terça-feira, dezembro 11, 2012

HOJE NO BLOG - 11/12


Valeu a intenção - ROSELY SAYÃO

FOLHA DE SP - 11/12


Comprar o que a criança já espera garante a satisfação e não dá trabalho; mas dá para fazer diferente


Neste final de ano, muitas crianças e jovens vão ganhar presentes, muitos presentes. Um sempre é pouco para eles, acostumados à fartura de mimos. Pelo menos dois, da mesma pessoa, é o que eles esperam.

E, de preferência, que sejam presentes saídos da lista de desejos -em geral, eles fazem a lista e dão aos pais.

Essa lista, aliás, deixa pais e parentes aliviados. É que comprar o que a criança já espera é uma garantia de satisfação para quem recebe, além de não dar trabalho algum para quem presenteia.

Nesses períodos em que as pessoas, em geral, não têm tempo disponível para usar com o outro, esse costume oferece um grande conforto.

Ao mesmo tempo, entretanto, há muitas crianças que irão ganhar presentes natalinos originais e criativos -ninguém terá igual.

É que os pais delas decidiram investir tempo, paciência e imaginação para confeccionar as lembranças especiais que darão aos filhos.

Uma coisa esses pais têm em comum: a dúvida a respeito da reação dos seus filhos quando receberem o presente. Vários deles acham que as crianças podem ficar decepcionadas e frustradas.

É que, em tempos de consumo desenfreado e lançamentos mil nesta época do ano, é claro que as crianças competem entre si sobre quem irá ganhar isso ou aquilo que se torna, não mais que de repente, um objeto de desejo de um grupo enorme.

Mesmo assim, esses pais acham que vale a pena. "É um modo de mudar um pouco o valor que minha filha passou a dar aos presentes que ganha", escreveu uma mãe.

Ela não sabe como foi que começou essa história: conta que a filha, de oito anos, sempre que recebe um presente pergunta quanto custou.

Essa mãe deseja que sua filha passe a valorizar, mais do que o preço do objeto recebido, a dedicação que a pessoa gastou para elaborar aquele presente.

Todos esses pais estão dispostos a correr o risco de receber caras feias, choramingos e recusas em troca do presente que darão.

É que todos eles têm uma convicção: a de que valerá a pena começar a mudar essa cultura de consumo em que a criançada entrou.

Vou citar alguns exemplos para inspirar os pais que têm vontade de fazer algo diferente para presentear os filhos neste final de ano.

Um casal que adora a arte da fotografia decidiu fazer um álbum de fotos temáticas da família desde o nascimento da filha, que tem nove anos. Os temas dos capítulos são bem interessantes: as cenas familiares mais desastradas, os momentos felizes, os choros, as tristezas, o espanto etc. Esse presente talvez não seja tão valorizado agora pela garota, mas um dia ela olhará para ele com ternura e gratidão.

Outra mãe decidiu aprender e fazer, em pouco mais de um mês, um vestido para cada uma das filhas, bordado com motivos desenhados pelas meninas quando eram bem menores.

Há também um casal cuja filha está interessadíssima nas letras. Eles compraram para ela livros com títulos que começam com todas as letras do nosso alfabeto, de A a Z.

Foi uma empreitada difícil, segundo a mãe, mas que deu em troca muita satisfação aos pais por terem conseguido realizar aquilo a que se propuseram.

E há uma quantidade enorme de pais que construíram brinquedos com sucata. Eu acho que eles se inspiraram nos próprios filhos.

Criança inventa brinquedos maravilhosos, não é verdade?

Considero esses pais corajosos, dedicados e, acima de tudo, amorosos. Eles aproveitaram uma boa oportunidade para investir no convívio familiar.

E eu aposto que, independentemente da reação de momento das crianças na hora da surpresa, eles estão colaborando para a construção de uma memória afetuosa do relacionamento entre eles e os filhos.

Pedido de desculpa aos meus irmãos - FABRÍCIO CARPINEJAR

ZERO HORA - 11/12


Eu convivia com meus primos até o Natal de 80.

O pai brigou com seus irmãos e deixamos de visitar a casa dos avós e de participar das festas da virada com toda a família.

Foi um desaparecimento sem explicação. Sempre brincava com meus oito primos, paramos de nos ver de repente por imposição e diferenças dos adultos.

Nem desconfio qual o motivo do desentendimento entre os tios e as tias. Sei que sobrou para as crianças, que cresceram separadas e longe do casario amarelo da Corte Real.

Herdamos o desterro. Não tenho nem ideia de como meus cúmplices de sangue e peraltice se encontram e como enfrentaram a maturidade.

Quanta diversão desperdiçada! Quanta algazarra sufocada no pulmão! Quantas vidraças intactas porque não jogamos mais bola na rua!

Perdi meus melhores momentos de férias, que eram roubar pingente do lustre da sala, deslizar de meias, espiar revistas com mulheres seminuas, beber cerveja escondido.

Sumimos da vista e da vizinhança, apartados do contato.

Não quero repetir a tragédia. Mas estou fazendo igual ao meu pai.

Briguei com dois irmãos, Carla e Rodrigo.

Meus filhos Vicente e Mariana raramente falam com seus primos João Pedro, Giovanna e Francisco.

Não proíbo nada, mas não ajudo, o que dá no mesmo. Penalizo as crianças de frequentar os corredores do sobrenome.

O boicote é carregado de desculpas menores, finjo que estou certo, invento razões e me adio em mentiras.

Como estamos de mal, não visito os manos, sequer dividimos espaços em comum. É uma Guerra Fria, na qual o silêncio se bandeou para arrogância.

O tempo vem passando, e já faz dois anos sem aparecer nos aniversários, sem telefonar, sem atualizar o rosto, comemorar os sucessos, amparar as tristezas.

Moramos em Porto Alegre com um fosso interminável de ressentimento entre nossas casas.

Sou um penetra na vida deles, e eles são desconhecidos em minha vida.

Não visitei ainda Francisco, bebê recém-nascido do Rodrigo. Carla me atende, mas seu marido me odeia.

Que falta fazem os mais velhos nos obrigando as pazes. Hoje é complicado qualquer passo em direção ao riso.

Não pretendo ter mais razão. Prefiro transformar o orgulho em amor.

Peço desculpas aos dois publicamente. Tenho saudade de nossos churrascos, dos abraços gritados, dos conselhos sussurrados, de me emocionar à toa. E de trapacear no jogo de ludo.

Peço desculpas. Eu errei.

Nossa mãe, Maria Elisa, não suporta a gente distante.

– Não desejo morrer com vocês brigados. Não eduquei minha gurizada ao ódio.

Por favor, meu presente de Natal é comemorar com vocês. Prometo que empresto minha bicicleta amarela.

Vício - FRANCISCO DAUDT

FOLHA DE SP - 11/12


O sadomasoquismo produz mais bodas de ouro do que o amor, e não se cura com separação


Afinal, quando é que os cientistas vão inventar a pílula da moderação? Incentivo é o que não lhes falta, pois quem descobrir sua fórmula vai se tornar multibilionário instantaneamente. Até lá, o único remédio que dispomos para combater o vício é a medieval abstinência.

Buscando uma definição para vício, pesquisadores de Harvard acompanharam um grupo aleatório de quatrocentos alunos, e, ao fim de SESSENTA ANOS, publicaram suas conclusões: é vício a atividade compulsiva que resulta em fazer merda repetitivamente, sobretudo para si, envolva ou não terceiros (eles que me desculpem pela concisão).

A base do vício é algo que produza algum barato instantâneo. Não é exclusividade da nossa espécie. Vários mamíferos africanos se embriagam com o fruto fermentado da marula, enquanto os haja (divirta-se no Youtube vendo "drunk from marula"). Mas a nossa é uma espécie desmesurada e excessiva por natureza, particularmente propensa a se viciar. Principalmente com:

1. entorpecentes/excitantes (álcool, tabaco, cafeína, cocaína, maconha etc.);

2. causadores de intensidade/adrenalina (paixão, sedução, sexo, jogo, riscos diversos, sadomasoquismo etc.);

3. engordativos (carboidratos com gordura).

Estes últimos são uma praga de tão bons. Pão com manteiga deve estar entre as dez maiores invenções da humanidade. Mas entendê-lo é fácil. Nossos genes são herdeiros dos que tiveram prazer com essa combinação na savana africana. Acumulavam reservas para os tempos de vacas magras (é uma metáfora, não um insulto). Nunca imaginaram que ela seria tão disponível, seja nas padarias, seja nos fast-foods, daí a epidemia de obesidade.

