domingo, julho 19, 2009

BRASÍLIA - DF

Palanques de Dilma


Luiz Carlos Azedo
Correio Braziliense - 19/07/2009

Apesar dos esforços do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a consolidação da aliança PT-PMDB caminha para a reprodução do sistema de forças que predominou na reeleição em 2006. Onde os dois partidos marcharem juntos, é possível unificar o palanque eleitoral da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT). Nos estados em que vivem às turras, predomina a tese de dois palanques governistas.


A Bahia e o Rio Grande do Sul são casos emblemáticos. No primeiro, o governador Jaques Wagner (PT) e o ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima (PMDB), continuam em rota de colisão. O peemedebista sonha com os votos do carlismo. No segundo, o ministro da Justiça, Tarso Genro (PT), detona a governadora tucana Yeda Crusius (RS), mas está cada vez mais distante do prefeito de Porto Alegre, José Fogaça (PMDB), que pinta como seu futuro adversário na disputa pelo governo.

Brasília, 50 anos/A Câmara dos Deputados prepara a edição bilíngue de um novo catálogo das obras de Athos Bulcão, artista plástico recentemente falecido, cuja arte faz parte da identidade visual de Brasília. O livro será lançado durante as comemorações dos 50 anos de fundação da cidade, em 2010.

Ética/ A Comissão de Ética da Presidência da República volta a discutir a situação do ministro do Trabalho, Carlos Lupi, como presidente licenciado do PDT. Os conselheiros vão encaminhar novo pedido de informações ao pedetista.

Batata/Das indicações ao Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) que o Senado votará no retorno do recesso, a de Bruno Dantas é dada como imune aos humores dos parlamentares. Chefe da Consultoria Legislativa, Dantas chegou a ser um dos cotados para suceder o ex-diretor-geral Agaciel Maia.

Amigos

Cordiais adversários, os governadores da Bahia, Jaques Wagner, e de São Paulo, José Serra, fecharam acordo para melhorar as relações tributárias entre os dois estados. Cabo eleitoral da ministra Dilma Rousseff, Wagner é parceiro do tucano desde os tempos em que ambos eram líderes de suas bancadas na Câmara. A propósito, o petista ajudou a eleição do deputado Marcelo Nilo (PSDB) à presidência da Assembleia Legislativa da Bahia.

Órfãos


Lanterninha nas pesquisas, o ex-prefeito Cesar Maia (foto) não quer ser candidato a governador do Rio de Janeiro, nem se o deputado Fernando Gabeira (PV) concorrer a uma vaga ao Senado e deixar o DEM, o PSDB e o PPS fora da disputa pelo Palácio Guanabara. A ex-juíza Denise Frossard (PPS), que seria uma alternativa, anda muito desanimada com a política.



Não vem


O ex-governador Orestes Quércia (foto) descarta aliança com o PT em São Paulo, apesar dos sinais emitidos por líderes petistas que articulam a candidatura do deputado Ciro Gomes (PSB) ao Palácio dos Bandeirantes. A chapa seria completada por Aldo Rabelo (PCdoB) de vice, com Aloizio Mercadante (PT) e Quércia como candidatos ao Senado. O peemedebista não confia nos petistas.

Guarani

Políticos do Mato Grosso do Sul se mobilizam contra a demarcação da chamada Nação Guarani, reserva indígena que abrangeria um terço do seu território. A disputa judicial já é tratada como semelhante à da reserva Raposa Serra do Sol, em Roraima, sacramentada em abril pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Fornalha

O Brasil é campeão mundial de uso de biomassa na produção de ferro. Um terço das siderúrgicas utiliza o carvão vegetal como combustível. Para produzir 9,2 toneladas de carvão vegetal por ano, as guseiras (que vendem ferro-gusa para outras siderúrgicas) queimam 44 milhões de árvores. Somente no Pará há 25 mil carvoarias.

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ELIANE CANTANHÊDE

Que se dane o(a) sucessor(a)


Folha de S. Paulo - 19/07/2009
BRASÍLIA - O Congresso está paralisado de pânico com a crise, os escândalos, a irritação da opinião pública, mas as bombas-relógio para o futuro governo continuam andando, sinuosamente.
Num levantamento feito pelo tucano Eduardo Graeff, da órbita de FHC e de Serra, dois desses projetos são na área da Previdência:
1) A emenda do senador Paulo Paim (PT-RS), estendendo o reajuste do salário mínimo a todos os benefícios, aumenta as despesas em 48,7%, de R$ 201,4 bi em 2008 para R$ 299,6 bi em 2011, quando assume o sucessor de Lula. O déficit pula R$ 3,8 bi de 2009 a 2011.
2) Projeto para atualizar aposentadorias e pensões com base no número de salários mínimos na data da concessão cria gastos adicionais de R$ 5,89 bi por mês, ou de R$ 76,6 bi por ano (com o 13º).
Três outros são sob medida para categorias específicas:
1) A "PEC dos delegados de polícia" concede à categoria a mesma remuneração dos membros do Ministério Público. Como são cerca de 14 mil delegados no país, isso pode virar um balão inflável que vai estourar no bolso do contribuinte.
2) O que transforma a remuneração da Polícia Militar do DF em base para policiais militares dos Estados, para os integrantes do Corpo de Bombeiros e para os inativos.
3) O que restabelece o adicional por tempo de serviço como componente da remuneração da magistratura e do Ministério Público, com efeitos retroativos e extensão da vantagem para inativos e pensionistas. E as outras carreiras de Estado também não vão querer?
A arrecadação continua caindo pelo sexto mês consecutivo, enquanto a expectativa é que os aumentos de vagas e de remuneração em várias faixas do funcionalismo vão explodir em R$ 16 bi a mais só no primeiro ano do futuro governo.
Isso não é brincadeira. Dilma, Serra e Aécio certamente querem ser Lula ontem, mas duvido que Lula queira ser um deles amanhã.

ANCELMO GÓIS

Maternidade precoce


O Globo - 19/07/2009


Estudo do Instituto Mapear para o governo Sérgio Cabral traça um perfil dos 1,5 milhão de alunos do ensino médio da rede pública fluminense e revela que 12% (uns 180 mil, ou dois Maracanãs lotados) já têm filhos.

São jovens que tem, em média, entre 15 e 19 anos e em muitos casos vivem com o pai ou a mãe da criança.

Sobrepreço em Angra
O TCU julga quarta o contrato de retomada das obras da usina nuclear Angra 3.

A inspeção achou indícios de superfaturamento, totalizando R$ 469,3 milhões. O TCU estima em 811%, por exemplo, o sobrepreço da pintura do reator.

Governo pedófilo
Do ex-deputado petista Paulo Delgado sobre a UNE receber R$ 920 mil de órgãos públicos para realizar seu congresso: — A UNE estatal não é ideologia e sim pedofilia.

Paris é uma festa
Sexta, no badalado café parisiense Les Deux Magots, oito deputados brasileiros, liderados por Michel Temer, saboreavam um bom vinho nacional.

A boca livre parlamentar é paga, como se sabe, pelo governo francês e por empresas locais que fazem lobby para vender caças ao Brasil.

Como diria Zózimo...

E o trem-bala, hein? Começou em US$ 9 bi, entrou no PAC acelerando para US$ 11 bi e, agora, no primeiro cálculo da consultoria contratada para avaliar a obra, disparou para US$ 17,6 bi.

E, como se sabe, ainda nem tem empreiteira no meio...

Força de vontade
Um grande editora negocia com Ronaldo Fenômeno um livro de auto-ajuda em que o craque falaria de como, mais de uma vez, ele se levantou, sacudiu a poeira e deu a volta por cima.

