sábado, fevereiro 26, 2011

ANCELMO GÓIS

O lobby de Lula
ANCELMO GÓIS
O GLOBO - 26/02/11

Dilma decidiu, como se sabe, apoiar o projeto do Itaquerão, em São Paulo, para receber jogos da Copa de 2014. O lobby pelo futuro estádio do Corinthians foi forte e incluiu Lula, com quem a presidente almoçou antes da decisão. 

Calma, gente
A segurança de Michel Temer parece pensar que ele é vice... na Líbia. Quinta, Temer circulou pelo Rio com dois carros do Batalhão
de Choque, duas ambulâncias e vários veículos com chapa fria cheios de guarda-costas. À frente do séquito, dez batedores. 

País da pirataria
Pode ser só marketing dos ambulantes, já que a produção do filme montou um arsenal antipirataria. Mas camelôs de DVDs piratas da Av. N. S. de Copacabana já aceitam encomendas para “Bruna surfistinha”. Alguns têm lista de espera com até 50 nomes. 

Ave polêmica

Simone, a cantora, entrou na Justiça contra uma vizinha que tem uma cacatua e um filho que toca música eletrônica. É a segunda vez que a artista briga por causa de animais em seu edifício, em São Conrado, no Rio. 

Velha guarda
Candidato derrotado ao governo do Espírito Santo, o engenheiro Luiz Paulo Vellozo Lucas, 54 anos, está de volta ao Rio. Retomou o trabalho no BNDES, passou a dar aulas na PUC e, principalmente, retornou ao bloco Simpatia É Quase Amor, do qual é da velha guarda. 

Graciliano Ramos

O cineasta Sylvio Back está filmando, no Rio e em Alagoas, um documentário sobre a vida do escritor Graciliano Ramos (1892-1953). A produção é um ensaio geral para o longa de ficção “A angústia”, com filmagens em 2012.

O trovador da Tijuca
Aldir Blanc, o grande compositor, estimulado por Luciana Villas-Boas, da Editora Record, retomou seu primeiro romance policial, que começou a escrever anos atrás e abandonou. A história se passa na Tijuca. O livro deve sair até o fim do ano pela Coleção Negra da editora 

Barata federal 

O Airam Brasília Hotel, no DF, foi invadido por baratas. Terça passada, uma parceira da coluna teve de trocar de quarto por causa das cascudas. Um amigo dela, em outro quarto, matou seis baratonas na mesma noite. De manhã, uma graúda passeava pelo salão do café. 

Sotaque inglês 
A Gol assinou ontem acordo com a British Airways para que passageiros da inglesa possam comprar lá fora trechos de conexão operados pela brasileira. A Gol opera 51 destinos no Brasil e 13 na América Latina e no Caribe. 

Aquele abraço

Acredite. A taxa de vacância de imóveis comerciais no município do Rio desceu a incríveis 1,8%, segundo o relatório de janeiro da inglesa Richard Ellis. É o menor índice da série histórica na cidade. Ano passado, chegou a ficar em 3%, já considerado baixíssimo. 

Aliás...
Felipe Góes, presidente do Instituto Pereira Passos, espécie de IBGE da prefeitura do Rio, usa o baixo índice para defender a revitalização da Zona Portuária, onde a oferta de imóveis comerciais tende a crescer: — Por isso, o projeto Porto Maravilha é tão importante. 

Mais uma 
O empresário Alexandre Accioly acaba de incorporar a 24aacademia à rede A! BodyTech. Trata-se da academia Viktor Gym, no Recreio, no Rio.

UPP e bondinho
Voltou a funcionar ontem o bondinho do ramal Dois Irmãos, que liga regiões de Santa Teresa, no Rio. Desde a chuva de abril de 2010, a linha funcionava apenas parcialmente. 

Parabéns pra você
O técnico Alfredo Sampaio, do Boavista, o time miúdo que decide a Taça Guanabara amanhã com o Flamengo, foi pego de surpresa pelo bom desempenho de seu clube. É que Sampaio tinha marcado com antecedência, para o mesmo dia da final, uma baita festa de aniversário de 1 ano de seu filho.

ZONA FRANCA

 Michel Temer receberá o título de doutor honoris causa na Academia Brasileira de Filosofia. A saudação será do advogado Paulo de Barros Carvalho. 
 Será lançado hoje, no Instituto Cravo Albin, o DVD do filme de Marco Abujamra e João Pimentel sobre Macalé. 
 O professor Andrei Britto traz para o Rio as novidades do curso internacional de Crossfit.
 Washington Rodrigues vai entregar a Taça Guanabara, amanhã.
 Clínica Mario Groisman cria centro de excelência em clareamento dental.
 Bia Melo apresenta hoje “Poemas de bambas”, na Finep.
 Oásis lança bufê de outono.
● Tania Malheiros e Wilson Moreira cantam amanhã, na AABB, na Tijuca, às 16h30m, no Amigos do Alicate.

