quinta-feira, agosto 11, 2011

CELSO ARNALDO ARAÚJO - Como é doce ser corrupto no Brasil


Como é doce ser corrupto no Brasil
CELSO ARNALDO ARAÚJO
REVISTA VEJA ONLINE

A corrupção no Brasil é o melhor negócio do mundo. Muito mais lucrativo do que tráfico de drogas, jogo, contrabando — e com uma pequena fração do risco inerente a esses delitos. Não precisa da sombra, do subterrâneo, da clandestinidade, como todos esses. O negócio da corrupção é idealizado e patrocinado por agentes legítimos do governo e coonestado por políticos eleitos pelo povo — ou vice-versa. E malversa um dinheiro que está devidamente contabilizado e destinado a esse fim.

Lá bem para trás, esse dinheiro foi aliviado de nosso bolso na forma de taxas e impostos — mas já nos habituamos à mão leve do estado e perdemos a noção desta cadeia alimentar: os corruptos se fartam com o dinheiro que recolhemos compulsoriamente aos cofres públicos, fruto de nosso trabalho.

Claro que um esquema de corrupção sempre pode ser desbaratado, mas não por falhas intrínsecas do sistema, que é perfeito — o único flanco é o vazamento interno, como deve ter ocorrido agora no desmantelamento da quadrilha que não perdia viagem no Ministério do Turismo.

A implosão de um modelo de roubalheira pode dar algum constrangimento inicial aos envolvidos, às vezes um par de algemas um tanto apertadas, mas cadeia de verdade não dá – podendo-se também manter o produto do desvio quando a onda passar. Basta desenvolver um modus operandi bem fechadinho – mesmo que bem tosco.

A criação de uma ONG fantasma no Amapá para treinar pessoas a dobrar guardanapos parecia mais segura do que fazer xixi, sem ser pego pela polícia ambiental islandesa, na borda do vulcão Eyjafjallajokull. Há oito anos, o PT municia com verbas vultosas um número incalculável de onguinhas camaradas ligadas ao Ministério do Turismo e às outras pastas – mais uma, menos uma, não faria diferença nem chamaria a atenção. E se chamasse, sempre haveria Sarney, que aluga o estado e é tido como bom inquilino, pagando sempre em dia – apesar dos 80 anos, ainda é dono de uma técnica insuperável de limpeza de cenários de crimes, como o personagerm de Harvey Keitel em “Pulp Fiction”.

A transferência de know-how é completa. A pequena mise-en-scène necessária à prática fluente do delito amapaense foi dirigida pelo próprio secretário executivo do Ministério, Frederico Silva Costa, que, numa daquelas piadas prontas que fazem o dia do José Simão, se encarregou de transmitir a instrução básica ao assecla fundador da ONG ladra:

“O importante é a fachada”, disparou ele, em gravação autorizada pela Justiça.

Não foi uma recomendação metafórica, alegórica – mas real. A fachada – no caso, a frente física da sede da ONG milionária incapaz de capacitar alguém a servir um copo de água –, é uma questão muito importante, como diria a presidente Dilma. Algo deu errado e a fachada caiu. Bom para nós. Mas e o dinheiro?

O governo Lula criou a mulher e, justiça seja feita, não criou a corrupção. Apenas aperfeiçoou-a, com a decisiva contribuição dos profissionais dos partidos aliados. Em governos anteriores — e aqui mesmo em São Paulo há toda uma malha viária construída dentro desse parâmetro – partia-se de um projeto já definido, uma nova avenida, por exemplo, e a ele se agregava a corrupção, na forma clássica do superfaturamento de custos. Isto é, o projeto real sempre precedia o furto – e, bem ou mal, era concretizado, na forma de um viaduto, uma ponte, um recapeamento, um lote de merendas escolares. Hoje, ainda se desviam bilhões com esse modus roubandi clássico, em todos os ministérios.

Mas o lulopetismo aperfeiçoou, no negócio da corrupção, uma modalidade extraordinariamente mais fácil, ainda mais lucrativa e muito mais cínica e perversa. Hoje, a ideia do roubo preexiste à concepcção do projeto – e este nem precisa se materializar, como no caso da ONG do Amapá que capacitou servidores públicos para o roubo de cofres públicos.

Ou seja: é a corrupção ectoplasmática. Rouba-se o que não existe – além de dinheiro. E de Pedro Novais.

AUGUSTO NUNES - Com o loteamento dos ministérios, a aliança governista criou o mensalão que substitui doações em dinheiro pela entrega do cofre



Com o loteamento dos ministérios, a aliança governista criou o mensalão que substitui doações em dinheiro pela entrega do cofre
AUGUSTO NUNES
REVISTA VEJA ONLINE


Até os mendigos e os travestis que fazem ponto nas esquinas do Flamengo imaginaram que a pauta da reunião do diretório nacional do PT, realizada neste 5 de agosto no Hotel Novo Mundo, no Rio de Janeiro, seria quase inteiramente absorvida pelo tsunami de bandalheiras que varre a Esplanada dos Ministérios. O que acharam os Altos Companheiros, por exemplo, do despejo da quadrilha do PR em ação no mundo dos transportes? O que pensam das bandidagens no Ministério da Agricultura, arrendado ao PMDB? A faxina prometida pela presidente Dilma Rousseff deve ser ampla e irrestrita ou é melhor parar enquanto é tempo? Enfim, o que o partido tem a dizer sobre a corrupção endêmica que Lula plantou e Dilma adubou?

Nada, informam as 201 linhas do documento que relata o que foi tratado e decidido no conclave dos cardeais que caíram na vida. Sob o título geral “O Brasil frente à crise atual do capitalismo: novos desafios”, o papelório debita todos os pecados na conta do “ideário neoliberal”, cujos defensores são “setores da oposição, da mídia e do grande capital, especialmente o financeiro”. Num dos capítulos mais candentes, “o PT expressa sua solidariedade aos jovens, aos trabalhadores, aos migrantes e a todos os setores que combatem o neoliberalismo e repudia o nacionalismo de extrema direita, que mostrou sua verdadeira face no atentado ocorrido recentemente na Noruega”.

Resolvidos os problemas do planeta, a seita festeja a inauguração do Brasil Maravilha pelo chefe Lula e registra os retoques que faltam para torná-lo mais que perfeito. “Vem aí o debate sobre o novo marco regulatório dos meios de comunicação”, avisa o parágrafo que louva o “controle social da mídia”, como foi rebatizada a censura na novilíngua companheira. “Para o PT e para os movimentos sociais, a democratização dos meios de comunicação no país é tema relevante”. Num editorial publicado nesta quarta-feira, o Estadão foi à réplica: “O PT precisa é de um marco regulatório para a corrupção no partido”. No documento, a roubalheira colossal foi confinada em duas linhas: “O Diretório Nacional manifesta seu apoio às medidas que o governo Dilma ─ dando continuidade ao governo Lula ─ adota contra a corrupção”. Só.

LICENÇA PARA ROUBAR
Se cinismo desse cadeia, o Hotel Novo Mundo teria sido prontamente cercado por camburões e interditado pela polícia. Como a mentira foi transformada por Lula em virtude eleitoreira, o presidente do partido, Rui Falcão, prolongou o espetáculo do farisaísmo com uma apresentação individual. “O PT sempre foi muito cioso da defesa da aplicação correta dos recursos públicos e do combate à corrupção”, recitou o dirigente que promoveu a volta ao lar de Delúbio Soares. Falcão deu azar. No mesmo dia, VEJA divulgou os espantos mais recentes nas catacumbas do Ministério da Agricultura, entre os quais apareceu até mesmo um lobista que já foi preso por tráfico de drogas e agora se dedica a agredir fisicamente jornalistas independentes.

Nesta terça-feira, constatou-se que o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, esqueceu de comunicar a instituições subordinadas à pasta que faxina tem hora. Liberada para engaiolar delinquentes, a Polícia Federal prendeu 35 dos 38 gatunos em ação no Ministério do Turismo. A presença de petistas graúdos no bando que viajou na traseira do camburão ajuda a entender por que o documento do diretório nacional fugiu da ética como o diabo da cruz: é impossível ser, ao mesmo tempo, decente e desonesto. A “base aliada” não se ampara num programa político, mas num projeto financeiro: todos querem ficar mais ricos. É por isso que, como reafirmou a devassa no ministério controlado pelo PT e por José Sarney, o mensalão nunca deixou de existir.

O que mudou foi a metodologia. Até meados de 2005, o Planalto e o PT centralizavam a arrecadação e o repasse dos milhões de reais que garantiam o entusiasmo dos companheiros e a lealdade dos parceiros. Agora, já não é preciso forjar empréstimos bancários ou extorquir estatais, nem irrigar contas bancárias ou entregar malas de dólares. Em vez de doações em dinheiro, os partidos da aliança governista ganham ministérios ─ cofres e verbas incluídos ─, além da licença para roubar. O loteamento do primeiro escalão é o mensalão sem intermediários. Em 2002, por exemplo, o PL de Valdemar Costa Neto embolsou R$ 10 milhões para descobrir que Lula era o cara. Em 2010, para enxergar em Dilma Rousseff a sucessora dos sonhos do PL com novo nome , o PR de Valdemar Costa Neto ganhou o Ministério dos Transportes.

Além de mais lucrativa, a fórmula modernizada aumenta exponencialmente o lucro, amplia a capilaridade das quadrilhas e democratiza a ladroagem. Antes, a repartição das boladas se limitava ao alto comando dos partidos. Agora, até prefeitos e vereadores entram na divisão do produto do roubo. A soma das evidências explica a tibieza exibida por Dilma desde que a vassoura tropeçou no lixo do PMDB. A presidente descobriu que herdou o um legado que ajudou a construir. Mas também descobriu que a opinião pública existe. É bem menor que o eleitorado, mas o poder de pressão é maior. Não se contenta com uma bolsa família, não acredita em fantasias e está cansada de sustentar larápios.

A imprensa livre seguirá noticiando fatos e enxergando as coisas como as coisas são. A Polícia Federal e o Ministério Público não podem recuar. Dilma terá de decidir se a faxina para ou continua. Na primeira hipótese, a presidente topará com o monstro que ajudou a parir. Na segunda, o governo, o PT e seus comparsas estarão proibidos para sempre de falar em combate à corrupção. Mesmo que em duas míseras linhas.

TUTTY VASQUES - A diversidade do fim do mundo


A diversidade do fim do mundo
TUTTY VASQUES
O ESTADÃO - 11/08/11

No fundo, no fundo tudo é saque! De um lado, grandes investidores dos quatro cantos do planeta correm em pânico com seus bilhões de um lado para o outro sobre os escombros das bolsas de valores.

De outro, os sem-nada do Reino Unido se aproveitam da vitrine quebrada por pedra endereçada à polícia pra ver se ganham alguma coisa nessa bagunça danada que virou a humanidade. Em Wall Street ou em Tottenham, o clima de salve-se quem puder é o mesmo!

Os dois extremos da pirâmide da pindaíba social experimentam sensações muito parecidas de medo, insegurança, desespero, histeria, risco, selvageria, angústia e palhaçada.

Outra coisa em comum nos incêndios da periferia de Londres e nos colapsos do mercado financeiro: ninguém sabe explicar direito como tudo começou ou onde isso vai parar.