Pode ser um best-seller

O DOMINGO
É de Mariana Rios, formosura capixaba que, aos 23 anos, conquistou o público com sua personagem em “Malhação”, a cantora Yasmin. Para aproveitar a boa fase, Mariana, que também é cantora na vida real, lança em setembro seu primeiro CD, em parceria com a Som Livre, e estreia no cinema, no longa “O déjà vu da Nova Chicago”, de Gustavo Coelho. Que seja feliz

Lá e cá
Levantamento das autoridades dos EUA mostrou que, em 2008, foram recolhidos 2.809 celulares em cadeias da Califórnia, 1.861 nas do Mississipi e 1.623 em prisões federais.

Os detentos comandavam o crime das celas.

Deve ser terrível... você sabe

O Rei no Radio City
As festas pelos 50 anos de carreira de Roberto Carlos serão coroadas com um show, dia 19 de abril de 2010, quando o Rei completa 69 anos, no Radio City Music Hall, a tradicional casa de espetáculos de Nova York.

Clinton e Gil
Sexta, Bill Clinton convidou nosso Gilberto Gil, que faz turnê pelos EUA, para participar da 5aIniciativa Global Clinton, evento que o ex-presidente promove, cheio de estrelas internacionais.

Gil também cantará no Prêmio Cidadão Global Clinton, dia 24 de setembro, em Nova York

ZONA FRANCA

Regina Vater abre dia 27 exposição na Galeria Maria de Lourdes Mendes de Almeida, na Ucam de Ipanema.

O MinC lança dia 23 de julho, em São Paulo, o vale-cultura.

Terça, Nelson Sargento comemora aniversário no Carlos Gomes pelo Projeto Sete em Ponto e homenageia Luiz Carlos da Vila, que faria 60 anos.

É amanhã o lançamento da “S/N” 12, sobre velocidade, no Felice Caffè.

Emílio Rios festeja segunda 20 anos do Guaracamp, em Campo Grande.

11|21 lança campanha nacional em TV para a Sapeka.

Rogê agita as terças de julho no Carioca da Gema, na Lapa.

Tania Malheiros festeja oito anos de carreira, no Rio Scenarium, terça e quarta, com show “Brinde ao samba”.

João Jorge

A seção “Há 50 anos”, do GLOBO, lembrou, na semana que passou, os festejos do cinquentenário do Teatro Municipal, motivo na época de ampla cobertura da coluna de Ibrahim Sued.

Aliás, na programação do cinquentenário, houve uma encenação de “Lago dos cisnes”. Entre os bailarinos do espetáculo de Tchaikovsky, estava João Jorge. Sabe quem é? Joãosinho Trinta, o supercarnavalesco.

Céu de Santa Teresa
Moradores de Santa Teresa preparam uma mobilização contra o aumento do número de voos no Santos Dumont.

Reclamam que a barulheira recorrente dos jatos sobre o outrora bucólico bairro carioca é enorme com as novas rotas

Vanvan
Evangelina Seiler, a Vanvan, nora de FH, aceitou convite da secretária de Cultura de Cabral, Adriana Rattes, para assumir a Casa França-Brasil, no Rio.

Até a sra madame?
Quinta, por volta de 16h30m, uma mulher de 44 anos, moradora do Humaitá, bairro nobre da Zona Sul do Rio, foi flagrada por três guardas municipais quando... grafitava com spray os Arcos da Lapa, veja só.

Estava com um amigo francês, que fotografava sua “arte”, mas se mandou na hora. Foi levada para a 5aDP e autuada por crime ambiental. Bem feito.

‘A polícia empurrou o funk para a favela’

Na semana em que a PM voltou a proibir bailes funk no Rio, o antropólogo Hermano Vianna (foto), um dos maiores estudiosos do tema no país, brinda a coluna com este artigo: “Em 1987, defendi mestrado sobre o funk carioca. De lá para cá, muita coisa mudou. As festas tocavam 100% de música importada. Hoje, apresentam 100% de nova música nacional, também exportada e elogiada mundo afora. Ano passado, pesquisa do FGV Opinião revelou que o funk do Rio movimenta R$ 10 milhões mensais e gera milhares de empregos.

Esse vigor foi conquistado, praticamente, contra o Estado. Na minha pesquisa, os bailes eram em clubes como Cassino Bangu, Mackenzie do Méier e CCIP de Pilares. Todos foram fechados.

A polícia empurrou a festa para a favela.

Agora quer proibir também o baile de favela...

Nos anos 1990, fui a muitas reuniões entre gente do funk e autoridades. Sempre na Secretaria de Segurança ou em DP. Isto não mudou: para o poder público, o baile é, sobretudo, caso de polícia.

Há uma infinidade de leis confusas e contraditórias que tornam impossível a realização dos bailes. É urgente um novo marco legal para essas festas, com regras claras e realistas sobre volume sonoro, recursos anti-incêndio, segurança etc. Eventos com grande público têm planejamento especial de trânsito e policiamento. Por que os bailes não são tratados assim? O pessoal dos bailes (equipes, DJs, MCs, público etc.) precisa se unir para apresentar e negociar suas propostas. O movimento funk deve se organizar de modo permanente e tomar a frente de sua defesa e do diálogo com quem é contra os bailes.”

A nova geração de Gay Talese

Veja o que dizem sobre os jornais alguns políticos travestidos de “new journalism”: O suplente do suplente Paulo Duque, da Comissão de Ética do Senado, diz que se lixa para a opinião pública e garante que os jornais “estão acabando”.

Sérgio Gabrielli, presidente da Petrobras, defendeu assim a criação do blog da estatal: “Nós vamos revolucionar o jornalismo brasileiro.” Lula, ao falar sobre novas mídias, disse que “vivemos um momento revolucionário da humanidade, em que a imprensa já não tem o poder que tinha há alguns anos”.

Em tempo: terça, o “Valor” publicou pesquisa do Ibope que diz: jornal continua sendo o meio de comunicação mais confiável para 60%.

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DANUSA LEÃO

A fome

folha de são paulo - 19/07/09


Está mais do que na hora de lei limitar a dois o número de filhos, e quem ultrapassar não ter mais Bolsa Família