Já o sadomasoquismo me fascina pela complexidade. E não estou falando de tons de cinza, mas das formas viciantes e sutis do s&m, a mais comum delas aquilo que chamei, num livro, de "jogo fodão-merda", que chega a ser um estilo de vida apreciado nos Estados Unidos (lá chamado de winner-loser). Consiste em se estar obsessivamente preocupado em ser fodão/winner, e apavorado de virar merda/loser. Como subproduto desta preocupação, vem a atividade s&m em si: o merda se sente fodão se humilhar alguém, se conseguir fazer alguém mais por perto se sentir merda. Olhe em torno. Quantos casais conhecidos seus vêm jogando esta droga há anos? O pior é que o s&m produz mais bodas de ouro do que o amor, e não se cura com separação. Quantos chefes inseguros se valem deste expediente para afastar o fantasma da merda? Quantos alunos imbecis o usam (como bullying) para momentaneamente se sentirem superiores aos nerds?

Não conheço vício mais comum. É um fenômeno sociológico de larga escala, tornando-se epidêmico, sem respeitar etnia (!), religião (!), classe social ou gênero.

É verdade que ele é mais encontradiço em quem não está "na sua" e vive preocupado com a opinião alheia. Momentos frágeis da vida (adolescência, afirmação profissional) nos deixam vulneráveis ao jogo.

Há quem ache que "isso é a vida". Mas no Japão, adolescentes se suicidam por ele. Eu o considero um problema de saúde pública.

Borges (1) - CLÁUDIO MORENO

ZERO HORA - 11/12


Por quase cinquenta anos – e meio século não é pouco! –, Adolfo Bioy Casares manteve com J. L. Borges uma conversação ininterrupta, praticamente diária. Os dois amigos escreviam juntos, trabalhavam juntos e almoçavam juntos; Borges era uma presença obrigatória na rica propriedade dos Bioy, onde tinha um lugar reservado à mesa, como se fosse membro da família.

Neste convívio privilegiado, falavam sobre a vida, a morte, as mulheres, a literatura, a vida cultural da Argentina e do mundo, e tudo isso teria se perdido para sempre se Bioy, consciente da genialidade do amigo, não tivesse registrado essa conversa descontraída em que Borges aparece quase sempre rindo-se das coisas, das pessoas e dos autores que ambos conheciam, falando com a franqueza de amigos íntimos.

Ora, em se tratando de Borges nada pode ser banal – e o resultado foi um portentoso volume de mais de 1600 páginas, grosso demais para uma leitura confortável, o que me fez fatiá-lo em três tomos menores, que mandei encadernar individualmente. Não canso de visitar esta enorme coleção de incidentes, peripécias, anedotas e confissões, que me parece, assim como as obras de Montaigne e de Plutarco, uma fonte inesgotável de divertimento da melhor qualidade – e dela extraí alguns exemplos que irei, pouco a pouco, compartilhando com o leitor.

Em sua complicada relação com as mulheres, Borges casou apenas uma vez. Já maduro, desposou uma antiga namorada, Elsa Astete, com a qual manteve uma infeliz e tumultuada relação que não chegou a durar três anos. No dia em que ocorreu a audiência de separação, Borges foi, como de costume, jantar na casa de Bioy, que o achou espirituoso e divertido. E no tribunal, como tinha sido? Borges contou que tinha entrado depois de Elsa e aproveitado para revelar ao juiz várias coisas que não tinha posto por escrito na petição “para manter o nível do decoro”.

O juiz, no entanto, parecia ouvi-lo com extrema impaciência, o que Borges tomou como um péssimo sinal, pois tudo indicava que ele já estivesse convencido pelo que lhe dissera a mulher. Ao final, veio a surpreendente explicação de toda aquela pressa: o juiz estava ansioso para ler alguns de seus sonetos para que Borges avaliasse. “Elogiei-os com o devido entusiasmo”...

Então, julgando-se com sorte, resolveu ir mais longe: como sabia de que cidade provinha o juiz, disse-lhe que tinha ali um grande amigo, um tal de Fonseca Lugones, que havia matado, na praça, por razões políticas, um tal de Cáceres. “Pois esse Cáceres” – disse o juiz – “era meu pai”.

Ao que parece, esse desastrado desfecho não o abalou; aposto, ao contrário, que foi exatamente essa cruel coincidência, essa reviravolta caprichosa do destino a causa de Borges aparecer tão faceiro, à noite, no jantar: tinha sido, por um momento, personagem de um conto que ele próprio poderia ter escrito.

A grande espera - CARLOS HEITOR CONY

FOLHA DE SP - 11/12


RIO DE JANEIRO - Não sei se é verdade, mas, pouco antes de morrer, Arthur C. Clarke, autor de "2001 - Uma Odisseia no Espaço", que trabalhou com Stanley Kubrick para fazer o filme homônimo, disse que toda a ficção científica, inclusive a que ele fabricou -com o HAL 9.000, que já tinha sentimentos e reações humanas-, seria um carro de boi comparado a uma Ferrari de última geração.

E disse mais: no dia em que a tecnologia chegasse a produzir um equipamento capaz de superar a inteligência humana em todos os níveis, qual a primeira coisa que esse monstro faria? Resposta: um novo computador mais adiantado e perfeito, jogando no lixo o anterior.

Nos anos 70, a Ediouro me encomendou uma adaptação do romance "As Maravilhas do Ano 2000", de Emilio Salgari (1862-1911), que foi uma espécie de Júlio Verne italiano, também mestre da ficção científica. Nesse livro, a novidade mais sofisticada da técnica humana era a eletricidade, capaz de substituir os lampiões, acendendo lâmpadas que iluminariam a noite do mundo.

É conhecida a história do computador mais adiantado de nossa época. Alguém perguntou a ele se Deus existia. A resposta foi: "Agora existe!". Pessoalmente, acredito que a tecnologia é capaz de produzir coisas fantásticas, espero que um dia seja possível saber onde estão os ossos de Dana de Teffé. Alguém já disse que o passado não existe, o futuro é uma visão alucinada e o presente escapa da compreensão humana. Por isso, o mensalão não existiu (passado), o dinheiro do pré-sal é um delírio (futuro) e não entendemos a dosimetria do STF (presente).

Para mim, é um consolo: não acredito no passado, nada espero do futuro e nunca fui capaz de compreender o presente. Por exemplo: como é possível um governo ignorar o que está acontecendo em suas próprias entranhas?


AFLIÇÃO DE NATAL - MÔNICA BERGAMO


FOLHA DE SP - 11/12

Réus do mensalão -entre eles, José Dirceu -trabalhavam até ontem com a possibilidade de serem presos antes do Natal. O pedido de detenção imediata dos réus foi feito pelo procurador-geral da República, Roberto Gurgel.

PALAVRA FINAL
A decisão poderia ser tomada de forma monocrática, pelo ministro Joaquim Barbosa, ou levada por ele para ser discutida no colegiado, o que era considerado o mais provável.

PALAVRA FINAL 2
A questão, polêmica, dividia ministros até na previsão do resultado. Dois magistrados ouvidos pela coluna acreditavam que a prisão ocorreria. Um outro, da corrente que foi mais rigorosa no julgamento, achava que nem sequer haveria encaminhamento nesse sentido.

MUITA CALMA
A festa deve ser mais comedida neste Natal: 55% dos consumidores ouvidos em pesquisa encomendada pela CNI (Confederação Nacional da Indústria) ao Ibope disseram que só vão comprar presentes que puderem pagar à vista. E 54% afirmaram que vão usar o dinheiro extra do fim do ano para engordar a poupança ou pagar dívidas. Foram entrevistadas 2.002 pessoas nas 27 unidades da Federação.

O BÁSICO
A pesquisa revela também que 33% dos consumidores elevaram os gastos com saúde nos últimos três anos e 24% gastaram mais com educação no período.

Só 18% aumentaram despesas com hobbies e 11%, com lazer.

SE ELA DANÇA
Duas das principais companhias de dança do mundo desembarcam no Brasil em 2013, pela primeira vez: a nova-iorquina Shen Wei Dance Arts e a britânica Hofesh Scheter. Os espetáculos farão parte do Festival O Boticário na Dança, que acontece em São Paulo e também no Rio de Janeiro.