Mas param por aí as coincidências entre o caos dos ricos e a zorra dos pobres. A polícia não bate na turma que saqueia bolsas de valores.

São, evidentemente, fins do mundo distintos, como tantos outros que o ser humano - ô, raça! - superou.

Vamos lá, gente, relaxa aí! Vai passar!

Sucessor natural
O sucesso de Byafra cantando "voar, voar, subir, subir..." na propaganda da Bradesco Seguros pode transformar o comercial em série. Oswaldo Montenegro interpretando Bandolins no banco de trás do carro pode ser o próximo artista contratado para levar o ladrão de automóveis ao desespero no reclame de TV.

Ex-moicano
Como assim "o time do Mano Menezes não mudou nada" na derrota de 3 a 2 para a Alemanha? Só o fato de o Daniel Alves ter raspado a cabeça já foi bom demais!

Vestida pra ser vista

A Assessoria de Imprensa de Marta Suplicy aconselhou a senadora a dar um tempo nos tailleurs vermelhos enquanto durarem as investigações sobre a roubalheira no Ministério do Turismo. Fica muito difícil, vestida daquele jeito, se esconder das perguntas dos jornalistas sobre o envolvimento no caso de um apadrinhado político de longa data.

Não tem erro

Deu no portal Comunique-se que o novo site da jornalista Ana Paula Padrão, Tempo de Mulher, tem como palavra de ordem o "empoderamento feminino". Tem tudo pra dar certo, né?

Recaída esperada

Para quem ainda não entendeu por que as bolsas de valores voltaram a cair ontem após a fantástica recuperação de terça-feira, explica-se: os investidores estavam de fato animados com a reunião do Fed que manteve a taxa básica dos juros nos EUA entre zero e 0,25%, mas aí, como diz o Chico Buarque, "lalari, lairiri, lalará, liliri..." É sempre assim!

Genérica

Já tramita na oposição a ideia da "CPI de Tudo Isso Que Aí Está"

EDITORIAL - O ESTADO DE SÃO PAULO - O ''momento'' não pesou


O ''momento'' não pesou
EDITORIAL
O Estado de S.Paulo - 11/08/11

A prisão do secretário executivo do Ministério do Turismo, Frederico Silva da Costa, do seu antecessor Mário Augusto Moysés e do ex-deputado federal Colbert Martins, nomeado para uma secretaria da pasta - na leva de 35 suspeitos de fraudes capturados na terça-feira pela Polícia Federal (PF) - era tudo o que a presidente Dilma Rousseff não precisava nesta hora de crises acumuladas com os partidos da coalizão de governo, nascidas da faxina no Ministério dos Transportes e do escândalo seguinte, na Agricultura. Assim como o ministro do Turismo, Pedro Novais, o seu segundo, Frederico da Costa, e o secretário Martins pertencem ao PMDB e foram indicados a Dilma pelos sobas do partido. Já o petista Moysés é ligado de há muito à senadora Marta Suplicy, que o levou para a pasta quando a comandava, no segundo governo Lula.

Mas, para o País, a Operação Voucher da PF, resultado de uma investigação ordenada pelo Ministério Público e respaldada pelo Judiciário sobre desvio de recursos em convênios do Turismo com uma ONG do Amapá, foi uma grande notícia. Pelo fato em si e, principalmente, porque a ação policial não foi freada a pretexto de que "este não é o momento". Nem o diretor executivo da PF, Paulo de Tarso Teixeira, nem o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, a quem o órgão se subordina, muito menos a Justiça Federal do Amapá, que decretou as prisões (38 ao todo) fizeram ou deixaram de fazer algo que travasse os devidos trâmites do inquérito, em nome da conveniência política da presidente da República. Segundo se diz no Planalto, o ministro Cardozo, que decerto sabia da investigação, só avisou a chefe da execução dos mandados judiciais na undécima hora, pouco antes do início da espetaculosa operação que mobilizou cerca de 200 agentes - e, ainda assim, sem entrar em detalhes. Isso jamais aconteceria no governo Lula.

Não fosse pelo clima de acrimônia entre os políticos e a presidente que os teria deixado ao deus-dará - não só em matéria de verbas e cargos, mas sobretudo pelo seu aparente descaso com os efeitos da maré de denúncias de corrupção que lhes sobe pelos pés - o caso do Turismo teria um impacto menor. Afinal, o maranhense Novais, da cota do PMDB no governo, decerto nem sabia onde fica a pasta que lhe tocaria chefiar este ano, quando a fraude começou a germinar, em 2009. É um filme que a população já cansou de ver: um político (no caso, a deputada Fátima Pelaes, do PMDB amapaense) apresenta duas emendas ao Orçamento, destinando R$ 9 milhões ao custeio de convênios entre o Turismo e um certo Instituto Brasileiro de Desenvolvimento de Infraestrutura Sustentável (Ibrasi) para treinar 1,9 mil futuros trabalhadores do setor no Estado. A partir de uma auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU), apura-se que o Ibrasi desviou cerca de R$ 3 milhões de um contrato no valor de R$ 4,4 milhões.

O então secretário executivo da pasta, Mário Moysés, assinou o primeiro convênio com o tal do Ibrasi, cujos cabeças apresentaram documentos falsos para se qualificar. (Na casa de seu diretor Luiz Gustavo Machado, a PF achou R$ 610 mil em dinheiro.) O convênio seguinte, de 2010, foi assinado pelo atual secretário, Frederico da Costa, à época responsável pela área de programas de desenvolvimento do turismo, encargo atual do ex-deputado baiano Colbert Martins. Nesses dois anos, o Ibrasi recebeu R$ 14 milhões do governo. Teixeira, o delegado da PF, sustenta serem "robustas" as evidências de envolvimento deles com o esquema fraudulento. Se está certo, a Justiça dirá. O episódio, de qualquer modo, confirma a desalentada certeza da opinião pública de que "se gritar, "pega ladrão", não fica um, meu irmão", como no samba de Bezerra da Silva. E propaga entre os políticos atordoados com a ameaça à impunidade a pergunta "Onde é que isso vai parar?". Só lhes resta culpar a presidente ou acusar o Judiciário de "abuso de autoridade", como fez o líder petista na Câmara, Cândido Vaccarezza, pois onde já se viu mandar prender figuras tão notáveis?

Nem pensar em ir à raiz do problema: os incentivos de Lula, por ação ou omissão, à montagem de uma rede de quadrilhas na administração federal como decerto nunca antes se viu na história deste país.

ARTHUR VIRGÍLIO - Fim da euforia


Fim da euforia
ARTHUR VIRGÍLIO
BOLG DO NOBLAT

Os EUA encontram-se manietados e sem maiores margens para aumentar seu endividamento. A Europa lida com déficits fiscais insustentáveis. A China, com inflação já à altura de 6.6% ao ano, terminará por desacelerar o crescimento.

Óbvio que o Brasil não deixará de padecer as consequências desse quadro turbulento. Os sinais já estão dados: o desempenho da Bovespa é o pior dentre as economias emergentes e o segundo pior, se levarmos em conta a situação dramática vivida pela Grécia; é explosiva a combinação de inflação (6.81% em números anualizados) com juros estratosféricos e real sobrevalorizado; possíveis bolhas nos mercados de imóveis e de crédito e, finalmente, produtividade industrial em queda livre.

As medidas macroprudenciais adotadas pelo Banco Central e pela Fazenda revelam-se insuficientes. A situação fiscal que Dilma herdou do governo do qual ela própria era figura chave, não é vista com realismo por uma equipe econômica tatibitati.

A mágica da artificialização do crédito chega ao fim. Passamos a depender exclusivamente da fome chinesa por commodities. Esta, infelizmente, poderá mostrar-se menos pantagruélica a partir do instante em que políticas de contenção da inflação naquele país sejam efetivamente adotadas. Menor crescimento chinês = sérios problemas para a economia brasileira.

O governo-cigarra de Lula começa a ser revisto e desmascarado. Interrompeu o ciclo de reformas estruturais. Criou as bases da crise fiscal que, agora, se soma, enquanto problema doméstico, aos reflexos das dificuldades do mundo.

Chegou o inverno e a cigarra não preparou agasalho para os brasileiros. A conta começa a chegar, nem bem nos livramos do “sapientíssimo” presidente que tudo sabia e tudo resolvia.

A crise mundial é semelhante àquela, bem recente, de 2008. Menos intensa ainda, porém grave a mais não poder. Os bancos, outra vez, serão testados, e os governos estarão descapitalizados para proteger os acionistas e o sistema.

Enquanto isso, o Brasil revive o delírio de Alice. Todos os dias um escândalo novo (o ultimo é o do Ministério do Turismo, que resultou, até o momento, na prisão de 40 pessoas; o ministro, certamente, é da política do “eu não sabia”) e Dilma Rousseff apenas administra a esquizofrênica relação de seu governo com as maltas que o povoam.

O mundo inteiro discute a crise econômica com prioridade. Somente o Brasil se dá ao luxo de olvidá-la porque seu tempo é gasto com as estripulias do ministério mais desqualificado de nossa História republicana.

Tempos duros virão!

CARLOS HEITOR CONY - O cupim da corrupção

O cupim da corrupção
CARLOS HEITOR CONY
FOLHA DE SP - 11/08/11 

RIO DE JANEIRO - Brilhante e oportuna a palestra que Celso Lafer fez, nesta semana, na Academia Brasileira de Letras sobre ética e cidadania em tempos de transição, um ciclo de conferências no qual coube ao nosso acadêmico e ex-ministro das Relações Exteriores abordar os desafios da ética na hora atual: da ética na pesquisa à ética na política.
Com sua vivência de "scholar", ao monumental volume de considerações as mais modernas, desde Maquiavel a Bobbio, ele não localizou os desafios da ética na hora atual em grandes e apocalípticos exemplos que atravessam a história. Pelo contrário, usou uma palavra que me pareceu um neologismo, mas o mestre Evanildo Bechara garantiu que não era: descupinizar.
Além dos conflitos religiosos, políticos e territoriais que marcaram a humanidade e as nações com tragédias, a realidade de hoje parece se concentrar em fatos miúdos, universais -que, em linhas gerais, podem ser resumidos na corrupção generalizada que atinge a todos os escalões da vida pública quase de modo silencioso, roendo a estrutura ética do Estado e dos indivíduos.
Celso Lafer não precisou citar exemplos específicos, aludiu ao que se vê e lê em toda parte. Um bichinho insignificante, que mal percebemos no início de seu trabalho destruidor, vai corroendo os alicerces éticos da sociedade como um todo. E as construções mais sólidas se diluem no pó.
Abandonando a metáfora e examinando a extensão e a propagação do cupim, descobre-se que ele não nasce de geração espontânea. Tampouco o seu resultado final: a corrupção.
Para dar um exemplo do dia, em termos nacionais: só de uma levada, vários funcionários do Ministério do Turismo, inclusive de alto escalão, acabam de ser afastados.
E, assim, a confiança do cidadão na estrutura do Estado é cada vez menor e mais problemática.

