sábado, julho 03, 2010

JASON DEPARLE

Um mundo em movimento crescente

Jason Deparle, The New York Times 

O Estado de S.Paulo - 03/07/10


Talvez não haja uma força na vida tão onipresente, e tão subestimada, do que a migração, que está reordenando o globo


A arenga de Gordon Brown sobre uma eleitora "intolerante" acelerou sua saída do cargo de primeiro-ministro britânico. O que o tirou do sério? A queixa que ela fez sobre imigrantes, Quando um terremoto abalou o Haiti, os dominicanos enviaram soldados e os americanos enviaram navios - para desencorajar imigrantes potenciais. O congressista que gritou "Você mente!" ao presidente Barack Obama estava transtornado com a questão dos imigrantes.
Talvez não haja força na vida moderna tão onipresente e contudo subestimada que a migração global, esse veículo de destruição criativa que está reordenando cada vez mais o mundo. Subestimada? Um cético poderia perfeitamente questionar essa afirmação, considerando a frequência com que o tópico ganha as notícias e que as notícias provocam dissensões. Afinal, a campanha do Arizona contra imigrantes ilegais, codificada em lei em abril, desencadeou debates acalorados de Melbourne a Madri. Mas a migração também molda a paisagem por baixo de eventos aparentemente não relacionados às manchetes. É uma história por trás da história, uma maré complicadora, em questões tão distintas como as disputas por bônus escolares e os esforços para isolar o Irã.
Mesmo pessoas que ganham a vida estudando a migração têm dificuldade de apreender todos seus efeitos. "Politicamente, socialmente, economicamente e culturalmente, a migração aflora por toda parte", disse James F. Hollifield, cientista político da Universidade Metodista do Sul. "Com frequência não a reconhecemos." Um âmbito em que a migração causa efeitos importantes ainda que em grande parte subestimados é o do financiamento escolar.
Cientistas políticos descobriram que eleitores brancos são mais propensos a se opor aos planos de gastos quando percebem que os principais beneficiários serão filhos de imigrantes (em especial, de imigrantes ilegais). O resultado, é claro, afeta todas as crianças, imigrantes ou de décima geração.
"Quando se tem uma maior diversidade, enfraquece-se o apoio ao bem comum", disse Dowell Myers, um demógrafo da Universidade do Sul da Califórnia. Myers estudou a Proposição 55, uma iniciativa eleitoral de 2004 na Califórnia que tentava obter US$ 12,3 bilhões em vendas de bônus para aliviar a superlotação e modernizar escolas.
Publicamente, a maioria dos opositores enquadrou suas preocupações em termos econômicos, dizendo que o governo desperdiçava dinheiro e assumia dívidas insustentáveis. Ainda assim, o ódio contra a imigração ilegal foi, como um oponente colocou, o "elefante na sala de visitas". A superlotação escolar, ele escreveu numa carta a The Riverside Press Enterprise, "é causada exclusivamente pela estúpida política de fronteiras abertas dos EUA". Myers descobriu que, descontando todas as outras coisas (como opiniões políticas contrárias), os eleitores que viam a imigração como um ônus foram aproximadamente 9 pontos porcentuais mais propensos a se opor à medida que os que consideraram a imigração um benefício. "Esse é um grande efeito - foi quase suficiente para derrubá-la", disse ele. A medida foi aprovada por meros 50% dos votos.
Terceira onda. Os teóricos às vezes chamam o movimento de pessoas de a terceira onda da globalização, após o movimento de bens (o comércio) e o movimento de dinheiro (as finanças) que começaram no século anterior. Mas comércio e finanças seguem normas globais e são regidos por instituições globais: a Organização Mundial de Comércio, o Banco Mundial, o Fundo Monetário Internacional. Não há nenhum grupo paralelo com "imigração" no nome. A forma mais pessoal e perigosa de movimento é a mais desregulada. Os Estados fazem (e com frequência ignoram) suas regras, decidindo quem entra, quanto tempo fica e de que direitos desfruta.
Apesar de o comércio e as finanças globais serem disruptivos - alguns diriam que tanto quanto a imigração - eles são disruptivos de maneiras menos visíveis. Uma saia fabricada no México pode custar o emprego de um trabalhador americano. Um trabalhador do México pode mudar para a casa ao lado, mandar seus filhos à escola pública e é preciso falar com ele em castelhano.