RUTH DE AQUINO

“O mundo é masculino e assim deve permanecer”

RUTH DE AQUINO


REVISTA ÉPOCA
Época
RUTH DE AQUINO
é diretora da sucursal de ÉPOCA no Rio de Janeiro
raquino@edglobo.com.br
A lei Maria da Penha é um conjunto de regras diabólicas. Se essa lei vingar, a família estará em perigo. Ora, a desgraça humana começou no Éden: por causa da mulher. As armadilhas dessa lei absurda tornam o homem tolo, mole. O mundo é masculino e assim deve permanecer. No caso de impasse entre um casal, a posição do homem deve prevalecer até decisão da Justiça, já que o inverso não será do agrado da esposa.
Releia o parágrafo acima, mas agora entre aspas. O autor dessas palavras é o juiz mineiro Edílson Rumbelsperger Rodrigues. Ele disse exatamente tudo isso em sentença, em 2007, ao julgar homens acusados de agredir e ameaçar suas mulheres. A Lei Maria da Penha existe desde agosto de 2006. Ela aumenta o rigor a agressões domésticas. Seu nome é uma homenagem à biofarmacêutica Maria da Penha Maia. Após duas tentativas de assassinato pelo marido em 1983, ela ficou paraplégica. O marido, Marco Antonio Herredia, foi preso após 19 anos de julgamento e ficou só dois anos em regime fechado.
Em novembro do ano passado, o juiz Rodrigues foi suspenso por dois anos pelo Conselho Nacional da Justiça por suas “considerações preconceituosas e discriminatórias”. Na última terça-feira à noite, o ministro Marco Aurélio, do Supremo Tribunal Federal, cancelou a punição. Defendeu a liberdade de pensamento dos magistrados. Para Marco Aurélio, a opinião de Rodrigues é “uma concepção individual” e “suas considerações são abstratas”. Segundo o ministro, não é preciso concordar com o juiz, mas a punição seria um exagero.
Na sexta-feira, tentei entrevistar Rodrigues. Por meio da assessoria da Associação dos Magistrados de Minas Gerais, ele informou que não vai falar sobre o assunto até o julgamento final do Supremo. Ditou uma nota aos assessores: “Meu pronunciamento pessoal seria mais prudente depois da decisão definitiva do STF, na qual evidentemente confiamos”. Rodrigues já conta com a solidariedade do ministro Marco Aurélio. Um sinal de que poderá ser definitivamente reabilitado.
Por muito tempo, Rodrigues sentiu-se perseguido. “Fui mal interpretado”, disse na ocasião, em 2007. Explicou que não ofendeu ninguém e, em sua sentença, citou até “o filósofo Jesus”. Mas admitiu achar a Lei Maria da Penha um “monstrengo tinhoso”, que leva a um “feminismo socialmente perigoso”. Segundo Rodrigues, alguns colegas concordam com ele, mas não têm coragem de dizer isso publicamente. Ele se considera um defensor do gênero feminino: “A mulher não suporta o homem emocionalmente frágil, pois é exatamente por ele que ela quer se sentir protegida”.
A frase do juiz língua solta nos leva a refletir sobre os limites da liberdade de expressão
O caso do juiz língua solta de Sete Lagoas, Minas Gerais, nos leva a refletir sobre os limites da liberdade de expressão. Podemos pensar o que der na telha. Falar é mais complicado. Especialmente quando ocupamos um cargo importante e representamos uma instituição. Mais delicado ainda é um juiz ter uma “concepção individual” que contrarie uma lei instituída. Digamos que, em casa, no domingão com a família, ou nos bares de Sete Lagoas, o cidadão Edílson desça o sarrafo na Lei Maria da Penha. Tudo bem. Mas usar sua convicção de superioridade masculina para julgar e proferir sentenças o torna pouco confiável para avaliar processos de agressão no lar. Ou não?
Gafes de pessoas públicas têm um preço. A presidenta Dilma repreendeu o general José Elito por ter declarado que os desaparecidos na ditadura militar são “um fato histórico”. O general foi obrigado a pedir desculpas. O papa Bento XVI repreendeu o bispo britânico Richard Williamson por negar o Holocausto. Williamson pediu perdão. A presidenta do Flamengo, Patricia Amorim, repreendeu o ex-goleiro Bruno por perguntar, em defesa de Adriano: “Qual de vocês, casado, nunca brigou ou até saiu na mão com a mulher?”. Bruno pediu desculpas. Ele está preso, acusado de agredir e fazer sumir a ex-amante e mãe de seu filho Bruninho.
Todos os acusados – juiz, general, bispo, goleiro – se disseram “mal interpretados”. Queria saber se o juiz Edílson Rodrigues repetiria tudo o que pensa diante de Dilma. Algo me diz que ela tem apreço pela Lei Maria da Penha e não acha o mundo masculino.

GOSTOSA

IVAN ÂNGELO

Chato, e querido
IVAN ÂNGELO

REVISTA VEJA - SP





O problema dos chatos é que demoram demais. Demoram numa conversa casual de esquina, demoram ao telefone, demoram a contar um caso, uma piada, ou a descrever uma cena, demoram a se despedir. Não sabem ir embora. Têm medo de ficar sozinhos consigo mesmos e se chatear. Sabem do que são capazes. Como disse o poeta Dylan Thomas: “Alguém está me enchendo o saco. Acho que sou eu”.

O ponto crucial da nossa relação com o chato é o tempo, o nosso tempo, que prezamos demais. O chato não tem esse problema, ele despreza o tempo. Não quer transformar o tempo em dinheiro, mas em conversa, uma lenta conversa na qual é protagonista. Não há chatos calados. Se um chato ficasse calado, você não saberia jamais que está diante de um deles.

Exceção é o chato suspiroso. Conheci um. Falava pouquíssimo, mas suspirava sem parar, dos suspiros fundos e trêmulos aos que se confundiam com o ato de expirar, só que se ouviam. Suspiros eram para ele uma forma de conversa, respondia com suspiros, comentava com suspiros, concordava com suspiros, alguns tão fundos que pareciam gemidos. Era como se dissesse que nos poupava o transtorno de contar suas angústias e as manifestava em suspiros. O último deve ter sido também de alívio.

Poder-se-ia supor que as pessoas bonitas não chateiam, porque enfeitam um ambiente. Não é verdade. Chatos não têm encantos, mesmo quando têm beleza. Conheci um desses, bonito, olhos azuis, algum dinheiro, mas... Não conseguia que as mulheres ficassem com ele por mais de uma semana.

