do Sul, além de seus parceiros que ameaçam a paz no mundo e na região, nos levam a afirmar:

1. Nosso total, irrestrito e absoluto apoio e solidariedade à luta do povo coreano para defender a soberania e a dignidade nacional do país;

2. Lutaremos para que o mundo se mobilize para que os Estados Unidos e a Coreia do Sul cessem imediatamente os exercícios de guerra nuclear contra a RDP da Coreia;

3. Incentivaremos a humanidade e os povos progressistas de todo o mundo, e que se opõem a guerra, que se manifestem com o objetivo de manter a Paz contra a coerção e as arbitrariedades do terrorismo dos EUA.

Brasília, 2 de abril de 2013.

Não é impressionante o atraso mental do País? Só o hospício.

Milhares de inocentes estão sendo levados a concluir que voltou a hora do 'comunismo', mesmo depois dos milhões de assassinados e do fracasso político e econômico. Milhares de jovens desinformados enchem as faculdades de 'coreanos' em defesa da morte, da repressão e da fome. E saibam que o PC do B controla o esporte e a cultura nacionais.

Quase todos os que gritam slogans como patéticos escravos coreanos não haviam nascido nos tempos de Goulart.

Muita gente sem idade e sem memória ignora que o caminho é o progressivo aperfeiçoamento do que chamávamos de democracia 'burguesa', minando aos poucos, com reformas, a nossa doença fatal: tradição oligárquica e patrimonialista.

Há 40 anos, eu não sabia nada disso. Tanto que para levar meu primeiro amor ao apartamento, lembro de lhe ter dito, entre beijos: "Nosso amor também é uma forma de luta contra o imperialismo norte-americano". E ela foi.

A razão é astuta nos trópicos? - LUIZ WERNECK VIANNA

O Estado de S.Paulo - 30/04


O Brasil não é para principiantes - a frase justamente famosa tem sua autoria atribuída a um dos nossos maiores artistas. Falta dizer que também não é para os veteranos, até para os curtidos, no esforço de toda uma vida, em tentativas de interpretá-lo e sondar os rumos do seu destino. De fato, o cenário que o observador, principiante ou não, tem diante de si é de desnortear, uma construção surreal a desafiar o seu julgamento: isso que aí se desenrola é uma tragédia ou uma comédia com a qual ainda não aprendemos a rir?

Para todos os efeitos, nacionais e internacionais, o senso comum tem como ponto firmado que o País é governado pela esquerda há mais de uma década, primeiro por Lula, formado nos quadros do sindicalismo de ponta da região do ABC paulista, depois por Dilma Rousseff, com histórico em movimentos radicalizados de combate ao regime militar. Aceita essa premissa, não isenta de controvérsia, o problema está em identificar a natureza dessa esquerda que tem favorecido mais as forças da conservação do que as da mudança.

Entre tantos, dois casos deveriam ser perturbadores para a esquerda: a preservação das antigas elites tradicionais, em particular as originárias do mundo agrário, alçadas, por sua iniciativa, a posições de mando nas estruturas do poder governamental graças ao controle político que exercem na política local - não bastasse, muitas delas são bafejadas com recursos públicos para se tornarem aptas ao exercício de papéis destacados na moderna economia capitalista brasileira; e a criação de vínculos inéditos, em nossa História republicana, entre política e religião, em particular as de culto pentecostal, que têm um dos seus eminentes praticantes conduzido a um ministério do governo, o da Pesca, embora, como notório, inteiramente jejuno na matéria.

Em ambos os casos, tais relações, sempre justificadas em nome da governabilidade e do que seriam as necessárias alianças a fim de dar continuidade a uma política que se apresenta como de esquerda, imprimem ao governo uma configuração quasímoda, para usar uma metáfora cara a Raymundo Faoro - a parte moderna mal equilibrada pelo lastro que carrega do que há de mais recessivo e anacrônico na sociedade brasileira.