Entrevista - Henrique Meirelles


Entrevista - Henrique Meirelles
O Estado de S. Paulo - 11/08/2011

EX-PRESIDENTE DO BC DIZ QUE A CRISE É MENOS GRAVE QUE A DE 2008 E A RESPOSTA DO BRASIL DEVE SER DIFERENTE, COM MAIOR PREOCUPAÇÃO EM DAR SINAIS DE CONTROLE DAS CONTAS PÚBLICAS

'O Brasil poderá sofrer contágio da crise pelo comércio'
Raquel Landim, Fabio Alves e Ricardo Grinbaum

Henrique Meirelles estava no comando do Banco Central em 2008, quando a quebra do Lehman Brothers interrompeu o crédito internacional e atingiu o Brasil em cheio. Ele diz que a crise hoje é bem diferente, com mais dificuldades para recuperar o crescimento global e possibilidade de recessão nos Estados Unidos, mas o problema ainda se restringe ao endividamento dos governos.

Na sua avaliação, não há uma contaminação do sistema financeiro, embora exista uma grande preocupação com os bancos, principalmente europeus. Por isso, a principal via de contágio para o Brasil hoje é o comércio, por meio de queda dos preços das commodities e da redução de demanda por produtos brasileiros no exterior. "Não há dúvida que o canal de transmissão é comercial. Mas, como em 2008, isso pode mudar a cada 24 horas."

Presidente mais longevo do BC, ocupando o cargo entre 2003 e 2010, Meirelles, que hoje é presidente do Conselho Público Olímpico, não quis responder perguntas sobre como a autoridade monetária deve agir nesse momento. Disse apenas que "não há dúvida" que a economia mundial hoje é mais "contracionista", mas que "a grande lição de 2008" é que o BC deve reagir "a situações reais e não ao que deveria ser". A seguir trechos da entrevista ao Estado.

Quais são as diferenças entre a crise atual e a de 2008?

Em 2008, tivemos uma crise de crédito, que foi provocada por uma alavancagem excessiva das famílias, das empresas e dos bancos nos EUA. O setor privado americano e de outros países europeus diminuiu gradualmente seu endividamento, mas foi substituído pelo aumento das dívidas estatais. Esse é o ambiente desta crise. Uma preocupação dos investidores com o endividamento público e programas de austeridade com toda a sua consequência contracionista. Paralelamente, uma preocupação de que, se houver problemas maiores na economia e nos bancos, os governos não poderiam mais intervir. É uma crise que sinaliza mais dificuldades de crescimento, mas não é como em 2008 depois da quebra do Lehman Brothers. Por enquanto, é um problema dos governos. As ações dos bancos caem, porque podem ser o canal de transmissão para a economia real.

Por que o mercado está tão preocupado com os bancos?

Os bancos americanos hoje, no geral, estão melhor capitalizados do que estavam em 2008. Aprenderam bastante com a crise. Ainda existe problemas, principalmente os herdados da crise hipotecária, mas não é da mesma dimensão. Também há processos judiciais que podem ameaçar essas instituições. Algumas dessas ações são grandes e podem prejudicar a rentabilidade futura dos bancos. Isso é que causa preocupação. Já na Europa, os bancos estão expostos aos governos de países problemáticos. Evidente que o Banco Central Europeu está atento. Não há sinais de alarme, mas sem dúvida existe uma preocupação. E 2008 mostra que as coisas podem acontecer numa velocidade incrível.

O senhor acredita em um duplo mergulho, em nova recessão, da economia americana?

Existe uma preocupação dos Estados Unidos entrarem em recessão e essa é a razão da instabilidade e do nervosismo dos mercados. O desemprego americano continua alto, as empresas não estão investindo. É uma economia com uma demanda privada fraca e com possibilidades limitadas de o governo fazer um estímulo fiscal maior.

O risco de crédito da dívida da França pode efetivamente ser rebaixado?

Sim, é possível. Mas tem uma série de componentes de julgamento subjetivo das agências de rating, cuja credibilidade está em jogo depois das críticas severas em 2008. É uma possibilidade, mas o cenário base da França não é esse.

Até pouco tempo, os emergentes estavam preocupados com a inflação. Com a desaceleração global, isso mudou?

A grande lição de 2008 é que a autoridade monetária deve reagir a situações reais e não ao que deveria ser. Em 2008, foram tomadas uma série de medidas no Brasil que restauraram a atividade rapidamente. Naquela época, faltava crédito e liquidez no mercado e houve uma crise nos derivativos de câmbio. O BC atuou diretamente nisso. Hoje temos que verificar como vai se desenrolar a situação. O BC tem que identificar situações reais e atacar problemas específicos.

Mas a preocupação com a inflação mudou de patamar hoje?

Não há dúvida que a tendência da economia mundial é hoje mais contracionista. Temos um cenário diferente do que há alguns meses, quando havia questões localizadas de preços de commodities. Temos que verificar como isso vai evoluir. O BC vai avaliar a economia brasileira e tomar a decisão mais adequada.

Em 2008, o contágio da economia brasileira ocorreu via crédito. Hoje quais são as ameaças?

Hoje o primeiro movimento se dá nos preços das commodities e na demanda por produtos brasileiros no exterior, que pode arrefecer. Em segundo lugar, cai o preço dos ativos pelo aumento da aversão ao risco. As ações caíram, mas tiveram uma correção técnica ontem e hoje. É prematuro dizer como vai evoluir nos próximos dias. Não há dúvida que hoje o canal de transmissão para o Brasil é comercial. Mas, como em 2008, isso pode mudar a cada 24 horas.

Se a transmissão é via comércio, como deve agir o governo?

Temos que aguardar como os diversos setores podem ser afetados. Qualquer generalização é perigosa.

O governo brasileiro disse que vai segurar os gastos, enquanto na crise de 2008 ocorreu o contrário. A receita tem que mudar?

Os problemas são diferentes. Em 2008, globalmente, tínhamos um problema de queda de demanda, gerada pela crise no crédito e pelo desemprego. A resposta geral foi o estímulo fiscal. Hoje a preocupação é a questão fiscal. É o contrário. A reação do governo brasileiro está correta. Mas é preciso separar bem a situação do Brasil e dos EUA e da Europa. A situação fiscal brasileira é muito confortável comparada com a maioria desses países. É bom ter cuidado e ser prudente, mas o Brasil não tem um problema fiscal. Só precisa ter cuidado para não ter.

Qual é a tendência para o câmbio? A guerra cambial continua ou há risco de ataque especulativo contra o real?

Temos duas forças contraditórias. O Federal Reserve (BC dos EUA) sinalizou a permanência de taxas de juros perto de zero até 2013 e deixou a porta aberta para uma terceira rodada de injeção de recursos no mercado. Isso significa mais liquidez, maior entrada de recursos no Brasil e valorização do real. Por outro lado, o enfraquecimento da demanda mundial pode levar a queda das commodities. A tendência do preço das commodities não está clara, mas pode levar a desvalorização do real. São fenômenos com efeitos contrários e o vetor resultante não é previsível. Em 2008, o grande vetor da desvalorização do real não foi as commodities, mas o colapso das linhas de crédito internacionais, que levaram as empresas a tomar recursos no Brasil e pagar empréstimos que venciam no exterior. Também tivemos remessas de recursos de filiais para as matrizes e remessas de fundos para cobrir saques maciços lá fora. E o problema dos derivativos nas empresas exportadoras.

O endividamento em dólar das empresas aumentou e está forte a remessa de lucros para o exterior. Esse problema pode se repetir?

O que gerou aquela crise não foi uma remessa normal de dividendos. Hoje as remessas aumentam porque as empresas têm mais lucro. O endividamento no exterior também é normal e não há sinal de problemas com derivativos. Pode existir algum problema no futuro? Sim, se houver o colapso de algum grande banco internacional que leve ao congelamento do crédito. Mas esse é um cenário técnico e o fator chave é o funcionamento regular do sistema financeiro. Outro ponto importante: a desvalorização do real em 2008 durou pouco porque o BC tinha US$ 200 bilhões de reservas e atuou. Hoje, com US$ 350 bilhões, temos muito mais. A tão criticada acumulação de reservas custa caro, mas é confortadora agora.

ILIMAR FRANCO - Mui amigos


Mui amigos 
ILIMAR FRANCO
O GLOBO - 11/08/11

O PMDB não aceita pagar a conta de irregularidades ocorridas, no governo Lula, no Ministério do Turismo. Ontem, o partido deu apoio ao convite, dos deputados Otavio Leite (PSDB-RJ) e Rubens Bueno (PPS-PR), para que o ministro Pedro Novais dê explicações na Câmara. Mas, a pedido do PMDB do Senado, eles também aprovaram convite para o ex-ministro Luiz Barretto falar sobre os mesmos fatos, ocorridos na sua gestão.

PMDB e PT dão prensa em Cardozo
Os líderes do PMDB e do PT foram para cima do ministro José Eduardo Cardozo (Justiça), na noite de terça-feira, por causa da Operação Voucher. A cobrança ocorreu no gabinete da ministra Ideli Salvatti (Relações Institucionais). Cardozo foi até lá por ordem
da presidente. Dilma, após relato do vice Michel Temer, ficou indignada com o uso de algemas pela PF. Naquela manhã, os ministros Paulo Bernardo (Comunicações) e Orlando Silva (Esportes) assistiram, na Sala de Autoridades do aeroporto de Congonhas (SP), Colbert Martins, secretário da pasta do Turismo, ser algemado e fotografado, embora não tenha resistido à prisão nem houvesse indício de desequilíbrio mental.

"Os excessos são imperdoáveis e serão punidos” — José Eduardo Cardozo, ministro da Justiça, para líderes do PMDB e do PT sobre o uso de algemas pela PF

STRESS. O presidente Marco Maia (PT-RS), na foto, bateu a mão na mesa ontem, na reunião de líderes, quando o líder do DEM, ACM Neto (BA), anunciou que seu partido iria obstruir as votações. “Vocês querem o quê? Fechar a Câmara?”, dramatizou Maia. ACM Neto retrucou: “Temos o direito de obstruir, o seu problema é a obstrução feita pela base do governo”. Maia quer votar 35 projetos, alguns deles gerando despesas, neste ano.

Geni

Na reunião do Conselho Político, a ministra Ideli Salvatti (Relações Institucionais) disse que estava liberando parte dos restos a pagar. “Sobre as emendas do Orçamento deste ano eu ainda tenho que conversar com o Mantega”, disse ela.

No clima

Dirigente do PSB, Roberto Amaral cobrou ontem divulgação prévia da pauta das reuniões do Conselho Político. “Vim aqui na expectativa de debater a crise política”, reclamou. O debate foi sobre a crise econômica internacional.

No pé do ouvido

Depois de dizer que não vai subir em palanque onde a base estiver dividida e que não é possível passar quatro anos brigando, o ex-presidente Lula chamou o senador mLindbergh Farias (PT-RJ) para uma conversa, no final do almoço com a base anteontem, no Palácio Laranjeiras. “Ô Lindbergh, acerta com a Clara Ant para você passar lá no instituto para conversar comigo”, disse ele. Lindbergh é candidato ao governo do estado em 2014. O vice Luiz Fernando de Souza, o Pezão (PMDB), também é.

Pau para toda obra
A mais nova proposta para resolver o problema do financiamento da saúde pública é do líder do PMDB, Henrique Alves (RN). Ontem, para os líderes aliados na Câmara, defendeu tirar os recursos necessários dos royalties do petróleo.