Quando é que uma pessoa começa a ficar chata? Como se aprimora? Uma criança não é chata, no sentido do chato adulto. É chamada de chata por causa de distúrbios de comportamento, como birra ou turbulência, não por se alongar explicando uma coisa, ou por seus assuntos serem maçantes. Nunca são.

A gente conhece os chatos já prontos, não em formação. Talvez houvesse tempo de recuperá-los para o convívio diário e prazeroso, se fossem identificados prematuramente. Está aí um ramo ainda virgem da psicologia.

Entre os tipos humanos, o grupo mais intrigante é provavelmente o dos chatos queridos. Admite-se que são ótimas pessoas, generosas, prestativas, solidárias, mas a convivência com elas é penosa. Há pessoas difíceis que não são necessariamente chatas. Os briguentos, por exemplo, os instáveis, os agressivos, os grilados, os viciados, os consumistas compulsivos, os maníacos, os mal-habituados, os autoritários, os ciumentos — todos têm momentos insuportáveis, mas não são aborrecidos “full time”, não carregam aquele peso que transborda do chato.

Os chatos queridos ajudam quanto podem a quantos pedem. Podemos contar com eles. Mas não conseguimos ficar à vontade por muito tempo na sua companhia; vai surgindo em nós um fino, ínfimo padecimento, que cresce quanto mais inescapável é a situação. Depois de nos livrarmos deles, com uma desculpa qualquer, sentimo-nos aliviados, mas levemente culpados, porque sabemos que são boas pessoas, e só a nossa impaciência as desmerece. Ao contrário, quando nos livramos dos chatos que não têm atenuantes, o sentimento é de triunfo, com música de Wagner ao fundo.

Os queridos, quando morrem, são pranteados em enterros concorridos; no velório, são lembrados seus melhores momentos. Sentimos saudade. Não talvez dos seus momentos de aplicado cumprimento do seu papel no mundo (são predestinados!), mas daqueles momentos de presteza e bondade com que compensaram sua inglória missão.


FERNANDA TORRES

Energéticos
FERNANDA TORRES

REVISTA VEJA - RJ

Estão querendo regular o consumo de bebidas energéticas no Brasil, principalmente entre jovens menores de idade. Já não era sem tempo. Não tenho o hábito de ingeri-las, mas já fui freguesa árdua de guaraná em pó e vitamina C com aditivos. Eu era nova, fazia um teatro físico e, se não saísse do palco suando em bicas, parecia que não havia feito um bom espetáculo. Eu gostava de representar tinindo de tão acesa e me habituei a ingerir doses respeitáveis do fruto amazônico. Quando já estava chegando à fase da colher de sopa cheia de guaraná sem sentir os mesmos efeitos de outrora, adicionei vitamina C à mistura. Me lembro do dia em que o teto ficou preto assim que pus os pés na ribalta. O coração disparou e mal consegui prosseguir a rotina. Nunca mais apelei para beberagens palpitantes. Aprendi a fazer da própria personagem o meu motivo de enlevação em cena.

Em seu livro Surfando no Caos, o guru do psicodelismo da década de 60, Timothy Leary, conta que foi nos aparentemente caretérrimos anos 50 que reinou nos Estados Unidos o Doctor Feel Good, ou Doutor Bem-Estar. Era um médico de renome e com grande entrada entre os ricos e famosos. Sua especialidade consistia na administração de altas doses de anfetamina, às quais dava o inocente nome de “vitaminas”. Segundo Leary, o doutor chegou a distribuir caixas com as ampolas da alegria em larga escala para seus pacientes se injetarem em casa. Não é o caso, mas, por conta dos atuais energéticos, já vi arcadas dentárias batendo em um bruxismo descontrolado, já vi gente sem conseguir dormir ou assustada com temerárias palpitações cardíacas. O caso mais grave foi o de uma amiga que sempre gostou de tomar suas cervejas. Fascinada, descobriu que os energéticos reduziam os efeitos pastosos do álcool e ainda a faziam dançar a noite inteira. Sabendo de seu histórico coronariano, alertei-a sobre os riscos de tais bebidas para alguém com a circulação delicada. Ela ouviu, mas não deu ouvidos, as noites andavam tão animadas... Menos de duas semanas depois, a pobre baixou no hospital. O coração descarrilou em plena pista de dança. Os médicos lhe deram um belo sabão e ela nunca mais apelou para tais bálsamos.
A ingestão de cafeína, anfetamina e outras “inas” menos lícitas deve mesmo conter alertas quanto aos riscos e malefícios. Essas substâncias confundem porque, assim como o doutor Feel Good, misturam ligação com saúde. É justamente o contrário. Pior, alguns casos aliam aceleração metabólica com bebida alcoólica. Num país pré-alfabetizado como o nosso, é comum que a ignorância confunda as coisas. Soube de uma mãe que foi tachada de retrógrada porque proibiu o filho de 10 anos de ir à festinha de um colega da escola. A comemoração seria regada a um desses poderosos elixires de álcool e anfetamina sem que nenhuma outra mãe percebesse que não se tratava de refrigerante.
Um cafezinho ajuda, uma vitamina C e até um energizante em uma noite mais animada dão realmente asas a quem tem preguiça. Uma colher de guaraná antes de desfilar na avenida, por que não? Mas é preciso esclarecer que essas maravilhas artificiais não são tão virginais assim. Nem elas nem os produtos naturais. Um conhecido perdeu uns bons quilos de uma hora para outra auxiliado por um chá chinês de casca de laranja. Intrigada, uma amiga em comum, que já havia passado maus bocados por causa de um chá branco emagrecedor, enviou a casca de laranja para análise clínica. Além da fruta, uma boa dose de anfetamina nada natural causava a perda de apetite. Me lembra uma consulta médica que fiz na adolescência porque queria perder peso. O esculápio jurou de pés juntos que a pílula que me administraria era um produto natural inofensivo, feito especialmente para o meu metabolismo. Tomei para nunca mais. Junto com a fome lá se foi minha alegria. Depressão, ansiedade, taquicardia e angústia foram os principais sintomas da mezinha natureba do doutor magreza. Tenho pavor de remédio para emagrecer.
Não adianta. Fora casos extremos de obesidade mórbida e distúrbios endócrinos, os melhores aditivos são mesmo as serotoninas do esforço físico e a força de vontade. Tudo o mais tem contraindicação.