Uma razão para a imigração parecer tão potente é que ela surgiu inesperadamente. Ainda nos anos 70, a imigração parecia tão pouco importante que o Departamento do Censo dos EUA decidiu parar de perguntar às pessoas onde seus pais tinham nascido. Agora, um quarto de todos os moradores dos EUA com menos de 18 anos são imigrantes ou filhos de imigrantes.
A ONU estima que existem 214 milhões de migrantes em todo o mundo, um aumento de 37% em duas décadas.
Suas fileiras cresceram 41% na Europa e 80% na América do Norte. "Há mais mobilidade neste momento do que em qualquer outra época da história mundial", disse Gary P. Freeman, um cientista político da Universidade do Texas.
Os mais famosos países de origem de migrantes na Europa - Irlanda, Itália, Grécia, Espanha - de repente se tornaram destinos de migrantes. A Irlanda elegeu seu primeiro prefeito negro em 2007, um homem nascido na Nigéria.
Como herdeiros de um passado imigrante, os americanos podem levar vantagem numa era de migrantes. Por mais contenciosa que a questão seja aqui, a capacidade dos americanos de absorver imigrantes continua causando inveja em muitos europeus (incluindo os que não se inclinam a invejar os americanos). Mas os desafios de hoje diferem dos daquele passado (mitificado). Pelo menos cinco diferenças separam essas eras e ampliam os efeitos da migração.
A primeira é o alcance global da migração. Os movimentos do século 19 eram mais transatlânticos. Agora, nepaleses suprem fábricas sul-coreanas e mongóis fazem trabalhos desgastantes em Praga. As economias do Golfo Pérsico entrariam em colapso sem os exércitos de trabalhadores de fora. Mesmo nos EUA, os imigrantes estão espalhados por dezenas de "novas portas de entrada" não acostumadas a eles, de Orlando a Salt Lake City.
Um segundo traço diferenciador é o dinheiro envolvido, que não só sustenta as famílias deixadas para trás como sustenta economias nacionais. Os migrantes enviaram para casa US$ 317 bilhões no ano passado - três vezes a ajuda estrangeira mundial total. Em pelo menos sete países, as remessas de fora representam mais de 25% de seu Produto Interno Bruto.
Um terceiro fator que aumenta o impacto da migração é o aumento relativo do contingente feminino: quase metade dos migrantes mundiais hoje são mulheres, e muitas deixaram seus filhos para trás. Seu surgimento como arrimos de família está alterando a dinâmica familiar em todo o mundo em desenvolvimento. A migração fortalece algumas, mas coloca outras em risco, e o tráfico sexual é hoje um problema mundial.
A tecnologia introduz uma quarta diferença com o passado: as massas acotoveladas chegaram à Ilha de Ellis sem celulares ou webcams. Agora, uma governanta em Manhattan pode falar com seu filho em Zacatecas, votar nas eleições mexicanas e assistir programas de TV mexicanos.
O "transnacionalismo" é um conforto, mas também um problema para os que acham que ele impede a integração. Numa era de jihad global, pode ser também uma ameaça à segurança. O imigrante paquistanês que reconheceu sua culpa em uma tentativa de atentado a bomba em Times Square disse que as lições jihadistas chegaram a ele do Iêmen, via internet.
Ao menos um outro traço amplia o impacto da migração moderna: a expectativa de que os governos a controlarão. Nos EUA, durante boa parte do século 19, não houve nenhuma barreira legal à entrada. Agora, espera-se que governos ocidentais mantenham o turismo e comércio fluindo e respeitem direitos étnicos enquanto fecham fronteiras. Seus fracassos - flagrantes, ainda que talvez inevitáveis - enfraquecem a fé mais geral na competência federal.
"Isso basicamente diz às pessoas que o governo não consegue fazer seu serviço", disse Demetri Papadementriou, um cofundador do Instituto de Política de Migração, um organização de pesquisa em Washington. "Ela cria a retórica anti-governo que vemos, e a raiva que as pessoas estão sentindo." Mas países ricos, em fase de envelhecimento, precisam de trabalhadores. Pessoas em países pobres precisam de empregos. E o aumento da desigualdade global implica que os migrantes têm mais do que nunca a ganhar procurando trabalho no exterior. 
TRADUÇÃO DE CELSO M. PACIORNIK

JOSÉ (MACACO) SIMÃO

Dunga burro!
JOSÉ SIMÃO
FOLHA DE SÃO PAULO - 03/07/10




Após a passagem do Dunga pela África, incluirão mula sem cabeça em safári. Com direito a atirar!