Nessa bizarra construção, o moderno abdica da pretensão de conduzir o atraso, impondo-lhe seu ritmo e sua lógica. Ao contrário, confunde-se com ele, impondo ao que seriam as suas forças próprias marchar de acordo com o andamento das forças retardatárias. Pior, com frequência submetendo-se a elas. Deriva daí que os movimentos sociais que vêm amparando a sua sustentação encontrem poucos estímulos à mobilização, deixando de concertar relações horizontais entre eles. A extrema pluralidade das centrais sindicais é uma das testemunhas dessa fragmentação.

Os espaços estatais, nessa lógica torta, convertem-se assim no lugar privilegiado da sua comunicação, onde são ponderadas suas razões e estabelecidos os limites para ação. Não à toa, para os padrões usuais a um governo de esquerda, vive-se um ciclo de baixa na mobilização social, que, quando ocorre, expressa, em geral, demandas de categorias específicas. A vocalização, de preferência, dirige-se para cima, em especial para uma secretaria do governo destinada a lhe prestar audiência.

Nesse processo, a esfera pública política míngua, contornada pelas vias abertas pelo Estado a fim de acolher os movimentos da sociedade civil, para onde deságuam as pretensões de todos. Noutra ponta, o contubérnio entre moderno e atraso tem facultado a este último acesso fácil a posições influentes na esfera pública, inclusive nos lugares em que transitam matérias sensíveis como a dos valores e dos princípios, hipotecando as modernas gerações a um passado de sombrio anacronismo. Exemplar disso é o caso desse espantoso deputado Marco Feliciano (PSC-SP), posto à testa da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados, que, por definição, caberia a um parlamentar atento e sensível aos novos temas que irrompem na cena contemporânea, e não a uma mentalidade reacionária e de entendimento curto.

Fora de dúvida que a esquerda, quando no governo, não pode ignorar seus compromissos com uma ética de responsabilidade. Não há, porém, muralha da China, como já advertia Weber em seus textos clássicos sobre o assunto, entre a ética de responsabilidade e a ética de convicção, tal como na leitura do notável especialista em sua obra Wolfgang Schluchter (Paradoxos da Modernidade, São Paulo, Edusp, 2010). E, por falar em China, ela própria, a seu modo, com a presença de Confúcio encravada em sua História, um bom testemunho disso.

Sob domínio de uma razão instrumental, em que se busca o poder pelo poder, são os princípios que cedem, inclusive - em alguns casos, até principalmente - aqueles com que essa esquerda que aí está se credenciou na opinião pública. Ela nasce em nome da defesa da autonomia dos movimentos sociais diante do Estado, em particular do sindicalismo, da demanda por ética na política, da denúncia corrosiva da estatolatria imperante e do patrimonialismo na administração pública, teses e temas com que renovou nosso repertório político e que, na sua trajetória no poder, acabou por deixar de lado.

Hegel falava na astúcia da razão, que, em meio aos maiores obstáculos, sempre encontraria um modo superior de realização. Nessa marcha à ré em que nos encontramos, quando se devolve à moderna sociedade brasileira o pior do seu passado, devemos duvidar da sua ação sob os trópicos, ou esse regresso, ardilosamente, somente pressagia que agora estamos prontos para enterrá-lo definitivamente?

O risco bolivariano - RODRIGO CONSTANTINO

O GLOBO - 30/04

Com petistas, todo cuidado é pouco. O país assistiu, nos últimos dias, a uma tentativa escancarada de ataque à democracia. Enquanto artistas da esquerda caviar protestavam contra o pastor Feliciano, dando beijos uns nos outros, os "mensaleiros" da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) tentavam usurpar o poder do STF à surdina. Montesquieu ficaria horrorizado com tanto descaso à divisão entre os poderes.

A autoria da proposta de emenda constitucional aprovada é de Nazareno Fonteles, deputado petista pelo Piauí. Não é sua primeira proposta absurda. Em 2004, ele apresentou um projeto de lei complementar que estabeleceria uma "poupança fraterna". Puro eufemismo: tratava-se de uma medida avançada rumo ao socialismo.