GOSTOSAS

ILIMAR FRANCO

Um negocião
ILIMAR FRANCO
O GLOBO - 26/02/11

O PT e o DEM fizeram uma aliança umbilical ao aprovar, na Câmara, a Autoridade Pública Olímpica. O que os une é o artigo 41 da Medida Provisória. Nele, está prevista a prorrogação das concessões para atividades comerciais (freeshops, Paraolimpíadas, em 2016. E, além disso, prevê que, no caso de “modernização dos estabelecimentos dentro do padrão exigido”, a contrapartida poderá
ser novos prazos de duração dos contratos.

O STF vai convocar pleito para suplente?

Os dirigentes partidários estão curiosos para saber o que fará o STF no Rio Grande do Norte, tendo em vista sua decisão de que o suplente é do partido e não da coligação. O DEM lançou apenas dois federais lá, e ambos elegeram-se: Felipe Maia e Betinho Rosado, que virou secretário do governo estadual. O primeiro suplente é tucano. De acordo com jurisprudência que o STF quer firmar, o suplente tem de ser do mesmo partido. Agora o STF terá de decidir se o Rio Grande do Norte ficará com um deputado
a menos, se aceita o suplente da coligação ou se convoca uma eleição suplementar para eleger um deputado suplente do DEM.

QUE PAÍS É ESTE? 
Com a palavra o senador Flexa Ribeiro (PSDBPA): "Queremos democracia no Brasil ou queremos iniciar uma
época chavista em nosso país? Daqui a pouco os poderes do Presidente da República serão como eram na Venezuela e como
eram em Cuba". O senador Cícero Lucena (PSDB-PB) ataca o governador Ricardo Coutinho (PSB-PB): "Os ditadores estão
caindo no Oriente Médio e podem não ter vida longa na Paraíba".

E na janela...
Não será apenas a oposição que perderá quadros com a criação de um novo partido pelo prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab. Na base aliada, o deputado Nelson Marquezelli (PTB-SP), por exemplo, é um dos que estão de malas prontas. 

O foco é a pobreza
A presidente Dilma Rousseff lança no dia 4 o Fórum de Políticas para Cidadania, que reunirá as secretarias de Direitos Humanos, Mulheres e Igualdade Racial, além da Secretaria Geral da Presidência. A prioridade é a erradicação da pobreza.

Devagar com o andor
A senadora Marta Suplicy (PT-SP), relatora do projeto que criminaliza a homofobia, tem pedido serenidade aos parlamentares que militam na área de direitos LGBTs e da mulher. Em vez de ir para o enfrentamento, ela defende a costura de apoio a projetos polêmicos como a união civil de pessoas do mesmo sexo e a descriminalização do aborto, que enfrentam forte resistência das bancadas católica e evangélica. 

Rifada
A bancada do PMDB do Rio na Câmara dançou. Ela queria continuar no comando da Comissão de Minas e Energia. Mas o líder Henrique Alves (RN) a entregou ao PT. O deputado Edson Ezequiel vai presidir a Comissão de Transportes.

De castigo

A direção nacional do PCdoB decidiu adiar a entrada do partido na gestão de Gilberto Kassab até ele sair do DEM. A adesão já foi aprovada pelos diretórios municipal e estadual. Os comunistas vão administrar a Secretaria da Copa.

● FILIAÇÃO. O PSB fará um ato político para celebrar a filiação do ex-ministro da Saúde José Temporão, no dia 28 de março, na Câmara Municipal do Rio. 
 RENOVAÇÃO. Depois de oito anos nas mãos do senador José Agripino (RN), a liderança do DEM será assumida por Demóstenes Torres (GO). 
 REGRA PERMANENTE. O deputado Reguffe (PDT-DF) apresentou proposta prevendo correção anual da tabela do Imposto de Renda pelo INPC mais 1%.

AUGUSTO NUNES

A turma que sonha com o extermínio dos imperialistas ianques não conseguiria viver num mundo sem os Estados Unidos
AUGUSTO NUNES
VEJA ONLINE

“Os Estados Unidos precisam usar sua influência para que os golpistas aceitem um acordo”, começou a miar o chanceler Celso Amorim no fim de 2009, depois de descobrir que o governo interino de Honduras não se dispunha a perder tempo com bravatas em mau português. Se o governo americano não tivesse articulado o acordo que restabeleceu a normalidade política no país caribenho, o companheiro Manuel Zelaya ainda estaria hospedado na pensão a que foi reduzida a embaixada brasileira em Tegucigalpa, jogando lenha na fogueira que Hugo Chávez acendeu e Lula alimentou.

A recente conversa entre Antonio Patriota e Hillary Clinton sobre a retirada dos brasileiros em perigo na Líbia atesta que o Planalto gostou tanto da fórmula inaugurada em Honduras que pretende induzir a Casa Branca a engolir uma exótica parceria: o Brasil sempre entra com o problema e os Estados Unidos entram sempre com a solução.

Confrontado com a insurreição popular que surpreendeu Muamar Kadafi, Patriota nem sequer sugeriu a Lula que conseguisse do seu “amigo e irmão”, como recitou o então presidente no encontro da União Africana em 2009, autorização para a entrada de embarcações estrangeiras em águas líbias. Tratou de pedir socorro à secretária de Estado do governo Barack Obama.