Vem aí o PSD
Com mais de 400 mil assinaturas coletadas e organizado em 17 estados, o PSD vai dar entrada na próxima semana no seu registro no TSE. Saulo Queiroz, um dos dirigentes do partido, diz: “Não há como impedir a criação do PSD”.

 RESSABIADO. O ministro Wagner Rossi (Agricultura) pediu à Advocacia-Geral da União a indicação de um nome para assumir a área jurídica da Conab.
 SOLDADOS do Batalhão da Guarda Presidencial, que servem no Palácio do Planalto, estão levando “quentinhas” de casa. Consta que caiu a qualidade do almoço servido aos Dragões da Independência.
● A DIRETORA-GERAL adjunta da Cidade do Cabo (África do Sul), Laurine Platzky, e o delegado de Cultura de Barcelona (Espanha), Jordi Martí, falam hoje sobre Copa do Mundo e Olimpíadas, em seminário promovido pelo Ministério da Cultura.

SONIA RACY - DIRETO DA FONTE


Realidade cruel
SONIA RACY
O ESTADÃO - 11/08/11

A grande questão nesta nova rodada da crise internacional é: como fazer para o mundo voltar a crescer? Segundo José Roberto Mendonça de Barros, da MB Associados, não há ainda resposta para essa pergunta. E a sensação é de perplexidade.

A única coisa clara hoje é que a retomada será lenta.

Carta aberta

Inconformado com o rompimento das conversas em torno da chapa única na eleição da OAB-SP, Antônio Cláudio Mariz de Oliveira enviou carta para a nata da advocacia do Estado. Sobre Luiz Flávio D"Urso, com quem negociava o "acordão", Mariz fala em "decepção" e "pesar".

Mas teve gente, como Carlos Miguel Aidar, comemorando o naufrágio do projeto. O ex-presidente da Ordem afirmou que "jamais apoiaria este malsinado acordo".

Corrida eleitoral

O PSDB está próximo de bater o martelo: Serra não será mesmo candidato a prefeito. Essa convicção foi expressa em alto e bom tom por Sérgio Guerra em reuniões com tucanos, segunda-feira, durante sua passagem por São Paulo. Principal argumento? Assim como Marta, Serra tem altos índices de rejeição na cidade.

A que ponto...

Luiz Marinho almoçava no Rodeio dos Jardins, sexta, quando foi "atropelado" por um desconhecido: "O senhor foi ministro do Collor?" Ao que o prefeito de São Bernardo retrucou: "Não, do Lula!".

E sem saber com quem estava falando, tentou: "Tô com problema num terreno em Itanhaém e preciso da ajuda do governo". E emendou: "A comissão é de R$ 5 milhões, terei prazer em dividir". Entregou seu cartão e foi embora.

Perplexo, o petista leu: J. C. de Oliveira, consultor de imóveis.

Balança, mas...

Sem ter a quem reclamar, a Ouvidoria de SP vive em perigo constante. As paredes da Galeria Olido, onde funciona a repartição, estão repletas de rachaduras e infiltrações, a fiação está exposta, os elevadores vivem quebrados e a garagem abriga uma "cascata".

A resposta da Prefeitura para as reclamações dos servidores é sempre a mesma: não há dinheiro para as obras.

Com a palavra o Contru.

Sala de aula

Verônica Serra, Jorge Paulo Lemann e Paulo Skaf anotaram a lição do indiano Nitin Nohria. O reitor da Harvard Business School deu aula magna terça-feira na Fiesp.

Para uma plateia composta de ex-alunos da HBS.

Cúmplices

Thays Martinez, advogada com deficiência visual barrada no Metrô de SP com seu cão-guia, transformou a revolta em livro.

Minha Vida com Bóris sai pela Globo Livros.[17 E 18/12][17 E 18/12][17 E 18/12]

Bruxaria

Na primeira tentativa de tuitar link para matéria sobre a suposta negociação entre Carrefour e Walmart, Abilio Diniz se confundiu.

Acabou postando reportagem sobre... Harry Potter. Avisado por alguns de seus seguidores, desculpou-se e trocou o link.

Na frente

Novidade no Vladimir Herzog. Elifas Andreato é o homenageado do prêmio e os vencedores concorrerão a viagens para NY e Washington.

Eduardo Climachauska abre a individual HO-BA-LÁ-LÁ. Hoje, na Galeria Eduardo Fernandes.

Pela primeira vez, uma empresa têxtil participa do Salão de Artes da Hebraica. Trata-se da Safira Sedas. Com tecidos "instalação" batizados de Art by Yard.

E Doda Miranda subiu para a 13ª posição no ranking mundial do hipismo.

Chiara Gadaleta foi escolhida para ser a diretora de moda da Harper"s Bazaar.

Betty Milan lança o livro Quem Ama Escuta. Na FNAC Pinheiros. Hoje.

Mario Santiago abre a mostra Sujurbano, com curadoria de Fernando Brandão. Na Galeria IMPAR. Hoje.

Miúcha vai homenagear o irmão, Chico Buarque, acompanhada pela Orquestra Sinfônica Municipal. O show acontece sábado, no Clube Hebraica.

Inclusão

Tendo vivido o problema na própria pele, Carlos Edde, presidente do partido libanês National Bloc, montou proposta enviada ao Itamaraty.

Pede novas regras no que tange ao reconhecimento de cursos e diplomas obtidos por brasileiros no exterior. "Existem hoje mais de três milhões de brasileiros residindo lá fora. E muitos de seus filhos gostariam de se reintegrar ao terminar o segundo grau e atingir a maioridade", aponta o político, responsável pela reunificação da oposição no Líbano.

De mãe brasileira, Edde (em São Paulo para visitar a família) acredita que se faz necessária uma política para facilitar a reintegração desses jovens que moraram fora do Brasil. Como? Desenvolvendo mecanismos para mantê-los.

Caso contrário, o País sofrerá "evasão de cérebros" que poderiam contribuir, de forma produtiva, para o desenvolvimento nacional.

ANCELMO GÓIS - Falta o João



Falta o João
ANCELMO GOIS 
O Globo - 11/08/2011

Ontem, a OCP Comunicação e a Maurício Pessoa Produções confirmaram a série de shows de João Gilberto, este ano, em Salvador, Rio, Brasília, Porto Alegre e São Paulo. Mas, acredite, João ainda não está 100% convencido. Haja emoção.

Mas... 
A ideia de João se apresentar no Rio ao lado de Eric Clapton faz todo o sentido. O inglês assistiu ao último show do brasileiro em Londres. A música-título de seu CD “Reptile” é um sambinha em homenagem, disse na época, “ao brasileiro João Gilberto”.

Viúvas de Lula 
A piadinha no Senado por causa do rolo na base do governo é que havia político mandando regravar aquela marchinha de Haroldo Lima, que saudava o retorno de Getúlio, em 1950, cuja letra dizia: “Bota o retrato do velho outra vez/Bota no mesmo lugar”...

Preço da moralidade 
Pelas contas de um ex-ministro da Justiça, não sai por menos de R$ 600 mil uma operação como esta última da Polícia Federal, que reuniu 200 agentes em três estados e levou mais de 30 presos até o Amapá.

No mais 
Das três desculpas usuais dos petistas para se esquivar de denúncias de corrupção, só foram usadas, desta vez, duas: armação da mídia e provas falsas. Faltou dizer que, por trás de tudo, há o dedo de José Serra.

Terra do faraó 
O próximo amistoso da seleção de Mano Menezes será dia 6 de setembro, no Cairo, contra o Egito. Em outubro, serão mais dois jogos no exterior - dia 7, contra a Costa Rica, e dia 11, contra o México.

Já... 
Em novembro, também serão dois jogos fora. O primeiro, dia 11, contra o Gabão. Da África, o time de Mano seguirá para a Suíça, onde vai enfrentar a seleção da casa ou a Inglaterra.

Volta, Ronaldinho 
Aliás, a coluna, tempos atrás, disse que a lua de mel com Dilma e Mano Menezes tinha acabado e era hora de mostrar serviço. De lá para cá, a situação dos dois piorou muito. Com todo o respeito.

Beethoven total 
O maestro Lorin Maazel, 81 anos, abre a temporada da OSB com as nove sinfonias de Beethoven - três esta semana, três na outra, três mais adiante. Maazel fez o mesmo no Japão num dia só: começou às 10 da manhã e terminou às 22h.

Procura-se Rogério 
A juíza Elizabeth Louro, do 4o- Tribunal do Júri do Rio, decretou, dia 28 de abril, a prisão do contraventor Rogério Andrade, mas, até ontem, o sobrinho do finado bicheiro Castor de Andrade não havia sido encontrado. Rogério é esperado hoje, às 14h, para audiência que apura sua participação na execução do bombeiro Antônio Carlos Macedo, chefe de sua segurança.

Deve ser terrível... 
Ontem, com Londres mergulhada em tensão, turistas brasileiros ficaram desapontados. Não houve a tradicional troca de guarda no palácio real.

Ai, meu ouvido 
Tem funcionário da Câmara de Vereadores do Rio querendo adicional de insalubridade. É gente que não aguenta mais trabalhar ouvindo um grupo de bolivianos tocar nas escadarias do Palácio Pedro Ernesto.

Cena carioca 
O coleguinha gaiato Maurício Menezes é testemunha. Segunda, na Estação Carioca do metrô, um rapazola todo penteado, barba feita, terno justinho, entrou enganado no vagão das mulheres. Quando o segurança o mandou sair, elas protestaram: - Deixa ele, tão bonitinho, não vai fazer nada demais... Mas o bonitão saiu.

VINÍCIUS TORRES FREIRE - O grande massacre de bancos

O grande massacre de bancos
VINICIUS TORRES FREIRE
FOLHA DE SP - 11/08/11 

Ações de bancos europeus entram na grande xepa que há tempo também derruba seus colegas nos EUA