O artigo primeiro dizia: "Fica criado o Limite Máximo de Consumo, valor máximo que cada pessoa física residente no País poderá utilizar, mensalmente, para custear sua vida e as de seus dependentes." Acima desse valor arbitrário definido pelo governo, a renda seria confiscada para essa poupança compulsória coletiva. Uma bizarrice que nos remete ao modelo cubano.

É realmente espantoso que, em pleno século 21, ainda tenhamos que combater uma ideologia tão nefasta quanto o socialismo, que deixou um rastro de escravidão, morte e miséria por onde passou. Mas uma ala petista, com outros partidos da esquerda radical, ainda sonha com essa utopia assassina. Tanto que chegaram a assinar carta de apoio ao ditador coreano!

São os nossos "bolivarianos", que se inspiram no falecido Hugo Chávez, cujo "socialismo do século 21"é exatamente igual ao do século 20. Vide a militarização crescente imposta por Maduro, o herdeiro do caudilho venezuelano, assim como a inflação fora de controle e o aumento da violência. Socialismo sempre estará associado ao caos social e à opressão.

Países que já sofreram na pele com esse regime não querem mais saber de partidos ostentando tal ideologia. A Hungria, seguindo outros países do Leste Europeu, acaba de vetar símbolos nazistas e comunistas. Não há por que proibir a suástica e permitir a foice com o martelo. Ambos representam regimes assassinos, totalitários, antidemocráticos.

Se o socialismo é o mesmo de sempre, a tática para chegar a ele mudou. Hoje, os socialistas tentam destruir a democracia de dentro, ruindo seus pilares, mas mantendo as aparências. Eles aparelham toda a máquina estatal, infiltram-se em todos os lugares, e partem para uma verdadeira revolução cultural, sustentada pelo relativismo moral exacerbado.

Não existem mais valores objetivos, ninguém pode julgar nada, vale tudo, e quem discorda sofre de preconceito e é moralista. Com essa agenda politicamente correta, os socialistas modernos vão impondo uma mentalidade fascista que, em nome da "tolerância" e da "diversidade", não tolera divergência alguma.

Triste é ver que alguns homossexuais aderem a esse movimento, ignorando que o socialismo sempre perseguiu os gays. Chega a ser cômico ver o deputado Jean Wyllys usando boina no estilo Che Guevara, um facínora que achava que os gays tinham de ser "curados" em campo de trabalho forçado.

Como não temos uma oposição política organizada que valha o nome, resta como obstáculo a esse golpe bolivariano basicamente a força de quatro instituições: família, igreja, imprensa e Judiciário. Não por acaso são esses os principais alvos dos golpistas. Eles sempre menosprezam o núcleo familiar tradicional, atacam ou se infiltram nas igrejas (vide a Teologia da Libertação ou a própria CNBB), insistem no "controle social" da imprensa, e desejam diluir o poder do Ministério Público e do STF.

Há até mesmo uns dois ali que mais parecem petistas disfarçados de ministros. Não é exclusividade latino-americana tentar ir por esse caminho. Roosevelt tentou expandir a quantidade de ministros da Suprema Corte para diluir a oposição ao seu "New Deal", claramente inconstitucional. Mas as instituições americanas são mais resistentes e suportaram o golpe. Na América Latina, infelizmente, há terreno mais fértil para populistas autoritários.

Nesse ambiente, os defensores da liberdade e da democracia não podem cochilar jamais. É preciso tomar cuidado com as cortinas de fumaça criadas para esconder o jogo sujo dos bastidores. Foi marcante, por exemplo, a discrepância entre a reação histérica ao pastor Feliciano, e a postura negligente com os "mensaleiros" na CCJ. Estranhas prioridades.