VIVA NIEMEYER
A fachada da Escola da Cidade, no centro de São Paulo, foi coberta por um pano preto com a frase "Obrigado, Oscar". Uma homenagem ao arquiteto Oscar Niemeyer, que morreu na semana passada. A faculdade de arquitetura fica próxima a uma das obras mais famosas de Niemeyer na cidade, o edifício Copan.

MONSTROS S.A
A sessão do musical "Família Addams" da última sexta não contou com suas duas estrelas. Nem Marisa Orth nem Daniel Boaventura participaram e foram substituídos. A produtora Time For Fun diz que "assim como acontece na Broadway [em Nova York], os atores não apresentam todas as sessões". E que é muito raro os dois principais não poderem comparecer no mesmo dia. Diz também que "a informação de que eles não se apresentariam estava no site do musical e na bilheteria".

OBRA ABERTA
João Emanuel Carneiro volta a morar em seu antigo apartamento, em Ipanema. O autor de "Avenida Brasil" tinha se instalado no edifício Chopin, em Copacabana, para fugir do barulho da obra de um vizinho. E aproveitou para fazer também uma reforma em sua própria casa, onde passará o Réveillon. "Será uma festa íntima, para poucos amigos."

BABY NO PÓDIO
Maior medalhista paraolímpico brasileiro, o nadador Daniel Dias, 24, acaba de voltar da lua de mel de 12 dias. Ele visitou Paris e Roma. Diante da curiosidade sobre os planos do casal de ter filhos, o atleta brinca com a mulher, Raquel, e diz que só depende dela. "Quem sabe em 2016 vou ter o meu pequeno troféu torcendo por mim na Paraolimpíada do Rio de Janeiro."

CHUVA DE ARROZ

O casamento de Pilar Guillon e Luis Fernando Liotti foi um dos mais concorridos do ano; empresários como José Ermírio de Moraes Neto, do grupo Votorantim, e Rosana Camargo de Arruda Botelho, herdeira da Camargo Corrêa, circulavam entre ministros do STF como Marco Aurélio Mello e Ricardo Lewandowski e ex-ministros como Nelson Jobim, Carlos Ayres Britto e Ellen Gracie. Convidado, José Dirceu foi representado pela mulher, Evanise Santos. Depois da cerimônia no Mosteiro de São Bento, os pais da noiva, Celita Procópio e Antonio Bias Guillon, receberam na Estação Julio Prestes, onde estiveram as estilistas Glória Coelho e Fernanda Kujawski e a empresária Duda Derani.

CURTO-CIRCUITO

O show de Gilberto Gil e Stevie Wonder no dia 23, no Rio, será no Imperator - Centro Cultural João Nogueira, no Méier.

Carla Pernambuco e Carolina Brandão autografam hoje, às 19h, o livro "Las Chicas", na Livraria da Vila do Pátio Higienópolis.

Marcio Atalla fala hoje, às 19h, no Ponto de Vista JK, no JK Iguatemi.

O Bacarelli fará 60 apresentações neste mês no Estado de São Paulo.

Acaba nesta semana a última etapa do concurso da magistratura paulista.

Apologia da flexibilidade - JOÃO PEREIRA COUTINHO

FOLHA DE SP - 11/12


"Sanidade" pressupõe equilíbrio entre a rigidez dos nossos princípios e o caos da vida como ela é


É SEM dúvidas uma lamentável tragédia: Jacintha Saldanha era enfermeira em um hospital de Londres. Recebeu uma ligação de dois radialistas australianos que se fizeram passar pela rainha Elizabeth 2ª e seu filho, o príncipe Charles.

A intenção dos radialistas era obter informações sobre a gravidez de Kate Middleton. Jacintha acreditou na pegadinha, passou a ligação a uma colega do hospital. Que revelou o estado de saúde da duquesa com pormenores.

Ninguém sabe o que se passou nas horas seguintes. Exceto que Jacintha Saldanha lidou mal com a brincadeira e apareceu morta. A polícia suspeita de suicídio.

Existem duas formas de olhar para o caso. A primeira é seguir o coro dos indignados, denunciar a cultura pop pela sua vulgaridade mendaz e até pedir a cabeça dos dois radialistas.

Mas existe uma segunda forma de olhar para o mesmo caso. De preferência, lendo um pequeno grande livro que até a circunspecta revista "The Economist" elegeu como um dos melhores do ano.

Foi escrito pela psicanalista Philippa Perry e o título diz tudo: "How to Stay Sane" (como se manter são, Macmillan, 160 págs.).

Primeiras conclusões: a "sanidade" não pode ser confundida com noções pedestres de "felicidade individual", vendidas por analfabetos infelizes em manuais de autoajuda.

Muito menos se confunde com variações mais modestas de "normalidade": a pretensão de definir o que é a "normalidade" não passa de um sintoma de anormalidade.

Para Philippa Perry, que escreve o ensaio com um pé na neurologia, outro na psicanálise, sem esquecer os ensinamentos imperecíveis dos Clássicos, "sanidade" pressupõe equilíbrio entre a rigidez dos nossos princípios e o caos da vida como ela é.

Ou, em linguagem platônica, "sanidade" é saber usar a razão para que nenhum dos dois cavalos que puxam a quadriga da alma -o cavalo do Espírito e o cavalo do Apetite- possam tomar, por si só, as rédeas da marcha.

Claro que os genes e a constituição orgânica do indivíduo têm uma importância decisiva nesse grau de sanidade.

A esse respeito, relembro um texto lido há uns anos, num tratado sobre a história da loucura, e escrito por um médico do hospício inglês de Bedlam em 1816 que nunca mais esqueci. Cito de cor: os pensamentos desarranjados, escrevia o doutor William Lawrence, têm a mesma relação para o cérebro que os vômitos para o estômago, a asma para os pulmões e qualquer outra maleita para o seu órgão correspondente.

Quando li essa passagem, sublinhei-a com um ponto de exclamação. Ou talvez com um ponto de lamentação: quantas vidas não teriam sido poupadas à culpabilização, à vergonha e ao sofrimento se as neurociências, pateticamente entretidas a aplicar "mitos gregos às partes íntimas" (obrigado, Nabokov), tivessem olhado mais cedo para o seu órgão correspondente?

Divago. Ou talvez não: porque se os genes têm importância para certas maleitas, não terão para todas.

E, por vezes, somos nós, seres racionais, que devemos procurar a palavra mais importante na gramática da sanidade. "Flexibilidade", escreve Philippa Perry.

Que o mesmo é dizer: olhar para os nossos princípios com uma boa dose de ceticismo e ironia. Não nos levarmos demasiado a sério. E, sobretudo, não levar a vida -frágil, fugaz e nem sempre rósea- demasiado a sério.

Na triste história de Jacintha Saldanha, é fácil criminalizar os dois radialistas. É fácil criminalizar uma brincadeira. É fácil acreditar que, sem uma pegadinha daquelas, a vida de Jacintha continuaria harmoniosa e feliz.

Duvido. Muito. E a única coisa que lamento é não ter existido ninguém -um colega de hospital, um amigo, um familiar, até um doente - que não tenha conferido a uma mera brincadeira a sua real dimensão.

E que, mesmo respeitando os princípios de verdade e honradez que faziam parte do código da enfermeira, não a tenha levado a rir de uma simples pegadinha. Porque nenhuma pegadinha daquelas justifica um suicídio.

No fundo, talvez seja essa a única moral da história: quando não temos a flexibilidade necessária para nos rirmos da vida, é a morte que acaba por se rir de nós.

Carnificina geral - PAULO SANT’ANA

ZERO HORA - 11/12


É difícil de acreditar, mas a Grande Porto Alegre tem mais homicídios do que a Grande São Paulo.

Para que o leitor entenda. Há 40 dias, a Grande Porto Alegre alcançou 950 homicídios.

Na mesma data, a Grande São Paulo atingiu 1.246 homicídios.

Como a Grande São Paulo tem 11,2 milhões de habitantes e a Grande Porto Alegre possui somente 3,5 milhões de habitantes, pasmem, leitores, Porto Alegre está matando duas vezes e meia mais do que São Paulo, proporcionalmente.

Isso que São Paulo tem o Primeiro Comando da Capital, que dirige as mortes e os atentados de dentro das prisões.

É inacreditável a taxa de homicídios da Grande Porto Alegre. Não tem nada a ver com a atuação da polícia, nós matamos mais, e pronto.