SEGUNDO A ONU, vai a 1 bilhão o número de pessoas que passam fome no mundo; pois nem assim o governo Lula ataca com seriedade (nem sem) o problema do controle da natalidade. Sem esse controle, mais e mais gente nasce, e em alguns anos o bilhão vai se transformar em 2, 3, 4 bilhões. Quanto mais pobre é o país, quanto mais pobre a região do país, mais ignorante é a população, que, sem uma orientação para valer, vai continuar fazendo a única coisa que sabe: procriar.
Não ouvi falar de nenhuma campanha mostrando que é possível e permitido não ter mais que um ou dois filhos, ou até nenhum. Será que alguma mãe gosta de ver seus oito ou dez filhos passando fome numa casa com chão de terra batida, sem nenhuma perspectiva? Essas pobres mães recebem mensalmente a esmola-família, e não tendo acesso à informação, portanto nenhuma orientação sobre o controle da natalidade, continuam tendo um filho por ano. Todos sabemos -ou deveríamos saber- que não é possível continuar nascendo tanta gente.
Para terem direito ao benefício do Bolsa Família, as famílias precisam se comprometer a mandar seus filhos à escola. Tudo bem; mas você acredita que isso esteja acontecendo? Eu, não. Em primeiro lugar porque sabemos que existem poucas escolas no interiorzão, e as distâncias são longas. Às vezes é preciso andar mais de uma hora para chegar a um barracão tosco e aprender a ler; mas aprender para que, se, na realidade em que vivem, é perfeitamente dispensável saber ler? Quem deveria fiscalizar não fiscaliza, pois cortar o auxílio significa perder votos na próxima eleição, por isso a indústria do analfabetismo continua em alta. Interessa ter um povo que leia e compreenda o que acontece em Brasília?
Claro que não. Uma população pobre, recebendo a esmola magnânima, leva a uma consequência direta: a popularidade de Lula cresce, que é o que interessa -a eles.
Não é um problema local, mas do universo inteiro, e tem que ser atacado. Só para lembrar: a China escapou de uma catastrófica explosão demográfica, quando proibiu as famílias de ter mais de um filho, sob pena de multa e penalidades dramáticas. Antes que me joguem pedra na rua, não estou dizendo que devemos copiar a China em tudo, apenas dando um exemplo mais ou menos recente, pois não tomar uma providência enérgica, no panorama atual, é de profunda irresponsabilidade.
Está mais do que na hora de haver uma lei limitando a dois o número de filhos, e quem ultrapassasse esse número não teria mais direito ao Bolsa Família; essa limitação deveria ser para gente de qualquer classe social, claro, mas pessoas mais esclarecidas estão tendo cada vez menos filhos, aqui e no mundo inteiro. Ao mesmo tempo, uma grande campanha ensinando como evitar filhos, e dando aos pais a ajuda necessária para que os procedimentos sejam seguidos. Levaria tempo? Levaria.
Mas poderia começar, e logo.
O Ministério da Saúde não distribui camisinhas de graça no Carnaval? E por que não faz o mesmo nas favelas e nas regiões mais pobres do Brasil, não esquecendo de explicar que a Igreja Católica, que parou no tempo e prefere ver pessoas mortas por Aids a liberar a camisinha, não tem rigorosamente nada a ver com o assunto?
Dois filhos por mãe ou esmola zero. Crianças crescendo sem se alimentar convenientemente, ignorantes, e que quando adultas terão dificuldade para arranjar emprego, não é bom para ninguém, e o problema não é do Brasil, mas do planeta.
E voltando à China: se tivesse uma população três ou quatro vezes maior, o país não seria a potência que é.

MÍRIAM LEITÃO

Como voam os rios

O GLOBO - 19/07/09

O avião em que voa o suíço Gerard Moss parece laboratório. E é. Ao lado do piloto fica uma engrenagem que lembra uma coleção de grandes tubos de ensaio. Sua missão, a cada decolagem, é capturar a umidade externa, que depois vai ser condensada nos tubos e guardada em miúdas gotas que serão estudadas. Elas trazem informação preciosa: onde nascem as chuvas

Elas nascem na terra, no céu, nos rios, nos oceanos, e debaixo da terra. Árvores da Amazônia jogam um papel fundamental nesse complicado processo. Uma grande árvore consegue evaporar até 300 litros num dia. A floresta é inigualável na capacidade de concentrar umidade no ar. Os ventos empurram essas massas de vapor de água. Elas são imensas, comparáveis aos rios. Por isso, os cientistas as chamam de “rios voadores”.

Enquanto ouvia a explicação de cientistas e de Gerard Moss na reunião da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), semana passada, em Manaus, não pensava em nada mais. Fascinada, acompanhava as explicações que transformava em notas rápidas para o meu b l o g ( w w w. m i r i a m l e i tao.com). Nas salas da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), a internet wireless funcionava, permitindo o fluxo de informação.

Já havia lido sobre os rios voadores, mas nada como ouvir de perto sobre os estudos que tentam desvendar mais um dos mistérios da Amazônia. Quanto da nossa chuva, devemos à floresta? Já se sabe que é grande parte.

— Um dos dados captados pela pesquisa é que a vazão de um dos rios voadores que estudamos, indo da Amazônia para a área mais degradada de São Paulo, foi de 3.200 metros cúbicos por segundo. Esse volume de água é 27 vezes a do Rio Tietê, é maior do que a do São Francisco. Não é perene.

Nem tudo será chuva.

Por isso, se diz que é vapor de água precipitável. Mas é água passando lá em cima — diz Moss.

Ele chegou no painel sobre rios voadores, na SBPC, avisando aos alunos e professores presentes que não é cientista e até já foi acusado de vulgarizar a ciência, mas que passar informação para a população é fascinante. Ajuda a proteger a Amazônia, ainda mais.

— Para mim, desmatamento não é uma estatística.

Eu voo no Brasil há 20 anos e vi a degradação avançando. Sou sentimental, eu sei, mas se tivéssemos noção do valor da Amazônia, lutaríamos para manter cada árvore em pé.

O Brasil é campeão das chuvas. Aqui, chove três vezes mais do que nos EUA.

Desorganizar esse regime de chuvas é o maior risco agora. O desequilíbrio de um sistema delicado e complexo que cria dependências mútuas — a chuva precisa da floresta, que precisa da chuva, que cai lá e no resto do Brasil — é um dos riscos neste momento de mudança climática. A Amazônia tem que ser estudada: cada árvore, cada fenômeno.

Por isso, sua ocupação pela ciência vai nos dar mais do que a ocupação pelos madeireiros, pelo fogo que prepara os pastos, pelo rebanho que ocupa os pastos, pela soja e outras culturas que podem vir depois.

Ou não. Pior é o aspecto da terra calcinada que fica na maioria dos casos após essa entrada predatória.

No Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) tem um bosque que se chama: Bosque da Ciência.

Nesse bosque, mora uma árvore mais velha que o Brasil. Tem 600 anos. O tronco já tem cavidades, mas ela está viva; quem sabe por ter um tronco assim é que sobreviveu tanto tempo, porque é espécie madeireira.

Os galhos têm poucas folhas, mas é pela época do ano, explicou o cinegrafista da Rede Amazonas. Em outras épocas fica mais frondosa. Mas foi debaixo dessa Tanimbuka que Juliana Rosa, produtora do Espaço Aberto, pôs quatro cadeiras de vime, emprestadas pelo instituto, para que a gente gravasse o programa desta semana, que vai ao ar na quinta. Sentaramse comigo o químico Ângelo da Cunha Pinto, da UFRJ, o biólogo Philip Fearnside, e Gerard Moss.

Fearnside é o segundo cientista mais citado no mundo quando o tema é aquecimento global. Seu sotaque não nega que é estrangeiro, mas sua história assegura que já é brasileiro.

Está no país desde 1974. É pesquisador do Inpa há 31 anos. Tanto ele quanto o suíço Gerard Moss usam o pronome “nós”, quando se referem aos brasileiros.

Fearnside acha que será um erro se optarmos por asfaltar a BR-319. Ele disse, no programa, que ela incentivará a ocupação da floresta mais preservada, não foi feito trabalho decente de proteger a área em volta, há alternativas melhores, e não foi feito estudo de viabilidade econômica. Será mais um dos desastres irracionais que acontecem na Amazônia.

Racional é pesquisá-la porque da sua biodiversidade exuberante quase nada sabemos, confirmou o professor Ângelo. Moss contou um pouco de como são feitos os difíceis e caros voos para se pegar no ar material para estudar os rios voadores. Ele chegou para a entrevista com uma camisa escrito, de um lado, “Brasil das Águas”, de outro, “Petrobras”.

O primeiro nome é de um projeto ao qual se dedicou por cinco anos, de recolher com voos rasantes de hidroavião água dos rios para analisar a qualidade. O segundo nome é da patrocinadora dos estudos.