Nossa liberdade corre sério perigo, e seus principais inimigos são os jacobinos disfarçados de democratas. Acorda, Brasil!

A polêmica - ILIMAR FRANCO

O GLOBO - 30/04

Os presidentes do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e da Câmara, Henrique Alves (PMDB-RN), colocaram nas mãos do ministro Gilmar Mendes (STF) a resposta ao dilema: quem tem direito ao tempo de TV? Os partidos ou cada deputado? E alertaram: se o STF permitir que aqueles que mudarem levem seu tempo de TV, cada um dos 513
deputados será um potencial partido.

FH cobra retribuição
Os tucanos relatam que foi dura, e franca, a última conversa entre o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o ex-governador José Serra. Na mesa, o apoio à candidatura do senador Aécio Neves à Presidência e a eventual saída de Serra do PSDB. Contam que FH disse a Serra que o partido "fez tudo a vida toda" por ele. Destacando que ele concorreu ao que quis, na hora que quis e teve o apoio de todos os tucanos. Lembrou as campanhas a presidente, Senado, governador e prefeito. Mas agora, completou FH, está na hora de Serra fazer uma reflexão e ceder, apoiando Aécio Neves a presidente e colocando de uma vez por todas um fim nas disputas internas.



"Vamos definir o palanque da presidente Dilma e depois resolver as pendências regionais"
Rui Falcão
Presidente nacional do PT, sobre as reuniões de cúpula entre o PT e o PMDB

Questão fechada
A presidente Dilma avisou aos ministros que não aceita em hipótese alguma projetos que mudem o Estatuto da Criança e do Adolescente ou que reduzam a maioridade penal, como quer o PSDB. A ordem à base aliada é rejeitar as propostas no Congresso. E, se forem aprovadas, Dilma vai vetar.

A conversão
Os tucanos se divertiram ao ouvir o governador Jaques Wagner (BA), no Fórum de Comandatuba, defender a gestão da iniciativa privada de equipamentos públicos (como a Fonte Nova). Proclamaram: "Bem-vindo à social-democracia".

Reviravolta na reta final
A ministra Gleisi Hoffmann (Casa Civil) está surpresa com a reação de membros da Secretaria Nacional Antidrogas (Justiça), diante da proposta de parceria com as comunidades terapêuticas para tratamento de dependentes químicos. Ocorre que ela foi incluída no projeto de lei porque a secretária anterior, Paulina Duarte, convenceu o governo da correção da medida.

Reação da vizinhança
Moradores da quadra 706 Sul, em Brasília, estão denunciando o governo local por ter alugado uma casa por R$ 19,5 mil. No imóvel, a Secretaria de Saúde pretende instalar um Centro de Acolhimento e Combate ao Crack e ao Álcool.

Atendimento aos turistas
O ministro Moreira Franco (SAC) foi cobrado pela governadora Roseana Sarney (MA) para licitar os serviços terceirizados para dotar o aeroporto de São Luís dos serviços de: farmácia, restaurante, banca de jornal, lanchonete e loja de artesanato.

A polêmica
Os presidentes do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e da Câmara, Henrique Alves (PMDB-RN), colocaram nas mãos do ministro Gilmar Mendes (STF) a resposta ao dilema: quem tem direito ao tempo de TV? Os partidos ou cada deputado? E alertaram: se o STF permitir que aqueles que mudarem levem seu tempo de TV, cada um dos 513 deputados será um potencial partido.

Eles sabem tudo
Há 11 brasileiros na lista dos 500 mais poderosos da revista "Foreign Policy": a presidente Dilma; os ministros Antonio Patriota, Celso Amorim e Guido Mantega; Alexandre Tombini (BC); Maria das Graças Foster (Petrobras); Ricardo Paes de Barros (SAE); Joseph Safra; Fernando Haddad; Wagner Freitas (CUT); e o deputado Sérgio Guerra (foto).