São Paulo era mais violenta do que Porto Alegre até 2005. Dali em diante, passamos a batê-la em homicídios.

Para cada 100 mil habitantes, Porto Alegre tem 27 homicídios por ano, São Paulo somente 11.

É inacreditável. Os números foram colhidos por elogiável levantamento da equipe de repórteres e editores do Diário Gaúcho.

Agora uma praga brasileira em que Porto Alegre se inclui: na Grande Porto Alegre, temos 81% dos homicídios não esclarecidos.

Na Grande São Paulo, temos 71% dos homicídios não esclarecidos. Portanto, há mais impunidade aqui do que lá.

Mas a campeã em homicídios não esclarecidos é o Rio de Janeiro, com 96% dos homicídios não esclarecidos.

É de arrepiar!

E tem gente que vive dizendo que bandido tem de ser preso. Mas como se vai prendê-los, se não sabemos quem eles são? A triste verdade é que nós não sabemos quem mata. Morre gente assassinada como formiga em nossas capitais e não se descobrem os autores das mortes.

Ora, se no Rio de Janeiro apenas 4% dos matadores são responsabilizados pelos assassinatos, vê-se que o campo da impunidade que existe lá é imenso.

Sabendo que não pagarão por seus assassinatos, os assassinos sentem-se mais estimulados a continuar a praticar os homicídios.

É uma barbada matar no Rio, matar em Porto Alegre e matar em São Paulo.

É só matar e permanecer em liberdade: para continuar matando.

Esta estatística é terrível para nós, brasileiros. Porque significa que nossas grandes cidades são barris de pólvora onde ninguém está seguro.

Muitos desses homicídios são de bandos contra quadrilhas, mas são bandos e quadrilhas que vivem entre nós, passam por nós, cruzam nossas ruas e rondam nossas casas.

Chegou a um ponto, no Brasil, em que a segurança pública passou a ser problema mais grave do que o do abandono dos doentes e dos hospitais e emergências superlotadas.

Uma catástrofe!

Universidade católica? - VLADIMIR SAFATLE

FOLHA DE SP - 11/12


A crise na PUC-SP devido à nomeação da terceira colocada em uma lista tríplice evidenciou uma questão mais grave, que não diz respeito apenas ao mecanismo viciado de escolha de reitor. Artigo publicado na Folha por dom Odilo Pedro Scherer demonstra profunda distorção no sentido do que é uma universidade.

Uma universidade não é apenas um espaço de formação profissional e de qualificação técnica. Desde o seu início, ela foi uma ideia vinculada à constituição de um espaço crítico de livre pensar. Ela era a expressão social do desejo de que o conhecimento se desenvolvesse em um ambiente livre de dogmas, sem a tutela de autoridades externas, sejam elas vindas do Estado, da igreja ou do mercado. A universidade dialoga com essas três autoridades, mas não se submete a nenhuma delas, mesmo quando é dirigida pelo poder público, por grupos confessionais ou empresários.

Por isso, há de se falar com clareza: no interior da República, não há espaço para universidades católicas, protestantes, judaicas ou islâmicas, mas universidades dirigidas por católicos, dirigidas por protestantes etc., o que é algo totalmente diferente.

Uma universidade não existe para divulgar, de maneira exclusiva, valores de qualquer religião que seja. Ela admite que tais valores estejam presentes em seu espaço, mas admite também que nesse mesmo espaço encontremos outros valores, pois só esse livre pensar é formador do conhecimento.

Se certos setores da igreja não querem isso, principalmente depois do realinhamento conservador de Bento 16, então é melhor que eles se dediquem à gestão de seminários.

A universidade, mesmo particular, é uma autorização do poder público que exige, para tanto, a garantia de que valores fundamentais para a formação livre serão respeitados.

Se a igreja percebe a PUC como um instrumento de defesa de seus valores, então não há razão alguma para ela fazer isso com dinheiro do Estado, já que seus cursos de pós-graduação recebem dinheiro público via agências de fomento.

Ao que parece, alguns acreditam que, em uma universidade dirigida por católicos, professores não devem se manifestar publicamente a favor do aborto e do casamento homossexual. E o que fará tal universidade com professoras que abortam e professores que se declaram abertamente homossexuais? Serão convidados a se retirar?

E o professor que ensina Nietzsche e a "morte de Deus", Voltaire e seu pensamento anticlerical? Terão o mesmo destino do professor de história que pesquisou as barbáries da Inquisição ou das relações entre o Vaticano e o fascismo ou da professora de psicologia que defende teorias "queers", já acusadas pelo papa de minar os valores da família cristã?

O criticado ativismo - ANTONIO DELFIM NETTO


Valor Econômico - 11/12


Os mercados financeiros são mesmo internacionais. Alguns estudos empíricos bem conduzidos mostraram que o aumento da liquidez nos EUA teve um efeito não desprezível sobre as moedas dos emergentes e, mais, que a introdução pelo Brasil de mecanismos que dificultam o livre movimento de capitais transferiu rapidamente recursos para outros países como o México, por exemplo.

Demorou muito pouco para os nossos ativos, sofisticados e ousados fundos nacionais, começarem a se "internacionalizar" procurando alternativas para a redução de rendimento que está ocorrendo no Brasil com a queda da cotação na Bovespa, combinada com a depreciação cambial e a queda da taxa de juros real. Para entender esse movimento basta atentar para o fato que de dezembro de 2011 a novembro de 2012, a bolsa mexicana aumentou 15% em moeda local e 23% em dólares; a colombiana 14% e 22%; a chilena 1% e 9% e a peruana 4% e 9%, respectivamente, enquanto a Bovespa aumentou 1,6% em reais e caiu 10% em dólares. Isso explica muito do "por que" do Brasil ter deixado de ser o queridinho que foi do mercado financeiro quando, graças à soma do crescimento da Bovespa e à valorização do câmbio, ela rendia mais do que 30% ao ano em dólares!

O investidor no setor de bens e serviços não financeiros dá menos valor a esse fato porque olha o mercado com "olhos mais longos" e vê um país com 200 milhões de habitantes, com uma renda per capita de US$ 12 mil, que no período de 2006/2011 cresceu à taxa de 3,2%, com uma inflação média de 5,0% (ante uma meta de 4,5%) e foi recentemente classificado pela consultoria internacional Boston Consulting Group (BGC) entre 150 países, como o que melhor utilizou o crescimento econômico dos últimos seis anos para elevar o padrão de vida e o bem-estar da população. O estudo sugere que tais ganhos são equivalentes aos que se verificariam com uma expansão anual de 13%, o que explica a inserção no mercado de uma ampla classe média, que vai diversificar o seu consumo e exigir cada vez mais qualidade dos bens e serviços no futuro.

Mas por que, então, empresários nacionais e estrangeiros têm relutado em aumentar os investimentos? O indicador é dramático: ao longo dos últimos cinco trimestres eles têm se reduzido com relação ao PIB, andando às voltas de 18% no terceiro trimestre de 2012, ante 22% no segundo de 2008, pouco antes da crise do Lehman Brothers. A explicação menos plausível é a de que houve no governo Dilma uma deterioração genérica do "ambiente dos negócios". O Brasil ocupa a 130ª posição no ranking de 185 países do "Doing Bussiness de 2013" do Banco Mundial. O problema é que no período 2006/2011, já frequentávamos o 8º decil daquela classificação. Uma explicação mais convincente pode ser obtida analisando o ranking completo do Banco Mundial, que se vê no quadro abaixo.

É preciso reconhecer que o tão criticado "ativismo" do governo Dilma atacou com algum sucesso o item 2 (regularizar e agilizar as autorizações para iniciar investimento) e o item 5 (facilidade de crédito). Tenta atacar o problema de redução do custo da energia (o acesso à eletricidade é o nosso melhor rank) ligado ao item 3 e o custo dos portos, ligado ao item 8. As medidas do governo estão na direção correta, mas têm enfrentado enormes problemas de execução, tanto pela dúvida sobre a qualidade e competência da intervenção regulatória, quanto da compreensível resistência dos setores atingidos.

Investimento tem se reduzido nos últimos 5 trimestres

Não houve quebra de contrato no caso da energia ou de outros setores. Não é correto calcular-se a indenização das usinas pelo seu valor residual contábil como pretendem alguns Estados porque ele incorpora todos os tropeços (que foram muitos!) na construção de cada uma delas. Por outro lado, não foi correto ter desrespeitado as relações impostas pela federação ignorando, sistematicamente, os pedidos de renovação dos Estados que aconteceram no passado.