Sem a ajuda dos Estados Unidos, mais de 600 brasileiros ainda estariam a ver navios no litoral de Tripoli e Benghazi. Mas Obama não vai ouvir de Lula, quando o mais loquaz dos governantes recuperar a voz, um único e escasso tanquiú gaguejado em surdina. Tampouco deve esperar agradecimentos formais do Itamaraty. Nessa parceria à brasileira, o País do Carnaval não só entra sempre com o problema como, entre um socorro e outro, debita na conta de quem o socorreu todos os males e pecados do mundo.

É o que fez a companheirada nos oito anos do que Ricardo Setti batizou de lulalato. É o que sempre fizeram os esquerdopatas que passam a vida sonhando com o extermínio do Grande Satã, mas não conseguiriam viver sem ele. “Nós precisamos do imperialismo norte-americano, assim como um retirante precisa de sua rapadura”, ironizou o grande Nelson Rodrigues em março de 1968. “Ele é a água da nossa sede, o pão da nossa fome, é o nosso gesto, é a nossa retórica. Quem nos justifica e quem nos absolve? O imperialismo”.

Num dos parágrafos, o cronista previu o que aconteceria “se Deus convocasse as nossas elites, as nossas esquerdas, inclusive a católica; se chamasse os estudantes, se chamasse os escritores e lhes perguntasse: ‘Venham cá. Vocês querem que eu expulse o imperialismo americano?”". Nem pensar, concordariam prontamente os consultados, prontos para a cena descrita por Nelson Rodrigues: ‘”Cairíamos de joelhos, na calçada, soluçando o apelo: ‘Não faça isso, Excelência, não faça isso!’”.

A ÚLTIMA BÚSSOLA
Se as coisas eram assim há 50 anos, pioraram extraordinariamente com o sumiço de todas as demais referências que orientavam os combatentes da Guerra Fria. De lá para cá, desapareceram a União Soviética, o Muro de Berlim, a Cortina de Ferro, o Pacto de Varsóvia, a China maoísta, o Partidão, até a Albânia. Fidel Castro virou garoto-propaganda da Adidas e agoniza numa Cuba em decomposição. A última bússola é o imperialismo ianque.

A hostilidade aos Estados Unidos é o derradeiro traço comum da tribo que junta stalinistas farofeiros, vigaristas bolivarianos, terroristas islâmicos, populistas malandros, socialistas gatunos e ditadores africanos de diferentes túnicas e contas bancárias na Suiça. Neste começo de milênio, caso acordassem num mundo sem os Estados Unidos, todos se sentiriam mais órfãos que um Pedro II sem pai nem mãe, sem trono e sem José Bonifácio.

“O tal ódio aos americanos não chega a ser um sentimento, não chega a ser uma paixão. É uma defesa”, diagnosticou Nelson Rodrigues. “O imperialismo é culpado de tudo e nós, de nada”. A acreditar na lengalenga dos guerrilheiros de festim, é por culpa da nação que garantiu em duas guerras o triunfo da liberdade sobre o totalitarismo que o Brasil ainda não acabou de vez com a fome, o analfabetismo, a seca do Nordeste, o impaludismo, os naufrágios do Enem, a mortalidade infantil, o déficit público, a impunidade dos corruptos e dos assassinos, o desmatamento da Amazônia e a pouca vergonha epidêmica.

É também a Casa Branca que impede a paz planetária, avisa uma vez por semana o assessor presidencial Marco Aurélio Garcia. Enquanto o ministro das Relações Exteriores pedia ajuda a Hillary, o conselheiro para complicações cucarachas agora promovido a chanceler sem Itamaraty tirou do armário a farda e a espingarda de veterano da Guerra Fria, desta vez para fuzilar a ideia, esboçada pelos EUA, de apressar com sanções políticas e econômicas a queda de abjeções como Kadafi.

Inimigo do meu inimigo é meu amigo, acredita Garcia. Se os americanos não gostam dele, então o ditador da Líbia é gente fina. Quem deve ser tratado como tirano psicopata é o presidente da mais vigorosa e admirável democracia da História. Por coerência, o governo brasileiro tem de colocar sob suspeição qualquer figura elogiada por Barack Obama, certo? Errado, ensina o título honorífico que Lula mais aprecia.

Ao ouvir do intérprete servil que o colega americano dissera que era ele “o cara”, o alvo da lisonja deveria ter ficado tão ruborizado quanto uma virgem de antigamente: para merecer um afago da personificação do Mal, algum pecado mortal teria cometido. Que nada. Com um sorriso de candidata a Miss Simpatia, Lula amparou-se na expressão arbitrariamente atribuída a Obama para passar a enxergar no espelho o maior dos pais-da-pátria desde Tomé de Souza.

Há três anos, ele lustra o ego com a mesma gabolice: “Não fui eu quem falou que eu era o cara”. Tem razão. Foi nomeado pelo homem que a tribo acusa de chefiar o imperialismo ianque.

NOVA IGREJA

JAILTON DE CARVALHO

Brasil é o país onde mais jovens são assassinados
JAILTON DE CARVALHO
O GLOBO - 26/02/11
Segundo o Unicef, adolescentes são mais vulneráveis ao desemprego e à violência; 38% vivem em situação de pobreza

BRASÍLIA. Relatório do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) informa que 38% dos adolescentes do Brasil vivem em situação de pobreza e são o grupo etário mais vulnerável ao desemprego, à violência e até à degradação ambiental, entre outros indicadores de redução da qualidade de vida. O documento, divulgado ontem, informa que 81 mil adolescentes brasileiros de 15 a 19 anos foram assassinados entre 1998 e 2008. Segundo o texto, o Brasil ocupa o primeiro lugar no ranking mundial de homicídios de jovens.