O QUE SE PASSA? Além do medo vago de uma recessão enorme, ninguém parece saber nada. Um sujeito que sabe das coisas, vive no topo do mundo e em geral é franco, Mohamed El-Erian diz que ninguém sabe nada, por isso o medo, por isso a liquidação geral nos mercados.
El-Erian é o presidente (CEO) e coexecutivo-chefe de investimentos (CIO) da Pimco, a maior investidora em renda fixa do mundo. Em entrevista à TV Bloomberg, na tarde de ontem, ele dizia o seguinte: "O mercado passa por [um momento de] volatilidade maciça. Não surpreende, pois estamos em mares nunca dantes navegados ["uncharted waters"] no que diz respeito à economia, às políticas [econômicas] e, portanto, aos mercados".
Então agora a França pode perder a nota máxima de investimento. Então, "as Bolsas mergulham com a volta das preocupações com a Europa", como dizia a manchete da noite de ontem da edição on-line do diário econômico britânico "Financial Times". Essas seriam as novidades. Novidades?
"Volta" da preocupação com a Europa? Por que o presidente da França, Nicolas Sarkozy, encurtou as férias para uma reunião de emergência de seu governo? Francamente. Que o Titanic europeu tem passado raspando por um monte de icebergs não é novidade nenhuma.
Desde segunda-feira, o Banco Central Europeu mantém as imunodeprimidas Itália e Espanha numa bolha de plástico, isoladas dos vírus dos mercados, por meio da compra de dívida dos dois países.
O BCE espera que, até setembro, entre em funcionamento o fundo ampliado para salvar governos europeus da quebra. Mas há dúvida geral sobre se haverá botes para salvar tanta gente do naufrágio (dinheiro para cobrir tanto governo quase falido) -ou se a Alemanha vai concordar em fornecer os botes. Isso é sabido faz semanas. O resto é especulação insana além da conta, como a de agora, com a França.
Decerto calotes de governos feririam de morte bancos europeus, que viram suas ações despencar ontem.
Na França, o Société Générale caiu 14,7%. O BNP, 9,5%. O Crédit Agricole, 11,8%. Na Itália, o Monte dei Paschi caiu 9,8%. O Unicredit, 9,4%. O Intesa, 13,7%. Na Espanha, queda de 8,3% para o Santander.
Ruim? É. Mas nos EUA prosseguia também ontem a grande e nova liquidação das ações dos grandes bancos. O Bank of America caiu 10,9%.
O Citi, 10,5%. O Wells Fargo, 7,7%. Até o Goldman Sachs, que continua muito longe de ser um banco comercial, caiu 10,1%.
Mesmo que ninguém saiba nada nesta carnificina insana de valores e de análises racionais, parece que se suspeita de algo podre nos bancos -ao menos, o rumor pegou.
Os bancos americanos agora têm muito menos negócios exóticos e alavancados. Têm, pois, de viver mais de empréstimos. Mas os juros estão baixíssimos e o apetite por crédito não vai melhor -vai diminuir mais, numa recessão. Seria apenas isso? Talvez. Ainda há especialista no assunto para quem os bancões americanos têm pouco capital e ainda muito negócio podre na caixinha.
Verdade? Por ora, não há registro de dificuldade de financiamento dos bancos americanos (na Europa, isso já ocorre). Apenas rumores, porém, podem arrebentar a saúde de bancos. Rumores, rumores e "psicologia de manada". É isso.

CLÓVIS ROSSI - Rebeldes com causa e sem agenda


Rebeldes com causa e sem agenda
CLÓVIS ROSSI
FOLHA DE SP - 11/08/11

Não se trata de rebelião de cidadãos frustrados pela crise mas, sim, de revolta de consumidores/saqueadores


Seria tentador ver nos distúrbios dos últimos dias no Reino Unido uma revolta dos "famélicos do mundo", para citar a Internacional. Tentador, mas errado.
Visto pelos olhos da esquerda britânica que se expressa pelo jornal "The Independent", o que está acontecendo "não é um protesto político. Os amotinados não têm uma agenda. Não têm um comando central. A meta é o saqueio aquisitivo ou a destruição descerebrada". Reforça Walter Oppenheimer, o excelente correspondente do espanhol "El País" em Londres: "As turbas não assaltam supermercados para levar comida; o principal objetivo têm sido as lojas de celulares, as de eletrodomésticos, as de roupas e de calçados esportivos". O "Independent" informa que houve um caso em que o saqueador, antes de levar a mercadoria, experimentou um sapato, para ver se a ponteira era, digamos, "fashion".
Tudo somado, dá para dizer que se trata não de uma rebelião de cidadãos frustrados pela crise e pelos cortes promovidos pelo governo, e, sim, de uma revolta de consumidores/saqueadores que não conseguem satisfazer a ânsia de consumo, a bandeira do capitalismo. A esse respeito, diz ao "Guardian" Alex Hiller, especialista em marketing e consumo da Nottingham Business School: "A sociedade de consumo depende de sua habilidade para participar dela. O que hoje reconhecemos como um consumidor nasceu de horas mais curtas [de trabalho], salários mais altos e disponibilidade de crédito. Se você está lidando com uma porção de gente que não têm os dois últimos elementos, o contrato [social] não funciona".
Não pense que esse raciocínio se aplica exclusivamente aos bairros deprimidos de Londres (que, aliás, seriam de classe média no Brasil, sem parentesco com as favelas).
Como diz Darryl Seibel, responsável pela Comunicação dos Jogos Olímpicos de Londres, o que está acontecendo "não é um reflexo de Londres, mas do mundo que vivemos hoje em dia".
Claro que Seibel está se antecipando a possíveis questionamentos sobre a segurança em Londres com vistas à Olimpíada, mas nem por isso deixa de ter razão. Tanto que muito brasileiro também questiona o Rio como sede olímpica cada vez que há casos mais espetaculares de violência urbana.
Se Seibel está certo -e acho que está-, então a rebelião consumista ocorre também em São Paulo, de que dão prova, para citar apenas casos recentíssimos, as "meninas do arrastão" da Vila Mariana e os marmanjos dos arrastões em restaurantes, respeitadas as colossais diferenças de escala e de violência empregada.
Vale também para o Brasil a avaliação para o "Monde" de Fabien Jobard, sociólogo do CNRS (Centro Nacional de Pesquisa Social): "A única certeza é a de que, em uma sociedade na qual os bairros são tradicionalmente sustentados por chefes de comunidade respeitáveis, um laço se rompeu. Seja entre tais responsáveis e a polícia, seja entre esses líderes e parte da população que se emancipou de sua autoridade moral e escapou a seu controle".
Não lembra o que se diz sobre o controle do crime organizado em certos bairros de tantas cidades brasileiras?

CONTARDO CALLIGARIS - Vampiros comportados

Vampiros comportados
CONTARDO CALLIGARIS
FOLHA DE SP - 11/08/11 

Os adolescentes de hoje "desejam pequeno" ou será que eles perseguem um ideal de autocontrole?


Nos últimos anos, repetidamente, manifestei certa preocupação com o fato de que os adolescentes de hoje me parecem "desejar pequeno", ou seja, sonhar com projetos muito "razoáveis", se não desanimadores e quase resignados. A adolescência de minha geração, nos anos 1960, era o contrário: sonhávamos com uma grandiosidade ridícula, sem preocuparmo-nos com as condições efetivas de realização de nossos sonhos.
Deu no que deu: alguns efeitos bons, outros péssimos. Por exemplo, não conseguimos fazer "a" revolução, mas transformamos os costumes (para melhor, pelo menos até agora). Por outro lado, nossa paixão revolucionária defendeu e sustentou caricaturas sinistras de nossos ideais sociais -ou seja, nossas aspirações, por serem desmedidas, produziram alguns monstros.
Talvez isso não aconteça (ou aconteça menos) com os adolescentes de hoje; não seria necessariamente uma perda. Um pai, preocupado, como eu, com o "desejar pequeno" do filho, foi direto ao assunto e perguntou ao menino: "Mas quais são seus sonhos para a vida?". A resposta que ele recebeu o levou a me escrever: "É como se ele (o menino) desconfiasse de seus desejos, como se achasse que eles não são bem dele".
De fato, os adolescentes sempre têm certa desconfiança em relação à proveniência de seu querer. Afinal, logo quando eles começam a sonhar com o que poderia ser sua vida adulta, sofrem também uma irrupção de desejos que, no começo, mal entendem.
Claro, a sexualidade já existe na infância, mas, na puberdade, ela chacoalha o corpo de maneira inédita. É compreensível que um adolescente se pergunte o que é aquilo, para que serve e sobretudo de onde vem. Em geral, antes mesmo de ter se acostumado com a transformação de seu corpo, o adolescente constata que os adultos olham para ele de maneira diferente, como se ele fosse um objeto erótico possível. Disso deriva, provavelmente, a suspeita do adolescente de que o desejo que o transforma vem dos outros -dos adultos, que devem ser todos tarados.
Das primeiras reflexões de Freud até George A. Romero ("A Noite dos Mortos-Vivos", de 1968), esta explicação se popularizou: o desejo vem dos adultos, que avançam babando atrás da gente, querem nos pegar e, se possível, morder e contaminar. Mortos-vivos ou simplesmente artríticos, eles têm mobilidade restrita e pouca fantasia, pois só parecem querer uma coisa: que a gente fique que nem eles.
Pois bem, com a saga "Crepúsculo", de Stephenie Meyer (e sua adaptação cinematográfica), apareceu um novo paradigma da origem do desejo (alimentado, aliás, por séries televisivas, como "True Blood" e "Vampire Diaries"). Eis qual.
O desejo continua vindo dos outros, mas a mordida que contamina é desejada ardentemente pelas "vítimas", enquanto vampiros (e lobisomens) se controlam: embora sejam tão fissurados quanto um morto-vivo à procura de carne, eles resistem e se recusam a morder, enquanto os humanos imploram para serem mordidos.
O novo paradigma, em suma, diz que: 1) o desejo vem dos outros, mas, uma vez que tenhamos sido mordidos (como queremos ser), ele será o nosso, estará na gente, 2) ser vampiro à nossa vez será ótimo e 3) não por isso esqueceremos que desejar é um exercício de autocontrole.
É como se os adolescentes estivessem adotando um ideal em que o desejo seria deles mesmos, fortíssimo e indomável (uma verdadeira fissura), mas heroicamente contido. O vampiro será vegetariano, só se permitirá beber sangue de animais e saberá amar uma humana sem ceder à vontade louca de mordê-la. Da mesma forma, nós, sem recalque, teremos fantasias, sonhos e desejos, sexuais ou outros, poderosíssimos, mas saberemos discipliná-los.
Será que os adolescentes "desejam pequeno" (como eu pensava) ou será que, à diferença de nós quando éramos adolescentes, eles não idealizam o descontrole, mas a disciplina de si?
Se esse for o caso, talvez os adolescentes de hoje devam sua sabedoria à constatação de que, ao sair de cena, nossa geração, que pretendia desejar muito e descontroladamente, não está deixando uma lembrança muito boa.
Só um exemplo: o descontrole do desejo, ultimamente (e não só no Brasil) aparece sobretudo na falta de autocontrole de classes políticas desavergonhadas e vorazes (de votos ou de privilégios).

JOSÉ SERRA - O Brasil e a crise: estresse, não catástrofe


O Brasil e a crise: estresse, não catástrofe
JOSÉ SERRA
O Estado de S.Paulo - 11/08/11

Não é possível prever a extensão e a profundidade do mergulho das economias da Europa e dos EUA, mas se pode esperar, no mínimo, uma estressante instabilidade financeira, ao lado da inflexão para baixo no crescimento da economia mundial.

No caso dos EUA, o impasse político sobre os limites do endividamento público ocorreu quando a economia apresentava sinais de fraqueza. A política monetária frouxa e a desvalorização do dólar nos últimos anos mostraram-se incapazes de reativar a demanda e o crescimento de maneira sustentada.

Paralelamente, o governo Obama não conseguiu promover uma expansão do gasto público que tivesse efeitos multiplicadores poderosos sobre os investimentos e o emprego, como num modelo keynesiano básico. O aumento do déficit e da dívida desde 2008 resultou em grande medida da absorção da dívida do setor privado. Agora, a simples perspectiva de cortes (suaves) naquele gasto piorou as expectativas em todo o mundo. Note-se que a guerra política no Congresso vai piorar até o fim do ano eleitoral de 2012.