O que vi e ouvi, na viagem da semana passada, confirma o que vi em outras. O dilema entre agronegócio e Amazônia não existe. Sem a floresta não seríamos o que somos em produção de alimentos.

Como disseram os professores com dados e ênfase: a floresta presta serviços ambientais ao país e ao mundo. É hoje o tempo de a economia ouvir o que a ciência tem a dizer. Amanhã pode ser muito tarde.

Com Alvaro Gribel

VERGONHA

JOÃO UBALDO RIBEIRO

Dos delitos e das penas


O GLOBO - 19/07/09

A verdade às vezes dói, mas tem de ser reconhecida. E a verdade é que minha missão em Itaparica resultou em fracasso quase absoluto. A última gota foi o cachorro de uma casa vizinha, que deve ser de uma raça especializada em latir cuja convivência, com certeza, Satanás já incluiu entre os padecimentos avernais. Meu amigo Xepa sustenta que ele é parente de Tainha, o cachorro torcedor do Bahia que mencionei aqui na semana passada. Por eu ser Vitória, a família estaria me sabotando. Hesitei em acreditar na explicação e perguntei a Xepa se por acaso o cachorro tinha lhe falado alguma coisa.

– Você está querendo curtir com a minha cara – disse Xepa –, pra me pegar dizendo que cachorro fala e me botar de mentiroso no jornal. É claro que ele não fala nada, ele só rosna e dá uma corridinha para o poste, quando alguém toca no seu nome, eu já disse que ele é um cachorro normal.

Bem, sabotagem de torcida organizada ou não, enfiei a viola no saco e voltei aqui para minha toca habitual. Cheguei no começo da semana e creio que já passei pela descompressão. Tenho experiência e sei, por exemplo, que assistir a um noticiário de televisão inteiro, logo de primeira, pode ser muito traumatizante. Fui devagar, no começo emudecendo a tevê durante a narração de mortes de crianças e vítimas de balas perdidas e me concentrando mais na área de entretenimento para adultos, como, por exemplo, a TV Senado.

Mas, já ousando sintonizar outros canais, que vejo aqui, nisso que, a princípio, imagino que seja mais uma reportagem sobre como a final do campeonato mundial de xadrez foi realizada enquanto os contendores estavam num engarrafamento de rotina em São Paulo? Não, não é. É uma matéria sobre os rigores da lei se abatendo sobre um motorista de táxi paulistano porque ele foi flagrado usando touca em serviço. Não é no sentido figurado que porventura a expressão tenha, mas no literal mesmo. Estava fazendo frio e o motorista, que, se bem me lembro, é meio careca, cobriu a cabeça com uma touca de lã. Vai pagar multa severa, por violar as implacáveis exigências de vestuário para motoristas de táxi paulistanos. Assaltar motoristas nos semáforos não dá em nada, mas usar touca dá multa, deve estar certo, não sei o que seria de nós sem os agentes responsáveis pela rigorosa aplicação da lei.

Aparece também uma senhora condenada a entregar seu papagaio de estimação ao Ibama, bem como a cumprir pena de serviços comunitários – em seu caso creio que varrendo as ruas do bairro. Claro, papagaio é animal doméstico até de índios e deve haver milhares, talvez dezenas de milhares, de papagaios de estimação em todo o Brasil, mas, certamente por denúncia de algum invejoso, esse foi pegado e a infratora duramente castigada. Não se pode passar a mão pela cabeça desses foras-da-lei. A proteção dos animais silvestres no Brasil é muito rigorosa, tão rigorosa que, como se sabe, se sai menos mal quem matar um fiscal do Ibama do que quem deixar que este o pilhe violando uma lei ambiental. O crime ambiental é inafiançável e as penas são severas. Matar gente, ao contrário. Foge-se do flagrante, arruma-se um bom advogado, responde-se ao processo em liberdade e pega-se uma cadeiazinha branda, em regime semiaberto ou de acordo com qualquer das liberalidades previstas em lei.

É o que fica patente diante de nova reportagem, desta feita sobre um dos muitos casos de motoristas bêbedos que atropelaram e mataram uma ou mais pessoas. A conclusão é óbvia. O Brasil proporciona a seus cidadãos, de forma certamente pioneira, até mesmo entre os países em desenvolvimento, uma maneira tranquila e eficaz de eliminar desafetos. Quem quiser matar alguém sem sofrer consequências desagradáveis só precisa dispor, como na matéria que vejo aqui na televisão, de um carro e de mil e duzentos reais para pagar a fiança. Vamos convir que sai barato e quem se queixa está chorando de barriga cheia. O carro e os mil e duzentos dão direito até a várias mortes e mutilações simultâneas, no que se costuma chamar de chacina, quando praticado com outras armas. Não é preciso nem passar pelo teste do bafômetro. Aliás, beber antes do homicídio motorizado está na lei como agravante, mas na prática é atenuante. Já vi autoridades policiais dando entrevistas em que diziam como o motorista, depois de passado o pileque, ficara coberto de remorso e arrependimento. Remorso e arrependimento, aliás, que não mais parecem necessários, nem para compor a situação. O homicida simplesmente recita o que seu advogado formulou e daí sai para o merecido descanso, porque matar alguém, mesmo de um jeito legitimado pela sociedade, será talvez um pouco estressante e não vejo ninguém preocupado com o estado de espírito que deve acometer os culpados, os coitados que se virem sozinhos.

E há também notícias sobre ladrões de dinheiro público, quadrilhas, corrupção, não sei mais o quê. Deve ser a idade, mas já não distingo mais as coisas e apenas antevejo que chegará o dia em que nós brasileiros, nas primeiras conversas com novos conhecidos, informaremos não somente o nome e a profissão mas também a quadrilha a que pertencemos. Ninguém se espanta mais com as onipresentes histórias de políticos que nasceram pobres ou remediados e hoje têm grandes fortunas. Meter a mão no dinheiro público se confirma a cada dia como irreversível e incoercível vocação nacional, até porque só é delito quando aparece nos noticiários e os apresentadores são obrigados a fingir que realmente se aplicam sentenças de dezenas de anos de reclusão, com a devolução do dinheiro tungado. Passo um instantinho meio chateado, mas logo me tranquilizo. Depois de uma eficiente operação policial, Romário vai passar a noite na cadeia, já podemos dormir tranquilos.

SUELY CALDAS


Lula e a UNE

O ESTADO DE S. PAULO - 19/07/09

Nos últimos dias o presidente Lula declarou seu apoio incondicional e elogiou o presidente do Senado, José Sarney, chamando-o de "pessoa especial". Na quarta-feira, em Alagoas, abraçou Fernando Collor e agradeceu a ele e ao senador Renan Calheiros o apoio ao seu governo.

Nenhuma manifestação da outrora aguerrida, combativa e irreverente União Nacional dos Estudantes (UNE), que há 17 anos comandou os caras-pintadas pelas ruas do País, protestando contra a corrupção no governo e pedindo o impeachment de Collor. No governo Lula a UNE calou diante do mensalão e de tantos outros atos de corrupção, chegou a defender Calheiros no episódio da pensão paga por uma empreiteira a sua ex-namorada, paralisou diante dos inúmeros escândalos envolvendo Sarney e família e silenciou ante a imagem do efusivo abraço entre Lula e Collor.

Afinal, o que aconteceu com a UNE e os estudantes?