A excelente Lei dos Portos de 1993 só não funcionou melhor porque o Estado não cumpriu o seu papel. As alterações propostas, apesar de avanços competitivos, avaliam muito mal o possível desenvolvimento futuro do setor e, talvez, será mais um motivo de judicialização de um problema administrativo. É ilusão pensar que nesses dois casos não haverá postergação dos investimentos.

Espera-se a convocação no segundo semestre de 2013 dos prometidos leilões para formidáveis obras de infraestrutura, capazes de elevar a produtividade da economia brasileira. Mas elas só serão executadas com sucesso se entendermos que a teoria dos "leilões" é sofisticada demais para continuar na mão dos amadores que produziram os últimos.

O Brasil precisa desesperadamente de um aumento dos investimentos para voltar a crescer a 5% ao ano, mas eles só voltarão se tratados com justiça. E se, com regras de jogo claras e definitivas, protegermos os investidores nacionais e estrangeiros, garantindo-lhes que se continuará como até aqui, respeitando rigorosamente a estabilidade dos contratos. A falta disso aumentará a erosão da confiança entre o Estado e o investidor privado, que é o pior dos mundos. Nele só navegam com tranquilidade os pescadores de águas turvas...

Kafka e a política industrial - SANDRA POLÓNIA RIOS E PEDRO DA MOTTA VEIGA


O Estado de S.Paulo - 11/12


O decepcionante crescimento do PIB anunciado na semana passada despertou comoções no Brasil e no exterior. Enquanto jogamos a culpa pelo nosso fraco desempenho na crise internacional e nas políticas dos países desenvolvidos, seguimos aqui enredados com instrumentos de política ultrapassados e discussões bizantinas acerca de políticas industriais que já mostram sua completa incapacidade de levar o País a uma trajetória sustentada de crescimento.

A revista Economist sugeriu a demissão do ministro Guido Mantega, argumentando que ele perdeu a confiança dos investidores e que as sucessivas intervenções do governo federal na economia deixam os empresários receosos. A presidente Dilma Rousseff reagiu imediatamente, dizendo que não se deixaria influenciar por uma revista que não é brasileira e que "a situação deles é pior que a nossa".

A situação econômica brasileira pode não ser pior que a europeia ou a americana, mas é, certamente, muito pior que a de nossos pares na América Latina ou na Ásia. Portanto, está na hora de parar de jogar a culpa pelo nosso fraco desempenho na crise internacional e reconhecer de uma vez que há algo de muito errado na formulação das políticas domésticas e nas estratégias de crescimento adotadas pelo Brasil.

Um singelo exemplo de como continuamos presos às políticas e estratégias do passado estava nas páginas da imprensa na semana passada. Uma proposta de flexibilizar as regras de fabricação de óculos de sol na Zona Franca de Manaus gerou amplo debate entre empresas, organizações empresariais e representantes do governo. Sem entrar na polêmica sobre a contribuição da Zona Franca para o desenvolvimento regional e industrial, o que mais chama a atenção nesse episódio são os argumentos usados no debate e o número de atores envolvidos para uma discussão que parece completamente ultrapassada e fora de contexto, num mundo em que o processo de produção industrial se organiza crescentemente em torno das cadeias globais de valor.

O debate girava em torno de um projeto de alteração do processo produtivo básico (PPB) para a produção de óculos de sol, "que prevê incentivo fiscal para empresas que quiserem montar óculos de sol na Zona Franca sem a exigência de fabricação das lentes e hastes em território nacional, um requisito existente há mais de três décadas". A proposta dividiu as empresas do setor. As empresas contrárias à proposta alegavam que "o novo PPB posicionaria o País como mero montador de óculos de sol". Para esse grupo, a mudança nas regras diminui a competitividade de empresas que estão investindo em produção e pode abrir as portas do País para a concentração da atividade somente na fase de montagem, o que seria negativo para o desenvolvimento de inovação e de tecnologia em território nacional.

Duas perguntas se seguem naturalmente a essa argumentação: (1) se 30 anos de incentivos, como os propiciados pela Zona Franca, com um PPB que exige a fabricação local de hastes e lente, não foram suficientes para que a indústria nacional desenvolvesse atividades de inovação e de tecnologia que permitissem competir com produtos importados, o que leva a crer que a prorrogação desse mecanismo faria com que esse passo fosse dado agora? E (2) por que mesmo precisamos produzir todas as partes e peças em território nacional à custa de benefícios fiscais com recursos do contribuinte brasileiro?

Além dos custos com a renúncia fiscal, há de se considerar os custos associados à burocracia governamental envolvida com esse tema, formulando políticas em nível de produto e suas partes e peças, fazendo consultas públicas e, depois, fiscalizando a produção para garantir que a regulação seja respeitada. É difícil imaginar que esse seja o melhor uso para os escassos recursos públicos.

A complexidade das políticas industriais brasileiras é espantosa para os fracos resultados que elas vêm gerando. Além de caras e complexas, acabam por prejudicar o resultado final esperado de políticas públicas preocupadas com os rumos da indústria brasileira. Essa ideia de que precisamos produzir localmente todas as partes, peças e etapas dos processos produtivos de todos os produtos industriais inviabiliza a competitividade de produtos acabados e, como se não bastasse, alimenta discussões kafkianas.

Em marcha a ré - MIRIAM LEITÃO

O GLOBO - 11/12


COM ALVARO GRIBEL E VALÉRIA MANIERO 


A produção de veículos cairá este ano pela primeira vez desde 2002. Mesmo com o IPI reduzido, a desvalorização do real, a restrição à importação de carros, haverá queda. O aumento da inadimplência pesou, o crédito se contraiu, as exportações caíram muito, em especial para a Argentina. Os carros usados também ganharam espaço no mercado.

O mês de maio é chave para se entender os estímulos ao setor automotivo. Numa mesma leva de medidas, houve restrição à compra de veículos importados, a liberação, por parte do Banco Central, de R$ 18 bilhões em compulsório para financiamento à compra de carros, e o dólar rompeu a barreira de R$ 2 para não voltar.

Não fosse o tratamento especial dado pelo governo ao setor, estes números chamariam menos atenção. Segundo a Fenabrave, a produção de veículos cairá 1,5% este ano, contando veículos comerciais leves, automóveis, ônibus e caminhões. As vendas internas devem crescer 4%, mas as exportações podem fechar com queda de 21%.

Avaliando apenas os veículos leves, o especialista na área automotiva Stephan Keese, da consultoria Roland Berger, estima que o crescimento das vendas seria de 2%, caso o IPI não tivesse sido reduzido. Com o estímulo, o crescimento deve ir a 8,7%. O problema é que isso é antecipação de consumo.

- A demanda para 2013 será menor. Quem queria comprar carro já comprou - afirma.

Keese avalia que a desaceleração da economia afetou o setor. As margens ficaram mais apertadas e o real mais fraco tornou mais cara a importação de insumos. Acha que houve aumento do protecionismo em 2012 e que há poucas saídas para o produto nacional:

- O carro brasileiro não tem capacidade de concorrer fora do Mercosul.

As exportações para a Argentina despencaram, não só de veículos, mas de peças e componentes. Estes são os números, entre janeiro a outubro: automóveis, -8%; tratores, -13%, motores, -38%; veículos de carga, -19%; partes e peças para veículos, -11%. São perdas bilionárias, em dólares.

O coordenador do Centro de Estudos Automotivos, Luiz Mello, avalia que o maior erro do governo foi estrangular a indústria do álcool, via preço congelado da gasolina.

- A única inovação que a indústria automotiva brasileira tem para oferecer ao mundo é o álcool. Esse era o caminho para aumentar exportações, tanto de combustível quanto de veículos - disse.

O mercado de carros usados cresceu 25% de 2009 a 2011, saindo de 9,3 milhões de unidades para 11,7 milhões. Depois de três anos de estímulos à venda de veículos, os usados estão mais competitivos, pois são seminovos. Mais um entrave à produção.

Após disparar, calote cai pouco
A inadimplência na compra de carros saiu de 2,6% em janeiro de 2011 para 5,9% em outubro deste ano. Mais que dobrou, no período, chegando ao pico de 6,1% em maio. Ou seja, depois de cinco meses, desde o pior momento, a recuperação foi pequena. A concessão de crédito ao setor ficou mais seletiva, e isso é um problema porque mais da metade das vendas são financiadas.