BUEMBA! BUEMBA! Macaco Simão Urgente! Direto da Cópula do Mundo!
Dunga burro! O estábulo do Dunga caiu! Vou enfiar uma vuvuzela no fiofó do Dunga! Rarará.
E chute agora é "dar um felipe melo"! Vou te dar um felipe melo. PAHN! Dê um felipe melo no seu melhor amigo.
E já tão dizendo que o Felipe Melo vai passar férias no sítio do Bruno do Flamengo! Rarará! O Felipe pisou na bola e no holandês! Felipe Melo na hora de transar não usa camisinha, usa caneleira!
E o William Bonner no "Jornal Nacional": "Onde está você, Fátima Bernardes?". "No aeroporto, na fila do check-in." Rarará!
E o Kaká? Cadê o exército do Senhor? Seleção sem o Kaká é um Kokô. E seleção com o Kaká é uma Káka! Rarará.
E o Galvão Urubueno? Rouco, rouco! Parecia a Foca da Disney. Cruzamento de Pato Donald com a Foca da Disney! Rarará!
Jogador brasileiro é mimado. O adversário rouba a bola, e eles ficam dando piti! Batendo o pé! E o Júlio César? Eu já disse que o melhor goleiro do mundo é a cueca: segura um atacante e duas bolas!
Viramos laranjada! E o Twitter explodiu logo após o jogo. Em vez de derrubar a Holanda, o Dunga derrubou o Twitter! Rarará! E depois da passagem do Dunga pela África, eles vão incluir MULA SEM CABEÇA em safári. Com direito a atirar!
Dunga, cadê o meu feriado de terça-feira? E a famosa trinca do Dunga? Dunga vai de trinca. A trinca trincou! Rarará! Perdemos pro time da Van: Van der Wiel, Van Bommel e Van Persie. Agora vamos pro aeroporto de VAN! Rarará! E o Felipe MELOU a Copa! Devia tá no vale-tudo!
E hoje ainda temos a AAAARGH...ENTINA! Guentar o MALAdona pulando na beira do campo. Parecendo um panda com artrose!
E corre na internet a verdadeira seleção da Argentina. Hoje, a Argentina entra em campo com Maricones, Boludo, Quilmes e Chorizo. Alfajor, Tango, Perón e Verón. Palermo, Panaco e Babaco! Técnico: Mano de Diós!
E avisa pro povo do "Pânico" que não é mais antônio nunes, é felipe melo. Feeeeelipe Meeeelo. PÁ!
Nóis sofre, mas nóis goza.

GOSTOSA

SONIA RACY - DIRETO DA FONTE

Bola quadrada
SONIA RACY
O ESTADO DE SÃO PAULO - 03/07/10
O Ministério Público Federal instaurou novo inquérito para investigar gastos do Comitê Olímpico Brasileiro com a campanha que escolheu o Rio como sede das Olimpíadas de 2016.
Foram repassados ao comitê pelo Ministério dos Esportes mais de R$ 44 milhões, segundo documento do MPF.
Bola quadrada 2
E não para por aí. Chegou ao MPF esta semana, por meio do advogado Alberto Murray Neto, questionamento sobre os gastos do COB com "faustosa comemoração" de fim de ano, em 2009.
De acordo com a denúncia, trata-se de uma "celebração privada, apenas para convidados do comitê que, como se sabe, tem suas contas pagas com dinheiro público, decorrente dos recursos da Lei Piva".
A assessoria do COB informa que foram usadas verbas privadas do próprio comitê.
Quem vem
Depois de Lou Reed na Flip, em agosto, será a vez de sua mulher, Laurie Anderson, no Brasil. A badalada artista de multimídia abre em outubro, a exposição Eu em Tu, no CCBB.
Che Boludo!
Hoje é dia de jogo entre Argentina e Alemanha, por muitos considerado o mais difícil desta Copa. E como jogará Carlito Tevez?
Indagado, o ex-técnico do Corinthians Antônio Lopes, que comandou o craque na equipe de 2005, responde: "Tevez está bastante experiente, em ótima forma física e praticando um excelente futebol. É muito rápido e tem inteligência para jogar. Não será nada fácil para Alemanha".
Exemplar
Quinta-feira, às 8h da manhã, Sérgio Rosa foi visto na sede do Detran do Rio de Janeiro.
O executivo, que há um mês deixou a presidência do poderoso fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil, a Previ, entrou em uma longa fila destinada à renovação da carteira de habilitação ou permissão para direção em território internacional.
Enfrentou duas horas de espera pelo atendimento.