Na contramão do que acontece nos demais países, inclusive em nações mais pobres, no Brasil o número de assassinatos de adolescentes é bem maior que o número de adolescentes mortos em acidentes de trânsito e outras causas violentas. Segundo o coordenador do Programa de Cidadania dos Adolescentes do Unicef no Brasil, Mário Volpi, os adolescentes brasileiros estão mais expostos à violência do tráfico de drogas, às falhas das políticas de segurança e, em algumas áreas, à pobreza:

- O número de mortes violentas de adolescentes no Brasil é desproporcional em relação a qualquer outro país.

O Unicef faz um apelo para que o governo invista na criação de programas de saúde, educação e segurança voltados especialmente para adolescentes. Pelos dados da ONU, o Brasil tem 33 milhões de adolescentes (entre 10 a 19 anos).

"Em consonância com o relatório mundial, a situação dos adolescentes no Brasil demonstra que atualmente as oportunidades para sua inserção social e produtiva ainda são insuficientes, tornando-os o grupo etário mais vulnerável a determinados riscos, como o desemprego e subemprego, a violência, a degradação ambiental e redução dos níveis de qualidade de vida", diz trecho do relatório.

Numa análise mais detalhada, o relatório mostra que, em termos proporcionais, os adolescentes negros são mais atingidos pelas desigualdades sociais. "As crianças e os adolescentes afrodescendentes são os mais afetados pela pobreza, elevando esse número (de adolescentes pobres) para 56%", diz o Unicef.

O Fundo chama atenção também para o crescimento dos casos de gravidez na adolescência. Em 1998, foram registrados 27.237 nascimentos de mães de 10 a 14 anos. Em 2008, este número subiu para 28.479. Mais da metade das crianças que se tornam mães vivem no Norte e Nordeste, onde estão algumas das cidades com os mais altos índices de prostituição infantil. "As complicações relacionadas à gravidez e ao parto estão entre as principais causas de morte de meninas de 15 a 19 anos de idade em todos os lugares do mundo", destaca o relatório.

O Unicef recomenda que o governo brasileiro crie medidas direcionadas aos adolescentes. Uma das sugestões é ampliar o ensino médio, que hoje estaria voltado exclusivamente para preparar os jovens para o mercado de trabalho. Para o Unicef é importante que as escolas ofereçam também opções de cultura, esporte, lazer e conteúdos que reforcem a cidadania. O Unicef sugere ainda que a rede de saúde ofereça serviços médicos específicos para adolescentes.

SONIA RACY - DIRETO DA FONTE

Mamma Mia

SONIA RACY


O ESTADO DE SÃO PAULO - 26/02/11


A exemplo do Ano da França, o Momento Itália/Brasil promete fortes emoções. Somente na área de artes plásticas, a ideia é trazer obras de Caravaggio, Leonardo da Vinci e Modigliani, muitas delas nunca antes vistas no País.
Shows de Chico Buarque, Roberto Carlos e Toquinho estão nos planos. Melhor ainda se aceitarem a ideia de subir ao palco com repertório exclusivo de canções italianas.
E os grandes nomes não terminam aí. Negocia-se a vinda de Bernardo Bertolucci e Umberto Eco para a Flip.
Mamma 2
O futebol também será contemplado. Como se trata de duas seleções campeãs de Copas do Mundo, estão tentando articular uma espécie de Mundialito: um minitorneio do qual participarão dois times de cada país. Os brasileiros, com um prerrequisito: precisam ter raízes na Itália.
Além, claro, de uma disputa emocionante: um jogo entre as duas seleções nacionais.
Quem vem
Bottomley de Nettlestone, baronesa inglesa, chega a São Paulo quarta-feira.
A nobre pretende conhecer de perto a subsidiária da AkzoNobel, na condição de acionista e membro do conselho de administração da maior fabricante de tintas do mundo.
No Brasil, o grupo tem a Coral.
Time das meninas
Dilma trocou Rogério Aurélio Pimentel, fiel assessor de Lula no Gabinete Pessoal, por Maria José Silveira Pessoa.
Acelera, Ayrton
Eloisa de Sousa Arruda, secretária da Justiça do Estado, aproveita a verificação dos taxímetros feita pelo Ipem, em Interlagos, para pedir: quer dar uma voltinha pelo S do Senna na segunda-feira.
Mas os fiscais já estão avisados: terão que respeitar o limite de 60 km/h, exigido dos taxistas na pista.
Timão
Somente os "gaviões fieis" abonados terão portraits autografados de Rivellino, Sócrates, Neto, Basílio, Wladimir e Marcelinho Carioca. Clicados por Bob Wolfenson, eles estão entre os que farão parte do Collector´s Book Nação Corinthians, da Editora Toriba.
Essa edição especial, de apenas cem exemplares, custará cerca de R$ 10 mil.
Volta por cima
São Luiz do Paraitinga, arrasada pelas chuvas em 2010, está deixando a tristeza no passado. Além do carnaval este ano, exibe, em abril, o projeto Mestres Navegantes comandado por Betão Aguiar. Os shows reunirão 15 grupos que atuam na região. Da performance sairá uma coleção de cinco discos patrocinados pela Natura Musical.
Ritmo bunga-bunga
Nem Mubarak escapou das marchinhas que animam os blocos de carnaval no Rio. Agora, foco mesmo destas canções é... Berlusconi.
Tipo original
Kiara Sasso, Rachel Ripani e Andrezza Massei, de Mamma Mia!, vão à Broadway. Aceitaram convite do diretor da montagem em NY para assistir o espetáculo por lá.
Na frente
Marcelo Rubens Paiva autografa seu Ua-brari, segunda na Mercearia São Pedro.
Esse é o último final de semana de Dueto Para um, com Bel Kowarick. No Tucarena.
Paulinho Moska faz show, domingo, no Auditório do Ibirapuera.
Elisa Bracher expõe Ponto Final na Galeria Millan. A partir de 2 de março.
Tem Grito de Carnaval com Moacyr Luz hoje, no Pirajá.
Os que almoçavam ontem no Rodeio ficaram curiosíssimos. Queriam saber o que tanto conversavam Ronaldo, Faustão e Marcus Buaiz . 