Na Europa a crise é pior que nos EUA e diretamente proporcional às vicissitudes causadas pela implantação da moeda comum. A política monetária tornou-se única, nas mãos do Banco Central Europeu (BCE). No entanto, a mobilidade de capital e trabalho na área é baixa, o que exigiria um grande orçamento (ou fundo de estabilidade) para amortecer os possíveis choques assimétricos nos países-membros. Mas a política fiscal (impostos, gastos e dívida pública) não foi unificada e continuou sendo um assunto de cada país. O orçamento da União Europeia é relativamente irrisório - pouco mais de 1% do PIB. No Brasil, que é uma federação, a União detém mais de 20%. Na federação americana, a Califórnia representa um sexo do PIB, mas a falência financeira do Estado não trouxe grandes abalos ao país. A Grécia tem cerca de 2% do PIB europeu, mas seu colapso financeiro teve um quase efeito dominó no Velho Mundo.

A política monetária única, em si, também produziu distorções. Um exemplo? Até a crise financeira mundial de 2008 a Espanha vinha crescendo depressa, com inflação mais alta do que a média europeia e taxa real de juros próxima a zero. Era preciso elevar essa taxa, mas o BCE a manteve abaixo do necessário para estabilizar a economia espanhola e superior à de que necessitavam as economias alemã, francesa e italiana (dois terços do PIB da região), que cresciam mais lentamente. O dinheiro barato favoreceu a formação da bolha de crédito na Espanha, fator que levou o país à linha de frente da desconfiança dos credores.

Se correr, o bicho pega; se ficar, o bicho come: largar o euro provocaria hiperinflação na Grécia e violenta deflação na Alemanha. Criar os Estados Unidos da Europa é impossível a médio prazo. Assim, entre os dois extremos - abandonar a moeda comum ou virar uma verdadeira federação -, os países dominantes vão preferir o meio do caminho, fórmula pouco segura para acabar com a instabilidade, mas que poderá servir à prioridade, a curto prazo, de evitar que a "crise" da dívida dos países-membros contagie diretamente o sistema financeiro europeu.

E o Brasil? Sua economia, nos últimos anos, exibiu um crescimento dentro da média da América Latina, abaixo da Ásia e acima dos centros desenvolvidos. Isso foi conseguido graças ao excepcional desempenho das exportações de matérias-primas e alimentos, na quantidade e, principalmente, nos preços. Nunca antes na História deste país os preços das exportações brasileiras cresceram tanto durante um período tão prolongado.

O estilo de desenvolvimento brasileiro tem combinado aspectos curiosos. O sistema financeiro privado é relativamente sólido. A taxa de juros é a mais alta do mundo, não obstante os riscos de crédito e câmbio terem declinado. A enorme diferença entre os juros domésticos e os internacionais apreciou a taxa de câmbio como em nenhum outro país, prejudicando as exportações de manufaturados e favorecendo suas importações. A carga tributária é a maior dos países emergentes, mas a poupança governamental é baixa. A taxa de investimentos é pequena em razão dessa reduzida poupança e da falta de oportunidades (rentáveis) de investimentos do setor privado, principalmente na indústria. O consumo expandiu-se a um ritmo bem superior ao do PIB. Há uma marcha forçada de desindustrialização em razão do câmbio e da carga tributária. O saldo da balança comercial tem caído, apesar do boom de preços, e o déficit em conta corrente cresceu rapidamente, juntamente com o passivo externo do País. Por causa dos juros muito altos e do real supervalorizado, vão se multiplicando os subsídios fiscais ao setor privado, sem planejamento nem controle da eficácia. Em suma, trata-se de um "modelo" de crescimento que não é sustentável por muito tempo, embora a curto prazo exiba indicadores razoáveis de emprego, renda e consumo, além de bons negócios nas áreas financeira e de commodities.

Os atuais transtornos das economias no norte vão estressar esse modelo, mas não necessariamente se afigurarão catastróficos para a economia brasileira. Tanto quanto é possível prever, pode haver retração, mas não colapso, numa variável-chave, que são os preços das commodities, indexados ao dólar. O compromisso do Federal Reserve de manter a taxa de juros no chão por mais dois anos manterá o dólar fraco. O imenso diferencial de juros continuará atraindo dólares e pressionando o valor do real para cima, talvez com mais força, em razão do encolhimento adicional de oportunidades nas economias centrais. A agressividade dos países exportadores de manufaturados deve tornar-se mais feroz ainda, competindo com as exportações brasileiras e assediando nosso mercado interno. Em suma, haverá manutenção ou reforço de algumas das condições do estilo de desenvolvimento acima esboçado - para mim, frágil - num contexto de menor dinamismo do crescimento.

JANIO DE FREITAS - Acima da onda


Acima da onda 
JANIO DE FREITAS
FOLHA DE SP - 11/08/11

Grupos políticos atingidos pela faxina temem retaliar Dilma e ficar com a mácula de ligação com as fraudes


OS GRUPOS POLÍTICOS atingidos pela limpeza no governo, ou temerosos de sê-lo se o expurgo continua, têm duas limitações para passar das atuais insinuações à retaliação de fato contra Dilma Rousseff. Trate-se do vozerio proveniente do pelotão encabeçado pelo deputado Henrique Eduardo Alves, trate-se dos perplexos do PT, ou dos laterais PTB e PR -todos com representantes nos decaídos de bolsos cheios.
A fragilidade dos grupos e partidos atingidos, na eventualidade de um embate, é maior que a da Presidência. O confronto não poderia dar-se sem que a opinião pública dele tivesse conhecimento, ainda que fragmentado e caótico, como é próprio dos relatos nos meios de comunicação. E, diante de uma sociedade ansiosa por atos moralizadores da política e da administração, qualquer represália ao saneamento ético seria expor-se a uma execração que o governo nem precisaria incentivar.
As reações aos primeiros atos de limpeza são, por si mesmos, demonstrações dessa posição frágil dos grupos e partidos atingidos, ou passíveis de sê-lo. O que os move não é a cabeça de fulano ou o nome de sicrano, é a mácula que os atinge em seu eleitorado, como coadjuvantes ou patrocinadores do que cada eleitor vê como roubo, e roubo partilhado. A fragilizar ainda mais os atingidos, há a proximidade de eleições e a consequente necessidade dos congressistas de mobilizarem as suas bases.
Por outra via, mas com o mesmo efeito, está o risco de perda da presença no governo, em caso de hostilidade parlamentar efetiva. A dimensão desse risco está bem à vista com o sucedido ao DEM desde a perda da proeminente presença governamental e parlamentar que teve, como PFL, até a posse de Lula. De igual perda advém boa parte da perturbação mental do PSDB, o catatônico. Diante disso, o PMDB sabe o que seria de si sem a presença de que tem usufruído em todos os governos, a qualquer preço, desde a volta ao regime civil. O governo talvez não saiba disso, mas o PMDB sabe que pode fazer de tudo, menos o que ameace sua presença na máquina de governo.
A necessidade é mútua, sim, de utilização de cargos, verbas e poderes governamentais pelos políticos e seus partidos, e de apoio parlamentar pelos governos. Nisso está o jogo político. Mais dotado, nele, de meios e de poder, ao governo Dilma Rousseff basta não se perder em um tropeço excessivo, para que o confronto das conveniências o favoreça.

PARTICULAR
Diferentes na intenção e no teor, as versões da primeira entrevista dada por Celso Amorim atenuam, querendo ou não, o seu discurso de posse. Mas anulam o sinal, dado então, da disposição prioritária de ser, mais do que um ministro com os ônus que a tarefa exija, uma figura de agrado dos militares.
O discurso não foi de posse na direção executiva do setor militar do Estado, foi de relações pessoais. Ou seja, não foi feito para falar ao país.

MARCIA PELTIER - Ar pesado


Ar pesado
MARCIA PELTIER
JORNAL DO COMMÉRCIO - 11/08/11
 
O Ministério do Trabalho está fazendo um levantamento sobre o impacto no mercado de trabalho caso haja elevação de tributos sobre a importação de aparelhos de ar condicionado split por empresas brasileiras. A solicitação foi feita pelo Gecex (comitê executivo de gestão do Ministério do Desenvolvimento) após a mobilização de 20 companhias nacionais contra a proposta, que elevaria o imposto de importação de 18% para 35% e o IPI, de 20% para 35%. O pleito pelo aumento de tributos partiu de seis multinacionais, instaladas na Zona Franca de Manaus, sob o argumento de conter a invasão de produtos chineses.

Sem refresco
Segundo Denisson de Freitas, da Komeco, as importadoras nacionais respondem, juntas, por cerca de 3.500 empregos. Ele estima que, pelo menos, três mil seriam extintos com a elevação dos impostos, sem contar os dez mil empregos indiretos. Freitas, que tem encontro hoje com o secretário-executivo do MT, diz ainda que as empresas já arcam com uma carga tributária de 60%. ‘’O que defendemos é a utilização de instrumentos que promovam equilíbrio no mercado’’, frisa.

Cano
A 6ª Câmara Cível do TJ Rio anulou multa de R$ 2.020,00, aplicada pela Cedae contra o posto de combustível ALG, em Bonsucesso. O posto instalou um equipamento para eliminar o ar da tubulação de água e pagar apenas pelo que realmente consumiu. Os desembargadores concluíram que não houve fraude e proibiram a concessionária de cortar a água da empresa.

Mais que o mestre
Chega ao Rio, amanhã, o trompetista americano Jon Faddis, que fará um tributo a Miles Davis, no sábado, dentro do festival I Love Jazz, na praça do Centro Cultural dos Correios. Faddis começou a carreira aos 15 anos na banda de Dizzy Gillespie que, anos mais tarde, o considerou melhor do que ele próprio. Regente, compositor e arranjador, Faddis foi diretor da Carnegie Hall Jazz Orchestra e já se apresentou para vários presidentes, inclusive Barack Obama. O evento gratuito ocorre paralelo à exposição sobre Davis no CCBB.

Como uma pastora
A cantora Rosanah Fiengo tornou-se evangélica recentemente por causa da amizade com Claudia Valente, dona de uma rede de restaurantes que perdeu a filha de 16 anos e buscou consolo na carreira de cantora gospel. Uma tem feito participação especial no show da outra, quando interpretam juntas o hit de Rosanah, O amor e o poder, com nova letra assinada por Claudia. O refrão Como uma deusa virou Como o meu Deus.

Bola sete
Após um ano fechado para reformas, o Bilhar e Bar Guanabara, famoso por sua varanda com vista panorâmica da agora revitalizada Praça Tiradentes, reabre em grande estilo. Ganhou um restaurante que funcionará em três turnos e um palco para shows de MPB e mantém as nove mesas oficiais de bilhar. Quem esteve lá foi Nelson Rodrigues Filho. Em setembro, ele retoma as peças baseadas nos textos do pai dramaturgo, encenadas por um grupo de atores que interagem com o público. Dicró abre os shows se apresentando amanhã e nas duas próximas sextas-feiras.

Passe roqueiro
Alguns privilegiados já começaram a receber, numa caixinha, convites para o camarote do Rock in Rio, que receberá cerca de 4 mil das 100 mil pessoas esperadas por dia no festival, em setembro. Não haverá área restrita, a não ser um segundo andar onde serão recebidas autoridades como o governador Sérgio Cabral e patrocinadores. A presidente Dilma foi convidada para a abertura.