Na quinta-feira a direção da UNE recebeu Lula como principal orador da abertura de seu 51º Congresso Nacional. O presidente lembrou de seus idos de sindicalista radical e disse ter passado o tempo em que "encostar-se no governo significava cooptação". A UNE não encostou, grudou no governo Lula. Tem recebido generosidades e retribuído com aplausos, adesão e apoio político, mesmo quando Lula perdoa corruptos e diz que assina um cheque em branco para o ex-deputado cassado Roberto Jefferson. Não é cooptação? Vamos aos fatos. Em 2004 o governo repassou R$ 199 mil de verbas federais para a UNE e, a partir de 2005, mais R$ 10 milhões - dos quais R$ 7 milhões entre janeiro de 2008 e fevereiro de 2009. Além disso, a Petrobrás, com R$ 100 mil, e a Caixa Econômica Federal, com R$ 30 mil, patrocinaram a Bienal da Cultura da UNE, em Salvador, que ainda levou R$ 2,5 milhões dos cofres públicos.

"Nos anos de Fernando Henrique tínhamos muitas dificuldades de diálogo", explicou a presidente da UNE, Lúcia Stumpf, em entrevista publicada no Estadão em 5 de março, ao comparar a relação da entidade com os dois governos.

Além dos R$ 10 milhões, Lula e as estatais doaram para esse 51º Congresso mais R$ 920 mil, dos quais a Petrobrás - com sua esquisita e sem critérios política de patrocínios - participou com R$ 100 mil. Agradecida, a direção da UNE tratou de retribuir: saiu em defesa da estatal e condenou a investigação, pela CPI, de suspeita de desvios de dinheiro na Petrobrás. Condenar a apuração de fraudes com dinheiro público é algo inédito na história da UNE (como diria Lula, nunca antes neste país) que contribui para afastar cada vez mais os estudantes que deveria representar.

Com a popularidade pessoal em alta, Lula extrapola ao sair por aí vinculando sua imagem ao que há de mais atrasado no País, elogiando as oligarquias que ele tanto combateu e denunciou, abraçando Collor e ignorando o movimento que se espalhou pelo País pedindo seu impeachment, humilhando os senadores do PT ao obrigá-los a defender Sarney e assumirem o papel de coniventes com os escândalos de que o senador é acusado. Para Lula tudo vale para atrair o que há de pior no PMDB e garantir seu projeto de eleger Dilma Rousseff e continuar no poder. Os senadores petistas até pararam de justificar a defesa de Sarney com o argumento da governabilidade. Diante da enxurrada de denúncias indefensáveis o argumento se esvai. Afinal, complacência com o desvio de dinheiro público não pode servir de apoio a nenhuma governabilidade.

Lula arrisca perder popularidade política, mas se acontecer ele recua rapidinho. A UNE é que corre riscos mais graves. Sua imagem, hoje, entre os estudantes é de uma entidade pelega, financiada e dependente do governo Lula, que ignora as carências estudantis e, quando se envolve na luta política do País, escolhe o lado errado, da corrupção, dos oligarcas que exploram o Estado há décadas. No auge da pressão popular para tirar Renan Calheiros da presidência do Senado os universitários do Rio de Janeiro organizaram uma passeata. Não tiveram o apoio e ainda foram reprovados pela UNE, que saiu em defesa de Calheiros.

Sem lideranças respeitadas e reconhecidas, os estudantes tendem a não se interessar e fugir da luta política numa fase da vida em que a contestação é útil para a formação e a inserção do jovem na sociedade no futuro. Mas esse é o jeito Lula de governar. Ele, que tanto combateu o peleguismo no passado, hoje usa o dinheiro público para comprar o apoio de parlamentares (o mensalão, as emendas), de sindicalistas (as centrais sindicais acabam de ser contempladas) e da UNE.

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AUGUSTO NUNES

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SEÇÃO » Direto ao Ponto

O país nasceu por engano, balançou no berço da safadeza e agora é controlado pela aliança dos amorais

19 de julho de 2009

O Brasil nasceu por engano. Buscavam o caminho das Índias as caravelas que em abril de 1500 perderam o rumo tão espetacularmente que acabariam caindo nos abismos do outro lado do mundo se não tivessem topado com aquela demasia de praias com areias finas e brancas, banhadas por ondas verdes ou azuis, muita mata, muita flor, muito rio, muito peixe, muito bicho de carne tenra, muita fruta sumarenta e, melhor que tudo, muita índia pelada.

O Brasil balançou no berço da safadeza. Souberam disso tarde demais aqueles viventes cor de cobre, sem roupas no corpo nem pelos nas partes pudendas, os homens prontos para trocar preciosidades por quinquilharias, as mulheres prontas para abrir o sorriso e as pernas para qualquer forasteiro, pois os nativos praticavam sem remorso o que só era pecado do outro lado do grande mar, e não poderiam ser tementes a um Deus que desconheciam.

O Brasil nasceu carnavalesco. Nem um Joãosinho Trinta em transe num terreiro de candomblé pensaria em juntar na avenida, como fez o português Henrique Soares, maior autoridade religiosa presente e celebrante da primeira missa naquelas imensidões misteriosas, um padre de batina erguendo o cálice sagrado, navegantes fantasiados de soldados medievais, marinheiros com roupa de domingo, índios com a genitália desnuda que séculos depois seria banida da Sapucaí por bicheiros respeitadores dos bons costumes e a cruz dos cristãos no convívio amistoso com arcos, flechas e bordunas.

O Brasil balançou no berço da maluquice. Marujos ainda mareados pela travessia do Atlântico, ainda atarantados com a visão do paraíso, decidiram que aquilo era uma ilha e deveria chamar-se Ilha de Vera Cruz, e assim a chamaram até perceberem, incontáveis milhas além, que era muito litoral para uma ilha só, e pareceu-lhes sensato rebatizar o colosso ausente de todos os mapas com o nome de Terra de Santa Cruz, porque disso ninguém duvidava: era firme a terra que pisavam.

O Brasil nasceu preguiçoso. Passou a infância e a adolescência na praia, e esperou 200 anos até criar ânimo e coragem para escalar o paredão que separava o mar do Planalto, e esperou mais um século até se aventurar pelos sertões estendidos por trás da floresta virgem, num esforço de tal forma extenuante que ficou estabelecido que, dali por diante, os nativos da terra, os estrangeiros e seus descendentes sempre deixariam para amanhã o que poderiam ter feito ontem.

Tinha de dar no que deu. Coerentemente incoerente, o Brasil parido pelo equívoco hostilizou os civilizadores holandeses para manter-se sob o jugo do império português, o Brasil amalucado teve como primeira e única rainha uma doida de hospício, o Brasil da safadeza acolheu o filho da rainha que roubou a matriz na vinda e a colônia na volta, o Brasil preguiçoso foi o último a abolir a escravidão, o Brasil sem pressa foi o último a virar República, o Brasil carnavalesco transformou a própria História num tremendo samba do crioulo doido.

O cortejo dos presidentes, ministros, senadores, deputados federais, governadores, deputados estaduais, prefeitos e vereadores aberto em 1889 informa que a troca de regime não mudou a essência da coisa: o Brasil republicano é o Brasil monárquico de terno e gravata, só que mais cafajeste. Muito mais cafajeste, informa a paisagem deste começo de século. Depois de 500 anos, os herdeiros dos traços mais detestáveis do DNA nacional promoveram o grande acerto dos amorais, instalaram-se no coração do poder e vão tornando decididamente intragável a geleia geral brasileira.

Nascido e criado sob o signo da insensatez, o país que teve um imperador com 5 anos de idade que parecia adulto é governado por um presidente que parece moleque. Com um menino sem pai nem mãe no trono, o Brasil não sentiu medo. Com um sessentão no comando, o Brasil que pensa se sente sem pai nem mãe.