Na frente

Para levantar recursos em prol da Associação Amor Por Favor, Vanessa Pedote faz exposição e Renato Godá,show, no Baretto. Segunda.
Paula Goldman mergulha em tema delicado: o tráfico de pessoas na América do Sul. O longa será exibido dia 13, no Festival de Cinema Latino Americano.
A Alpargatas abre no dia 6, sua primeira loja Havaianas nos Estados Unidos. Mais precisamente, em Huntington Beach, conhecida como a surf city da Califórnia.
Tristeza tem fim: acabou ontem. Olho agora em 2014!

TUTTY VASQUES

A derrota do final feliz em pessoa!
TUTTY VASQUES
O ESTADO DE SÃO PAULO - 03/07/10

O Verissimo não tem nada que se culpar! Se o Júlio César atendeu aos apelos do cronista para voltar a jogar todo de verde contra os holandeses, não quer dizer que, por isso, o goleiro tenha socado o ar no gol de cruzamento do Sneijder. Até porque, com ele naquela bola, subiu o Felipe Melo e, quando o "Dunga do Dunga" está por perto, não precisa procurar culpado para nada de ruim que aconteça na vizinhança. O vilão é sempre o camisa 5.
Já contra Portugal, ele precisou ser substituído para não acontecer o que ontem, mais uma vez, eram favas contadas: o cara seria expulso por agressão. Felipe Melo é a derrota do final feliz em pessoa! Dunga perdeu a oportunidade de reverter esse carma, sacando o volante de campo quando ele deu aquele passe de Ganso para o gol de Robinho, aos 10 minutos do primeiro tempo. Se sua participação na Copa terminasse ali, já teria valido a pena a teimosia de levá-lo à África do Sul.
Alguma coisa mais sobrenatural que a Jabulani saiu dos pés de Felipe Melo quando ele meteu aquela bola de 40 metros à la Gerson, mas o Brasil preferiu achar que, num passe de terreiro, seus problemas acabaram. Quando, enfim, deixou o transe de craque e voltou a si, o vilão atingiu o clímax da expulsão que todos esperavam para o último ato.
O Verissimo, insisto, é inocente!,
Sempre ela!
A eliminação da seleção brasileira muda a cara da publicidade na TV: Marília Gabriela deve bater a qualquer momento a marca de Robinho entre os garotos-propaganda de maior exposição durante a Copa.

A ONU do futebol
A julgar pelo tom das advertências, a Fifa pode invadir a Nigéria a qualquer momento, se o governo do país africano não recuar da intervenção na seleção eliminada na Copa. Nem a ONU fala tão grosso com o Irã!

Memórias do cárcere
O choro compulsivo das camareiras do Fairway Hotel na despedida da seleção brasileira de Johannesburgo deixou Dunga com uma pulga atrás da orelha. Parece que uma delas ensinou o Júlio Baptista a tocar a Shosholoza no cavaquinho.
Agenda positiva
Entre as lições que a eliminação da Copa vai deixar nesse grupo, Kaká aprendeu a dizer palavrão novo durante o jogo de ontem.
Agenda positiva 2
O desastre da seleção não é, necessariamente, o fim da Copa para os brasileiros. Pelo contrário, secar a Argentina pode até ser muito mais divertido do que torcer pelo Brasil.
Jogo quente
Ninguém teve coragem de perguntar ao Dunga na coletiva o que todo mundo em casa queria saber do técnico após o jogo, ou seja, por que ele estava usando três camisas e sobretudo em campo numa temperatura ambiente de 20 graus à sombra.
Tem de aturar
A seleção brasileira ganhou apelido carinhoso dos torcedores sul-africanos na despedida: Banana Banana! 