MAIS INFLAÇÃO. O Departamento de Estudos Econômicos do Bradesco revisou de 5,5% para 5,7% a projeção para o IPCA deste ano, e de 5,2% para 5,3% a do ano que vem.

RISCO ITALIANO.Os títulos públicos italianos perderam valor com o anúncio de renúncia de Mario Monti. Os juros subiram de 4,53% para 4,82%.

TERMÔMETRO DO PIB. A venda de papelão ondulado, a embalagem da embalagem, cresceu 3,1% em novembro, sobre o mesmo mês de 2011.

Impaciências - JOSÉ PAULO KUPFER


O Estado de S.Paulo - 11/12


É possível encontrar método no que alguns consideram loucura, na condução da política econômica pelo governo Dilma Rousseff. São, sem dúvida, tiros para muitos lados, fora de uma moldura clara de reforma abrangente, passíveis de dar suporte a visões de que se trata apenas de uma hiperatividade voluntarista e reativa.

Mas essa pode ser uma maneira no mínimo incompleta de enxergar o momento em que se encontra a economia brasileira.

Acompanhar a transição de um modelo de crescimento concentrado em estímulos ao consumo e nas receitas de exportações de commodities para outro, focado em ampliação dos investimentos e busca de competitividade, não é tarefa tão trivial. Isso fica claro quando se observa que há consenso sobre o diagnóstico, mas resta enorme dispersão de pontos de vista em relação às ações para implementá-lo. O fato de que tantos impulsos teimem em não se transformar em resultados positivos torna a avaliação ainda mais complicada.

Era de se supor que, em tal contexto envolto em névoas, alguma dose de paciência operasse como elemento catalisador das análises. Esse, no entanto, é o item mais escasso do momento.

Há, de um lado, uma carga pesada de impaciência em relação à gestão do governo na economia. Mas, de outro, também é inegável que a impaciência domina a ação e o discurso do governo, explicitamente liderado pela própria presidente.

A reação de Dilma à impaciente reportagem da revista The Economist, que classificou o crescimento brasileiro como "moribundo" e sugeriu que a presidente demitisse o ministro Guido Mantega, por exemplo, foi de uma impaciência a toda prova.

A revista tem sido regularmente afoita nas suas análises sobre a economia brasileira, recorrendo com frequência ao método bem conhecido e em geral arriscado de ir contra a direção do vento, nas avaliações de conjuntura.

Foi assim, por exemplo, na famosa capa "O Brasil decola", de fins de 2009, quando antecipou a explosão de crescimento de 2010 - algo que não passava de um ponto fora da curva e não se sustentava, como a própria revista anotou, com o passar do tempo, em várias edições seguintes.

Existe também visível impaciência no "estilo Dilma" de estimular os investimentos e atacar os gargalos da infraestrutura. Já ficou claro, depois da definição de novos marcos regulatórios e processos de licitação nos setores de energia elétrica, portos, ferrovias, rodovias e aeroportos, o formato do modelo de ação que perpassa, guardadas as especificidades, todas as reformas anunciadas. São repetições da linha de ação que, de certo modo, teve início com o roteiro desenvolvido para reduzir juros e spreads bancários.

Pouca conversa, muita pressão para reduzir tarifas, com recurso para tanto a entes estatais, centralização da gestão, isenções de tributos e linhas de financiamento especiais.

Em idioma simples, um modelo de queda de braço, com base no pressuposto de que as resistências a baixar preços cruciais no esforço de recuperação da competitividade da economia dificilmente serão vencidas apenas com sorrisos e somente incentivos de linha.

Verdade que é preciso tirar setores inteiros da zona de conforto - e ineficiência - a que se habituaram em épocas de rentabilidade extraordinária. Mas, se a causa tem sua nobreza, os riscos do modelo não são pequenos.

Muito fina é a linha que separa o sucesso de uma estratégia de forçar a queima de gorduras, que oneram os custos de produção e a competitividade econômica, do desastre da determinação de taxas de retorno e de compensações irrealistas, capazes de inviabilizar investimentos em manutenção e ampliação dos negócios.

São muitos os efeitos colaterais nocivos que dormitam nessa fronteira tênue. Um deles seria ter de transferir para o Tesouro e para as contas públicas uma carga excessiva de responsabilidade na redução dos custos de produção. Outro, mais grave, seria disseminar a percepção de que estaria aumentando o custo institucional de investir em infraestrutura no Brasil.

O caminho do embate não parece representar uma alternativa para atender ao objetivo de assegurar menores custos de produção sem atropelar a própria viabilidade das operações. Mais negociação - e, portanto, menos impaciência - é de longe a melhor saída.

MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO


FOLHA DE SP - 11/12

Empresas de tecnologia de Campinas faturam R$ 1,5 bi
Apesar da crise global, o polo de tecnologia de Campinas manteve o crescimento, apoiado pelo mercado doméstico, sem que as exportações fossem afetadas, segundo o Núcleo Softex, entidade que representa o segmento.

As cerca de 140 empresas brasileiras de TI da região registraram alta de 25% neste ano ante 2011, segundo Fábio Pagani, fundador do Núcleo.

O faturamento deve ficar em R$ 1,5 bilhão no ano.

"A exportação, que equivale a cerca de 30% do total, não chegou a cair. Quase 70% dos softwares, serviços de alto valor agregado e inteligência vão para os Estados Unidos", diz o executivo.

Originárias de Campinas, as empresas estão espalhadas pela região metropolitana e pretendem agora se concentrar em prédios antigos no centro do município.

"O momento é propício. Essas empresas cresceram e podem hoje revitalizar as áreas degradadas do centro, como ocorreu em Boston, por exemplo", afirma.

"Há casos de companhia fundada há oito anos que já alcançou R$ 100 milhões de faturamento", acrescenta.

O setor tem atualmente 250 vagas abertas para contratação, segundo Pagani.

"A ideia é trazer duas multinacionais e brasileiras de grande porte. As outras virão na sequência. São intensivas em mão de obra. Isso aquece outros setores."

O projeto vai beneficiar as novas empresas, segundo Cesar Gon, presidente da Ci&T, companhia do setor que tem quase 20 anos.

"O ponto forte é criar um ambiente onde elas possam interagir com o clima de inovação" diz Gon.

Companhia de chapas de gesso instala fábrica no interior da Bahia
Com aporte de R$ 125 milhões, a Placo do Brasil, do grupo Saint-Gobain, irá construir uma fábrica de chapas de gesso acartonado -conhecidas como "drywall"- em Feira de Santana (BA).

A planta terá capacidade para fabricar 22 milhões de metros quadrados do produto por ano -mesma capacidade da unidade que a companhia tem hoje em Mogi das Cruzes (SP).

"Com a alta do mercado de 'drywall', que cresce em média 17% ao ano, estamos trabalhando no limite há uns dois ou três meses", diz o diretor-geral da empresa, Stênio Almeida.

A unidade ficará na Bahia para estar próxima de uma jazida de gipsita (matéria-prima do gesso) de Pernambuco e dos mercados do Nordeste e do Centro-Oeste.

"O ritmo de expansão do setor nessas regiões é mais acelerado que a média nacional. Também estaremos perto da BR-116 e da BR-101 e poderemos atender, com essa fábrica, até Minas Gerais."

O diretor da companhia diz não estar preocupado com a crise, pois o "deficit habitacional do país ainda é muito grande e o crédito para a construção de casas tem espaço para crescer".

A planta deverá começar a operar no segundo trimestre do ano que vem.

€ 42,1 bilhões foi quanto o grupo Saint-Gobain vendeu em 2011, o que representa cerca de R$ 113,2 bilhões

R$ 6,9 bilhões é o valor das vendas anuais do grupo no Brasil

195 mil são os funcionários no mundo

64 é o número de países onde atua

56 são as fábricas no Brasil

41 são os centros de distribuição no país

10 são as mineradoras brasileiras do grupo

17 mil é o número de funcionários (diretos e indiretos) da empresa no Brasil

CONTRATAÇÃO EM QUEDA
O índice de empresas brasileiras interessadas em aumentar o número de funcionários no primeiro trimestre do próximo ano está no mesmo patamar do fim de 2009, segundo levantamento da empresa de recrutamento Manpower Group.