ELIO GASPARI

O mistério da ponta dos Naufragados

FOLHA DE SÃO PAULO - 19/07/09

UM MISTÉRIO da arqueologia colonial brasileira será desvendado logo que a Marinha assinar o contrato que permitirá aos mergulhadores do Projeto Resgate Barra Sul o manuseio de destroços que estão a 12 metros de profundidade nas águas da ponta dos Naufragados, em Florianópolis. Lá, no leito do mar, está uma massa com 30 metros de extensão e 8 metros de altura, coberta por séculos de craca. Sob a crosta dorme uma embarcação, provavelmente espanhola e do século 16.
Segundo o historiador catarinense João Carlos Mosimann, é possível que se tenha descoberto o túmulo da nau Santa Maria de la Concepción, capitânia da expedição do navegador veneziano Sebastião Caboto, que explorou o rio da Prata. Ela afundou em 1526 e o local do achado confere com uma narrativa da época. Também é possível, com menor probabilidade, que a carcaça seja de uma caravela da frota de Juan Dias de Solís que naufragou dez anos antes, na mesma região. (Solís esteve na embocadura do Prata, mas foi comido pelos índios.)
Os dois naufrágios, bem como a história das duas expedições, cruzam-se numa fantástica aventura. Em 1516, quando a caravela de Solís afundou, havia no Brasil algo como 30 europeus. Onze marujos sobreviveram ao naufrágio, juntaram-se aos índios carijós e alguns deles foram felizes para sempre. Um, o negro (ou mulato) Francisco Pacheco, provavelmente foi o primeiro afrodescentente a formar família em Pindorama. Ele subiu os Andes com uma tropa de índios e chegou a uma terra de reis cobertos de metais e pedras preciosas. Eram os incas. A expedição foi massacrada, mas Pacheco sobreviveu e regressou com amostras de prata. Mais tarde ele retornaria à Espanha com a mulher índia, filhos e alguns carijós. (Outro náufrago, o grumete português Henrique Montes, regressou com duas mulheres e instalou uma em Lisboa e a outra em Sevilha.)
Ao ver a prata de Pacheco, o navegador veneziano mudou seu plano de circum-navegar a Terra e subiu o rio Paraná à procura das riquezas. Deu-se mal e acabou desterrado. Foram os náufragos de Santa Catarina, com a notícia do ouro e da prata das montanhas, que provocaram a expedição de Martim Afonso de Souza, na qual veio o Henrique das duas mulheres.
Essas aventuras estão contadas por Mosimann no seu livro "Porto dos Patos - A fantástica e Verdadeira História da Ilha de Santa Catarina na Era dos Descobrimentos", e por Amílcar D'Avila Mello no seu monumental "Expedições - Santa Catarina na Era dos Descobrimentos Geográficos".
A carcaça das cercanias da praia dos Naufragados foi achada pelo mergulhador Gabriel Correa, de 37 anos. Em 2005, ele viu uma âncora, que já foi identificada como peça espanhola do século 16. Meses depois achou-se a massa da embarcação, a 23 metros de distância. Em janeiro passado, os mergulhadores localizaram um canhão de três metros na parte superior do barco e, alguns mergulhos depois, viram seis balas de um canhonete de sinalização, esferas de ferro do tamanho de bolas de pingue-pongue.
Com uma ajuda de R$ 400 mil da Fundação de Amparo à Pesquisa Científica e Tecnológica de Santa Catarina, Correa e uma equipe de seis mergulhadores trabalham com um sonar, detectores de metais e câmeras subaquáticas. Eles descem ao túmulo regularmente e nunca tiraram uma só peça do lugar. Correa acredita que o mistério será desfeito quando encontrarem o sino do navio ou examinarem o canhão em terra firme, limpo. Num dos dois deve estar inscrito o nome do barco.
Se debaixo da craca estiver a caravela de De Solís, ela será a mais antiga ruína de embarcação naufragada nos mares das Américas.

DUQUE DE CABRAL
Custaria pouco ao governador Sérgio Cabral chamar o pizzaiolo Paulo Duque, seu segundo suplente no Senado, para uma conversa no Laranjeiras. O comportamento de Duque não tem paralelo na história da bancada do Rio de Janeiro. Nessas cadeiras já estiveram Diogo Feijó, Quintino Bocayuva e Afonso Arinos de Mello Franco. Cada dia de permanência de Duque no Senado equivale a um choque de desordem do governo de Cabral, pois bastaria que Regis Fichtner, seu primeiro suplente, deixasse a Casa Civil do Palácio Guanabara e assumisse a cadeira do Rio.

LULA'S
De um malvado:
"Os senadores são realmente "bons pizzaiolos", mas todos trabalham para a Rede Lula."

BUFÔMETRO
Em setembro passado, quando a banca mundial estava derretendo, o biliardário americano Warren Buffett comprou US$ 10 bilhões em ações da casa bancária Goldman Sachs a US$ 121 cada uma. Semanas antes elas valiam US$ 179. Buffett contratou um rendimento de 10%, mas não precisará recorrer à garantia. Na semana passada as ações da Goldman chegaram a US$ 157 e, até agora, ele ganhou US$ 3 bilhões.

BOA NOTÍCIA
Cozinha-se no Itamaraty a criação de uma carteira de identidade para brasileiros residentes no exterior. Há 2,5 milhões de brasileiros alhures, mais da metade deles trabalhando nos EUA ou na Europa, sem a documentação necessária. A carteirinha, emitida pelos consulados, teria um valor quase simbólico e só seria dada a quem a solicitasse. Os consulados só começaram a tratar os brasileiros encrencados como cidadãos depois que Nosso Guia assumiu a Presidência.

CATINGUEIRO TEM O QUE CONTAR DO ARAGUAIA

Reapareceu um antigo personagem da guerrilha do Araguaia. É o camponês José Maria Alves da Silva, ou "Zé Catingueiro", de 72 anos. Ele está colaborando no trabalho de localização das sepulturas dos guerrilheiros mortos entre 1973 e 1974.
Como ao longo dos últimos 37 anos os comandantes militares preferiram tratar o assunto com uma mistura de dissimulação e amnésia, tomara que a ajuda de Catingueiro seja produtiva.
De qualquer forma, em pelo menos um caso seu testemunho pode ser definitivo: o da morte da guerrilheira "Cristina", codinome de Jana Moroni Barroso, estudante de biologia da UFRJ, assassinada em janeiro de 1974, aos 26 anos.
Há duas versões para sua morte. Numa, foi presa viva. Noutra, dada em 1994, em depoimento colhido pelo professor Romualdo Pessoa, o camponês José Veloso de Andrade, que trabalhou para o Exército na base da Bacaba, foi Zé Catingueiro quem a matou. Assim falou Veloso: "Eles pressentiram o pessoal do Exército, ela correu, quando ela correu ela vai cair em cima de um cara, um guia. Um guia atirou nela.
Era o "Zé Catingueiro", atirou nela, deu chumbo, mas o chumbo era pequeno e ela não morreu logo, mas ela morreu. A flor da subversão de boniteza".
Essa informação é velha e pública, mas a amnésia que atingiu os militares contagiou a investigação dos crimes cometidos na floresta.