GOSTOSA

ANNA RAMALHO

Estão podendo
ANNA RAMALHO
JORNAL DO BRASIL - 26/02/11

Os gastos de brasileiros com viagens internacionais e compras com cartão de crédito no exterior bateram novo recorde no mês de janeiro. De acordo com dados divulgados quinta- feira pelo Banco Central, os brasileiros gastaram mais de US$ 1,7 bilhão em outros países no mês passado. Esse é o maior valor registrado desde 1947. 

Se...
O Lula ainda estivesse entre nós, diria que “nunca antes na História deste país” e blá-blá-blá. 

Ver pra crer 
Uma portaria da Polícia Rodoviária Federal, publicada na edição de anteontem do Diário Oficial da União, definiu a lista de feriados prolongados que interditam o trânsito de veículos longos de carga nas estradas federais de pistas simples. São eles: Carnaval, Semana Santa, Corpus Christi, Proclamação da República, Natal e Ano-Novo.

E aí?
A pergunta que não quer calar: vai ter patrulheiro rodoviário em número suficiente pra vigiar o cumprimento da lei? Nunca é demais
lembrar que só Minas Gerais tem mais de 800 municípios. 

Mais São Tomé 
Segundo informações divulgadas esta semana, o dado mais recente de desmatamento na Amazônia mostrou uma redução de
13,6% em relação à área devastada no ano passado, quando 7.008 km² de mata foram derrubados. Traduzindo: se for mesmo verdade, a Amazônia teve o menor índice de desmatamento nos último 23 anos. 

Passaporte 
Quem prestigiar o ensaio da Mangueira, amanhã, no Zozô, na Urca, pode estar com o pé na avenida. A organização do evento vai
sortear quatro fantasias da escola para o desfile do domingo de Carnaval

Presente de grego
Depois de ganhar de presente das alunas um cruzeiro marítimo, o professor Luiz Claudio Martins foi surpreendido no embarque com a desagradável notícia de que sua mala com todos os seus pertences tinha sido extraviada para outra embarcação, e que ele teria que prosseguir viagem de mãos abanando. Por conta do inconveniente e de todo o estresse que sofreu, ganhou da Nova
Sealink Viagens uma indenização de R$ 15 mil. 

Nas onze
2011 está brilhando para o ator Silvio Guindane. Ele assina o texto da peça Quanto tempo da vida eu levo para ser feliz, que estreia sexta-feira, no CCBB; reestreia, dia 18, o espetáculo Após a chuva, no Solar de Botafogo. Ainda está no elenco de Broder , que entra em cartaz no início do mês.

Tem mais
Guindane viverá o protagonista da novela Vidas em jogo, do Avancinni, que estreia em abril, na Rede Record. Ufa!

WILSON FIGUEIREDO

Como se soletra reforma política
WILSON FIGUEIREDO
JORNAL DO BRASIL - 26/02/11
COM OS NOVOS-RICOS lá em cima, os pobres lá embaixo, e, por toda parte, a herança dos gastos feitos pelo antecessor, o novo governo teria mesmo de apelar para o modesto salário mínimo na hora de pagar as contas que começaram a chegar. O ex-presidente Lula marca de perto a sucessora e faz o possível para que o governo Dilma Rousseff não ganhe autonomia de voo com a proposta de reforma política para valer.
Da parte de Lula, como ocorreu nas oportunidades em que a reforma foi cogitada no seu governo, era melhor do jeito que estava. Sem ela. Foi um jeito de se subentender sem se comprometer. Lula não tinha queixas da política (como era praticada e continuou) no primeiro mandato, cujo ápice foi o mensalão. Era interessado em confundir e descartar a reforma. Sabe lidar com os costumes e com quem pode contar. Eventualmente, bem entendido. Para que mudar? O efeito final, seja como for, vai soterrar os dois mandatos anteriores sob o mesmo refrão - "nunca, antes, na história deste país". Nem se cometeu tanta reincidência a título de coincidência.
Com sotaque de ex-candidato, José Serra não esperou cumprir-se o prazo de 100 dias concedido a qualquer governante, extensivo ao perdedor, como se este governo fosse a inevitável continuação do anterior e não pudesse se habilitar às diferenças implícitas. O que a presidente Dilma Rousseff tem demonstrado - sobre modos de governar e liberdade de imprensa - é suficiente para medir a distância que a deixa cada dia mais longe da prática do lulismo (e não do próprio Lula). Semelhanças e diferenças dizem, de modo desigual, a mesma coisa, e se completam em qualquer língua. As coincidências não falam claro, nem dizem tudo.
O que Serra refere como "festival de barganhas" vem se tornando a razão de ser da política brasileira de muito antes - se tornando a razão de ser da política brasileira, cuja sobrevivência, no deplorável estágio atual, só estará garantida se a re-forma for transferida, sem data, para as calendas gre-gas. Governo, como qualquer atividade pública que não se preze, acaba em festivais de vários calibres.
Nunca é demais lembrar que Dilma Rousseff e José Serra se apresentaram em etapas diferentes da evolução política brasileira, e vieram da esquerda para o centro pela evolução universal da democracia. A ordem de circunstâncias relativas a um e a outra - um na legalidade e outra no plano inclinado da ditadura - não altera o resultado. Serra viveu, sem ilusões, a limitação de esquerda depois de 1964, aplicou-se ao pensamento nacionalista no pequeno espaço político disponível. Acabou no exílio. Depois do AI-5 (1968), por falta de alternativa, nada mais a fazer.
Na época em que não havia ação política legal, a juventude encaminhou Dilma para a via revolucionária. As diferenças entre a política e o apelo revolucionário se mantiveram na volta à legalidade. Não houve - nem antes nem depois - qualquer convergência possível. O
que se viu na campanha eleitoral, por intermédio de Lula, intensificou tensões históricas acumuladas em divergência sem proveito.
Serra observa que a presidente fala pouco e nunca de improviso "para fingir que nada disso é com ela". E não é mesmo: é com Lula. A res-peito do que não diz sobre o PSDB, estará Serra disposto a encarar? Depois deste "período de reflexão", diz que vai "debater o Brasil". Pois que se apresente, com os seus 44 milhões de votos e a experiência de deputado, senador, líder de bancada, ministro (duas vezes), prefeito de São Paulo (ca