SE SE SE FUDEU-SE-SE-SE

ARTHUR RIVIN

O Alzheimer, pelo paciente

Arthur Rivin

O ESTADO DE SÃO PAULO - 03/07/10

Médico americano conta o processo de desenvolvimento da doença, dos sintomas ao diagnóstico, e como sua rotina mudou



Sou médico aposentado e professor de medicina. E tenho Alzheimer. Antes do meu diagnóstico, estava familiarizado com a doença, tratando pacientes com Alzheimer durante anos. Mas demorei para suspeitar da minha própria aflição.
Hoje, sabendo que tenho a doença, consegui determinar quando ela começou, há 10 anos, quando estava com 76. Eu presidia um programa mensal de palestras sobre ética médica e conhecia a maior parte dos oradores. Mas, de repente, precisei recorrer ao material que já estava preparado para fazer as apresentações. Comecei então a esquecer nomes, mas nunca as fisionomias. Esses lapsos são comuns em pessoas idosas, de modo que não me preocupei.
Nos anos seguintes, submeti-me a uma cirurgia das coronárias e mais tarde tive dois pequenos derrames cerebrais. Meu neurologista atribuiu os meus problemas a esses derrames, mas minha mente continuou a deteriorar. O golpe final foi há um ano, quando estava recebendo uma menção honrosa no hospital onde trabalhava. Levantei-me para agradecer e não consegui dizer uma palavra sequer.
Minha mulher insistiu para eu consultar um médico. Meu clínico-geral realizou uma série de testes de memória em seu consultório e pediu depois uma tomografia PET, que diagnostica a doença com 95% de precisão. Comecei a ser medicado com Aricept, que tem muitos efeitos colaterais. Eu me ressenti de dois deles: diarreia e perda de apetite. Meu médico insistiu para eu continuar. Os efeitos colaterais desapareceram e comecei a tomar mais um medicamento, Namenda. Esses remédios, em muitos pacientes, não surtem nenhum efeito. Fui um dos raros felizardos.
Em dois meses, senti-me muito melhor e hoje quase voltei ao normal. Demoramos muito tempo para compreender essa doença desde que Alois Alzheimer, médico alemão, estabeleceu os primeiros elos, no início do século 20, entre a demência e a presença de placas e emaranhados de material desconhecido.
Hoje sabemos que esse material é o acúmulo de uma proteína chamada beta-amiloide. A hipótese principal para o mecanismo da doença de Alzheimer é que essa proteína se acumula nas células do cérebro, provocando uma degeneração dos neurônios. Hoje, há alguns produtos farmacêuticos para limpar essa proteína das células.
No entanto, as placas de amiloide podem ser detectadas apenas numa autópsia, de modo que são associadas apenas com pessoas que desenvolveram plenamente a doença. Não sabemos se esses são os primeiros indicadores biológicos da doença.
Mas há muitas coisas que aprendemos. A partir da minha melhora, passei a fazer uma lista de insights que gostaria de compartilhar com outras pessoas que enfrentam problemas de memória: tenha sempre consigo um caderninho de notas e escreva o que deseja lembrar mais tarde.
Quando não conseguir lembrar de um nome, peça para que a pessoa o repita e então escreva. Leia livros. Faça caminhadas. Dedique-se ao desenho e à pintura.
Pratique jardinagem. Faça quebra-cabeças e jogos. Experimente coisas novas. Organize o seu dia. Adote uma dieta saudável, que inclua peixe duas vezes por semana, frutas e legumes e vegetais, ácidos graxos ômega 3.
Não se afaste dos amigos e da sua família. É um conselho que aprendi a duras penas. Temendo que as pessoas se apiedassem de mim, procurei manter a minha doença em segredo e isso significou me afastar das pessoas que eu amava. Mas agora me sinto gratificado ao ver como as pessoas são tolerantes e como desejam ajudar.
A doença afeta 1 a cada 8 pessoas com mais de 65 anos e quase a metade dos que têm mais de 85. A previsão é de que o número de pessoas com Alzheimer nos EUA dobre até 2030.
Sei que, como qualquer outro ser humano, um dia vou morrer. Assim, certifiquei-me dos documentos que necessitava examinar e assinar enquanto ainda estou capaz e desperto, coisas como deixar recomendações por escrito ou uma ordem para desligar os aparelhos quando não houver chance de recuperação. Procurei assegurar que aqueles que amo saibam dos meus desejos. Quando não souber mais quem sou, não reconhecer mais as pessoas ou estiver incapacitado, sem nenhuma chance de melhora, quero apenas consolo e cuidados paliativos.
ARTHUR RIVIN FOI CLÍNICO-GERAL E É PROFESSOR EMÉRITO DA UNIVERSIDADE DA CALIFÓRNIA 