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CLÓVIS ROSSI

É proibido silenciar

FOLHA DE SÃO PAULO - 19/07/09

SÃO PAULO - Uma vez, anos atrás, um acadêmico norte-americano especializado em América Latina (o nome se perdeu nas brumas da memória) comentou comigo que a palavra "accountability" não tem tradução fiel, precisa, nem em português nem em espanhol.
O sentido mais próximo é "prestação de contas". Mas não alcança o mais profundo do conceito, que é o de introjetar a obrigação de render contas de seus atos, especialmente se se é agente público.
Posto de outra forma: o funcionário público, de qualquer calibre, tem marcada na alma a certeza de que deve explicações ao público, mesmo quando o público não as esteja pedindo.
É essa consciência, indispensável à construção da República, que o senador José Sarney demonstra não possuir, ao recorrer a uma frase de Sêneca para calar-se. Essa história de combater o que chama de "injustiça" com "o silêncio, a paciência e o tempo" não passa de fuga às suas responsabilidades e de traição ao conceito de "accountability" que ele, como funcionário público da mais alta graduação, deveria ser o primeiro a defender.
De quebra, Sarney refugia-se na velhíssima e fajutíssima tese de perseguição da mídia. Não, senador, é perseguição dos fatos, e enquanto eles não forem total e definitivamente explicados, continuarão a persegui-lo, no Maranhão, em Brasília, onde for.
É essa fuga à "accountability" que explica os parlamentares que se lixam para a opinião pública. Ela paga os salários de todo esse "band of brothers", mas eles não se sentem compelidos a dizer ao púbico o que fazem, o que só aumenta a suspeita de que o que fazem só cabe mesmo em BOs.
O caso de Sarney é mais grave porque tem um espaço semanal, aqui ao lado, em que poderia dar todas as explicações sem ser interrompido por perguntas. Prefere mudar de assunto. Sempre.

LUÍS FERNANDO VERÍSSIMO

Aqueles dias

O GLOBO - 19/07/09

Em abril de 1964 eu estava no Rio, recém-casado, e tentava começar um negócio que só confirmaria a incompetência da família para negócios. Dependia de ajuda de casa para pagar o aluguel do nosso primeiro apartamento, em Copacabana. Um quarto e sala na Figueiredo Magalhães com janelas para a Siqueira Campos, onde passavam bondes. Até hoje nossa primeira filha, que nasceu quando ainda morávamos lá, é a que tem o sono mais tranquilo: se acostumou a dormir com o barulho dos bondes da Siqueira Campos.
Cito os bondes para não citar outros marcos da distância que nos separa daqueles dias. O fato incrível de que tínhamos todos 45 anos menos, por exemplo. A TV era em preto e branco e a política da época, de certo modo, também. Havia a esquerda e havia a direita e as duas se demonizavam mutuamente. A Terra estava dividida entre o Mundo Livre e o mundo comunista num permanente limiar de guerra, e a nitidez da distinção determinava o que nos acontecia aqui no quintal. Não foi um tempo de muitas nuances. Para a América Latina não ser dos demônios da esquerda mobilizaram-se os demônios da direita e começou a era dos generais. Entrávamos num período de moratória da liberdade que no Brasil duraria 20 anos.
Minha atividade política era nenhuma. Me limitava a vibrar com os artigos do Cony no Correio da Manhã e lamentar as notícias da consolidação do golpe na TV em preto e branco, que mostrava, entre outras celebrações, a coleta de ouro da população para ajudar os militares a salvarem o Brasil. Não se soube onde foi parar este ouro. Nossa maior preocupação era com a minha tia Lucinda, que trabalhava para o governo do Rio, nunca escondera suas opiniões políticas e estava sendo perseguida. A tia Lucinda, irmã da minha mãe, era uma pessoa extraordinária. Foi quem me acolheu quando resolvi sair de Porto Alegre com a vaga ideia de passar pelo Rio e seguir para o mundo. Era a madrinha da Fernanda, nossa filha carioca. Se fosse preciso, contrabandearíamos a tia Lucinda para Porto Alegre. Não foi preciso. Eu é que, dois anos e pouco depois – a primeira filha nascida, a vida apertando e nenhuma perspectiva no Rio – decidi fazer a coisa sensata. Voltei pra casa do pai.
45 anos depois, é tão difícil recapturar o clima daquela época como seria, hoje, pegar um bonde na Siqueira Campos. Esquerda e direita se dissolveram em nuances, as divisões do mundo são outras, tudo mudou. Ou será que mudou? Um outro Brasil ainda luta para sair de dentro do velho como no processo interrompido em 64. O que seria certamente o parto mais longo da história. Lembro com frequência da tia Lucinda. Principalmente depois que nasceu a nossa neta, filha da Fernanda, que lhe deu o nome da madrinha. Com a aprovação do pai da criança, Andrew, que é inglês. Pois “Lucinda” também é um venerável nome de novela vitoriana.
ERREI FEIO
Eu sei, eu sei. Errei feio. Há uma semana escrevi que a primeira seleção de basquete americano formada por jogadores profissionais a participar de uma olimpíada era o exemplo original de um “dream team” que não dera certo.
Como me corrigiram vários leitores, aquela seleção de 1992, que tinha Magic Johnson e Michael Jordan entre outros monstros, não só levou o ouro como ganhou todos os seus jogos por mais de 100 pontos, sempre com diferença maior do que 30 pontos. Enfim, tudo que eu disse que ela não tinha feito. Eu é que estava sonhando. Também escrevi que o Chinezinho, que jogou no Inter e no Palmeira e encerrou sua carreira na Itália devia ainda estar lá. Não está. Mora em São Paulo. Desculpe.

GOSTOSA DO TEMPO ANTIGO


DORA KRAMER

No terreno da galhofa

O ESTADO DE SÃO PAULO- 19/07/09

Nada menos educativo e mais impreciso que a comparação de nefastos conchavos políticos a rodadas festivas de fatias de pizza. Dizer que isso ou aquilo “acaba em pizza”, além de lugar comum de significado gasto e péssimo gosto, não faz jus à dimensão da questão em si: a impunidade com ares de celebração da esperteza e de suposta tradução da alma brasileira.

Daí o valor pedagógico da reação das entidades que representam os pizzaiolos profissionais, pela primeira vez na longa trajetória de consolidação da medonha metáfora, contra o paralelo entre a atividade deles e o exercício da desfaçatez, principalmente por parte de agentes públicos.

E que não se atribua ao presidente Luiz Inácio da Silva agora essa culpa. Ele apenas seguiu o padrão do desafio proposto: “Vai haver pizza temperada com pré-sal no Senado?” Sem parar para pensar, como é de seu hábito, o presidente como todo mundo assistiu ao último conchavo que deu a Renan Calheiros o direito de continuar no Senado e ainda voltar a comandar uma tropa de fiéis soldados e não teve dúvida: confirmou a possibilidade e lembrou que os senadores são “bons pizzaiolos”.

Suas excelências reagiram no mesmo diapasão e, indignadas, responderam em uníssono que pode ser resumido a algo como “pizzaiolo é quem me diz”. E a partir daí estava a República a discutir onde se produz a melhor pizza na capital federal: no Planalto ou no Congresso. Com direito a pedido oficial de voto de censura ao presidente da República que passa a fazer companhia a outras solicitações semelhantes, tal como o repúdio a Hugo Chávez por ter chamado o Senado brasileiro de “papagaio” de George W. Bush.

Pois precisou a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Turismo e Hospitalidade e o Sindicato dos Trabalhadores de Hotéis, Bares, Restaurantes e Similares protocolarem um pedido oficial de desculpas do presidente Lula e do senador Cristovam Buarque, para que se expusesse o ridículo da coisa.

Cristovam discursou “profundamente ofendido” de ser chamado de pizzaiolo e os pizzaiolos ficaram ainda mais indignados por terem sido comparados aos senadores. Segundo a nota da entidade, os dois, o presidente e o senador, “cometeram um grave erro” que, se não for reparado, será motivo de convocação de uma assembleia da categoria para discutir “as medidas a serem tomadas”.

