sábado, dezembro 31, 2011

O "upgrade" do Rio - EDUARDA LA ROCQUE

O GLOBO - 31/12/11

Contrastando com a crise econômica mundial, o município do Rio de Janeiro recebeu neste fim de ano ótimas notícias para sua saúde financeira. Foi liberada a última parcela do empréstimo do Banco Mundial (Bird) para reestruturação da dívida municipal com o Tesouro Nacional; conseguimos um upgrade na nossa nota de crédito - o que nos transformou na única unidade federativa com classificação igual à da União - e, coroando nossos esforços de revitalização do setor financeiro, atraímos para a cidade uma bolsa de valores, a americana Direct Edge, que movimenta entre um e dois bilhões de ações diariamente no mercado internacional. Para completar, devemos fechar o ano com uma taxa de investimento acima de 20%.

A reestruturação de nossa dívida com a União foi o primeiro passo na rota de recuperação da capacidade de investimento do município, que era de apenas R$750 milhões no orçamento de 2009. Naquele ano, gastamos cerca de R$900 milhões com as nossas obrigações de dívida. Hoje, temos um orçamento para investimentos de R$4,5 bilhões - seis vezes mais do que tínhamos no início da administração. Ou seja, estamos com taxas quase chinesas.

O Bird surgiu como um parceiro na transformação da administração pública carioca. Negociamos um empréstimo de US$1 bilhão - o maior para um município na história do banco. Liberado em duas parcelas (2010 e 2011), o recurso foi usado para amortizar 20% da nossa dívida com a União, permitindo o fim do saldo residual e a redução dos juros sobre o saldo remanescente de 9% para 6%. Isso representará para o Rio uma economia de R$2 bilhões (valor presente) nos próximos anos. Além disso, a transação foi formatada como um Empréstimo de Política de Desenvolvimento (Development Policy Loan - DPL), contemplando iniciativas promotoras do crescimento sustentável do Rio.

Esse ajuste nas contas públicas contribuiu decisivamente para que o município do Rio atingisse o "grau de investimento" há um ano, conferido pela Moody"s. A mesma agência elevou nossa nota de crédito no início deste mês. Um upgrade significativo, dado que a cidade subiu três degraus em três anos no rating. Também a Fitch, outra importante agência internacional de classificação de risco, nos deu investment grade em 1º de dezembro, com nota de crédito igual à conferida à União e ao Banco do Brasil, ao BNDES e à Petrobras.

Paralelamente ao saneamento das contas públicas, o Rio voltou a ser um polo seguro de negócios. Para celebrar essa revitalização, preparamos a segunda edição do Rio Investors Day, evento que já incluiu a cidade no calendário financeiro global e que ocupará novamente o Copacabana Palace nos dias 21 e 22 de maio de 2012. Além de contar com a presença das principais companhias nacionais e de investidores institucionais de todo o mundo, o Rio Investors Day congregará os setores público e privado, e autoridades e personalidades do mundo financeiro. Também será importante vitrine dos principais projetos em andamento na cidade.

Passados três anos, a sensação é de dever cumprido. Saneamos as contas da prefeitura, recuperamos a nossa capacidade de investimento e criamos um ambiente favorável aos negócios, o que inclui inúmeras Parcerias Público-Privadas. Estamos, portanto, com todas as condições necessárias para fazer das Olimpíadas de 2016 não apenas um grande evento, mas principalmente um mote transformador de nossa cidade, sem qualquer ameaça à sua sustentabilidade fiscal.

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