MÔNICA BERGAMO

ATÉ O FIM
MÔNICA BERGAMO
FOLHA DE SÃO PAULO - 03/07/10

O governador Alberto Goldman (PSDB-SP) insistirá com Ricardo Teixeira, da CBF, e a Fifa para que o Morumbi abrigue partidas da Copa de 2014 no Brasil. "Se o estádio não é adequado para a abertura, é pelo menos para os demais jogos", afirma. Ele diz confiar nas declarações do prefeito Gilberto Kassab (DEM-SP) de que não está articulando para que o Piritubão seja o plano B do Mundial. "O que ele me diz é que Pirituba não é para a Copa e sim centro de convenções com arena multiuso." Kassab diz ainda que o complexo "não estará pronto em 2014".

NA CABEÇA DE KASSAB 
Informado de que o secretário municipal Marcos Cintra (Trabalho), um dos responsáveis pela licitação do Piritubão, afirma que a arena será construída de acordo com as especificações da Fifa, visando à Copa, Goldman diz: "Ele é secretário do quê? Vai ver sabe mais do que eu. Não sou obrigado a saber tudo o que se passa na prefeitura, nem na cabeça do prefeito, muito menos na do Marcos Cintra".

QUEM TEM BOCA
O Palmeiras vai dar uma medalha comemorativa do jogo contra o Boca Juniors, no dia 9, na despedida do Parque Antarctica, que será reformado, para os torcedores do setor "premium" do estádio. O ingresso custará R$ 600. Haverá também a exibição de um time de masters do clube. 


O estádio será decorado com bandeiras do Verdão e da Itália.

CONEXÃO MALUFISTA 
O ex-vereador Antonio Salim Curiati Júnior (PP-SP), que foi vice de Paulo Maluf na eleição para prefeito de São Paulo de 2004, será candidato ao Senado.

PREGÃO 
Um conjunto de joias desenhadas por Roberto Burle Marx será leiloado em agosto, no Salão de Arte de SP. 



O lance mínimo pedido para o colar, a pulseira, o par de brincos e o broche feitos de ouro 18 quilates e citrino é de R$ 40 mil. 

TIO MICK 
O livro "Mick Jagger e os Rolling Stones", do autor alemão Willi Winkler, será lançado em agosto no Brasil pela editora Larousse. A obra fala do início da banda de Mick Jagger. 

CAPA DURA 
Deve ter 3.000 m2 a biblioteca que a Secretaria Estadual da Cultura pretende fazer no parque do Belém. 

Ela vai ocupar três pavilhões, com inauguração programada para o final do ano. 

CAVALARIA
Athina Onassis e Doda Miranda promovem jantar no Rio, na terça, para lançar a próxima edição do campeonato de hipismo Athina Onassis International Horse Show. Entre os convidados, o governador Sérgio Cabral e o prefeito Eduardo Paes.

APERTE O PLAY 
Luciana Brito realizou jantar em torno de Eder Santos em sua galeria na Vila Olímpia. O videoartista mineiro inaugurou a mostra "Cinema" nesta semana, no espaço.

GRAFITE CHIQUE 
Uma videoinstalação imitando um bueiro que transborda, telas e fotografias compõem "Vari Ações Urbanas", mostra do grafiteiro Zezão, que está em cartaz na galeria Choque Cultural, em Pinheiros.

CURTO-CIRCUITO
As artistas Sara Ramo e Cinthia Marcelle inauguram a instalação "A Grande Ilusão", hoje, a partir das 14h, no Galpão Fortes Vilaça.
Arnaldo Antunes e Edgard Scandurra fazem o show "Pequeno Cidadão", hoje, às 14h, na Livraria da Vila da rua Fradique Coutinho. 
A mostra "Pérolas Imperfeitas", de David Glat, será inaugurada amanhã, às 12h, no Museu Afro Brasil.
Moacir dos Anjos, cocurador da Bienal de SP, se reuniu nesta semana em Lisboa com Jorge Barreto Xavier, representante do Ministério da Cultura de Portugal, e com os artistas portugueses que farão parte da mostra. 
A Latitudes e a Casa do Saber lançam hoje roteiro de viagem exclusivo para o Japão. 
O show "Noite das Divas", com Graça Cunha, Jack Ribas e Nanny Soul, acontece na terça, às 23h30, no Rey Castro. Classificação: 18 anos.