Afinal, pontua o ofício, “nós temos obrigação moral e constitucional de defender a nossa classe”. Até a noite de sexta-feira, Lula e Cristovam ainda não haviam tomado uma posição a respeito e o presidente do sindicato esperava pedido público de escusas antes de decidir o “próximo passo”. Uma comédia, não fosse uma tragédia.

Vai ou racha

O apelo à “conciliação” entre as forças políticas, feito pelo presidente da Câmara, Michel Temer, como forma de resolver a crise do Senado, apazigua, mas não soluciona. A crise nas proporções atuais é resultado exatamente do longo período de vigência do excesso da complacência coletiva e da vocação apaziguadora do Congresso.

Sem ruptura radical com o passado, ainda que com regras de transição negociadas, o Parlamento continuará a andar em descompasso com a sociedade. Fecha um capítulo agora, mas não dá um desfecho para a história.

Tortuosas

Quando o deputado Ciro Gomes diz que se Aécio Neves for candidato do PSDB isso “descomprime gravemente a necessidade estratégica” de ele disputar a Presidência da República, entende-se que Ciro entraria no embate com a função de bater em José Serra.

Sendo um aliado do presidente Lula, a “necessidade estratégica” atenderia aos ditames do campo governista. Logo, depreende-se que, com Aécio candidato, o governo não veria necessidade de contar com um combatente tão aguerrido. Ou Ciro estaria querendo dizer que, no caso, seria um aliado do candidato da oposição?

Ou, por outra, estaria afirmando que há chance de aceitar a sugestão do presidente Lula e disputar o governo de São Paulo com Serra, que, desistindo da Presidência, concorreria à reeleição? Se para Ciro Gomes a batalha presidencial já seria complicada concorrendo com o PT e o PSDB, a disputa com Serra no terreno do adversário que além de tudo é governador seria – para efeito de análise de possibilidades – uma guerra perdida.

Contas

De olho comprido na vaga de vice na chapa da ministra Dilma Rousseff, a cúpula do PMDB torce para Ciro Gomes concorrer ao governo de São Paulo e faz contas otimistas. Diz que ele sozinho teria algo em torno de 12% dos votos. Com mais outros tantos na casa dos dois dígitos garantidos pelo eleitorado fiel ao PT, já seria garantia certa de segundo turno.

CLÁUDIO HUMBERTO

“Começaremos por desmascarar mentiras”
PARTE DO EDITORIAL POSTADO NO SITE DO PSDB SOBRE A RECÉM INSTALADA CPI DA PETROBRAS

LULA QUER PALOCCI NA ARTICULAÇÃO POLÍTICA
O presidente Lula aguarda apenas a absolvição de Antônio Palocci, no processo de quebra de sigilo bancário do caseiro Francenildo Costa, para promover o retorno do seu ex-ministro ao governo, na condição de coordenador político (ou ministro de Relações Institucionais), em lugar do deputado José Múcio (PTB-PE), que deve ir para o Tribunal de Contas da União (TCU). Consultado, o PMDB já concordou com a mudança.
NEM DEPUTADO
Antônio Palocci já não cogita nem mesmo novo mandato de deputado federal, a menos que o Supremo Tribunal Federal não o absolva.
BOMBEIRO, DE NOVO
Como na campanha de Lula, Palocci terá a tarefa de acalmar o mercado quanto às mudanças econômicas, em eventual governo Dilma Rousseff.
DEPOIS, CASA CIVIL
O ex-ministro trocará a articulação política pela Casa Civil de Lula quando Dilma Rousseff se demitir, em março, para tocar sua campanha.
NA TRILHA DE ALDO
O ministro baiano Orlando Silva (Esporte) é candidato a deputado federal pelo PCdoB de São Paulo, no espaço político do alagoano Aldo Rebelo.
ACESSO DE FRANKLIN A LULA GERA CIÚMES NO PT
A crescente influência do ministro Franklin Martins (Propaganda) tem provocado ciúmes no PT, apontado como responsável pelo vazamento das críticas dele à imprensa, durante a reunião ministerial de segunda-feira (13). Martins é o único ministro que despacha duas vezes por dia com o presidente, sendo a primeira antes de começar o expediente. Ele é também o último a se reunir com Lula, no fim do dia.
A DAMA CHILENA
Michelle Bachelet, presidente do Chile, visita dia 30 o governador José Serra (casado com a chilena Mônica), com quem estudou em Santiago.
“E-DEMAIS”
No Maranhão (777 servidores) e Pernambuco (1.890), tribunais ignoram Justiça eletrônica. Mais que Oliveira de Fátima (TO), de 1.170 habitantes.
BALA NA AGULHA
O diretor-geral do Senado, Haroldo Feitosa Tajra, é precavido. Mandou comprar R$ 37.500 em munição para a “polícia” da Casa. Sem licitação.
LÁ SE VAI NOSSA GRANA
A Petrobras abre escritório em Cuba, a pretexto de prospectar petróleo, como já tentou sem êxito entre 1998 e 2001. E para garantir a mordomia dos “cumpanhêro” que estão sempre visitando a ilha da família Castro.
ESCREVER É MUITO PERIGOSO
Comparado pela ministra Dilma a Graciliano Ramos, Lula tomou gosto pelas letras (coluna, blog, twitter) e, disse ela, vai escrever suas memórias (dele). Redatores, tradutores e revisores estão em festa...
MAIOR RESPEITO
Antes da sessão em memória do falecido deputado José Aristodemo Pinotti, há dias, o senador Cristovam Buarque (PDT-DF) se viu diante de José Sarney, no
plenário vazio, levantou-se prontamente e o cumprimentou assim: “Presidente, eu sou daqueles que o respeitam...”
ENFRENTAMENTO
PT e PMDB só não vão se enfrentar na Bahia se o governador Jaques Wagner desistir da reeleição. O ministro Geddel Vieira Lima avisou que vai à luta para conquistar o Palácio de Ondina. E Lula não reclamou.
NOVELA DO CALOTE
O presidente da Petrobras, Sérgio Gabrielli, viaja a Caracas dia 27 para ouvir, sorridente, a nova embromação do semiditador Hugo Chávez para o calote da PDVSA no rateio das obras da refinaria de Abreu e Lima (PE).
QUE PENA...
Professor de Direito Administrativo da PUC, o jurista Celso Bandeira de Mello acha que fere a Constituição divulgar os salários dos servidores municipais paulistas, por violar o direito de privacidade das pessoas.
QUEDA NA BALANÇA
Perdendo espaço para a China nos mercados das américas Latina e do Norte, as exportações brasileiras devem sofrer redução de 26% na receita este ano. A previsão é da Associação dos Exportadores.
CONTRATO FECHADO
A Empresa Brasil de Comunicação, que toma conta da TV do Lula, fechou contrato com a Central Única das Favelas (Cufa) de R$ 3,22 milhões para gravar uma série de 40 programas, de duas horas cada, para a televisão.
PENSANDO BEM...
com tanto tráfico de “influenza”, o vírus da gripe suína deve ter saído dos três poderes.

PODER SEM PUDOR
PREFERÊNCIAS À ESQUERDA
Na cerimônia em que recebeu a medalha do Mérito Trabalhista, o irrequieto vice-presidente José Alencar foi colocado, pelo cerimonial, ao lado direito do então presidente do Tribunal Superior do Trabalho, ex-ministro Francisco Fausto.
– Não gosto desta posição, prefiro ficar sempre à esquerda – disse Alencar.
O progressista presidente do TST respondeu em cima da bucha:
– Eu também!
E todos continuaram como estavam.