A expectativa líquida de emprego (percentual de gestores que preveem aumentar as contratações menos o percentual dos que preveem diminuir) ficou em 21% -mesmo número registrado no último trimestre de 2009.

O resultado é positivo quando comparado com outros países. Apenas Taiwan (26%) e Índia (23%) devem ter maior expansão no número de postos de trabalho.

Entre os países onde o volume de demissões pode ser maior que o de contratações, estão Grécia (-16%), Espanha (-13%) e Itália (-12%).

No Brasil, na lista dos setores mais otimistas aparecem o de serviços (27%) e o comércio (25%).

O Paraná (28%) deve contratar mais que Minas Gerais (23%), Rio de Janeiro (22%) e São Paulo (17%).

Foram ouvidos 65 mil empregadores em 42 países.

Gás... 
Após a aprovação do orçamento para o próximo ano, a SCGás (empresa que distribui gás natural em Santa Catarina) decidiu que não reajustará a tarifa do produto em 2013 se o dólar ficar abaixo de R$ 2,10.

...catarinense 
O petróleo também não pode sofrer grandes modificações para que a empresa consiga manter a tarifa. A companhia abastece cem mil consumidores, incluindo 220 indústrias, de acordo com dados da própria empresa.

Férias... 
São Paulo é a cidade mais procurada no país, com 11,28%, para viagem dos brasileiros nas férias entre janeiro e fevereiro, segundo levantamento do buscador de viagens Mundi. O Rio teve a segunda colocação (10,09%).

...de verão 
A pesquisa identificou interesse nas cidades do Nordeste, com destaque para Salvador, Recife, Fortaleza, Maceió e João Pessoa. O levantamento considerou as buscas por passagens aéreas em outubro e novembro.

Euros... 
A italiana Bracco, que faz soluções para aplicações de diagnóstico por imagem, vai anunciar mais 4 milhões de euros em investimentos para 2013. O valor será aplicado em seu laboratório no Rio de Janeiro.

...no Rio 
A empresa começou a operar no Brasil em junho deste ano e o processo demandou investimentos de 18 milhões de euros. O objetivo é ter 30% do mercado nacional de diagnóstico de imagem até 2015.

ADIÇÃO NA SEGURANÇA
A nova lei federal que garante adicional de periculosidade de 30% sobre os salários dos vigilantes do Brasil poderá impactar as contratações do setor, conforme o sindicato que representa as companhias de segurança do Estado de São Paulo.

"As empresas terão de pagar o benefício imediatamente, o que impacta no valor dos contratos", diz o vice-presidente do Sesvesp, João Palhuca.

O sindicato estima que, somente nos cofres federais, a nova lei deva causar um impacto superior a R$ 187 milhões por mês. "O Estado, em todas as suas esferas, contrata aproximadamente 400 mil vigilantes", afirma Palhuca.

FLÁVIA OLIVEIRA - NEGÓCIOS & CIA

O GLOBO - 11/12


Aeroporto
A Infraero fará convênio com o governo do Rio para aumentar a segurança no Galeão. O ministro Wagner Bittencourt, da SAC, acertou detalhes na semana passada. O aeroporto terá 80 PMs em áreas estratégicas, a partir de janeiro. Vão trabalhar nas folgas, com salário extra.

Incentivo
Será de 8% o desconto para quem pagar em cota única o IPVA 2013. A Secretaria de Fazenda fluminense bateu o martelo ontem. PE, RS, PR e DF darão 5%; SP e MG, 3%.

Quem vai
Allan Kardec, ex-diretor da ANP, será secretário de Educação de São Luís (MA). Aceitou convite do prefeito eleito, Edivaldo Holanda Jr.

Desconfiança
Quase um terço (28,3%) de 55 empresas ouvidas pela Abrasca, associação das companhias abertas, vai reduzir investimentos em 2013. São quase dez pontos percentuais acima dos 19,5% de pesquisa em julho. O dado será divulgado hoje em evento no Barbosa, Müssnich & Aragão, no Rio.

Adaptações
O grupo espanhol SERHS comprou softwares de gestão hoteleira da brasileira Bematech CMNet. Trinta hotéis da rede usarão o sistema. No país, a empresa mantém 40 profissionais só para adaptar seus programas às mudanças semanais do Fisco brasileiro.

RIO 2016 INICIA PLANO PARA ATRAIR FORNECEDORES
Reunião na Firjan vai tratar de encomendas e cadastro. Empresas do Brasil e do exterior poderão participar
O Comitê Organizador Rio 2016 faz nesta quinta, na Firjan, a reunião de pré-lançamento do programa de desenvolvimento de fornecedores para os Jogos. Serão comprados, por exemplo, 25 mil camas, 40 mil cabides e cem mil cadeiras. A federação das indústrias fluminenses mobilizou 110 sindicatos e empresas de construção, logística, metalurgia, móveis, vestuário e alimentos, entre outros setores. As viações Petrópolis, Progresso e Três Amigos confirmaram presença, bem como Queiroz Galvão, Carioca, Método, Ipiranga, Forza, Supergasbrás, Fechaduras Hela, Bayer e Amil. Será o primeiro encontro no Rio. Em outubro, houve reunião com a Fiesp. Em janeiro, será a vez de Minas. O comitê está em contato com entidades empresariais de outros estados, para apresentar as necessidades de produtos e serviços para os Jogos 2016, além de exigências de documentação. Em fevereiro, entra no ar o portal do programa de suprimentos, no qual os potenciais fornecedores terão de se cadastrar. Consulados de EUA, Grã-Bretanha e Austrália também já buscaram informações sobre oportunidades de negócios para os Jogos 2016. Empresas brasileiras não terão privilégio nas concorrências.
R$150
MILHÕES EM ENCOMENDAS
É quanto o Comitê Rio estima que serão gastos com instalações, mobiliário e equipamentos não esportivos para as Olimpíadas, de 2008 a 2016. A cifra equivale a 5% dos R$ 3 bilhões em compras.

Temporário de luxo
O mercado de luxo já é responsável por um quinto das vagas oferecidas pela Page Interim, unidade de recrutamento de temporários e terceirizados do Page Group. O segmento cresceu 20% este ano. No Rio, chega a 25% do total de postos de trabalho. Segundo a consultoria, os números refletem a chegada de grandes marcas internacionais ao país e à cidade. Elas oferecem salários que vão de R$ 2.500 (o mais baixo para vendedor) a R$ 25 mil (o mais alto para gerente-geral). A proporção de profissionais de 18 a 24 anos representa até 40% do total. “A idade, no entanto, não puxa a qualidade para baixo. Os novos players buscam profissionais qualificados, com inglês fluente e boa apresentação”, descreve Luis Fernando Martins, gerente-executivo. A expectativa, diz, é que as novas lojas de grife contratem em definitivo quase 100% dos temporários este ano. Segundo a Asserttem, de empresas de serviços terceirizáveis e trabalho temporário, o total de vagas oferecidas no Brasil chegou a 157 mil em novembro. São dez mil a mais que no mesmo período de 2011.

A proporção de vagas no comércio aumentou de 70% do total, no ano passado, para 75% em 2012. A participação da indústria e outros segmentos, por outro lado, caiu de 30% para 25%. “As empresas do varejo estão sentindo que vão vender mais. Por isso, contratam mais gente na ponta. Querem, sobretudo, vendedores e promotores”, diz Márcia Constantini, vice-presidente da associação.

BOSSA
As 50 lojas Salinas no Brasil começam a receber a coleção de estreia da linha Salinas Bossa. São peças urbanas da marca famosa pela moda praia. A produção engloba 150 criações, além de acessórios. As vendas devem crescer 20%. Em todo o país, 300 multimarcas já fizerem encomendas. A modelo Renata Sozzi posou para o lookbook.

Mergulho no Rio
Os economistas Armando Castelar e Fernando Veloso coordenaram “Rio de Janeiro - Um estado em transição” (Editora FGV, 504 páginas, R$ 69). O livro traz um conjunto de estudos sobre educação, segurança, programas sociais e, também, economia. São 17 capítulos que têm como meta aprofundar o debate sobre os pontos fortes e fracos do estado. No trecho sobre a indústria de óleo e gás, a obra chama a atenção para os baixos resultados de educação nos municípios que recebem royalties. O lançamento é 5ª, na Livraria da Travessa (Ipanema).

Livre Mercado
Petrobras, Braskem e Coca-Cola participam pela 18 vez do programa Gestão de Carbono, do CEBDS. Vão capacitar cem fornecedores para fazer inventários de emissões.