JAPA GOSTOSA

EDITORIAL - O ESTADO DE SÃO PAULO

Reintegração injustificável


EDITORIAL
O ESTADO DE SÃO PAULO - 03/03/10
O que sobra em dramatização falta em racionalidade nas explicações que o deputado Sebastião Bala Rocha (PDT-AP) tenta dar - por escrito, no parecer que apresentou sobre as propostas, e na entrevista que concedeu à repórter do Estado Denise Madueño - para a aprovação de dois projetos que permitem a reintegração de 55 mil servidores públicos e empregados de empresas controladas pelo governo que deixaram seus empregos há 14 anos em programas de demissão voluntária.
Por que o funcionário que aderiu a um programa desses, e recebeu bem mais do que receberia numa demissão ou aposentadoria convencional, pode ter o direito de retomar o emprego que aceitou deixar? Como fica a situação do funcionário que optou por permanecer no cargo e não recebeu nenhuma indenização? Pelo projeto, o funcionário readmitido não destinará mais do que 10% de seu salário mensal para devolver o que recebeu ao se demitir, o que deixará um enorme saldo devedor quando ele novamente se aposentar - e quem pagará esse saldo?
Estas são perguntas que os funcionários que permaneceram em plena atividade ou se aposentaram em condições normais nos últimos 14 anos e os contribuintes em geral gostariam de ver respondidas de maneira clara. Mas nem o autor da proposta, deputado Leonardo Picciani (PMDB-RJ), nem o relator do projeto na Comissão de Trabalho, de Administração e Serviço Público da Câmara, deputado Sebastião Bala Rocha, apresentam respostas convincentes a elas nos documentos em que defendem a medida.
Houve dois planos de desligamento voluntário durante o governo Fernando Henrique. O primeiro, de 1996, ofereceu vantagens financeiras atraentes aos que optassem por deixar o emprego público. O segundo, além das vantagens, ofereceu também a possibilidade de treinamento e financiamento aos que aderissem ao plano, com o objetivo de prepará-los para iniciar um empreendimento próprio.
Ao apresentar o projeto, Picciani justificou-o alegando que o governo não cumpriu sua parte, pois não ofereceu treinamento aos demitidos nem lhes abriu uma linha de crédito. Se houve esse problema, os que se sentiram prejudicados deveriam ter recorrido à Justiça para defender seus direitos. Se não recorreram foi porque não viram necessidade de fazê-lo.
Ao incorporar ao projeto de Picciani outras propostas sobre temas correlatos, o relator incorporou as justificativas utilizadas por seus autores. Bala Rocha afirma, por exemplo, que "trabalhadores que não se submetiam aos desmandos do governo federal, que visavam a minimizar a intervenção estatal na economia, eram sumariamente demitidos ou subjugados e assediados moralmente até entregarem seus empregos ou cometerem suicídios". Não se conhecem, felizmente, casos tão dramáticos.
O relator não sabe quanto seu projeto custará para o governo. O que se sabe, com certeza, é que os participantes dos programas de demissão voluntária colocados em prática no governo anterior receberam um valor que compensou sua decisão. Os exemplos apresentados pelo Estado na quinta-feira são claros. Um servidor com 24 anos de trabalho recebeu de indenização o equivalente a até 34,4 salários mensais. É esse dinheiro que, se reintegrado, o funcionário demitido terá de devolver para o governo.
Pelo projeto, ele poderá fazer isso em suaves prestações mensais. Em alguns casos, o prazo para a quitação plena da dívida chega a quase 40 anos. Ou seja, ela não será paga inteiramente pelo devedor - mas alguém pagará o saldo devedor.
Os dois projetos ainda precisam passar pelas Comissões de Constituição e Justiça e de Finanças. O deputado José Genoino (PT-SP) promete barrá-los na primeira comissão. Mas, neste ano eleitoral, projetos dessa natureza estão sendo aprovados com rapidez, com o apoio da base governista.
Tramita na Câmara outro projeto como esses, concedendo novo prazo aos demitidos durante o governo Collor que, apesar das oportunidades oferecidas por uma lei aprovada em 1994 e da possibilidade de recurso à Justiça, não conseguiram ser readmitidos no serviço público. Esse projeto está mais avançado, pois já passou pelo Senado.