‘Heavy metal’
A embalagem vem, também, com um adesivo que promete virar objeto cobiçado: o de estacionamento vip, já que os mortais não poderão estacionar nas proximidades do festival. O bufê será assinado pelo Aquim, dedicado a roqueiros das mais diferentes tribos: haverá de cheeseburguinhos com molho barbecue e bufê de queijos a pratos como ragout de carneiro, risoto de lula e musseline de baroa com óleo de trufas, mais picolés, brigadeiros e gâteaus de sobremesa.

Cerveja ‘high tech’
Pela segunda vez investidores americanos interessados na área de tecnologia se reúnem na cidade, num bar, para conhecer novos projetos. O Geeks on Beer de hoje acontece no Espaço Lapa Café e contará, também, com integrantes da aceleradora nova-iorquina 21 212, que acaba de abrir filial no Rio. Os investidores-anjos de uma aceleradora injetam o capital necessário para uma empresa nascer, estipulam um prazo para ter retorno e, então, partem para outro negócio.

Atuante
O almoço anual que o projeto Leitura para Todos, do Instituto Oldemburg, oferece em agradecimento a seus parceiros, fez uma homenagem especial, quarta-feira, ao escritor Antônio Torres. Das 718 salas de leitura implantadas pelo programa pelo país, Torres dá nome a seis. Todas foram inauguradas por ele, inclusive a que fica em Bangu 3.

Livre Acesso
O enólogo chileno Enrique Tirado, da Viña Concha y Toro, participa, hoje, de jantar para convidados com degustação, na Cavist Vinoteca, de uma nova safra do vinho Dom Melchor, considerado pelos especialistas um dos melhores cabernet sauvignons do mundo. Com a colheita 2001 e 2003, o vinho conseguiu o quarto lugar entre os Top 100 pela revista americana Wine Spectator.

Com um investimento de R$ 500 mil, o Pró-Cardíaco acaba de adquirir o mais moderno aparelho que permite capturar imagens do coração em 3D e em tempo real. O aparelho é útil tanto para exames de diagnósticos como para procedimentos de cateterismo mais precisos.

É hoje, às 21hs, a pré-estréia da comédia romântica O Homem do Futuro, de Claudio Torres, com Wagner Moura e Alinne Moraes, no Cinemark Dowtown.

Hoje, o enólogo Juan Roby, da vinícola Lagarde, de Mendoza, estará no Giuseppe Grill Leblon apresentando alguns dos seus melhores rótulos durante jantar harmonizado, a R$ 140 por pessoa.

Bernardo Fonseca, proprietário da X3M, organiza sábado e domingo a terceira etapa do XTERRA Brazil, no Portobello Resort & Safári. O evento conta com um triathlon e uma ultra maratona noturna (off road) de 50 Km.

André Chaves é o novo diretor comercial do Bolsa de Mulher, grupo de mídia digital multiplataforma feminina, pertencente à Ideiasnet.

A cantora Daniela Procopio terá uma de suas canções inserida na trilha do curta Vale da lua, que será filmado em setembro, na Chapada dos Veadeiros, em Goiânia. O filme é um projeto do ator e produtor Marco Polo.

Com Marcia Bahia, Cristiane Rodrigues, Marcia Arbache e Gabriela Brito

MÔNICA BERGAMO - QUEREMOS GIANE


QUEREMOS GIANE
MÔNICA BERGAMO 
FOLHA DE SP - 11/08/11

Internado no hospital Sírio-Libanês, Reynaldo Gianecchini não poderá apresentar a peça "Cruel" no Festival de Teatro Raul Cortez nos CEUs de São Paulo. Após o cancelamento, a prefeitura começou a receber ligações chorosas de fãs do Ipiranga, que não poderão ver o ator no bairro.

PÃO QUENTE
A revista "Piauí", com a entrevista que causou a demissão de Nelson Jobim, esgotou nas bancas. A editora teve que reimprimir 15 mil exemplares extras.

EU SOU RICA
O Brasil é o 11º país com mais milionários, segundo o ranking World Wealth Report publicado na "América Economia" deste mês. O país possui 155,4 mil pessoas com ativos de US$ 1 milhão ou mais para investir, número 6% maior que em 2009. De acordo com a revista, em 2010, 8.000 brasileiros viraram milionários.

PLANTÃO MÉDICO
O cantor Prince, que se apresenta no Rio, no dia 27, no festival Back2Black, pediu à produção do evento para ter à sua disposição, 24 horas, em caso de emergência, um médico, um dentista, um quiroprático e um especialista de voz.

ROSE BOM BAR
Será em setembro, nos Jardins, a inauguração do Italiano Bar e Cucina, novo empreendimento de Angelo Leuzzi, criador do Rose Bom Bom. O chef Luciano Boseggia comandará as panelas do local.

PRONTO, FALEI
Da atriz Marisa Orth, na pré-estreia do filme "Onde Está a Felicidade?", para os fotógrafos que avançavam em cima dela: "Gente, mas tá fraco de celebridade aqui, hein? Só tem eu, é isso?".

CÉREBRO ELETRÔNICO
O governo dos EUA dará uma bolsa de US$ 600 mil para o engenheiro paulista Paulo Blikstein, professor da Universidade Stanford, pesquisar projetos que unem tecnologia de ponta à educação, em cinco anos.

'A CÂMARA É UMA FÁBRICA DE LOUCOS'


Oito meses depois de assumir o mandato, o palhaço Tiririca já sabe responder o que faz um deputado federal: "É uma pessoa que trabalha muito e produz muito pouco", diz. Isso porque a Câmara, na opinião dele, "é uma fábrica de loucos. Uma fábrica de loucos". Os parlamentares muitas vezes varam as madrugadas em discussões intermináveis em que "ninguém escuta ninguém". "Um deputado fala e nenhum presta atenção nele. Outro dia mesmo tinha um fazendo um discurso superbacana, sobre educação. Outro pediu a palavra. E reclamou: 'Já pedimos para instalarem tomadas novas aqui e não instalaram'. É uma coisa de louco."

Tiririca fica sempre calado em seu lugar, observando. "Se eu fosse fazer uma comédia disso aqui, seria o maior sucesso. Mas eu nem posso. Porque faço parte daqui. E tem o decoro parlamentar." Ele não dá as declarações em tom de crítica. Apenas constata os fatos. "Tiririca tem razão. Mandou bem. Uma pessoa normal que assiste à sessão da Câmara pela primeira vez acha mesmo que é coisa de maluco", diz o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ).

Eleito com 1,3 milhão de votos, a segunda maior votação da história para o cargo, Tiririca faz uma careta quando questionado sobre a possibilidade de concorrer à reeleição, em 2014. "Meus assessores dizem que todo mundo, no fim, gosta daqui, quer voltar. E que comigo vai ser assim também. Mas, por enquanto... não sei, não."

A caminho do cafezinho da Câmara, onde lancharia um escondidinho de carne seca, Tiririca é parado a todo momento para dar autógrafos e tirar fotografias, até com outros deputados. Poucos reparam na novidade: ele tirou o bigode. "No fim de semana, eu tomei uns conhaques e fui fazer a barba. Aí meu filho disse: 'Olha, pai, teu bigode ficou torto!' Raspei o bigode."

As pessoas entregam a ele CDs, cartas para encaminhar aos apresentadores Gugu Liberato, Tom Cavalcante e Ana Hickmann, seus colegas da TV Record, desenhos, livros de piadas. E fazem pedidos. Muitos pedidos. "O mais louco foi o de um cara que queria que eu entregasse uma música dele para o Julio Iglesias gravar. E nem era um CD. Era só um papel com a letra. Ele ficou uns cem dias me seguindo na Câmara." ? Tiririca recebe 200 pessoas por dia em seu gabinete. "Às vezes, temos que organizar numa fila", diz a assessora Edith Silva. Sempre grudada no deputado, atendendo o seu celular, pegando recado de parlamentares, alertando Tiririca quando jornalistas se aproximam, ela já ganhou até o apelido de "Florentina".

"As pessoas me pedem cadeiras de rodas, emprego. E a gente encaminha. Outro dia uma senhora pediu medicamentos. Ligamos para o [hospital] Sarah [Kubitschek]. As pessoas sabem que, com um telefonema da gente, um abraço [o pedido é atendido]", diz Tiririca. "Isso é sensacional." O contato com "o povo", diz, é uma das coisas boas do mandato. "Nos meus shows, eu fico no palco, distante. Aqui, não. Todos me param no corredor."

"E tem gente até do Sul que vem aqui só pra me ver", diz. "Torcem, rezam por mim. Uma senhora de 80 anos me disse: 'Cê já apanhou? Então agora você vai apanhar'. E bateu com força nas minhas costas, de tão emocionada."

Ele diz que não foi atingido pelos escândalos de seu partido, o PR. "Graças a Deus, não respingou em mim, não. Também, entramos só agora! As pessoas sabem que não temos nada a ver com isso."

FILA DA PIPOCA
O filme "Onde Está a Felicidade?", de Carlos Alberto Riccelli com Bruna Lombardi, teve pré-estreia anteontem no shopping Iguatemi. Entre os convidados, as atrizes Mônica Torres e Paula Cohen, a cantora Rita Gullo e Layla Motta, filha do arquiteto Carlos Motta.

CURTO-CIRCUITO

Alexandre Padilha participa, no sábado, do Encontro das Ligas de Combate ao Câncer, em Jaú.

A rede irlandesa de supermercados de luxo Superquinn passa a vender vinhos Miolo e Valduga.

Mulheres receberão aulas de direção hoje, no autódromo de interlagos, em evento da BMW.

com DIÓGENES CAMPANHA, LÍGIA MESQUITA e THAIS BILENKY

RENATA LO PRETE - PAINEL DA FOLHA


Minuto de silêncio
RENATA LO PRETE
FOLHA DE SP - 11/08/11

A paralisação das votações da Câmara ontem começou a ser articulada na véspera por diferentes partidos governistas. Madrugada adentro, chegou-se a cogitar que outras siglas imitassem o PR, não aparecendo na reunião do Conselho Político com Dilma Rousseff. A turma do "deixa disso" entrou em campo, mas não a ponto de desmobilizar o dia de braços cruzados.
Há queixas quanto à Operação Voucher, mas a questão principal é a torneira fechada das emendas. Em reunião de líderes com o presidente Marco Maia (PT-RS), o PMDB deixou claro que não deixará a DRU (Desvinculação de Receitas da União) passar, como quer o Planalto, antes da votação da emenda 29.
Marola O Planalto acredita que a cenografia da Operação Voucher embutiu um claro recado da PF a José Eduardo Cardozo (Justiça). A corporação reclama do contingenciamento de seus recursos, da redução no número de ações e de falta de diálogo com o ministério.

Termômetro Num périplo por gabinetes do PR no Senado ontem, Ideli Salvatti (Relações Institucionais) conversou com Alfredo Nascimento (AM), Blairo Maggi (MT) e Antonio Russo (MS).
Saiu convencida de que não há risco imediato de o insatisfeito partido deixar a base. Seus integrantes prometem uma "posição responsável" em relação ao governo.

Com moderação Ao contrário do que havia feito na Câmara, Wagner Rossi mediu as palavras no Senado ao falar de Oscar Jucá Neto, irmão de Romero Jucá (PMDB-RR) e agora metralhadora voltada contra a Agricultura. O líder do governo assistia na primeira fila.