O grupo Bradesco Seguros estreia hoje serviço digital, que traduz do português para Libras, a linguagem de sinais. Fez parceria com ProDeaf.

A Wöllner abriu loja no Recreio Shopping ontem. É a 148 da rede. Investimento de R$ 700 mil.

A rede Assaí estima em 25% o aumento de vendas no Natal 2012.

O advogado Luiz Gouvêa lança hoje nas redes sociais campanha contra os juros compostos dos bancos. Batizou-a de “Eu fui jurado”.

HOTELARIA
A Facility Soluções Imobiliárias vai construir três hotéis no Centro do Rio. O primeiro deles, batizado de Townhouses Hotel Lapa, tem lançamento previsto para a segunda quinzena deste mês. Fica na Rua do Resende. Com investimento de R$ 27 milhões e 60 quartos, vai gerar 210 postos de trabalho. Deve abrir as portas em 2014. Os outros dois projetos ainda não têm data para sair do papel. A Rio Negócios dá suporte.

NOVA SEDE
A Stone Age, de soluções em gestão de grandes volumes de dados, terá nova sede na Barra. Investiu R$ 2 milhões no prédio de 1.200 m2, que fica pronto em fevereiro. A empresa fecha 2012 com crescimento de 33% no faturamento. Itaú e Embratel estão entre os clientes.

Dois canais
O Pontofrio estreia canal de vendas no Facebook, com a Lomadee. Quer vender R$ 10 milhões em 2012. Também hoje chega ao ParkShopping.

Quem chega
A americana Humanscale vai fabricar móveis de escritório em Sorocaba (SP). Investiu R$ 300 mil com a Alberflex.

Guerra de cervejas
A Budweiser se tornou a marca internacional líder no Brasil, pela primeira vez. Com 11,5% do chamado mercado premium de cerveja, passou a Heineken, que tem 11,2%. Os dados são da pesquisa Nielsen de outubro, a última disponível. A holandesa diz que não vê a americana Bud como concorrente.

Impostos visíveis - GUSTAVO PATU

FOLHA DE SP - 11/12


BRASÍLIA - Ainda outro dia, coisa de cem anos atrás, a maior parte da população morava no campo, não havia voto secreto e o governo não precisava tomar mais de 10% da renda do país para funcionar. Aos olhos de hoje, uma gorjeta.

De lá para cá, no Brasil e no mundo, o crescimento das cidades e a expansão da democracia multiplicaram a demanda por serviços públicos em educação, saúde, infraestrutura, segurança e seguridade -e os impostos, agora, consomem 35% da renda dos brasileiros.

Contada assim a história, há um aparente acordo entre contribuintes, Estado provedor e suas clientelas. Na Suécia, referência em bem-estar social, a carga tributária ronda os 45% do PIB; nos Estados Unidos, onde o livre mercado e a iniciativa individual mandam mais, são 25%.

Mas não é tão simples assim. O insólito sistema nacional de impostos, taxas e contribuições sociais, entre outros defeitos, camufla seu real peso no cotidiano dos cidadãos.

Embora a carga brasileira esteja entre as mais altas do mundo, a tributação direta sobre salários e outros ganhos pessoais -aquela da qual todos se dão conta- é relativamente baixa. As alíquotas do Imposto de Renda são inferiores aos padrões internacionais, e boa parte do que as estatísticas oficiais chamam de classe média goza de isenção.

O que produz os recordes de arrecadação do país são os tributos indiretos, embutidos nos preços das mercadorias e serviços, invisíveis aos consumidores. Eles tomam 17% da renda de ricos, pobres e remediados, taxação sem igual no mundo.

Essa conta ficará mais evidente com a norma, recém-sancionada por Dilma Rousseff, que determina a discriminação dos impostos nas notas fiscais. Se não for daquelas leis a serem contornadas ou esquecidas, eleitores conhecerão os custos, e não apenas os benefícios, de políticas públicas. Será mais difícil uma disparada da carga como a dos últimos anos.

Sinais dos tempos - DENISE ROTHENBURG


CORREIO BRAZILIENSE - 11/12

Interessante observar hoje as reuniões da Comissão Nacional Executiva do PMDB. Nos tempos do governo Fernando Henrique Cardoso, cada encontro desses era um capítulo à parte na guerra interna do partido. Lembro-me dos tempos em que o então presidente Paes de Andrade deixava os aliados de Fernando Henrique inconformados com a tentativa de lançar candidato próprio, pregar voto contra parte das privatizações. Hoje, as reuniões são rápidas para os padrões peemedebistas. Nem parece que se trata do mesmo partido de há 10, 12 anos.

A reunião de ontem é um exemplo desse novo PMDB. Durou uma hora. O líder no Senado, Renan Calheiros, expôs as razões do governo para aprovar a Medida Provisória 579 do jeito que está. Lembrou que a população beneficiada supera os contemplados com o programa Bolsa Família. Ou seja, o PMDB não tem meios de negar apoio ao governo nessa proposta. E esse foi o mote para aprovação unânime.

Nunca é demais lembrar que, há alguns anos, unanimidade e PMDB eram antônimos. Dessa vez, apenas o deputado Eduardo Cunha, do Rio de Janeiro, apresentou algumas divergências pontuais ao projeto, como a queda de arrecadação do ICMS. Mas, ao fim, Eduardo Cunha aparece na nota oficial do partido como relator revisor, recomendando à bancada que aprove a medida provisória na íntegra. Quem te viu, quem te vê, PMDB…

O que mudou no partido nos últimos tempos para atingir tanta unidade interna assim? Os líderes com voz ativa são praticamente os mesmos, com a diferença de que agora estão todos muito pragmáticos. No passado, o PMDB tinha o grupo que sonhava em lançar candidato próprio a presidente da República ou seguir com Lula, enquanto outros peemedebistas estavam no governo Fernando Henrique. Aos poucos, foram se juntando a Lula. Acreditavam que ali viveriam todos felizes para sempre.

Ocorre que a felicidade durou pouco. Terminado o governo Lula, o PT voltou hegemônico ao governo Dilma Rousseff, deixando o grande aliado PMDB praticamente na periferia, sob a justificativa de que o partido já era detentor da Vice-Presidência da República. Na área de energia, o partido vem perdendo espaço ao longo dos dois últimos anos. Da Integração Nacional e da Saúde, pastas consideradas vistosas, saíram logo na largada do governo Dilma.

Desde então, o PMDB não vê a hora de se reposicionar, com um protagonismo maior no governo. Mas essa participação, seja promovendo suas posições em programas governamentais ou com cargos, não aconteceu. Ainda assim, a fidelidade ao governo — salvo em alguns projetos, como o Código Florestal — continua alta. Ou seja, Dilma mantém o PMDB ao lado pela simples perspectiva e expectativa de poder. E não será diferente agora, nessa reta final de 2012. Até porque o PMDB recomenda a aprovação da MP 579 na íntegra para mostrar que é parceiro de Dilma e não criará dificuldades ao projeto que a presidente vende ao país como a melhor forma de reduzir o valor da conta de luz do consumidor — ainda que o PSDB considere haver outros meios para promover essa redução.

Por falar em perspectivas…

O PMDB fará tudo o que estiver ao alcance porque hoje suas duas alas são pragmáticas. Sabem que não têm um nome forte da própria lavra com perspectivas de enfrentar Dilma Rousseff daqui a dois anos. Como estão no governo, nem sequer teriam condições de montar um discurso forte para isso. Ainda que a economia não siga a contento, a oposição a Dilma está ocupada e não seriam seus líderes os maiores representantes para servir de alternativa ao modelo que aí está. Sendo assim, o partido se mostra conformado em fincar bandeira no comando do poder congressual. E, nesse sentido, não há por que votar contra a MP que Dilma mais defende atualmente. Internamente, o PMDB hoje briga para ver quem terá essa interlocução maior com o governo. Mas, no geral, todos hoje são governistas. Se vão continuar assim, o tempo dirá.

Enquanto isso, na sala da Justiça…

Com o placar empatado, o voto do ministro Celso de Mello sobre a inclusão da cassação do mandato na sentença dos parlamentares condenados no processo do mensalão será acompanhado com espírito de final de Copa do Mundo pelos congressistas na quarta-feira. Não por acaso, deverá ser dos mais longos que o decano da Corte já proferiu no julgamento da Ação Penal 470. Vamos aguardar.