O ministro Antonio Patriota (Itamaraty) pediu votos a favor de Roberto Azevêdo, para a OMC, para cerca de 100 chanceleres. A decisão sai dia 8 de maio.

Horário nobre - VERA MAGALHÃES - PAINEL

FOLHA DE SP - 30/04

Sem medidas de impacto para anunciar, Dilma Rousseff deverá fazer pronunciamento enxuto na TV por ocasião do Dia do Trabalho, enfatizando o pleno emprego e conquistas pontuais dos assalariados. Para aplacar a revolta das centrais sindicais, a presidente receberá hoje Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral). A ideia é discutir os itens da pauta trabalhista, cabendo ao ministro Manoel Dias (Trabalho) levar a posição do Planalto aos eventos festivos de amanhã, em São Paulo.

Que tal? O governo estuda propor a sindicalistas um calendário escalonado para atender duas de suas reivindicações, projetando para o pós-2014: a redução da jornada para 40 horas semanais e o fim do fator previdenciário.

Contra o tempo A presidente também convocou para hoje reunião com sua equipe para tratar do projeto que regulamenta os direitos dos trabalhadores domésticos. O impasse está nas regras para as indenizações rescisórias.

Ideia fixa A CUT usará seu ato de 1º de Maio em São Bernardo para reforçar a campanha pela regulação da mídia. A entidade esperava ser presenteada com a liberação do canal digital da TV dos Trabalhadores, com alcance restrito hoje, mas o decreto federal não ficou pronto.

Velhos tempos Dilma retomará hoje encontro da articulação política do governo no Planalto. Está marcada para as 8h reunião da presidente com Ideli Salvatti (Relações Institucionais) e Gleisi Hoffmann (Casa Civil).

Arautos Aliados de Eduardo Campos detectaram digitais de Ideli e Aloizio Mercadante (Educação) nos acenos para convencer Fernando Bezerra (Integração Nacional) a trocar o PSB pelo PT.

Fico Socialistas criticam o assédio deliberado ao ministro, da cota do governador pernambucano, e dão como certa sua permanência na sigla. Dizem que ele só não disse isso textualmente aos petistas para não inviabilizar seu futuro na Esplanada.

Sem retorno Outrora confiante em acordo que fizesse Campos desistir do projeto presidencial, Jaques Wagner (PT-BA) já se mostra mais cético: "Acho que o caminho de volta se estreitou".

Segundo tempo Henrique Alves (PMDB-RN) e Renan Calheiros (PMDB-AL) combinaram novo encontro na próxima segunda-feira com Gilmar Mendes. Os presidentes da Câmara e do Senado querem medir a temperatura da crise entre Legislativo e Judiciário após a conversa inicial de ontem.

Time No evento-teste de reabertura do Maracanã, sábado, Lula, Dilma, Sérgio Cabral, Luiz Fernando Pezão e Eduardo Paes posaram para foto simulando um pôster de futebol com cozinheiros que trabalhavam no estádio.

Fatura A Central de Movimentos Populares, que apoiou Fernando Haddad (PT), levou ao prefeito carta cobrando promessas feitas ao segmento na campanha. Além do fim da terceirização na saúde, o grupo quer aprovar o uso social das terras urbanas no Plano Diretor.

Cobertura Mesmo desobrigadas de implantar o 4G este ano fora do circuito da Copa das Confederações, as principais operadoras de telefonia celular indicam ao governo que implantarão o sistema em São Paulo e nos principais polos do interior.

Deixa assim O PDT ganhou a briga com o PSD por vaga na cobiçada Comissão de Transportes da Assembleia paulista. O partido de Gilberto Kassab, hoje com bancada maior que a pedetista, pleiteava cadeira no colegiado, que fiscaliza concessões de estradas e pedágios.

com FÁBIO ZAMBELI e ANDRÉIA SADI

tiroteio
"O recado é claro: os discursos de Dilma não se materializam em investimentos e nem enchem a barriga de ninguém."
DO DEPUTADO FEDERAL ONYX LORENZONI (DEM-RS), sobre as vaias dirigidas à presidente durante evento com agricultores ontem em Campo Grande (MS).

contraponto


Carnê do Baú
Sensibilizado com o apelo de Viviane Senna, que pedia ajuda de empresários para o Instituto Ayrton Senna durante o Fórum de Comandatuba (BA), o presidente da Câmara, Henrique Alves (PMDB-RN), anunciou que, assim que desembarcasse em Brasília, cobraria de cada deputado uma doação. A meta é atingir R$ 100 mil.