JUIZ TRABALHANDO

RENATA LO PRETE - PAINEL DA FOLHA

Concentração
RENATA LO PRETE 

FOLHA DE SÃO PAULO - 26/02/11 

A exemplo do que fez ontem em São Paulo, Dilma Rousseff comandará nos próximos dias outras reuniões "in loco" para discutir a Copa de 2014. Na segunda, a presidente estará no Rio com o governador Sérgio Cabral (PMDB) e o prefeito Eduardo Paes (PMDB). Na terça, aproveitará a ida à Bahia para tratar do tema com Jaques Wagner (PT).
Preocupa Dilma o ritmo das obras de infraestrutura em praticamente todas as cidades-sede. Em recente reunião no Planalto, ela ouviu de um colaborador: "Se há imagens que serão lembradas na história deste governo serão as da abertura e do encerramento da Copa". O tema virou obsessão para a presidente.


Lição de casa Na reunião de ontem, com Dilma acompanhada dos ministros Antonio Palocci (Casa Civil) e Orlando Silva (Esporte), os participantes locais tiveram papel secundário. A presidente basicamente distribuiu tarefas aos times de Geraldo Alckmin (PSDB) e Gilberto Kassab (DEM). 

Onde pega Os membros do comitê paulista informaram a Dilma que os entraves arquitetônicos apontados pela Fifa no Itaquerão estariam solucionados e expressaram preocupação com os R$ 200 milhões necessários para adaptar o estádio à capacidade exigida para a abertura -65 mil lugares. 

Vamos ver 1 O ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal e do TSE, vê com reservas a ideia de um novo partido criado única e exclusivamente para que os filiados escapem do risco da perda de mandato por terem abandonado suas legendas. É o roteiro planejado por Kassab para sair do DEM e, depois de uma rápida passagem pela nova sigla, fundi-la com o PSB. 

Vamos ver 2 "A fusão, por si só, não afasta a possível caracterização de infidelidade partidária", diz o ministro. Por outro lado, ele lembra que a Justiça Eleitoral "não chegou a examinar a questão da fidelidade do ponto de vista dos cargos majoritários, nos quais a substituição de titulares é mais complicada". 

Subtração Tucanos já admitem pelo menos duas defecções pró-Kassab na Câmara paulistana, o que deixaria a bancada do PSDB em pé de igualdade com a do PT, ambas com 11 integrantes.

Recolhimento O Planalto nada falará por ora, para não levantar a polêmica, mas são grandes as chances de Dilma vetar a emenda do presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), que prorroga contratos de concessionárias de lojas em aeroportos. 

Termômetro 1 Quem circula pelos corredores do Supremo diz que o governo deve passar sufoco na votação que decidirá se o salário mínimo pode ser reajustado por meio de decreto nos próximos quatro anos. 

Termômetro 2 Comentário de quem conhece a situação financeira do governo de perto: "Se bobear, Dilma está torcendo para que a Justiça derrube a possibilidade de reajustar o mínimo por decreto. Sobretudo se a economia crescer muito". 

E agora? Dilema existencial registrado no Twitter pelo presidente do PT, José Eduardo Dutra, diante da televisão na noite de quinta-feira: "Vai começar 'Missing', de Costa-Gavras. Como eu faço com 'Vale Tudo'?". 

Bússola Reunidos em Brasília, dirigentes de 21 Assembleias Legislativas decidiram cobrar formalmente do STF respostas a dois temas de insegurança jurídica para os deputados: a posse de suplentes e a aplicação da Lei da Ficha Limpa. 
com LETÍCIA SANDER e FABIO ZAMBELI

tiroteio

"Mesmo se convidado, eu teria o bom senso de não ir, até para não surgir a especulação de que eu levaria um puxão de orelha."
DO DEPUTADO GIOVANNI QUEIROZ, excluído, em razão da rebeldia do PDT na votação do salário mínimo, da reunião que Dilma Rousseff terá com líderes da base aliada na próxima semana. Ele alega ter votado contra os R$ 545 propostos pelo governo em respeito a "princípios partidários".

Contraponto

Dia de cão 

Na Comissão de Ciência e Tecnologia da Assembleia paulista, deputados apreciavam projeto de lei que institui o "Dia do Cachorro". Havia consenso quanto à inadequação da proposta, mas nenhum dos participantes da reunião queria melindrar os defensores dos animais instalados na plateia. Até que Ed Thomas (PSB) interveio com uma solução diplomática:
-Todos nós concordamos que o cão é o melhor amigo do homem. Exatamente por isso, não seria justo que fosse homenageado com uma data específica. Eu defendo que todo dia seja dia do cachorro...