PAINEL DA FOLHA

Entre elas
RENATA LO PRETE
FOLHA DE SÃO PAULO - 03/07/10

Apesar do empenho da campanha de Dilma Rousseff para abrir espaços no eleitorado feminino, o mais recente Datafolha mostra que a petista perdeu três pontos nesse segmento em junho -tem hoje 30%-, mês em que o PT praticamente transformou sua convenção em um evento voltado às mulheres. A candidata também concentrou agenda e falas direcionadas ao gênero. Para tentar minimizar a dificuldade, petistas afirmam que Lula obteve desempenho pior entre as mulheres em todas as eleições que concorreu.
Do outro lado, José Serra (PSDB) ampliou a preferência com as eleitoras: subiu de 38% para 45%.


Mensagem 1 Em meio à rocambolesca novela do vice, a campanha de José Serra identificou, em pesquisas qualitativas, boa receptividade de eleitores aos comerciais estrelados pelo tucano. A essas inserções, mais do que a qualquer outro fator, atribui-se a oscilação positiva dele no Datafolha. 

Mensagem 2 Os comerciais, no entender da campanha, foram bem sucedidos em transmitir a ideia de que Serra fez coisas pela população mais pobre. 

Caixa Com uma das campanhas a deputado federal mais caras do Rio em 2006, o vice de Serra, Indio da Costa (DEM), foi financiado por empreiteiras e bancos, com destaque para Itaú, Prosper e Cruzeiro do Sul, este pertencente a sua família. 

República Em Brasília, Indio dividiu o apartamento funcional de deputado com o colega de bancada Paulo Bornhausen, hoje líder do DEM na Câmara. Só recentemente conseguiu um para si no mesmo prédio da Asa Sul. 

Lados Ex-petista e fundador da CUT, Tilden Santiago será o segundo suplente na chapa de Aécio Neves (PSDB) ao Senado em Minas. Hoje filiado ao PSB, Santiago foi embaixador em Cuba no primeiro mandato de Lula.

Vacina Advogados de vários partidos discutiam ontem a possibilidade de registrar as chapas na segunda-feira com uma condicionante. A ideia é que haja uma cláusula que permita alterar a composição caso o TSE decida, em agosto, manter a regra que impõe a verticalização por meio da propaganda. 

Partitura 1 Dois filhos do governador paulista, Alberto Goldman (PSDB), se apresentarão amanhã no Festival de Inverno de Campos do Jordão. Cláudio (piano e voz) e Gabriel Goldman (clarinete) farão recital para convidados na capela do Palácio da Boa Vista. Segundo o governo, os músicos abriram mão dos cachês e não haverá cobrança de ingresso -apenas coleta de doações para projetos de "musicalização social" na cidade. 

Partitura 2 A Secretaria da Cultura diz que a escolha das atrações é feita pelo conselho artístico-pedagógico do festival. Ainda segundo a pasta, os filhos de Goldman figuram na lista de convidados pela organização para shows beneficentes. Em seu site, o pianista Cláudio se define como "um dos mais versáteis artistas da cena brasileira". No Twitter, ele adiantou que interpretará de Beethoven a Caetano Veloso. 

Agora vai Após sucessivos adiamentos, a avaliação no governo é que a votação do pré-sal na Câmara ocorrerá na próxima semana. 

Visita à Folha Wang Yiyi, vice-presidente da Zhejiang Daily Press Group, visitou ontem a Folha. Estava acompanhado de Fabio Hu, presidente da Câmara de Comércio de Desenvolvimento Internacional Brasil-China. 

com SILVIO NAVARRO e LETÍCIA SANDER

Tiroteio

"Como acreditar que a campanha do Serra será ficha limpa se um cacique do DEM já recorreu ao Supremo para buscar proteção?"
DO DEPUTADO MAURÍCIO RANDS (PT-PE), sobre a liminar do STF para liberar a candidatura do senador Heráclito Fortes (DEM), condenado em segunda instância pelo Tribunal de Justiça do Piauí.
Contraponto
Campo minado
Único dos candidatos à Presidência na sabatina da CNA, José Serra (PSDB) respondia as perguntas dos presidentes das federações estaduais, quando foi "apertado" por questionamentos em série sobre excesso de medidas de preservação ambiental contra a expansão do agronegócio. Na sequência, novamente indagado pelo jornalista convidado Luiz Gutemberg, o tucano não resistiu, levando a plateia à gargalhada:
-Agora entendo porque a Marina queria ter acesso às perguntas antes...-, disse, em alusão à exigência não atendida da candidata verde para ir ao evento.