Aplaudido por parlamentares presentes no evento, o peemedebista aproveitou para cobrar a primeira parcela da "vaquinha" ali mesmo:

--Os senhores deputados que estão aqui batendo palmas não reclamem lá fora. Vão ser os primeiros a doar!

Inflação e pleno emprego - CELSO MING

O Estado de S.Paulo - 30/04

Já havia na área econômica do governo Dilma Rousseff confusão entre objetivos estratégicos. Nunca havia ficado claro, por exemplo, o que é mais importante: se o crescimento da atividade econômica ou se o avanço do emprego. Imaginava-se vagamente que eram a mesma coisa.

Quando a expansão do PIB ficou travada, mesmo no ambiente de pleno emprego, o governo e seus economistas não conseguiram esconder a perplexidade: tiveram e seguem tendo dificuldades para explicar como as duas situações podem coexistir.

Outro desdobramento do mesmo tema é a relação entre pleno emprego e inflação. O ex-diretor do Banco Central Alexandre Schwartsman foi duramente atacado por excesso de ortodoxia quando advertiu, há dois meses, ser preciso segurar a oferta de emprego para conter a inflação.

Na semana passada, um economista comprometido de longa data com o desenvolvimento econômico, o professor da Fundação Getúlio Vargas Yoshiaki Nakano (foto), também avisou que o atual nível de inflação somente recuará se o governo aplicar à economia boa dose de desemprego.

Não são vozes isoladas. Tanto no Relatório de Inflação como nas atas do Copom, o Banco Central também vem advertindo para os efeitos inflacionários provocados pelo excessivo aquecimento do mercado de trabalho.

Em princípio, inflação alta é fator que corrói o poder aquisitivo e, nessas condições, contribui para reduzir a demanda por bens e serviços. No entanto, como estão aumentando acima da inflação e da produtividade, fato para o qual também adverte o Banco Central, os salários contribuem decisivamente para a alta dos custos do setor produtivo e para o aumento da demanda por bens e serviços além da capacidade de oferta da economia.

A questão não se esgota aí e é mais complexa do que sugerem certos debates. Tanto Schwartsman como Nakano defendem elevação mais forte dos juros básicos do que a admitida pelo Banco Central. E eles não estão sozinhos. O diretor de Política Econômica do Banco Central, Carlos Hamilton Araújo, também advoga mais aperto monetário para enfrentar a inflação.

O diagnóstico é de que o volume de dinheiro no mercado (aquele que impõe o preço, em juros básicos, de 7,5% ao ano) está elevado demais para o conjunto dos problemas enfrentados pela economia: demanda mais alta do que a oferta; custos altos demais do setor produtivo, a começar pelos do fator trabalho; baixa propensão ao investimento; e, muito especialmente, a gastança do setor público, que cria renda e demanda.

O núcleo da administração econômica do governo Dilma prefere fechar os olhos à natureza monetária da inflação, sobretudo a causada pelas excessivas despesas públicas. Ontem, por exemplo, em entrevista ao jornal Valor, o secretário do Tesouro, Arno Augustin, anunciou que o governo já não assume nenhuma meta de austeridade fiscal. As despesas públicas serão aquelas que forem necessárias para garantir o crescimento econômico forte, disse ele. Para definição do volume de estímulos fiscais, Augustin não julga necessário levar em conta o nível do emprego da economia. E essa desconsideração pode sair cara para o governo.