Parentes 1 Durante o depoimento, Álvaro Dias (PSDB-PR) fez uma série de questionamentos sobre a comissão de licitação do ministério, cujo chefe foi afastado sob suspeita de cometer irregularidades. Ao responder, o peemedebista comentou: "A atual presidente é uma pessoa que o senhor conhece".

Parentes 2 Trata-se de Veridiana Dias, sobrinha do senador. Este, indagado a respeito horas depois, deu de ombros: "E eu com isso?".

Em progresso Não só os postos de comando da Conab devem ser trocados. Estão na mira duas secretarias do Ministério da Agricultura.

Espanador A incorporação do termo "faxina" ao vocabulário da Esplanada rendeu a Dilma um novo apelido: "a diarista". Segundo explicação ouvida em Brasília, a presidente "limpa um cômodo da casa a cada dia".

Quem avisa... Na reunião do Conselho Político, Roberto Amaral (PSB) disse a Dilma que seria bom não somar ao cenário de dificuldades econômicas um quadro de crise política, sob pena de a presidente não conseguir o apoio do Congresso às medidas que precisar adotar.

Subterrâneo O túnel de 900 metros entre Santos e Guarujá que Geraldo Alckmin detalha hoje está orçado em R$ 1,4 bilhão. A ponte estaiada prometida por José Serra custaria R$ 1,5 bilhão, sem contar desapropriações.

No limite Depois dos professores e policiais, o governo paulista anuncia hoje recomposição salarial para os servidores da saúde. Com a medida, a gestão tucana tenta impedir que a categoria entre em greve amanhã.

Digestivo Hoje com apoio de 2 dos 11 vereadores do PT paulistano, Fernando Haddad almoçará no sábado com a bancada. Petistas apostam que o preferido de Lula para a disputa de 2012 computará novas adesões ao final do encontro.

com LETÍCIA SANDER e FÁBIO ZAMBELI

tiroteio

"Esta turma aqui votou na Dilma, mas quem está governando é a Vana".
DO EX-DEPUTADO JOÃO CALDAS (PSDB-AL), em visita à Câmara, resgatando o pouco lembrado segundo nome da presidente da República para dar uma medida do descontentamento da base aliada com o Planalto.

contraponto

Pano rápido

Durante reunião de Ideli Salvatti com os senadores peemedebistas, anteontem, Roberto Requião (PR) provocou a ministra, às gargalhadas:
-Olha, nós do PMDB queremos total isonomia em relação ao tratamento dispensado pelo governo ao PR: é camburão na porta!
Ideli riu e, para fugir da saia justa, saiu-se com esta:
-Eu vou responder com uma frase que ouvi outro dia de um correligionário do Paraná: na política existe a oposição, a situação e o Requião!

MERVAL PEREIRA - Vantagens e desvantagens


Vantagens e desvantagens 
MERVAL PEREIRA
O GLOBO - 11/08/11

A possibilidade de um mesmo grupo partidário nomear a maioria ou, no limite, até mesmo a totalidade dos membros do Supremo Tribunal Federal faz com que o caso brasileiro se diferencie de seu modelo, que é a Suprema Corte dos Estados Unidos. Nos EUA, os presidentes nomeiam os ministros também, mas lá o Congresso, sempre equilibrado pelos partidos Republicano e Democrata, é mais severo ao aprovar as indicações: o ex-presidente George W. Bush não conseguiu emplacar sua advogada, que renunciou antes de se submeter à sabatina, diante da reação negativa que sua indicação suscitou.
Mas o mais importante é que, lá, o cargo de ministro é vitalício, o que faz abrir pouquíssimas vagas nos oito anos de mandato de um presidente que se reelege. Aqui, a idade limite de 70 anos e o sistema de aposentadoria pública estimulam a aposentadoria precoce, casos da ministra Ellen Gracie e de Nelson Jobim, entre outros.
Outra diferença fundamental é que na Corte Suprema a presidência é vitalícia, e seu ocupante é escolhido pelo presidente da República.
O jurista Joaquim Falcão, diretor da Faculdade de Direito da FGV do Rio, considera que a excessiva rotatividade da presidência do STF "gera descontinuidade, quase insegurança jurídica e administrativa".
Aqui, o presidente tem "o poder de pauta, que é muito grande. Lá, ele é um paciente formulador de consensos, a médio prazo", diz Falcão. "O presidente, em qualquer dos casos, conduz as prioridades do Supremo, mas, aqui, a pauta do ministro Jobim era uma; a da ministra Ellen Gracie, outra; a do ministro Gilmar Mendes, outra".
Mais ainda, ressalta Joaquim Falcão. "O presidente do STF, sendo presidente do Conselho Nacional de Justiça, também faz com que a rotatividade estimule uma descontinuidade de políticas administrativas".
Gilmar Mendes, por exemplo, era a favor de que os julgamentos dos juízes fossem públicos. Já o ministro Cezar Peluso, atual presidente, quer que sejam todos sob segredo de Justiça.
Jobim priorizou o combate ao nepotismo e o teto salarial, que não foram prioridades dos sucessores. "Sem continuidade, essas políticas perdem eficiência e se diluem no tempo diante da oposição dos magistrados contrários", diz Falcão. Por essas razões, ele advoga que uma reforma do STF e da gestão dos tribunais deveria contemplar um mandato de pelo menos cinco anos para o presidente.
Quanto à vitaliciedade, princípio para assegurar a independência do juiz, Falcão acha que ela estaria plenamente assegurada também por mandato fixo mais longo, combinado com uma aposentadoria razoável.
"Embora a legitimidade do Supremo não venha da representação eleitoral, ela vem da sintonia com os cidadãos para construir um difícil equilíbrio entre manter os princípios do pacto constitucional e ao mesmo tempo atualizá-los pelas permanentes mudanças sociais, políticas, econômicas e tecnológicas. Mandatos mais curtos permitem a renovação de maior sintonia com a evolução social a que estamos todos condenados", defende Joaquim Falcão.
O também jurista Luís Roberto Barroso, professor de Direito da Uerj, lembra que há dois grandes modelos de cortes supremas, ou de cortes constitucionais no mundo: um, representado pela Suprema Corte americana, na qual nos inspiramos; outro, pela Corte Constitucional alemã, que é o modelo que prevalece na Europa e foi seguido por democracias novas, como a da África do Sul.
Na Alemanha, os juízes constitucionais são nomeados pelo Legislativo, com exigência de maioria absoluta, e servem por um mandato de 12 anos, sem possibilidade de recondução.
Os partidos, diz Barroso, veem-se na contingência de convergirem para um nome de consenso, que normalmente será um professor ou acadêmico respeitável. Nos EUA, a importância do papel do Senado se manifesta, sobretudo, no cuidado com que o presidente escolhe o nome que vai indicar, para não correr o risco de rejeição, embora os casos de rejeição efetiva sejam muito poucos.
O fato de não existir aposentadoria compulsória, analisa Barroso, traz vantagens e desvantagens em cada modelo. "No caso da Suprema Corte americana, os ministros servem por 20, 30 e até 40 anos. Isso descola o tribunal, mais intensamente, do processo político majoritário, isto é, da política eleitoral".
Um ministro que atravessa diversos períodos presidenciais torna mais fácil que a Corte, em certas conjunturas, desempenhe o que se chama de papel "contra-majoritário"", o que pode ser bom, mas às vezes é ruim, ressalta, citando exemplos de casos em que, como no governo Roosevelt, o Supremo, mais conservador, interferiu na execução do "New Deal".
Na Alemanha, a politização e o ativismo são bem menores. Mas a Corte Constitucional tem influência política igual ou maior do que a Suprema Corte americana. "Pessoalmente, não vejo problema -- e até acho bom que alguns ministros não fiquem além de 10 anos e outros fiquem por 20 ou 25. Isso faz com que uns tenham mais sintonia política com o momento contemporâneo, outros menos", diz Barroso.
No Brasil, houve um caso de permanência longa (cerca de 25 anos) que teve influência histórica, recorda Barroso, o do ministro Moreira Alves. "Homem de formação jurídica sólida, seriedade e argumentação combativa", Moreira Alves foi nomeado no regime militar e nutria pouca simpatia pela Constituição de 88. "Enquanto ele esteve na Corte, sua liderança manteve a interpretação constitucional, sob a Constituição de 88, quase idêntica à que vigorava no período militar".
A partir da aposentadoria de Moreira Alves, conta Barroso, ministros como Sepúlveda Pertence, Celso de Mello e, mais à frente, Gilmar Mendes, começaram a desenhar uma Suprema Corte com participação política mais relevante. Esse processo se aprofundou na era Lula.
"Embora haja riscos democráticos envolvidos em uma expansão excessiva de qualquer corte de Justiça", até aqui Barroso considera que o STF "serviu muito bem à democracia brasileira".

JOSÉ SIMÃO - Bolsas! Vou investir em sapato!


Bolsas! Vou investir em sapato!
 JOSÉ SIMÃO
FOLHA DE SP - 11/08/11

E tem um repórter da TV portuguesa que se chama Paulo Catarro. Ainda bem que é em HD e não em 3D!


Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! Direto do País da Piada Pronta!
Jacareí: "Vereador chama professores de vagabundos". Como é o nome do vereador? Dario BURRO! Burro xinga professores!
E mais esta: "Mantega pede ajuda dos Três Poderes para enfrentar crise internacional". Pai, Filho e Espírito Santo. Rarará!
E a melô das Bolsas: "Pra cima/ pra baixo/ pra cima e pra baixo eu vou!". Emoção de montanha-russa. Montanha-russa só é bom em motel! E como disse uma amiga: "Com essa queda das bolsas, melhor investir em sapatos". Isso! Vou investir em sapatos! Rarará!
E a melô da Dilma: "Ministros Malditos! Ministros Malditos!". Agora é o do Turismo! Mais um pra Dilma mandar passear! "Devassa no Turismo: PF prende 35 pessoas". O que é isso? Excursão? Pacote? Chama a CVC! Charter da PF com destino a um presídio no Nordeste! Com direito a hospedagem grátis e banho de sol. Rarará!
E um leitor me disse que levou um susto quando leu "Devassa no Turismo": pensei que a Sandy tinha levado o anel pra passear! Rarará! E a manchete do Sensacionalista: "EUA e Fluminense temem novo rebaixamento". E aplicar na bolsa é assim: ou é na bunda ou na veia! EUA rebaixado! Entrou pro SPC! Não pode comprar nem nas Casas Bahia! Rarará!
E eu adoro esta expressão: "Teto da dívida". Eu não estou quebrado, o teto da minha dívida é que tá baixo! Tucanaram a pindaíba! Ou como disse o outro: "Minha dívida tá destelhada"! A dívida pode ter teto, mas o mundo tá sem chão! Teto da dívida deixa o mundo sem chão!
É mole? É mole, mas sobe! Ou como disse aquele outro: "É mole, mas trisca pra ver o que acontece!".E sabe como o PMDB pegou o Ministério da Agricultura? Falaram pra Dilma: "O PMDB está na sala de recepção". "Manda plantar batatas." "Oba! Mais um ministério."
E esta: "Família de misses do Amapá tem três irmãs com títulos de beleza". Como é o nome da mãe delas? Marilene Modesto. E tem um repórter da RTP, Rádio e Televisão de Portugal, que se chama Paulo Catarro. Ainda bem que é em HD e não em 3D! Rarará! Nóis sofre, mas nóis goza!
Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!